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História Operação Blitzkrieg - Futuro


Escrita por: UchihaSpears e Icunha

Notas do Autor


Olá!
Sou um lixo com nomes de capítulos, eu sei.
Vou deixar a despedida pro final.
Boa leitura ^^

Capítulo 8 - Futuro


“— ...Você saberá sobre tudo. E Sasuke... Eu te amo.”

Sasuke abriu os olhos e a primeira imagem que viu foi o teto branco e um ventilador de parede. Acordou assustado e suando.

No dia 6 de junho de 1944, chamado o Dia-D, o dia decisivo, os aliados ocidentais desembarcaram nas costas da França, dando início ao fim da Segunda Guerra Mundial, iniciada cinco anos antes pela invasão nazista à Polônia.

Naquela data, 155 mil homens dos exércitos dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Canadá, lançaram-se nas praias da Normandia, região da França atlântica, dando início à libertação europeia do domínio nazista. Transportados por uma frota de 14.200 barcos, protegida por 600 navios e milhares de aviões, asseguraram uma sólida cabeça-de-praia no litoral francês e dali partiram para expulsar os nazistas de Paris e, em seguida, marchar em direção à fronteira da Alemanha. Era o primórdio do colapso final do Terceiro Reich, o império que, segundo a propaganda nazista, deveria durar mil anos.

A televisão do quarto estava ligada no volume máximo e um documentário no History, sobre a Segunda Guerra Mundial, chegava ao fim.

Sasuke coçou e balançou a cabeça.

— Esse sonho de novo. — levantou-se da cama e desligou a televisão. Checou seu celular e viu que já era quase dez da manhã, havia inúmeras ligações perdidas e ele não estava interessado em retornar nenhuma delas, ao menos não naquele instante.

Foi até o banheiro para tomar um banho rápido e fazer sua higiene matinal e enquanto escovava os dentes, olhando para o espelho da parede, sentiu uma sensação estranha passar pelo corpo e em seguida viu a si mesmo sobre um trem em alta velocidade.

Lembrou-se de uma parte do sonho estranho e passou a toalha no rosto, tentando afastar aquele pensamento.

Desceu as escadas devagar, seguindo para cozinha.

Estava passando férias na casa dos pais, na Argentina.

Buenos dias! Finalmente acordou querido.

— Mamãe. — ele respondeu, beijando em sua bochecha e vendo que Mikoto Uchiha estava batendo a massa de bolo em uma tigela.

Coçou os olhos algumas vezes. Aquilo parecia tão estranhamente improvável.

— Eu preciso terminar de bater esse bolo e a batedeira inventou de quebrar justo agora. Acredita?

Sasuke apenas anuiu. Ainda estava um pouco desnorteado. Sua cabeça latejava, estava com uma dor cabeça daquelas.

— Está tudo bem querido?

Ele assentiu não querendo preocupá-la.

— Quando vai retornar? — ela perguntou, estava concentrada batendo o bolo de chocolate.

— Para onde? — ele estava perdido.

— Para a Califórnia. Aonde mais iria? Seu trabalho.

Sasuke sentou-se na cadeira mais próxima dali.

— Eu não sei. — ele respondeu um pouco vago. — Onde está o Itachi? — perguntou, mudando de assunto.

— Foi se apresentar ao Barcelona, último jogo dele na temporada. — Mikoto respondeu, passando a massa do bolo para a assadeira.

— Ah sim, ele irá para o Bayern essa temporada. — comentou.

Itachi Uchiha era um dos mais famosos jogadores da atualidade, tinha cinco bolas de ouros, prêmio concedido pela FIFA e tinha ganhado a copa de 2014 pela seleção Alemã. Foi um dos jogos mais difícil da vida dele, já que ele também detinha da nacionalidade argentina, por parte de sua mãe.

Rapidamente algumas lembranças dele vieram à mente, onde ele via seu irmão vestido como um soldado frio e sanguinário.

Sasuke sentiu uma pontada em sua cabeça achou que a qualquer minuto ela iria explodir. Tinha a sensação de que algo estava errado.

— Ele está feliz, já que vai voltar para a Alemanha.

— Sim. Ele me contou. Você pensa em morar lá?

— Eu pensei, mas seu pai não quer. Sabe como ele é. Além do mais, somos felizes aqui em Buenos Aires, e eu voltarei ao teatro de La Plata com um espetáculo de tango. Estou tão feliz, depois de tanto tempo eu voltarei a dançar.

— Fico feliz por você mamãe.

— Nem me diga meu filho, no mesmo teatro em que eu e o seu pai nos conhecemos. Estou tão entusiasmada.

— Definitivamente a melhor história de amor. — ele se esforçou um pouco e deu um sorriso.

— Seu bobo. Estou tão feliz de te ver por aqui, visitar a família às vezes não vai te matar. Aliás, sua secretária é bastante enjoada.

— Minha secretária, claro. Falarei com ela.

— Olá, enfim ele acordou. — uma voz feminina foi ouvida, Sasuke virou-se e viu uma ruiva belíssima aproximando-se dele. — Meu amor. Deixei você dormindo e fui andar um pouco pela cidade.

Sasuke sorriu para ela.

— O casamento de vocês está tão próximo. — Mikoto comentou por alto. — Só não gostei mais porque será em Los Angeles.

— A sogrinha, moramos por lá. Temos nossos amigos. — ela massageava o ombro de Sasuke. — Não é amor?

Ele olhou para Mei, ela era belíssima como top model, digna de capa de revista. Eram namorados há mais de três anos e resolveram elevar o relacionamento para um novo nível de compromisso.

— Eu não gosto muito daquela cidade. — Mikoto falou.

Mei notou que Sasuke estava um pouco aéreo, diferente do que ele costumava a ser.

—Tudo bem querido? — perguntou um pouco preocupada.

— Sim, apenas uma dor de cabeça me incomodando. Logo passará. Não se preocupe.

***

O final de semana na casa dos Uchihas passou um pouco lento, talvez o aguaceiro que estava caindo desde a sexta tinha colaborado.

Sasuke conversou com o seu pai sobre vários assuntos, enquanto Mei falava sobre os preparativos para o casamento. Eles se casariam dentro de três meses.

— Você não parece bem. — Mei comentou. Os dois estavam na cama, e ela passava um creme nas pernas.

— Dor de cabeça. Apenas.

— Hm. Pensei que vindo para cá você iria relaxar um pouco, já que sempre diz que Los Angeles te estressa.

— Bastante. — ele estava deitado olhando para o teto. — Eu tive um sonho, sei lá, pesadelo horroroso.

— Com...? — ela não olhou para ele, continuou empenhada em despejar o hidratante pelo corpo.

— Eu estava na guerra, na segunda guerra mundial, e lutava com pessoas. Eu tinha que levar uma mensagem para alguém. Pareceu tão real.

— Acho que foi aquele documentário que você viu e sua família era de Nazistas, não era?

Ele assentiu sem graça. Esse era um assunto quase que proibido na família, seu avô Uchiha Madara foi um dos braços direito do führer, um assassino sangue frio.

— Amanhã retornaremos para Los Angeles. Espero que esteja bem. Beijos. — ela se despediu com um beijo e se deitou de costas para ele.

Sasuke continuou com os baços cruzados por trás da cabeça, com o olhar focado no teto. Aquele sonho pareceu tão real, pensou e pegou depois de um tempo. E novamente voltou ao mesmo sonho.

“— ...Você saberá sobre tudo. E Sasuke... Eu te amo.”

***

Na manhã seguinte ele se despediu dos pais, dizendo que iria visitá-los com mais frequência. Seu trabalho sempre impedia disso.

Ele era dono de uma companhia de sistema operacional, era dedicado ao trabalho. A cada ano sua empresa crescia, ele comprava outras concorrentes, fazia uma espécie de Holding. Tornou-se bilionário antes dos trinta anos, um daqueles gênios do Vale do Silício.

Sasuke entrou em um dos seus jatos partindo de volta para Los Angeles, por ele ficaria mais alguns dias por ali, mas Mei tinha um ensaio fotográfico. Ela era uma modelo famosa e tinha seus compromissos.

Ele olhava as nuvens pela janela do jato. Lá fora parecia tudo tão calmo. Fechou os olhos, estava com sono já que tinha dormido mal novamente e pelo o mesmo sonho.

Uma mulher de cabelos róseos apareceu para ele, e ele estava inquieto sobre isso. Quem seria aquela mulher? Nunca viu em lugar algum, mas ela parecia familiar. Parecia que ele já a conhecia.

Mei escutava músicas no celular e lia alguma mensagem na internet. Ele voltou a olhar para a janela e pegou no sono rapidamente.

“— Me espera, Sasuke... — a mulher pegou a mão dele. — Meus joelhos estão doendo. Eu não consigo mais.

— Eu sei que você consegue. Parkour precisa de treino, aperfeiçoamento constante. Entendeu meu amor?”

Sasuke tomou um susto e acordou. Mei não notou, ele até apreciou isso.

O que estava acontecendo? Ele se perguntou.

***

Um mês e meio tinha se passado desde que ele esteve em Buenos Aires e a primeira vez do sonho maluco.

Tinha alguns dias que ele não sonhava com a guerra e com a espiã alemã. No entanto, a mulher de cabelos rosados sempre aparecia em sua mente. Isso lhe trouxe consequências, ele estava ficando paranoico.

Tudo a lembrava de alguma forma. Seus olhos verdes, seus cabelos, tudo nela parecia combinar e lhe dava uma espécie de paz.

Ele estava na empresa, no último andar. Pela janela panorâmica ele tinha uma bela imagem de uma parte de Los Angeles, seus prédios e até o letreiro mais conhecido do mundo.

Os últimos dias para ele foram fatigados, Sasuke sentiu um vazio interior nunca sentido antes. Tudo parecia estar fora do normal e nada lhe agradava.

Era como se aquilo não fosse para ele.

— Hoje é o desfile de sua noiva. Não se esqueça. — a secretária o informou.

— Claro. — ele não se lembrava de nada.

Quem é você? Perguntou a si mesmo, passando a mão no rosto quando se lembrou dela novamente. Pôs-se de pé e saiu do escritório, não estava mais aguentando ficar ali. Sentiu-se claustrofóbico.

Saiu do prédio praticamente correndo, querendo se libertar de algo que nem ele mesmo sabia o que era. E quando se deu noção, estava no meio de uma das avenidas mais movimentadas de Los Angeles, tinha parado o trânsito.

— Maluco! — os motoristas xingavam e buzinavam para ele.

***

Sasuke passava pela Sunset Boulevard, um dos bairros mais famosos e ricos de Los Angeles, a caminho do desfile de sua noiva.

Seu motorista dirigia o carro tranquilamente e ele estava no banco de trás, segurando um cantil com bebida. Estava começando a achar que iria ficar louco. Excesso de trabalho, só poderia ser isso.

Não demoraram a chegar ao lugar onde acontecia o desfile. Ele mal pousou para os repórteres que estavam por ali. Tudo aquilo parecia tão vazio e fora do seu mundo.

“— Você é realmente o cara mais maluco que existe. Você chutou os soldados, cara!”

Dessa vez um homem com os cabelos prateados falava. Sasuke novamente estava tendo aquelas lembranças. Segundos depois se lembrou de uma mulher de cabelos vermelhos, que também acompanhava o homem de cabelos prateados.

“— Você vai acabar morrendo um dia desses. Quando a führer ou seus pais descobrirem que é você.”

— Está tudo bem? — o motorista o perguntou.

— Eu... Sim. Talvez um pouco sobrecarregado. Muito trabalho.

— Entendo senhor, é melhor me entregar o cantil com bebida. Acho que aqui não é permitido. — ele o entregou e entrou para a festa.

O desfile iniciou e alguma cantora famosa cantava por ali. Sasuke não estava prestando atenção em nada. Estava se achando ridículo, lembrou-se de ter visto algo como crise existencial, todos passavam por isso numa fase da vida, talvez esse fosse o momento dele.

Tinha vinte e nove anos, tinha conquistado tudo o que sonhou. Era rico, gênio e tinha uma bela mulher. Tinha tudo e não entendia o que era aquilo. Sua vida agora parecia estar incompleta.

Outra vez sua mente trouxe-se imagens de momentos com ela.

Ele estava sentado em uma cama ao lado da mulher que mexia em um notebook. Ela virou para ele e sorriu.

— Você realmente é viciado nesses bonequinhos. — ele se viu mexendo em um action figure de um herói. — Estou vendo que me trocará pelo Batman. — ela pegou o boneco.

— Hei! — ele a puxou de volta. Podia ver claramente os olhos dela, eram tão verdes. — Eu não sou louco de te trocar, Sakura. — ele a beijou, as costas dela estava repousada sobre o tórax dele. Sua mão desceu pela camisola dela e a puxou, até tocar entre as pernas femininas.

A imagem passou e ele viu que as modelos estavam desfilando. Mei passou e piscou para ele, mas ele simplesmente ignorou.

Um garçom o serviu champagne, ele bebeu e se levantou assim que viu uma mulher de cabelos róseos do outro lado. Sem pensar, passou pelo meio de uma passarela e quase derrubou uma modelo. Mei vinha logo atrás e ficou sem reação com a cena dele gritando por uma tal Sakura, que ele logo viu não ser ela.

Mei gritava histérica com ele. Sasuke quase arruinou um desfile da Victoria Secret´s. Porém ela estivesse mais irritada por outro motivo.

Outra mulher, no caso.

— Desde que voltamos de lá você não é mais o mesmo. Você está aéreo o tempo todo, pesadelos e histórias malucas. Que inferno está acontecendo com você? — ela exigiu que ele a contasse, mas nem mesmo ele sabia o que responder.

— Quem é Sakura? — ela perguntava furiosa e nervosa.

— Eu não sei. Eu não sei o que está acontecendo comigo, eu simplesmente não sei.

— Você está ficando maluco, Sasuke. Só pode ser. — ela suspirou, tentando controlar sua raiva e pegou sua bolsa. — Eu espero que você pare com isso.

— Mei, não, espera... — ela bateu a porta e foi embora.

Mei não era compreensível e Sasuke estava sem créditos com ela. Ainda mais depois do vexame em seu desfile.

Jogou-se na cama totalmente atordoado. Não sabia bem o que sentia, mas desejava que aquele vazio fosse embora o mais rápido possível. Não tinha mais paz.

— Sakura. — repetiu o nome, sentindo como se aquele nome fosse familiar para seus ouvidos e até mesmo sua fala.

Forçou a mente e tentou lembrar se havia alguma atriz daqueles filmes de ação com o nome similar ou com cabelo rosa, mas nada vinha à mente.

Ela era tão familiar aos seus olhos, sentia como se soubesse tanto sobre ela, mas ao mesmo tempo como se soubesse tão pouco. Encarou o teto como se ele fosse encontrar suas respostas ali. Por fim, percebeu o que já era claro: não teria respostas.

Suspirou cansado, virando o rosto lentamente para o lado até seus olhos caírem sobre o notebook fechado em cima da escrivaninha do quarto. Uma ideia surgiu rapidamente, e em dois segundos ele já estava com o eletrônico sobre o colo.

Foi rápido em ligá-lo e mais rápido ainda para abrir o navegador e digitar o nome Sakura na barra de pesquisa. O resultado, obviamente, não foi o que ele esperava.

À sua vista estavam apenas imagens da primavera no Japão e diversas pétalas de cerejeira cobrindo um pequeno rio. E mesmo que aquele resultado não fosse o seu real interesse ele continuou descendo a página, fitando a pequena tela repleta de rosa.

Na verdade o resultado pouco importava agora, ele apenas olhava e estimulava sua mente a lembrar-se dela e da maldita frase que se repetia em sua cabeça o tempo todo.

— ...Vá até Cambridge assim que acordar em sua nova realidade.”

O que teria em Cambridge? Seja lá o que fosse, ela queria que ele fosse para aquele local.

Você não vai falhar, Sakura. Nós confiamos em você. Vamos mudar o mundo juntos.”

Acordou ouvindo barulho de sirenes, sua cabeça doía e o zunido de lá fora só piorava. Abriu os olhos e estava em um dos quartos da enfermaria. Colocou a mão na cabeça e sentiu um curativo ali, o local estava dolorido. Bastante dolorido.

Mas aquilo não recebeu a atenção merecida, pois a mente de Sakura focou-se em mais um dos sonhos estranhos que ela teve. Ela conversando com um homem loiro.

— Enfim acordou. — disse a mulher estava sentada a observando, roubando sua atenção.

— Dei de cara no chão, única coisa que lembro. — respondeu automaticamente.

— Minha melhor neurocirurgiã sendo atropelada por uma garota de nove anos, em uma bicicleta ainda por cima.

— Eu não a vi. — ela passou a mão no rosto, apoiou a cabeça no travesseiro. — Eu...

— Você saiu no meio da rua procurando por alguém e pedindo para ele te deixar em paz.

Sakura sentiu uma pontada. Aqueles sonhos que a atordoavam.

— Eu sonhei que eu era uma Física inglesa e criadora de uma máquina que possibilitou minha viagem ao passado para... Para ajudar a acabar com a Segunda Guerra Mundial. — ela fitou os próprios pés para disfarçar o rosto assustado. — Parecia que eu estava lá. Era tudo tão... Tão real. — finalizou, guardando para si os outros detalhes do sonho estranho.

— Céus, Sakura! Tem noção do que acabou de me contar? — a mulher de cabelos loiros se pôs de pé. — Tem dias que você anda com esses pensamentos na cabeça. Não tem paz. Deve ser o excesso de trabalho, lhe darei folga.

— Não!

— Você está paranoica, querida. Terá um tempo. Ontem você desmaiou no meio de uma cirurgia e veio com histórias de guerra. Eu... Eu estou preocupada.

— Tia Tsunade, eu estou bem. Eu... — ela pausou, sabia que aquilo estava indo longe demais. Lembranças da guerra, em meio a tiroteios, pulando em trem, matando pessoas e voltando ao passado, aquilo era insano demais. — Serão poucos dias, certo?

Tsunade concordou.

Sua tia era alemã, mas casou-se com um israelense chamado Jiraiya e decidiu vir morar em Tel Aviv, a segunda maior cidade de Israel.

— Vá descansar querida. Vá dormir, vá para praia, vá jogar vôlei, namorar um pouco.

Sakura anuiu um pouco contrariada, mas era a sua tia a chefe do hospital. Ela não poderia fazer nada, seus dias não estavam sendo fácil. Despediu-se, retirando o jaleco e colocando-o na bolsa.

Tudo tinha começado há poucos dias e desde então, sonhos e lembranças tomavam conta de sua cabeça.

A guerra em tantos detalhes. Nenhum filme ou livro que ela assistiu ou leu contava daquele jeito. Era como tivesse testemunhado de alguma forma. Não poderia ser apenas sonhos do nada.

E de alguma forma aquilo tinha ficado perigoso.

Tinha uma vida tranquila. Sempre sonhou com a Medicina e estava feliz, pois finalmente tinha terminado a residência de neurocirurgia. Agora era uma neurocirurgiã, realizara o seu sonho.

Caminhou até o estacionamento, alcançando seu carro que estava avariado desde uma leve batida que sofreu. O sinal estava vermelho e ela sentiu uma tontura quando se viu correndo atrás de um trem. E claro, para completar todo o pacote, tinha a imagem daquele homem.

Um deus grego, ela o apelidou. Sempre sorria quando se lembrava dele.

Liebe. — sussurrou. — Se ele ao menos existisse. — suspirou cansada, seguindo seu caminho.

Decidiu seguir os conselhos de sua tia e foi para praia. Tsunade tia estava certa, ela precisava relaxar de alguma forma. Abriu o porta-malas e pegou uma velha canga de praia azul e um protetor solar. Caminhou até a areia e estendeu a canga, estava de vestido leve então não seria problema já que a temperatura estava razoável.

Liebe. — ela repetia aquilo. Achou fofo da parte do cara do sonho.

Refletiu um pouco, pensando que talvez estivesse carente e seu cérebro criou um cara perfeito, e colocou-os em uma situação digna de filmes focados em guerra. Só poderia ter sido.

Sorriu da situação, pensando em ligar para um amigo depois. Precisava ir numa balada e deixar aquilo de lado.

As praias de Tel Aviv eram conhecidas por outros frequentadores. Esses eram caninos, os donos costumavam a passear por ali com seus animais. Sakura observava um enquanto passava protetor solar nos braços.

“— Acorda! — ela abriu os olhos. — Sua dorminhoca.

— Hoje é domingo, então... Sou sim. — cobriu o rosto. — E está chovendo. Cama.

— Infelizmente, eu queria praticar um pouco, mas o tempo não colabora.

— Só se quiser uma gripe. Hm... Eu tenho uma ideia melhor.

— Qual? — ele perguntou, mas já sabia o que provavelmente viria.

— Você dormir comigo aqui o resto da manhã. O que acha?”

Sakura deu um sorriso bobo com a lembrança repentina. Embora aquilo, de alguma forma, também fosse irritante.

***

Na manhã seguinte ela acordou indisposta com tudo. Não tinha nada para fazer por ali e gastou seu dia vendo filmes. E a cada minuto ela se perguntava por que escolheu a Lista de Shindler ou O Resgate do Soldado Ryan, filmes relacionados à guerra.

Foi um tormento.

“— E o que acontecerá conosco quando voltarmos?

— De novo, Sasuke? — ela abaixou a cabeça. — Eu não sei, talvez nós não existamos, tem a parte de não nos lembrarmos de nada disso.

— Digo eu e você. Eu te amo, liebe.”

— Será possível? — ela se perguntou.

Seria verdade que em algum passado ela tenha voltado no tempo e por isso essas lembranças?

— Ai Sakura, você está ficando paranoica. — bateu na cabeça algumas vezes.

***

Alguns dias tinham passado, Sakura estava tentando manter a normalidade. Voltou a sua rotina de trabalho, cirurgias, no final de semana saía para jogar vôlei com as amigas e se divertir.

Tinha ido para uma balada na noite retrasada e até flertou com um cara, tudo ia bem, porém quando relembrou do cara dos seus sonhos, ela praticamente surtou e consequentemente assustou o cara.

— Eu não sei o que aconteceu com você. — Konan comentou. Era sua amiga e uma cardiologista.

— Estou começando a acreditar em vidas passadas, sei lá. Algo do gênero.

As duas estavam no refeitório do hospital, era hora do almoço.

— Você nunca dispensou um homem do nada e depois vem com esse papo do alemão sexy, que viajaram no tempo e tudo mais. Isso me parece enredo de livros adultos.

Sakura sorriu da amiga, fazia sentido.

— Sasuke é lindo mesmo, gentil, cuidadoso e carinhoso. Tipo de homem perfeito.

— Tipo do homem que não existe. — Konan pegou o celular, abriu uma página de pesquisas e colocou o nome do suposto homem dos sonhos da amiga no campo de pesquisa.

— Quer ir comigo, depois, naquela loja? Preciso comprar algumas blusas. — Sakura questionou, fitando a amiga concentrada no celular.

— Você sabe o sobrenome desse tal Sasuke?

Sakura negou com a cabeça.

— Eu achei alguns caras com esse nome na internet. Você disse moreno, olhos pretos e cabelo um pouco grande.

— Sim. Isso mesmo. — ela puxou um canudo e colocou no refrigerante. — Quando eu pesquisei só achei um cantor, nada parecido. Deixei para lá, loucura da minha cabeça. Não quis dar trela.

Konan não parecia escutar tudo que ela dizia, prendeu a atenção no celular assim que Sakura confirmou sua pergunta e continuou deslizando o dedo pela tela do celular, em busca de imagens de homens que se encaixassem nas características ditadas pela amiga.

Não acho nada no fim das contas.

Desviou a vista do smartphone, encontrando o olhar curioso de Sakura sobre si e suspirou inconformada. Queria encontrar o tal Sasuke.

— E então? — Sakura questionou, mas Konan se limitou a negar com a cabeça e voltou à página inicial do Google.

— Já imaginava. — Sakura respondeu baixo e se condenou por ter pensado que o encontraria em uma simples página da web. — Eu já revirei todos os resultados para imagens no Google, mas sem sucesso também.

— Somente as imagens? — o semblante de Konan se animou novamente. — Então você também não buscou em notícias?

Sakura negou com uma expressão confusa. Os lábios de Konan repuxaram-se para o lado e ela novamente virou-se para o smartphone.

— Acho que ainda há uma última tentativa. — ela respondeu a pergunta de Sakura antes mesmo que ela abrisse a boca. — Talvez estejamos procurando errado.

Ela parecia empolgada enquanto seus dedos digitavam algo de maneira ágil na pequena tela. Sakura tentou não criar expectativas, mas no fim acabou cedendo à ansiedade e começou a perguntar, curiosa, sobre o que Konan estava fazendo. Sua amiga não respondeu e Sakura duvidou se ela tinha ouvido algo.

Olhou ao redor em busca de algo que a distraísse, mas vez ou outra virava para encarar o rosto franzido de Konan, que finalmente desviou a atenção do celular e fitou Sakura com olhar assustado.

— Oh, nosso almoço já está chegando ao fim.

Sakura rapidamente consultou o relógio de pulso que confirmava o que ela acabara de ouvir, mas ela não estava preocupada com isso. Estava pensando em outra coisa.

— Você... — começou um pouco sem jeito, mas continuou. — Você conseguiu?

A resposta foi leve balançar de cabeça em negação.

— Me desculpe, eu acabei me distraindo com uma mensagem. Vou procurar de novo.

— Não precisa. — Sakura respondeu de imediato. — Nem sei por que pensei que encontraríamos. — a última frase saiu em um tom baixo e triste.

Encontrá-lo e ver com seus próprios olhos que ele existia era um desejo particular para confirmar que ela não estava louca, e que talvez tivesse visto-o em alguma página da internet ou até mesmo em um filme, e agora seu subconsciente trazia-o para seus sonhos. Ao menos era o que ela estava tentando se convencer para mudar de ideia, pois lá no fundo sentia que ele existia.

Ela queria encontrá-lo, e queria muito.

Sasuke parecia tão real, pensou e riu sozinha das imagens deles dois juntos que se repetiam em sua cabeça a todo instante.

Ele era alguém que parecia conhecê-la tão bem. Alguém que ela esperava encontrar e acreditava que fosse capaz de tirar o vazio que vinha sentindo nos últimos dias.

— Sakura? — Konan chamou já de pé. — Vamos?

— Sim, vamos. — respondeu, levantando-se e enfiou as mãos nos bolsos do jaleco.

Caminhou mecanicamente para sua sala com Konan ao seu lado, falando diversas coisas aleatórias que obviamente não receberam a atenção devida.

Sakura estava presa novamente em lembranças de algo que ela sequer tinha certeza se acontecera.

“— Eu confio em você e acredito no seu plano.

— Obrigada, Naruto.”

Naruto, o tal loiro, também aparecera naquele sonho estranho e, nas poucas vezes que apareceu, era sempre falando sobre algum plano. Ela não reagia de forma estranha quando ele falava sobre assunto. Pareciam ser amigos.

Quando deu por si já estava sozinha em sua sala. Forçou a memória para saber o que fizera no pequeno percurso até ali, mas não se lembrou de nada nem do momento exato em que chegou ali, ou mesmo se havia se despedido de sua amiga. Procuraria ela depois e se desculparia por estar tão aérea.

Por fim, alcançou sua cadeira e fitou a mesa com olhar perdido, dando à sua mente mais uma chance para que ela trabalhasse em lembranças incomuns.

 “— ...Hatake Kakashi.”

 “— Em breve acabaremos com essa guerra. Vossa Majestade, o Rei George VI, a agradece pelo seu serviço.”

— Hatake... Kakashi. — repetiu, voltando a si. Era a primeira vez que a imagem daquele homem vinha à mente.

Ajeitou sua posição e virou-se para o notebook bloqueado na mesa. Digitou a senha curta e rapidamente a tela foi liberada, mostrando que o navegador já estava aberto e rapidamente ela já digitava o nome para pesquisa.

Diferente do outras vezes o resultado da pesquisa foi positivo e o reconhecimento imediato. Ela descia a página concentrada nas diversas imagens onde estava Hatake Kakashi, o Capitão da Força Real. Definitivamente era a mesma pessoa.

Um sorriso desenhou seu rosto e murchou no instante em que processou a informação. Ele existia, era óbvio, mas há anos atrás.

Kakashi era alguém que participou de um fato histórico, e ela logicamente já deveria ter lido sobre ele em algum livro, ou até mesmo visto sua imagem em documentários sobre a última guerra mundial.

— Acho que ando vendo muito sobre esse assunto. — concluiu, baixando a tela do portátil e coçou os olhos, pronta para retomar seus afazeres. Ou ao menos tentar se concentrar em fazê-los.

Puxou a pasta com prontuários médicos para analisar o caso de duas cirurgias, ambas previstas para menos de três dias.

Ficou trancada ali por quase duas horas e acabou dormindo sobre a mesa. Acordou assustada, olhando ao redor e viu uma página caída no chão, que provavelmente deixou cair quando se remexeu.

Cobriu a boca quando bocejou e abriu a gaveta, puxando dali um espelho para ver o estado do seu rosto e ao notar sua expressão cansada constatou que precisava realmente dormir, e precisava urgentemente ou entraria em colapso.

Arrumou os papéis sobre a mesa e abandonou a sala para ir até o restaurante atrás de algo para comer e beber.

No fim, não achou nada que agradece seu estômago e voltou com uma xícara de café e uma garrafa de água. Caminhou pelo corredor que levava até seu consultório e o encontrou com a porta aberta.

— Tsunade? — chamou, antes de entrar achando que ela talvez estivesse ali para se certificar de que estava bem. Porém, ao invés disso encontrou uma Konan agitada saindo do banheiro.

— Onde você estava? — falou rápido e caminhou até Sakura, puxando-a pelos pulsos e sentando-se com ela no sofá perto da porta.

— O que houve? — Sakura tratou de questionar sobre sua aparição repentina, achando que algo que necessitasse de sua presença houvesse acontecido.

— Eu achei. — Konan respondeu em um fôlego só.

— Como assim? Achou o quê?

— Sasuke, quer dizer, eu acho que o encontrei. Você se lembra dos detalhes dele, não é? Detalhes físicos, rosto essas coisas.

Confirmou, acenando com a cabeça, porém descrente com o que acabara de ouvir. Konan rapidamente puxou o celular do bolso jaleco e desbloqueou a tela antes de virá-lo para amiga.

Sakura não olhou para o aparelho, ao invés disso continuou com o olhar fixo na mulher à sua frente que a incentivou com um sorriso brincalhão no rosto. Ela então desviou os olhos lentamente para baixo, como se estivesse com medo de que mais uma vez fosse um homem apenas com características em comum.

No entanto, o que viu assusto-a por completo. Tomou o celular da mão de Konan e encostou as costas no encosto do sofá, descendo a tela e encontrando diversas notícias sobre Sasuke Uchiha, um daqueles homens do ramo de tecnologia.

— É ele. — respondeu sorrindo e clicou na notícia mais recente.

Definitivamente era o mesmo Sasuke das lembranças estranhamente nostálgicas.

— Sim, eu tenho certeza que é ele. — afirmou novamente com a vista embaçada e sentiu uma tontura momentaneamente, logo sendo amparada pela amiga ao lado.

— Tudo bem? — perguntou preocupada e levantou num salto.

Notando a preocupação da amiga ela tratou de acalmar, dizendo estar se sentindo bem e que aquilo talvez fosse o resultado das noites mal dormidas. Konan mesmo que contrariada aceitou a resposta e se sentou novamente.

— Você viu? — perguntou, apontando para o equipamento em suas mãos. — Ele está em Cambridge.

— ...Vá até Cambridge assim que acordar em sua nova realidade.”

A frase ressoou em sua mente. A mesma frase que ela disse em um de seus sonhos para aquele homem. E agora ele estava em Cambridge, ela pensou sentindo-se, de certa forma, familiarizada com aquela informação. Como se fosse um sinal, e pensando nisso levantou e marchou imediatamente para fora da sala, levando consigo o celular que não lhe pertencia.

— Aonde você vai? — Konan chamou, correndo para alcançá-la.

— Eu vou pedir mais uns dias de folga para Tsunade.

— Mas, mas, por quê?

— Pra eu poder ir à Inglaterra. — Sakura respondeu sem se virar, andando apressada pelo extenso corredor. — É isso! Eu vou até Cambridge. Eu vou atrás dele, talvez ele tenha as respostas que preciso.

***

Não foi difícil convencer Tsunade a lhe dar mais alguns dias de folga. Na verdade, ela pareceu feliz quando Sakura disse que queria viajar.

A mulher obviamente desconhecia seus planos, então concordou sem hesitar e desejou uma boa viagem. Sakura saiu no mesmo instante, agradecendo por não estar de plantão.

Tratou de resolver questões como o dinheiro que precisaria quando estivesse lá. E assim que chegou à sua casa entrou no site da primeira companhia aérea em que pensou, procurando pelo voo mais próximo e com a menor quantidade de escalas possíveis, para chegar o mais rápido possível à Inglaterra.

Infelizmente não encontrou um para o mesmo dia, somente para tarde do dia seguinte. Escolheu sem se importar com o valor e seguiu todo processo, digitando suas informações com um sorriso bobo no rosto, embora também se sentisse um pouco nervosa.

Ela chegara lá, mas o que diria a ele caso o encontrasse?

Tinha que pensar em algo, não poderia chegar nele sem nenhum um motivo plausível. Pensou em dizer a verdade, mas duvidou que ele acreditasse nas palavras de uma desconhecida que tinha sonhos estranhos com ele, e que ele jamais vira na vida.

Tudo parecia complicado, mas ela não poderia pensar em desistir depois de ter enfrentado mais de três horas de viagem e ter feito questão por um quarto no hotel mais próximo da universidade.

Agora ela estava ali, dentro do quarto, observando pela janela a movimentação rua a fora. Um suspiro cansado abandonou seus lábios, após ela tentar buscar, mais uma vez, por novas notícias de Sasuke Uchiha na internet.

Nada além da informação que a levou até ali foi encontrada. Ela já começava a achar que ele talvez tivesse voltado para casa. O que era bem provável, visto que levara quase dois dias para chegar até ali.

— Talvez ele não esteja mais aqui. — comentou para o reflexo no vidro da janela e abandonou o sofá, deitando-se na cama sendo abraçada pelos confortáveis lençóis.

Encarou o teto, pensando em Konan que a acompanhou até o aeroporto e jurou sigilo sobre o motivo de sua viagem.

— Obrigada por encontrá-lo. — disse como se ela estivesse presente para ouvir e riu de si mesma.

Saiu de Israel para vir até a Inglaterra, sem nenhum planejamento, sem ninguém esperando por ela. Apenas com o enorme desejo de encontrar um desconhecido.

Parando para pensar agora, ela tinha sido tão impulsiva, algo que não era constante. Às vezes, só às vezes perdia o controle e fazia coisas assim. Geralmente era muito programada, organizada e, às vezes, racional.

— Bom, eu já estou aqui. Tenho que fazer o que vim fazer.

Dito isso ela se levantou, um pouco mais confiante, e saiu com a Universidade de Cambridge como destino. Apegou-se à sua intuição que insistia em dizer que aquilo não era por acaso.

Sabia que não estava tão longe, mas ainda sim não sabia andar por ali. Afinal, nunca estivera na Inglaterra antes. Ao menos não nessa vida.

Pegou o primeiro táxi que encontrou próximo ao hotel e informou-o de onde queria ir, sentindo-se orgulhosa por seu inglês não estar enferrujado.

Em menos de minutos ela estava em frente à imponente entrada da universidade. Pagou pela corrida e desceu do veículo, contemplando a vista totalmente maravilhada com a beleza do lugar.

Andou sem rumo, observando os alunos que passavam por ali. Alguns em grupos, outros em duplas discutindo assuntos que ela acreditou ser de seus respectivos cursos.

Sentou-se em um dos bancos disponíveis depois de ter caminhado por, pelo que julgou, quarenta minutos e jogou no lixo a garrafa — que comprou em meio à sua breve caminhada — de água já vazia.

Sakura cruzou os braços e fitou o chão, cansada. Não fora uma caminhada com resultados positivos. Ela sabia que não seria. Sabia que não chegaria e daria de cara com ele caminhando sem destino fixo, assim como ela.

Bufou e levantou retomando o caminho novamente, já que estava ali aproveitaria ao menos para passar perto do campus de medicina. O que também era do interesse dela. Já estava lá, não perderia a oportunidade.

E assim caminhou perguntando de um e outro qual o caminho mais rápido até o campus.

***

O dia anterior tinha sido cansativo, como esperava que fosse.

Conseguiu encontrar o campus de medicina, e quando menos percebeu estava assistindo uma palestra sobre tratamento de edema cerebral. Antes de chegar até lá ouviu comentários de que o palestrante era alguém com bastante conhecimento em neurocirurgia. Acabou por ser atraída.

Voltou para o hotel no início da noite, pesarosa.

Ele deveria ter vindo à Inglaterra por algum motivo, afinal. Foi o que ela concluiu, aborrecida consigo mesma por ainda ter tido esperanças de que fosse encontrá-lo. Embora o sentimento não tivesse feito-a desistir.

A vontade de encontrá-lo e obter respostas para os sonhos que a perturbavam venciam qualquer desmotivação. E com o mesmo objetivo do dia anterior ela voltou à universidade, e diferente do que fizera ontem ela seguiu para o campus de física. Afinal de contas ela era uma física naquele sonho esquisito.

Chegou mais cedo ao local para ter tempo de visitar mais lugares e logo viu alguns alunos comentando sobre uma palestra focada em viagem no tempo, que aconteceria naquele mesmo dia.

O assunto soou interessante aos ouvidos de Sakura e ela procurou pela sala indicada no anúncio que encontrou no corredor, sobre a mesma palestra. Encontrou depois de passar pelo mesmo corredor duas vezes.

Observou da porta a sala ainda estava vazia. O provável ministrante organizava suas coisas sobre a mesa. Ela deu um passo para dentro, hesitante. Queria assistir, mas temia perder tempo demais ali.

Por fim, ela desistiu e tornou andar, visivelmente, perdida pelos corredores do campus. A busca fora sem sucesso, mas ela manteve os ânimos e conseguiu sair.

O sol estava começava a se pôr quando ela chegou ao campus de matemática. Viu apenas um rosto conhecido e esse não era o de Sasuke, mas sim o de Stephen Hawking.

Ela sabia de seu legado. Leu diversas vezes sobre ele na internet e até assistiu A Teoria de Tudo, filme baseado em sua vida. Ao menos algo de interessante ela conseguiu naquele dia, mesmo que isso passasse longe do seu real objetivo.

Caminhou cabisbaixa e decidida a voltar para o hotel. Tentaria uma última vez no dia seguinte. Se o resultado fosse negativo ela trataria de comprar sua passagem de volta para casa.

Parou próximo a uma ponte e se sentou em um banco perto dali. Lembrou-se do celular esquecido dentro da pequena bolsa que trouxera consigo e abriu em busca do aparelho, encontrando mensagens de Konan que pedia um relatório sobre a viagem e diversas notificações do Facebook.

Abriu o aplicativo da rede social para observar seu feed de notícias. Nada muito interessante, ela constatou fechando o aplicativo e dando atenção à nova mensagem da amiga que acabara de chegar.

Konan passou a noite enviando mensagens e até mesmo agora, ela enviava a mesma coisa.

“Tudo bem por aí?”

Ela pensou em dizer não, mas respondeu com um simples “Sim, tudo bem.”

“Onde você está? Me envia uma foto, nunca estive aí.”

Sakura riu do pedido da amiga e abriu a câmera do aplicativo para satisfazer o desejo da outra. Apontou para ponte à frente e, sem prestar atenção no homem parado ali, apertou no meio da tela.

A foto ficara ilegível e, pensando no quanto era uma péssima fotografa, ela voltou a focar no mesmo lugar, apertando suavemente na tela para melhorar o foco da câmera e então registrou a imagem, notando agora que havia alguém na imagem.

Alguém que Sakura reconheceu instantaneamente.

Olhou novamente para ponte, segurando o celular com as duas mãos e devolveu o mesmo olhar assustado que aquele homem lançava para si.

Era ele, o homem que aparecia em seus sonhos. Sasuke Uchiha.

Seus olhos se arregalaram, seu semblante antes triste mudou drasticamente para um que transbordava alívio e felicidade, muita felicidade. Seu coração, antes calmo, acelerou. E ela achou que sairia pela boca.

Que forma improvável de encontrar você, ela pensou tratando de se acalmar quando o viu se aproximar devagar de onde ela estava sentada.

Ele parou em sua frente e pediu para sentar ao seu lado, ela confirmou com medo de ser chamada atenção já que parecia estar o fotografando.

Um feito que Sasuke nem notou, na verdade estava surpreso demais para ligar para isso. Ele a reconheceu automaticamente quando os cabelos rosados surgiram em seu campo de visão.

Ele também estava quase desistindo da ideia maluca que teve quando se lembrou daquele pedido, que mesmo inusitado o trouxe diretamente para ela. E sentiu que era realmente ela quando parte daquele vazio no peito pareceu se fechar, e então se sentou ao seu lado pronto para descobrir mais sobre a responsável por suas noites mal dormidas.

Ela, por outro lado, continuou quieta e tentou não pensar no constrangimento que foi ter sido pega no flagra. Por fim, se acalmou e começou a achar a situação estranha.

Se ela estava o procurando, porque ele também ficou assustado quando a viu? Ele deveria estar normal, certo? A stalker era ela, certo?

Ele não precisava olhar para ela como se a conhecesse, como se também estivesse procurando por ela e finalmente tivesse a encontrado.

A ideia que passou pela cabeça de Sakura a fez virar o rosto repentinamente para ele, que fez o mesmo quando se sentiu sendo observado.

— Err. — ele quebrou o silêncio, buscando palavras para colocar seus pensamentos para fora e perguntou: — Nós... Nós já nos conhecemos?

Sakura negou com a cabeça, e ele continuou:

— Eu sinto que sim, sabe... — ele estava disposto a dizer, afinal tinha ido até ali por se lembrar do pedido que ela fizera.

Ela deveria se lembrar disso, certo? Embora para ele soasse estranho dizer para alguém que sonhava com ela, ainda mais querer que ela confirmasse algo. Era uma situação estranha, mas ele não dormiria se não o fizesse então soltou devagar:

— Recentemente — Sakura ouvia atenta e o encarou de volta quando ele continuou. —, eu tenho tido. Como posso dizer isso sem parecer estranho?

Ele não parecia ter feito a pergunta para ela, mas Sakura entendeu o que ele quis dizer e com uma expressão surpresa e feliz ela o interrompeu, dizendo:

— Tido sonhos estranhos?

Ele balançou a cabeça em afirmação e ela diminuiu o aperto que fizera no aparelho em mãos, e sorriu incialmente desacreditada, mas depois feliz e continuou:

— Eu também. — agora era Sasuke quem olhava para ela soerguendo as sobrancelhas e em seguida riu minimamente, esperando-a terminar. — Há dias eu tenho os mesmos os sonhos e na maioria deles... Nós estamos juntos. — a última frase saiu em um tom mais baixo, mas Sasuke ouviu claramente e moveu a cabeça para cima e para baixo afirmando a mesma coisa.

— Eu vim até aqui para encontrar você. — disseram, virando-se um para o outro ao mesmo tempo, e riram da sincronia com que fizeram aquilo.

O olhar de Sakura desceu pelo rosto masculino, e então ela se virou para frente novamente e fitou a ponte onde o encontrou, sentindo as bochechas esquentarem quando notou que diferente dela ele não desviou o olhar.

— Sabe. — Sasuke novamente quebrou o silêncio, ainda fitando o perfil do rosto delicado e ruborizado. — Eu estava aqui, porque em minhas lembranças eu me vi, com você, escalando a torre a igreja.

Ele virou para olhar onde indicava e só então Sakura se permitiu virar e, antes de fitar a igreja, olhar do pescoço totalmente livre à sua vista. Alternou o olhar entre a igreja e os lábios que se moviam à medida que ele relatava um de seus sonhos.

— ...Nós parecíamos próximos, entende? — ele virou para Sakura novamente, e ela disfarçou que seu olhar descarado sobre ele.

— Próximos? — franziu o cenho, tentando lembrar o que ele havia dito.

— Sim. Próximos. — ele hesitou antes de continuar. — Romanticamente falando.

Sakura sabia que sim, também sonhou com ambos trocando juras de amor. Porém, não era tão fácil concordar e dizer algo como “sim, também me lembro de dormir com você.”

Era vergonhoso demais para ela e notou que foi para ele também, pois agora ele fitava a ponte, envergonhado.

— Então. — ela mudou de assunto. — Acho que conseguimos o que queríamos, não é? — e então se levantou, dando alguns passos para longe do banco.

— Sakura. — ele chamou e ela percebeu que aquele tom de voz soou estranhamente familiar aos ouvidos dela. Ela quis que ele a chamasse novamente, e ele o fez, como se estivesse lendo a mente dela. — Sakura.

Sasuke abandonou o banco e parou atrás dela, aguardando que ela respondesse. Ela virou timidamente para trás, tentando disfarçar o sorriso no rosto.

— Sim?

— Prazer, eu sou Sasuke Uchiha. — ele disse, estendendo a mão que foi recebida delicadamente.

Eu sei, ela pensou e respondeu outra coisa.

— Sakura Haruno. — apertou a mão grande e balançou um pouco com um sorriso contido. — Espero ver você novamente.

— Você já vai? — a pergunta veio acompanhada de um aperto de mão, um pouco mais forte e que a trouxe para perto dele outra vez. — Eu pensei em andar por aí e conversar. Acho que temos bastante assunto.

Sakura queria ficar, mas não sabia como se portar principalmente quando se lembrava de que eles transaram nos sonhos que ela tivera.

— Acho que sim.

Sasuke respondeu com um entrelaçar de dedos, pensando no quanto isso era proibido para ele, que era comprometido com uma figura conhecida na mídia. E talvez até para Sakura, já que ele não sabia o que ela fazia e se também tinha alguém.

Estava seguindo seus instintos que pareciam tornar aquilo comum. Ou talvez fosse somente o fato de ter a encontrado.

Ela se deixou ser levada para longe dali, até chegarem às ruas movimentadas que circulavam a grande universidade. Caminharam até encontrarem privacidade em um restaurante simples onde entraram e detalharam um para o outro os ‘sonhos’ que tiveram.

A maioria deles era similar, outros eram sobre Sasuke e o casal que parecia sempre o acompanhar. E alguns outros, principalmente da parte de Sakura, eram sobre alguém chamado Naruto.

Sasuke concordou ter se lembrado do nome e inclusive o visto, mas a imagem que ambos tinham do tal Naruto também não dizia muita coisa. Também tentaram procurá-lo na internet, porém sem um resultado positivo.

Os dois aproveitaram a situação para admitir também terem pesquisado um pelo outro em alguns sites de pesquisas, e até riram da mesma ideia de busca virtual que tiveram, onde a única com sucesso foi Sakura que omitiu o fato de que, na verdade, sua amiga que o encontrou e não ela, como dissera.

— Oh, nossa. Quanto tempo se passou? — Sakura procurou por um relógio para consultar o horário e depois olhando para fora, pela janela do local, percebendo que já era noite. Estavam conversando há horas. — Espero não ter tomado tanto do seu tempo.

— De maneira alguma. — ele respondeu, acenando para um garçom que logo trouxe a comanda com o valor detalhado do que fora consumido.

Sakura saiu ao lado dele, mas parou quando lembrou que não iriam para o mesmo destino.

— Eu vou pegar um táxi. — repuxou os lábios e, sorriu, despedindo-se dele com um abraço que ele não esperava, mas que foi retribuído de forma calorosa.

Sasuke aproveitou a chance que teve quando notou o pescoço livre demais para ele e o beijou, sussurrando sedutor:

— Posso acompanhá-la?

Sakura encostou a testa em seu ombro, inalou o cheirou forte do perfume impregnado no casado que ele usava e respondeu:

— Por favor.


Notas Finais


Então galeru, Day-sama me concedeu sua ilustre parceria para reescrever uma fanfic minha que estava parada a algum tempo. Ela se chama Vênus, vou deixar o link aqui pra quem tiver interesse. Bjão https://spiritfanfics.com/historia/venus-10164878

E finalmente chegamos ao último capítulo.
Estou triste e aliviada por chegar ao fim de mais uma short com minha amada Day-sama. Menos uma cobrança husahsausahsa
Mas, bom gente, é isso. O que vocês esperavam para o final? Eu tô super ansiosa pra saber o que cês acharam disso tudo, pq nussssss foi uma loucura - no bom sentindo.
Eu não sei o que falar, então vou aproveitar para agradecer vocês imensamente por terem aguentado algumas demoras que tivemos e nos acompanhado até aqui :)
A Dayse vai postar um epílogo em breve, para esclarecer qualquer dúvida que surgir.
Até a próxima. Obrigada de novo.


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