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História Ordinários - Capítulo 14


Escrita por: Unare

Notas do Autor


Sim, eu sumi. Desculpem. Eu tenho justificativa pro desaparecimento, mas ela não é totalmente plausível. Metade é porque eu estava ocupada e a outra é porque esqueci. Boa leitura.

Capítulo 15 - Capítulo 14


Hebrom

Fui até lá com a bicicleta que peguei emprestada de Jean.

–Com licença... –falei com a minha tia, que estava regando as plantas.

–Lamento, nós já estamos fechan... –olhou pra mim. –Hebrom! –ela largou o regador no chão e me deu um abraço.

–Oi!

–Como você está? –apertou as minhas bochechas.

Minha tia é muito bonita. Ela é a irmã mais velha do meu pai, mas só por dois anos. Sua pele é como a de Ramon. Seu é escuro, cacheado e cheio, além de gostar de colocar flores nele. Geralmente usa blusas lisas e saias longas e estampadas.

–Bem... Eu vim comprar algumas flores... Acho que cheguei tarde demais. –fiquei um pouco decepcionado.

–Não, não! Por você eu deixo a loja aberta por mais um tempinho! Na verdade eu só ia dar uma pausa por causa desse frio.

–Não precisa se incomodar por minha causa...

–Incômodo nenhum! Me diz, quais flores você quer?

–Quais as que você acha mais bonitas?

–Perguntar isso pra mim não é uma boa ideia. –sorrimos um para o outro. –Você sabe que eu amo todas... Por isso trabalho com elas. Mas pra quem você quer dar as flores?

–Meu pai pediu pra comprar flores pra minha mãe, eh...

–Já sei quais ele escolheria! É aniversário do casamento deles, não?

–Sim, eu acho! Pelo menos é o que pareceu.

–Essas aqui... A sua mãe ama essas. Lírios brancos. –ela apontou.

–São bem bonitos!

–Só isso que você quer?

–Bem... Eu queria outras também...

–Dois buquês pra sua mãe?

–Os que eu pretendo comprar não são pra ela... –eu não consegui deixar de ficar vermelho.

–Ai, caramba! Me conta tudo! –minha tia me trouxe mais para dentro da loja.

–Não é nada pra contar... É só uma menina da escola que eu estou gostando. Ela foi estudar lá em casa. Nós ficamos deitados na minha cama conversando depois... Só que ela está doente. Eu queria visitá-la antes da aula amanhã.

–Quando eu vou conhecê-la?

–Bem... Ela disse que viria à igreja comigo no Sábado. –sorri.

–Ótimo! Deve ser deslumbrante!

Mais do que deslumbrante.

–Ainda pergunto se Deus aprova essa coisa de eu gostar dela, porque a resposta parece um conselho pra esperar. Então...

–Eu tenho uma ideia de quais flores você deveria dar pra ela. Rosas vermelhas!

–Não acho que seja uma boa ideia... É muito sugestivo... –coloquei a mão no meu rosto. Ele estava quente.

–E qual o problema? Você sempre foi de falar as coisas na cara, nunca foi tímido.

–Essa semana foi a primeira vez que conversamos. –ela olhou pra mim surpresa. –Mas eu já a conhecia antes, eh. Bem, não sei o que faço... Ela me faz sentir estranho... Falta de ar, coração acelerado, às vezes eu suo... Mas quando eu fico nervoso, eu geralmente sorrio.

–Mas ela sabe que você se sente assim?

–Acho que não... A única coisa que eu não consigo fazer passar despercebido é quando eu coro.

–Claro... Você deveria ter a minha cor, aí não teria esse problema.

–Verdade...

–Não fica triste, eu só estou brincando! Você é lindo assim!... –achou graça. –Voltando ao assunto... Como você gosta tanto dela, rosas vermelhas não seriam uma má ideia.

–Eh... Eu acho que consigo. São belas flores... –minha tia deu um largo sorriso e buscou as flores pra mim.

–Não preciso do dinheiro. Ter você sorridente me contando sobre sua primeira paixão desse jeito e poder conhecer a menina que te deixou assim já me pagou.

–Mas elas são caras...

–Não discuta com a sua tia.

–Desculpe...

Fez dois buquês com as flores ficaram perfeitos. Ela se despediu, eu deixei a quantia no balcão sem que ela visse e fui pra casa. Não dava pra aceitar levar de graça... Ela trabalha duro por aquelas plantas.

Zacur

Eu fiquei aguardando mais e mais, parado olhando a cara de tacho do meu pai... Até cansar. Minha namorada me ligou dizendo que estava quase chegando de viagem. Depois eu falo com o Hebrom...

–Não vai esperar seu irmão? –meu pai perguntou quando eu estava abrindo a porta.

–Eu posso falar outra hora... E cansei de esperar aquela criatura.

–Hm... Não fique irritado, ele saiu a pedido meu.

–Mas ele bem que poderia me avisar!

–Eu não dei tempo para te avisar, nem sabia que você queria conversar com ele.

–Ah, vá, Ramon! Não precisa ficar defendendo.

–Certo... –me virei e meu pai chamou minha atenção pela última vez. –Zac.

–Senhor... –eu estava esperando uma bronca por ter usado o primeiro nome como vocativo e também por ter sido um pouco desrespeitoso, mas não. Ele citou um versículo...

–“Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor.” Efésios quatro, dois...–e depois voltou a fazer as suas anotações.

Com isso, eu saí da cozinha. Quando eu cheguei na sala, meu pai ainda comentou em um tom mais alto:

–Lembrando que eu esperei você por nove meses!

Hebrom

Quando eu cheguei em casa, Zacur tinha sumido. Meu pai disse que parecia que ele foi à casa da namorada, mas não tinha certeza... Acho que ele se esqueceu que a namorada está viajando. Será que foi isso? Vou ficar fazendo outras coisas enquanto espero ele voltar.

Ramon gostou dos lírios que a tia escolheu, ele disse que sabia que ela iria pegar boas flores, porque ela tinha bom gosto. Ele também me desejou sorte com a menina que gosto... Bem, vou precisar mesmo...

Quésia

Finalmente sexta-feira... Seria uma pena se eu estivesse tão doente que não pudesse aproveitar. Edgar entrou no quarto de manhã pra bancar o despertador como sempre. Quando chegou, só em me ver já percebeu que eu não estava muito legal.

–Quésia! Como você está? –ele me perguntou com certo tom de preocupação.

–Borrendo. –minha voz estava fraca.

Eu estava com muito medo de levantar e me olhar no espelho. Se for pra ficar mal fisicamente, que pelo menos eu continue bem psicologicamente... De qualquer forma, tentei me levantar, mas não deu muito certo. Meu irmão acabou dizendo que eu não deveria fazer muito esforço e que eu podia faltar aula hoje.

–Fica aí, eu vou buscar água. –ele disse.

–Eu brefiro café...

–Ai, garota, vê se não abusa, tá?! Senão eu mando você ir à escola do jeito que está!

Me olhou por alguns segundos e disse num suspiro:

–Mas eu trago teu café... Vai tomando um banho quente enquanto eu procuro algumas coisas pra trazer pro teu quarto. Anda devagar e toma cuidado... Vá se encostando na parede. Se não conseguir, deixa pra lá.

Assenti. Depois de sair do banho (eu estava parecendo uma lesma), eu coloquei um casaco e uma calça de malha, mas continuei com frio. Voltei pra cama sem conseguir pensar direito. Marisa era quem cuidava de mim quando eu ficava doente, não consigo lembrar nada que ela me mandava fazer pra amenizar os sintomas.

Edgar chegou no quarto correndo com lenços de papel, um termômetro, uma garrafa de água, uma toalha e algumas outras coisas.

–Tá sabendo que você não vai poder ficar só tomando café, né? –Cortês me olhou de uma maneira séria.

Eu nem respondi. Ele viu que minha febre estava alta e colocou uma toalha molhada na minha testa. Nunca me senti tão mal por causa de um resfriado, mas acho que eu ainda tenho forças pra escrever um testamento.

–Espera aí, tem alguém batendo na porta... Acho que sei quem é. –meu irmão comentou e desceu para atender.

Fiquei olhando pro teto, à espera... Será que era Hebrom? Eu não acharia bom que ele me visse desse jeito... Eu peguei o notebook com a maior dificuldade e vi que ele tinha solicitado minha amizade naquela rede social estranha. Fiquei meio feliz, mas o resfriado não me deixou demonstrar.

–Minha nossa, Quésia! O que aconteceu com você?! –surpreendentemente era a Mari. Foi só pensar na mulher que ela brota... Com o berro que ela deu, eu quase joguei o notebook pra longe. –Tira essa toalha da testa, menina, vai piorar a febre!

–Edgar que colocou. –dedurei.

–Ah, não! Não, não, não! Nem vem! Você chega na minha casa pra ficar esculachando o jeito que eu cuido da minha irmã? Eu nem deveria ter te chamado mesmo! –ele entrou no quarto já com paciência curta.

–Acontece que eu sei muito mais do que você sobre como tratar. Sempre que ela ficava resfriada, era eu quem cuidava dela, eu já te disse. Se ela ainda está viva é porque meus meios funcionam!

–Hm... Fale mais sobre isso!... Enquanto eu chamo o meu advogado pra te contar quem é o responsável pela Quésia agora.

“É muito bom ver que vocês se importam tanto comigo que preferem discutir ao invés de me ajudar... Muito, muito bom mesmo...” era a coisa que eu mais queria dizer na hora. Apenas tossi e isso chamou a atenção dos dois.

–Onde fica a cozinha? –Marisa perguntou, olhando para o meu irmão com cara de “Discutimos depois”.

–Fica lá embaixo... –respondeu.

–Você deixa eu usar algumas coisas pra tentar ajudá-la?

–Certo, certo... Sem problemas.

Ela desceu e meu irmão tirou a toalha da minha testa, dizendo num tom baixo:

–Acho melhor eu não arriscar... –pegou uma caneca de café e colocou nas minhas mãos.

É até estranho quando Edgar ativa o lado sensível dele... Eu não estou acostumada. Fica até parecendo outra pessoa de tão incomum.

–Tem alguém batendo na porta! –Marisa gritou lá de baixo.

–Então atende, mulher! –ele berrou de volta. –Deve ser aquele seu namo...

–Edgar e Marisa debaixo da árbore... –parei de beber o café que já estava morno e interrompi cantando com a minha voz de pilha fraca.

–Não! Para! Parei! Foi mal! Eu esqueci. –riu. –Vou descer.

–Tá...

Saiu do quarto e eu fiquei ali, sozinha, assoando o nariz com os lenços de papel. Pelo andar da carruagem, a lixeira já estaria abarrotada antes da metade do dia.

Eu me levantei pra ir ver quem tinha chegado, porque estava demorando e eu fiquei curiosa. No mesmo instante, a porta foi aberta:

–Nem ouse levantar daí! –era o Hebrom, estava com um buquê de flores na mão esquerda.

–O que bocê está fazendo aqui?... –falei quase tombando no chão e me apoiando na mesinha de cabeceira.

–Bem... Eu vim te ver. –ele sorriu. –Agora volta pra cama. –o garoto me deitou outra vez.

–Olha só, não brecisa ficar be tratando como um neném só porque eu estou doente, tá?

–Não preciso, mas é exatamente isso que eu vou fazer. –ele ficou com o rosto plenamente sério.

Eu fiquei encarando-o, esperando ele fazer alguma coisa. Então ele ajoelhou ao lado da minha cama outra vez, segurou uma das minhas mãos e começou a sussurrar, de olhos fechados, algumas coisas que eu não entendia. Depois disso ele se levantou sorrindo:

–Ah, é! Isso aqui é pra você... –Salamander estendeu as rosas e ficou um pouco constrangido.

–Pra que isso? Eu ainda não estou borta. –brinquei.

–Mas tomando essa porcaria, vai estar daqui a não muito tempo. –ele tirou o café das minhas mãos e colocou as flores do meu lado.

–Devolve!

–Não, isso faz mal! E não é das melhores coisas para quando se está com a sua doença, darling.

–Eu não berguntei, agora devolva!

–Beba outra coisa, por favor!

–Não, Hebrom, me devolve! Anda!

–Se eu te entregar e você morrer por causa disso, eu sentiria culpa!

–O que o café bai fazer? Be esquartejar durante a noite? Devolve ele agora! –tentei pegá-lo de volta.

–Nem pensar!

–Para com isso, vai acabar derramando.

–Ok, você venceu. –ele soltou... E como eu estava puxando, o café foi no meu rosto. –D-Desculpe!

Preferi não dizer nada. Acho que ele levou muito a sério aquela história de procurar bastante líquidos quando se está resfriado... Fui rastejando ao banheiro para lavar o rosto. Salamander ficou atrás de mim, pedindo perdão incansáveis vezes e dizendo que foi sem querer.

–Tá, tá! Tanto baz! Aceito as suas desculpas! –falei tirando a mão dele do meu braço, que tentava me ajudar a voltar pra cama.

–Desculpe mesmo, Qué... –fez cara de coitadinho.

–Eu já disse que aceito!

–Se você tivesse me perdoado, não estaria tão brava. Desculpe, por favor... Você sabe que eu não faria aquilo de propósito... –ele sentou do meu lado na cama e foi se aproximando.

–Sai, garoto!

–Só saio quando você aceitar de verdade. –a persistência dele me fez virar o rosto. –Pelo menos desfaz essa cara...?

–Me obrigue.

–Posso mesmo?... Você falou. –o garoto botou a mão dentro da minha blusa e começou a fazer cócegas na minha barriga.

Eu comecei a rir descontroladamente e pedir para ele parar, mas praticamente não dava pra entender o que eu dizia entre risos. Parecia uma retardada, eu estava morrendo por dentro... Acabei chutando a fuça do garoto.

–Ai, cara, foi mal besbo! –fui pra trás, arrependida.

–Sem problemas... Eu acerto café em você, você me acerta com seu pé... Nada mais justo. –Hebrom colocou a mão na boca e viu que estava sangrando. Ela havia rasgado por causa do aparelho.

–Você tá bem? Quer dizer, é claro que bocê não está bem, bas... Bocê está tão bal assim?

–Não. –ele riu.

–Vem cá, me deixa ver.

–O que foi? Vai dar um beijinho no meu ferimento pra ele melhorar? Olha que eu aceito... –o garoto tentou prender o riso mas depois ele tapou o rosto com as mãos, gargalhando. –Não acredito que eu disse isso!

–Nem eu. Bocê precisa parar de chegar perto do Folk... Nem machucado você perde a oportunidade de fazer cantadas péssimas.

–E nem doente você me deixa esquecer que eu faço isso. –Salamander sentou ao meu lado de novo.

Ele é extremamente simpático, isso chega a ser bizarro. Parecia estar muito feliz por me visitar. Só que aí, do nada, o garoto amarrou a cara e disse:

–Quer dizer que você não vai à escola hoje... Certo?

–Bem, barece que não, né?

–Então... Então eu mando mensagens quando chegar na escola... Isso é, se você quiser. Eu posso?

–Claro! Bai ser ótimo. Aí bocê me conta o que acontecer nas aulas. –peguei as rosas da mesinha de cabeceira. –Elas são lindas... Obrigada.

–D-De nada! Eu acho que já vou indo... Tchau... Melhoras. –me deu um beijo na testa e saiu com pressa, só que na porta, ele deu de cara com Marisa.

–Oi, Hebrom! Você já vai?

–Eh.

–Obrigada por me aconselhar a fazer suco de laranja pra ela.

–Você é bem-vinda! Minha mãe costuma fazer nessas situações e ajuda muito. –acenou e saiu correndo.

Mari olhou pra mim segurando um copo e uma jarra... Me desejem sorte.


Notas Finais


Bem, espero que tenham gostado! Vou procurar não desaparecer mais assim...


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