Dylan P.O.V
Já fazia alguns minutos que eu esperava por Tyler na frente da escola. Ele pediu para mim esperar ele para ir ao vestiário, mas ele estava atrasado e daqui a pouco ia bater o sinal.
Bateu o sinal e nada dele, e eu não iria chegar atrasado para o teste, não mesmo. Fui para o vestiário e me sentei no banco, esperando todos se ajeitarem e o som alto do apito ecoou por todos os cantos daquela sala, fazendo as risadas e gritos que pareciam tão importantes cessarem.
- Nós vamos começar os testes daqui a pouco, mas primeiro – passou o olhar por todos ali na sala e franziu o cenho – Cadê o capitão do time? Não me digam que ele faltou
E quando eu ia falar algo, Daniel me interrompeu dizendo que Tyler havia chegado cedo e que tinha visto ele entrando em uma sala. Como eu imaginava, o treinador mandou eu ir procurar ele e só voltar quando tivesse o achado. E assim eu o fiz, sai procurando ele por todos os cantos e salas daquela escola e nada. Ah, ninguém consegue sumir assim do nada. Por fim entrei na última sala que ele poderia estar, e lá estava ele, mas não da forma como imaginei que estaria ou o que estaria fazendo.
- O treinador mandou você ir, agora – dei ênfase no agora, atrapalhando o beijo dele com Crystal. Os dois me olhavam assustados e nervosos, como se tentassem de alguma forma me segurar ou se explicar, só não conseguiam. Continuei observando os dois e abri um sorriso falso, dando meia volta e saindo de lá.
Eu não sabia o que fazer, minha cabeça estava uma confusão. Não sabia se contava para Holland e estragava a vida dela ou não contava e deixava ela viver um amor de mentira. Não era pra mim decidir isso, muito menos saber, quem deveria fazer isso era o cara que tava trancado em uma sala beijando sua melhor amiga.
- Dylan? Tá tudo bem? – me desliguei dos meus pensamentos e olhei para frente
- Holland? O que faz aqui?
- O jogo já vai começar, você viu o Tyler? – fodeu
- Ahn...não vi – pensei – Mas ele já deve estar chegando, vamos?
- Ta bom então – assente e caminha em minha frente, indo em direção a quadra.
Crystal P.O.V
Eu simplesmente não sabia o que fazer, se eu corria atrás dele e implorasse pra ficar quieto ou deixava ele contar para Holland na primeira oportunidade. Eu sei que estávamos agindo de uma forma errada e que boa parte disso era minha culpa, mas eu não podia negar o amor que existia em mim. Eu me culpo por ter me apaixonado pelo namorado da minha melhor amiga, mas acabou rolando e eu não mando nos meus sentimentos. Mesmo que ela saiba, eu acredito que ela me perdoe, ela sempre foi uma pessoa que não guardava rancor e ficar escondido dela não parece assim tão ruim.
- Droga – Tyler soltou em um suspiro depois de um grande tempo em silêncio
- O que vamos fazer agora? – voltei meu olhar até ele, levando minhas mãos até seu braço e num movimento repentino e bruto, se afastou de mim
- O que vamos fazer agora? – repetiu num tom de deboche – Isso é culpa sua, eu já disse milhões de vezes que não podemos nos encontrar no colégio – me olhava com desgosto
- Então porque veio? – cruzei os braços – A culpa não foi só minha, além do mais, se tu tivesse falado pra ela como eu disse, não íamos precisar ficar escondido
- Ah, agora é minha culpa? – riu irônico – Se tu quer tanto que ela saiba, conta tu
- A namorada não é minha, idiota – bufei e me virei, pegando minha mochila e ajeitando em meus ombros
- Vadia – murmurou e num viro rápido, me aproximei e dei um tapa em sua cara
- Vadia é a sua mãe, Tyler – abri a porta e voltei, sentindo suas mãos envolverem meu pulso e me puxar
- Se tu for embora eu vou... – o interrompi
- Vai o que? Me bater? Vai se foder – puxei meu pulso da sua mão e voltei até a porta – Me esquece – sai e bati a porta, o deixando lá se afogando na própria raiva.
Holland P.O.V
O jogo havia terminado a horas, e nada do Tyler. Dylan tinha conseguido passar no teste e virar um titular e eu estava feliz por ele, de verdade, mas eu não tinha cabeça pra sair com eles e comemorar. Eu estava preocupada com o Tyler, ele sumiu o dia inteiro e mesmo ele ultimamente andar estranho, ele nunca fez isso.
Fiquei um tempo conversando com o Dylan e o resto do time na esperança do Tyler aparecer, mas não aconteceu. Já estava anoitecendo e de qualquer forma ele teria que aparecer, hoje, amanhã, o dia que for, e isso me enlouquecia. Me despedi de todos e voltei pra casa a pé, me jogando no sofá assim que entrei em casa e pegando o celular.
Holland: Crystal? Hey.
Holland: Tu viu o Tyler hoje? Ele falou alguma coisa?
Crystal: Desculpa Hol, eu não vi :/
Crystal: Aconteceu alguma coisa?
Holland: Ele sumiu o dia inteiro e não apareceu no jogo, fiquei preocupada.
Crystal: Relaxa, ele deve aparecer.
Holland: Espero que sim, mas obrigada! Até amanhã.
Crystal: Até, babe.
Fui até meu quarto e tomei um banho, vestindo meu pijama e apagando logo depois de deitar na cama.
Acordei num pulo com o barulho de alguém batendo na porta, parecia que ia derrubar a porta com a tamanha força que usava pra bater. Olhei no visor do celular que marcava exatamente 3:06 da manhã. Que tipo de pessoa aparece na minha casa a essa hora da manhã? Desci rapidamente as escadas e apoiei as mãos na porta, ficando na ponta dos pés para alcançar o olho mágico. Era o Tyler, mas o que ele fazia aqui a essa hora?
- Amor – falei assim que abri a porta e o abracei, sendo empurrada pra bem longe
- Não me encosta – falou enrolado e fechou a porta
- Tu tá bêbado? – me aproximei novamente, o analisando
- Eu pareço bêbado – assenti – Então o porquê da pergunta, idiota?
- Eu já disse pra você que detesto pessoas bêbadas e que me tratem mal sem motivo – bufei – É melhor dar meia volta e só voltar quando estiver sóbrio
- Tu acha que manda em alguma coisa? – riu num tom de deboche e se aproximou de mim, levando suas mãos para meus braços e os apertando com muita força. – É tudo sua culpa, Holland. Eu não consigo ser feliz, eu não consigo ficar bem contigo no meu lado
- Tá me machucando, amor – tentei me soltar. – Por favor, me desculpa, eu juro que tento melhorar – apertou com mais força
- Não me chama de amor, sua vadia – me soltou e acertou um belo soco em meu rosto, o que me fez cair e levar imediatamente minha mão até o local – Eu odeio você, tanto – me levantou e voltou a segurar meus braços com força.
Naquele momento eu não conseguia mais prestar atenção no que ele dizia, eu estava confusa e machucada, eu apenas encarava seus olhos. As lagrimas já escorriam pelo meu rosto, e eu sentia uma dor insuportável em meus braços, como se fossem cair se ele apertasse com mais força. Eu sabia que ele me xingava e soltava palavras horríveis contra mim, e por mais que eu quisesse me defender ou fugir o mais longe possível dali meu corpo parecia estar travado, como se eu nunca mais conseguisse dar um passo que seja para trás. Aquilo doía e eu simplesmente não conseguia e nem podia fazer nada, até que um “Tu me impede de ser feliz com a mulher da minha vida” saiu de sua boca e eu consegui entender bem claro, e parece que isso fez meu corpo despertar, me debati com força, tentando sair de seus braços novamente e depois de um tempo, consegui sair. Fiquei um tempo o encarando, esperando que terminasse de falar
- Eu nunca pedi que ficasse e nem te obriguei, a porta está ali, a escolha é sua – me virei de costas e caminhei em direção as escadas. Senti um puxão forte e meu corpo voou para trás, batendo as costas contra a parede. Minhas pernas enfraqueceram e eu senti meu corpo inteiro latejar depois do choque dele contra a parede, eu estava no chão tomada pelas lágrimas novamente e ele apenas me olhava, sem nenhum arrependimento do que havia feito. Tudo em minha volta começou a girar e perdi completamente os sentidos do corpo, caindo por completo no chão e antes de apagar, conseguia ver o sorriso que Tyler havia aberto, e eu o olhava desesperada, até perder totalmente a consciência.
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