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História Orgulho e Preconceito - Newtmas Version - O baile


Escrita por: LadyNewt e evilhoney

Notas do Autor


O&P DAAAAAY.

Hoje é um dia especial. MTO ESPECIAL!
Valeu a espera, meus amores.
Não esperáramos nada menos que isso para esse momento NEWTMAS.
Do fundo do coração, esperamos que gostem.

B o a L e i t u r a!
LadyNewt
& Honey

Capítulo 20 - O baile


Fanfic / Fanfiction Orgulho e Preconceito - Newtmas Version - O baile

Point of View of Newton Bennet

 

O dia do baile que a baronesa havia organizado em razão de sua chegada finalmente chegou e eu estava muito ansioso por esse dia. Claro, estava animado, mas havia aquele friozinho na barriga porque, afinal, a baronesa é minha chefe e minha família poderia fazer algum fiasco e por isso eu estava um pouco nervoso também. Por sorte, consegui afastar esses pensamentos da minha mente e me concentrei em me vestir. Tinha comprado um belo fraque vindo diretamente de Londres, era lindo, num tom azul bem escuro, quase preto, e havia nele um certo brilho que me fascinou.

Não era apenas eu quem estava animado enquanto me vestia, meus irmãos também estavam, é claro. Benjamin não via a hora de ver a donzela de seus sonhos, ou seja, Teresa Darcy, vestida em um vestido de alta-costura e linda como nunca.

– Aposto que meu pau vai ficar bem durão. – ele soltou distraído, enquanto estava em meu quarto, usando meu espelho para se aprontar.

Joguei um travesseiro nele para puni-lo por esse comentário tão indecente e inapropriado.

– Ah, qual é, Newt? Estamos só nós dois aqui, ninguém mais ouviu. – ele argumentou sorrindo, analisando seu documento.

– Se o papai tivesse passado pelo corredor e ouvido esse disparate gritante, ele te daria uma surra agora mesmo. – eu disse sério, mas Ben riu, como o grande bobo que é.

– Tá bem, irmãozinho, está bem. Como se o seu pau não ficasse duro quando vê uma donzela muito bonita. – ele disse, rindo daquilo tudo mais uma vez. Apenas revirei meus olhos, ignorando tais comentários.

Enquanto meu irmão estava sendo indecente, minhas irmãs faziam a maior algazarra em seus quartos. Fui dar uma olhadinha e me deparei com Lizzy tentando fechar o espartilho de Sonya, que mesmo prendendo a respiração, não conseguia fazer com que o espartilho se fechasse.

– Eu acho que você engordou, maninha. – Lizzy soltou maldosa, mas com uma naturalidade que poderia fazer com que aquele comentário soasse totalmente inofensivo.

– Eu não engordei uma única grama sequer! – Sonya defendeu-se bufando. – Você é que não está sabendo fechar isso aí.

– Eu estou fazendo tudo o que eu posso, fofa. – Lizzy disse, revirando os olhos.

– Você é tão boçal, Lizzy. Saia daqui, eu vou chamar a mamãe para me ajudar. – Sonya irritou-se com a irmã e isso era notável em sua face ruborizada de estresse.

– Não, deixe-me que eu ajudo. – ofereci, entrando no quarto e indo em direção de minha irmã, e então usando um pouco de força, consegui fechar o espartilho para deleite da garota.

– Viu, Lizzy? Nada como alguém gentil como meu irmãozinho Newtie. – Sonya disse, dando um beijo na minha bochecha como forma de agradecimento.

As duas continuaram a se aprontar, discutindo de tempos em tempos. Eu terminei de me arrumar por completo, borrifando um pouco de perfume em meu pescoço e pulsos, achando-me extremamente estranho naquela noite. Não era a roupa, tampouco o motivo de festança, era algo dentro de mim, como um pavio novinho, apenas aguardando pelo contato com o fogo para entrar em combustão.

Quando finalmente todos ficaram prontos, seguimos em nossa carruagem até Netherfield. Minha mãe não parou de falar durante todo o caminho, deixando-me zonzo com tantos assuntos.

– Ah, como a baronesa deve ser alguém tão gentil, nos convidando para esse baile. – ela então lançou um olhar acusatório para todos nós. – E espero que vocês saibam se comportar bem lá, afinal a vizinhança não precisa ficar fofocando sobre como os Bennet não tem modos.

Após fazer o comentário, minha mãe simplesmente sorriu afetadamente. Eu juro que tento entender esse jeito dela, mas não consigo. As vezes penso que isso seja a alienação do casamento, anos de uma rotina que consiste em passar a maior parte do tempo fofocando sobre a vida alheia com as vizinhas e cuidando para que as crianças não se tornassem crias mal educadas no futuro.

Quando adentramos nos portões de Netherfield, nos deparamos com uma grande quantidade de carruagens chegando e desembarcando seus passageiros. Pareceu-me que a baronesa havia convidado todos no condado. Os outros convidados estavam tão elegantemente trajados, e nós não ficamos para trás nesse quesito, o que eu sabia que havia custado uma grande quantia de dinheiro.

Entramos na casa apinhada de gente, a decoração estava primorosa, com flores brancas decorando vasos de cristal e mesas com comida farta, os convidados trajavam desde vestidos brancos até extravagantes vestidos lilases e adornos com penas nas cabeças cujos cabelos estavam presos em penteados cuidadosamente elaborados.

A música estava sob a responsabilidade de um trio de cantoras que apresentavam-se em um pequeno palco na grande sala de Netherfield, onde, além delas, estavam também os músicos da banda que as acompanhavam. As cantoras estavam vestidas de uma forma tão extravagante que penso que só se vê coisas assim em cassinos ou, sei lá, bordéis. Pelo visto, a baronesa quis causar e mostrar a que veio.

Tudo isso fez com que sentisse um friozinho na barriga, parece que esse baile seria especial, diferente de qualquer baile que eu já tenha ido.

 

 

 

Point of View of Thomas Darcy

 

Não sei porque eu estava tão ansioso para um simples baile. Convidados e mais convidados chegando a cada minuto, formando uma enorme fila de carruagens na porta de Netherfield, mas nenhum sinal dele até agora.

- Aceita um whisky, Senhor? – o garçom passou perto de mim, oferecendo uma dose, que aceitei de bom grado. Um pouco de álcool no sangue talvez colocasse meus nervos para relaxar.

- Você anda muito tenso, Tom. Aconteceu alguma coisa? – Tess percebeu minha face aflita e meus olhos afoitos, percorrendo o grande salão.

- Estou bem. Apenas analisando os convidados. – menti. Era a melhor saída. – Os Bennet já chegaram? – perguntei como quem não quer nada, bebericando minha bebida.

- A resposta para sua pergunta acabou de cruzar a porta! – minha irmã sorriu com graça, correndo até Benjamin.

O primeiro que vi foi o Senhor Bennet de braços dados a esposa. Estavam elegantes, eu tinha que admitir. Logo atrás Galileu e as irmãs. Se não fosse por suas sobrancelhas engraçadas, o primogênito poderia facilmente se passar por outra pessoa. Estava completamente diferente do jeca que vive pelos cantos de Longbourn, como se fosse parte da terra. Teresa já havia roubado Benjamin, desfilando de mãos dadas com ele.

- Onde está você, loirinho? – sussurrei pra mim mesmo, tentando enxergar algo no meio das diversas cabeças que teimavam em atrapalhar a minha visão.

Meu coração parou por alguns segundos quando o vi. Newton Bennet estava absolutamente lindo em um fraque azul-escuro, camisa branca e cabelos tão reluzentes como a luz do sol. Meu queixo estava no chão. Totalmente diferente do que eu estava acostumado a ver no dia a dia na fazenda, acho que consegui sentir o perfume dele mesmo a metros de distância. Eu daria tudo para aconchegar minha cabeça em seu pescoço e tragar aquela beleza natural só pra mim.

Sem o controle dos meus pés, estava cortando a multidão no meio da pista, seguindo diretamente ao encontro dele. Newt percebeu, pois no mesmo instante corou, abaixando sua cabeça.

- Bem-vindos a Netherfield! – chamei a atenção dos Bennet, tentando parecer menos arrogante.

- Boa noite, Sr. Darcy. – Lizzy sorriu demasiadamente.

- Boa noite. – Vince me cumprimentou um pouco ríspido.

- É um prazer tê-los aqui conosco essa noite. Espero que sintam-se à vontade. – disse fazendo as honras. – Os Senhores aceitam tomar algo comigo? – propus encarando Newt diretamente nos olhos.

- Seria perfeito, Sr. Darcy. – Vince Bennet sorriu e guiei os homens até o bar.

Ficamos ali em uma roda por longos minutos. Senti Newt relutante em ficar sozinho comigo. Trocamos poucas palavras, até a Srta. Lucas aparecer e roubar a atenção do loirinho de mim. Tive que engolir um papo sem graça com o Sr. Vince e o Sr. Alby Ameen, pois interessado mesmo eu estava era na conversa entre Newt e Harriet.

- Você está uma encanto com esse vestido. – Newt deu um galanteio a morena, sorrindo fraquinho enquanto ela rodopiava no mesmo ponto, feito uma bailarina.

- Teresa Darcy ajudou a escolher. Cinza, do jeito que gosta. – acho que enjoei com o jeito meloso dela falar com ele.

Desviei meu foco deles, caso contrário ia entrar em colapso. Observei Netherfield cheia de brilho e pompa, fazendo a alegria dos membros mais influentes da cidade. Lady Brenda contratou uma pequena orquestra com cantoras provocantes para tocar as músicas mais clássicas e a todo instante grupos formavam-se no grande salão para dançar. Uma vontade insana de pegar Bennet pelo braço e arrastá-lo para o meio da pista estava me consumindo. Eu estava a um passo de fazer isso. Seria loucura tirar outro homem pra dançar? Eu sei que ele nunca aceitaria, além de ir contra a moral.

Ah, que se dane a moral!

- Desculpe atrapalhar o papo dos cavalheiros, mas gostaria de dançar com o Sr. Darcy agora. – A Baronesa surgiu do além, me tirando dos pensamentos para bailar.

Eu nada disse, embora desejasse com todas as minhas forças manda-la embora, mas sei que seria uma desfeita absurda com a anfitriã do baile, então sobrou para mim o fardo de levar esta bruxa até o meio da pista e dançar, como se estivesse me divertindo horrores com ela entre meus braços.

Quando senti os olhos negros de Newt em mim, analíticos, estendi minha mão para a morena, aceitando o convite. Loucura? Talvez. Antes ela tirar minha atenção do loiro do que eu cometer um ato de insanidade e arrastá-lo comigo para a pista, agarrando-o entre os convidados. Brenda desfilou de braços dados a mim como um troféu, até o centro do salão e passamos a dançar.

Para meu espanto, enquanto eu girava de um lado para o outro em uma coreografia monótona que havia aprendido a força aos oito anos, Newt guiou a senhorita Harriet Lucas até o lado oposto do meu e passou a dançar com ela, que foi incapaz de esconder o sorriso de contentamento no rosto. Ele parecia bem confortável e focado, tentando não olhar pra mim e não esbarrar nas pessoas a nossa volta. Eu disse tentando, certo? Claro que ele não conseguiu. Trocamos alguns olhares, olhares bem... Convidativos. Isso bastou para remexer minha barriga com um frio nunca antes sentido. A voz da Baronesa estava distante enquanto tagarelava sobre seus dotes para dar festas homéricas como aquela. Tenho certeza de que ela perguntava algo para mim, mas ignorei. Ou melhor, não captei.

- Você anda tão esquisito, Tom! – ela reclamou, puxando meu rosto com suas mãos geladas. Acho que Brenda percebeu a quem pertencia a minha concentração, por isso a morena cravou sua face brava em mim, com seus olhos de conhaque julgadores, pronta para me passar um sermão.

Mas de repente, tudo parou.

O som. A dança. O murmurinho. As risadas. Todos os olhos voltaram-se apenas para um casal.

Aí, não...

 

 

Point of View of Teresa Darcy

 

- Ai meu Deus! – eu gemi alto quando Benji colocou-se de joelhos na minha frente, segurando uma caixinha preta de veludo.

- Teresa Darcy, minha Tess... – ele começou calmo, com o brilho mais lindo no olhar – Eu seria um estúpido se deixasse você escapar de mim. Sei que nos conhecemos a pouco tempo, mas não consigo mais imaginar a minha vida sem você ao meu lado, por isso, aceita ser a minha esposa? – ele pediu meio sorrindo, totalmente tremendo.

Todos os convidados estavam tão chocados quanto eu. Uma roda havia sido formada a nossa volta, olhos cheios de lágrimas e alguns sorrisos no rosto nos abençoavam neste momento único e perfeito.

- Sim! Sim! Sim! Sim! Sim! Sim! Sim! Sim! Mil vezes sim, Benji! – repeti empolgada, puxando seu rosto para mim.

Nos beijamos apaixonadamente na frente de todos, que se danem os bons modos.

Eu vou casar, carambaaaaa!

 

Ao fundo, palmas e gritinhos empolgados fizeram a trilha sonora para nosso momento. Benji então mostrou-me um lindo anel com uma solitária pedra branca e brilhante.

- Este anel foi da minha bisavó. Mamãe estava guardando para dar ao primeiro filho que casasse. Espero realmente que goste, minha Tess.

- Ele é lindo, meu amor. – suspirei, entregando minha mão direita para receber a peça em meu dedo anelar.

Qualquer garota gostaria de ganhar uma joia nova, cara, com um diamante gigante preso a ela. Mas eu tenho consciência de que Benji não tinha condições para me dar algo novo e de valor. Nem liguei. Eu sempre tive o luxo que quis, agora quero apenas amor. Amor esse que meu príncipe tem de sobra para me dar, até o último dia da minha vida.

Enquanto mantinha-me abraçada a ele, Sonya e Lizzy foram a primeiras a chegar para nos parabenizar. Em seguida o Sr. Vince e minha futura sogra, Minho e Arden Bingley, Harriet Lucas e ao mesmo tempo Newt e Tom chegaram até mim.

- Newt! – saltei no seu colo, dando um longo abraço nele. Nada disso teria acontecido se ele não fosse esse amor de pessoa que é. Lancei um olhar para Benjamin, que assentiu. – Já que agora vou me casar com seu irmãozinho lindo e você nos ajudou a ficar juntos, gostaria que fosse nosso padrinho de casamento. – propus empolgada.

- Mas com todo prazer, Tess! Essa notícia é maravilhosa. Eu não poderia estar mais feliz!! – o loiro uniu-se ao irmão em um abraço carinhoso e fraternal. Me encanta o jeito como os irmãos Bennet tratam uns aos outros. Quero meus filhos exatamente assim.

- Já vi que fiquei de fora... – Tom murmurou fazendo um bico lindo com sua cara perdida e invejosa. Brenda fechou o cenho, provavelmente morta de ciúmes por eu ter roubado a atenção da sua festa.

- Claro que não, seu bobinho. Você vai bancar toda a festa, Tom! – provoquei meu irmão. – Você me levará até o altar, esqueceu? E além disso quero que seja padrinho também.

Thomas finalmente relaxou o corpo e me abraçou, abençoando a minha união com Benji. Claro que ele ficou ali no meio da pista dando um sermão em nós dois, fazendo meu Bennet jurar que ia estudar e se tornar alguém melhor pra mim e blá, blá, blá.

Depois de todo o rebuliço em torno do pedido de casamento, finalmente consegui dançar em paz com meu noivo.

- Futura Sra. Bennet, me concede a honra desta dança? – Benji curvou o corpo de forma graciosa, todo lisonjeiro.

- Só se você repetir isso a noite toda! – respondi com uma piscadela.

- Isso o que, minha Tess? – o lerdinho questionou, me tirando para dançar.

- Sra. Bennet. – falei arrogante, amando a forma como aquilo soava perfeito entre meus lábios. – Agora quero ser chamada apenas de Sra. Bennet, meu amor.

 

 

Point of View of Lady Brenda

 

Ah, a Teresa só pode ter perdido a cabeça. Isso é absolutamente a coisa mais ridícula que já vi em toda a minha vida!!! E pelo visto, o Thomas também. Consentir que ela case com esse Benjamin Bennet? Cruzes. Isso é algo que eu não desejaria nem para minhas inimigas, casar com um xucro pobre e mal vestido, mas já que ela quer isso, ela que se vire depois para aguentar a vergonha pública que será apresentar esse caipira como marido em Londres.

Então, após me recuperar desse choque no lavabo feminino, segui até o salão, cacei Thomas Darcy e quando o encontrei, o arrastei até a biblioteca escura, que eu esperava poder nos esconder dos outros convidados para por em prática meu plano.

– Sr. Darcy! Sr. Darcy! – eu disse, com minha voz sensual. – Eu preciso te confessar algo.

Enquanto falava, tratei de apalpar o peitoral de Thomas, sentindo seus músculos, e então fiz o inesperado, ou o esperado para mulheres como eu.  Eu o beijei. Com força. Com desejo. Com toda minha vontade do mundo.

Talvez a bebida tenha me deixado mais ousada do que o normal, mas já que estavam todos insanos na família Darcy, que eu acho que ele não vai se incomodar de me beijar aqui e agora.

– Eu estou tão atraída por você... – murmurei a ele, mordendo sua orelha de forma sexy e fazendo-o apalpar meus seios que estavam apertados naquele vestido caríssimo que eu estava trajando.

– Brenda, Brenda, por favor. – Thomas começou a se esquivar dos meus beijos e toques. Mas que diabos.

– O que houve, Thomas? Não quer uma mordidinha desse bolo? – eu estava louca, com certeza.

– Eu acho que estamos indo rápido demais, que tal voltarmos para lá e dançarmos, ou comer alguma coisa. – ele sugeriu, voltando a fugir dos meus ataques.

– Como assim, Darcy? Como assim quer ir para lá? O que realmente te interessa está bem aqui, na sua frente. – estava me referindo a mim, é claro.

– Não, Brenda, eu não quero te beijar e te apalpar. Eu não quero ser desrespeitoso. – ele justificou, eu ri. Mas que baboseira é essa agora? O que é que esse cretino está pensando?

– Como é que é? Ah, Thomas. – revirei os olhos, irritada. – Eu estou deixando que você faça o que quiser comigo. Usei minhas mãos para colar nossos corpos, agarrando sua traseira deliciosa.

– Mas eu não quero. – ele continuou resistindo, mas antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, alguém surgiu na porta da biblioteca, abrindo-a e deixando que a luz da festa nos iluminasse.

– Oh, e-eu não… eu estava procurando um toalete. – Newton Bennet estava claramente envergonhado e perplexo de ter nos pego naquela situação.

– É no fim do corredor, lindinho. – eu disse, irritada. Agora que a luz entrava, dava para ver que Thomas estava roxo de vergonha, raiva ou ódio. Não consegui distinguir qual era a melhor das três após o flagra.

 

Point of View of Thomas Darcy

 

Assim que Newt saiu da biblioteca escura, Brenda tentou me beijar mais uma vez. Mas que droga! Não era para ele ter visto aquilo. Não era! Isso não é nada bom...

- Brenda, não. – fui mais rude desta vez, afastando ela de mim com um empurrão sutil.

- Qual o seu problema, Thomas Darcy? – ela rosnou bem brava.

- Meu problema é você! – deixei escapar pela minha boca sincera, causando um mal estar entre nós dois. – Perdão Baronesa, mas... Isso que está tentando fazer, tentando me seduzir, não vai dar certo.

- E o nosso contrato matrimonial? Esqueceu? – ela lembrou-me do que eu vinha fugindo desde a morte do meu pai. Casar com ela foi uma ideia dele e do Barão de Hurst, visando juntar nossas fortunas em um acordo lucrativo para ambos os lados.

- Aquilo foi uma estupidez, Brenda! – admiti totalmente indelicado. – Permiti que meu pai desse continuidade a essa loucura, somente para satisfazer o gosto dele. Eu não a amo. Não pretendo passar o resto da minha vida ao lado de alguém que não quero, sendo infeliz.

Dei o ultimato, largando ela sozinha na biblioteca. Tenho a impressão que ela ameaçou um choro com minhas últimas palavras, porém nem me importei com o drama e sua cara estupefata. Eu precisava encontrar Newton Bennet. Eu tinha que saber o motivo dos olhos deles terem me encarado com tanta tristeza e desgosto a segundos atrás quando a descontrolada da Baronesa quase me violentou.

Eu sei, estou exagerando. Se fosse antes eu teria adorado isso, mas agora não. Não consigo pensar em minha boca beijando alguém, ou minhas mãos tocando alguém, ou até meu corpo unindo-se a outro, que não seja Newton Bennet.

- Você viu o Bennet? – atrapalhei a dança romântica entre Minho e Sonya.

- Qual deles? – o asiático riu meio confuso.

- Newton. – mandei grosso.

- Ele foi tomar um ar lá fora. Aconteceu alguma coisa, Thomas? – meu amigo estava preocupado com o meu estado de nervos. Ele me conhece desde pequeno. Minho sente quando estou com problemas e já tentou conversar sobre, mas ainda não estou pronto para me abrir com ele. Tenho plena certeza de que ele é o único em que posso confiar no meio desse bando de cobras peçonhentas que me cerca.

- Eu só preciso encontrá-lo. Depois conversamos sobre isso. Eu prometo, Bingley – sorri fraco, deixando os dois sozinhos no salão.

Corri até a grande varanda com visão privilegiada do jardim. Ali é um ponto alto, com certeza eu conseguiria enxergá-lo no meio das plantas exageradas que Lady Brenda ostentava. Assim que pisei meus pés no chão de mármore branco, notei que alguns convidados configuravam o espaço ali, fumando. A noite estava fresca e agradável, mas nem sinal do loirinho por perto. Debrucei meu corpo no parapeito da sacada, finalmente encontrando Newt acuado em um banco de madeira, lá no canto leste do jardim. Desci o mais rápido que pude os lances de escada, numa busca desenfreada por ele. Por sorte, Newt estava tão absorto em seus pensamentos, que não notou minha chegada triunfal, quase despencando sobre seus pés.

- A gente precisa conversar... – eu disse ofegante, com as mãos apoiadas em meus joelhos, tentando respirar. – Aquilo... Aquilo que você viu lá dentro com a Baronesa... Aquilo não significou nada. – falei com dificuldade, arfando fundo.

Eu estou me justificando? Sério mesmo, Thomas?

- Não entendo sua preocupação, Darcy. Você é livre para fazer o que bem entende. – devolveu levantando-se do banco que estava, já tentando afastar-se de mim.

- Por que sempre foge? – sibilei com a voz fraca e uma feição melancólica.

- Não estou fugindo. – respondeu frenado sua ação.

- Está sim. Você está me evitando.

- Não estou não. – Newt fez uma careta, pronto para revirar os olhos.

Se você revirar esses olhos eu te beijo bem aqui, na frente de todo mundo! Revire. Esses. Olhos. Agora!

Mas ele não revirou.

- Então prove. – apontei para a grande entrada do jardim secreto no canto oeste.

- Você tá falando sério? – sua voz saiu engraçada, ele estava a um passo de rir.

- Qual o problema? – sibilei.

- Isso é um labirinto de folhas, Darcy. Eles são complexos, com uma entrada e uma saída. Já esteve dentro dele?

- Não. Nunca. E você?

- Já, mas não nesse. Pelo trabalho que vejo os funcionários da fazenda carpindo e aparando a grama, deve ser gigantesco. Quer mesmo se enfiar ai dentro e se perder a noite, passando frio e fome? – ele perguntou sério e dramático, já me desanimando.

- Quero! – impus minha posição com apenas uma palavra.

- Está bem. Conte até 50 e não saia antes disso. Boa sorte na caçada, Tommy! – Newt chiou após um salto, correndo afoito para dentro do jardim secreto.

É isso mesmo, vamos brincar de esconde-esconde?

- Um, dois, três, quatro, cinco, seis... – eu ainda estava descrente que ele tinha feito aquilo, mas mesmo assim estava contando. – Onze, doze, treze... – quer dizer, ele topou passar um tempo sozinho comigo num labirinto. – Dezenove, vinte, vinte e um, vinte e dois... – e não tinha nada mais importante no mundo do que passar alguns minutos na sua companhia. Ainda mais depois das ideias malucas sobre nós dois que estavam consumindo a minha mente. – Trinta, trinta e um, trinta e chega! Cansei.

Desisti da contagem, trapaceando. Ao me embrenhar no jardim secreto eu não tinha noção para onde correr. Newt podia estar escondido em qualquer lugar e conhecendo bem seu jeito espoleta, era capaz dele tentar me pregar uma peça e me matar do coração.

- Direita, esquerda, esquerda, direita, reto, corredor sem saída. Perfeito, Thomas! – tentei memorizar o que eu estava fazendo, mas confesso que nunca fui bom em jogos que exigiam minha memória.

Retornei o mesmo caminho e peguei o outro lado do jardim. Novamente escolhi um corredor sem saída. Newton Bennet uma hora dessas devia estar sentado do lado de fora, apenas rindo da minha péssima performance ali. Ou estaria ele lá dentro, bebericando um champagne, cedendo aos encantos da Srta. Lucas, louquinha para arrancar um pedaço do meu loirinho?

Eu disse meu loirinho?

- Onde esse garoto se meteu? – perguntei em voz alta mesmo, sem medo de parecer louco, afinal, estávamos sozinhos ali e acho que nem ele podia me ouvir. – Newton Bennet, se estiver me ouvindo, dê algum sinal de vida! – pedi aumentando a voz.

Alguns segundos se passaram e eu tinha certeza de que estava perdido ali dentro. Nem em mil anos encontraria a saída, quanto mais a entrada. Newt então era o tesouro pra sempre perdido ali.

- MIAUUUUU! – sua voz fina imitando um gato fez-me gargalhar com a espiritualidade da jogada. Ela não estava longe. Se ele miasse mais algumas vezes eu conseguiria encontrá-lo.

- Gato mia! – pedi quase gritando. – Está quente ou está frio? – insisti.

- Está mais gelado do que sete anos no Tibet! – Newt riu e tive a impressão que sua voz saiu a minha direita. Peguei o único caminho que seguia para lá, desistindo dos outros.

- Achei interessante você miando. Pode fazer isso só mais uma vez para meu deleite? Afinal, não é todo dia que vemos Thomas Darcy com seus 24 anos nas costas procurando um marmanjo de 23, miando em um labirinto de folhas. – zombei e ele riu atrevido. Obrigado pela pista, loirinho! Eu estou próximo.

- MIAUUUUUU! – ele fez mais uma vez, agraciando meus ânimos com a brincadeira.

Parei de repente. A minha frente dois corredores repletos de folhas, uma espécie de hera nas paredes altas, com algumas orquídeas em vasos. Um seguia para o leste. O outro para oeste. Tendo em vista que vim do sul e o som saiu da minha direita, tomei o caminho leste, sem fazer barulho, esperando piamente em surpreendê-lo na próxima esquina. Meus passos eram lentos, evitando colocar todo o meu peso sobre os pés e proporcionar um som que denunciasse minha aproximação pelo solado dos sapatos raspando na grama.

E quando alcancei a esquina, Newton Bennet estava todo folgado largado na grama, com as mãos atrás da nuca, viajando ao observar o céu azul-escuro e suas estrelas fracas.

- AHA! – o surpreendi com um grito, fazendo o loiro saltitar.

Newt correu o mais rápido que pode, tentando escapar das minhas garras. Eu era bom de corrida, ao contrário dele, que tropicou inúmeras vezes. Não foram precisos nem trinta segundos para pular em cima do loiro, despencando sua estrutura de cara em um muro de folhas. Nossos corpos rolaram pela grama, e mesmo em solo, o espertinho tentou fugir, se arrastando para longe.

- Nem vem com essa! Eu te achei! – protestei segurando seus pés, impedindo que ele fugisse de mim.

Bennet ria descontrolado, tentando se soltar, mas eu não o largaria por nada. Com a outra mão agarrei o pé livre, arrastando com força seu corpo para mais perto do meu. Tomei impulso com o calcanhar e saltei em cima dele, prendendo sua estrutura com meu corpo.

Resumindo: eu estava literalmente sentado sobre ele, com uma perna de cada lado do corpo. Newt não seu deu por vencido e mesmo numa crise deliciosa de riso, tentou se livrar do meu peso de cima dele, me batendo.

- Quanta ousadia! – chiei desviando dos tapas, na tentativa de brecar suas mãos audaciosas.

A esquerda já estava sob meu domínio, sendo comprimida com força pelos meus dedos e punho cerrado. A direita foi a última, que agarrei com afinco, estirando seus braços acima da cabeça, sobre a grama.

Assim como eu, Newt estava ofegante. Parou de se esquivar, sem desprender os olhos de mim. Eu podia ter saído de cima dele, já que ganhei a guerra, ou ele poderia ter me mandado embora, sempre formal e me repelindo como fazia. Mas ali, montado em cima dele, encarando-o sob o olhar curioso da lua, só tinha uma coisa que me restava fazer. E faria agora.

- Você confia em mim? – sibilei baixinho, sentindo o peito dele subir e descer numa velocidade exponencial com a pergunta.

- Eu confio, Tommy. – Newt volveu a resposta que eu queria.

- Não se mexa então. – ordenei, fitando seus lábios perfeitos, ainda segurando seus braços com força.

Lentamente desci meu tronco na direção da sua face, ainda conectado ao movimento sútil que ele fazia com a boca toda vez que estava nervoso. Sua língua passeou rapidamente pelo lábio inferior, ganhando uma mordida, quase que implorando para que eu me perdesse naquele ato.

Com seus olhos ainda cravados nos meus, finalmente estanquei a milímetros da sua boca, sentindo apenas nossos dois corações disparados e sua respiração quente tocando minha pele.

- Eu sei que pode parecer loucura, mas eu quero muito experimentar você... – murmurei quase encostando minha boca na sua.

Newt falhou a respiração e amoleceu o corpo tenso, fechando os olhos em um gesto manhoso.

Então eu o beijei.

Finalmente pude unir minha boca a sua, com calma, sentindo a forma perfeita com que ele se encaixava a minha. Seus lábios eram quentes e macios, com um gosto cítrico. Primeiramente fiquei apenas grudado a ele, captando tudo que acontecia entre nós. No momento em que pedi passagem com a língua, soltei suas mãos, agarrando seu rosto, desejando sorvê-lo inteirinho para mim. Newt respondeu ao toque, deslizando sua língua macia para dentro da minha boca, brincando com minha libido ao gemer baixinho entre meus lábios.

Suas mãos passeavam gentilmente pelos meus cabelos e uma delas segurou minha nuca, num gesto gostoso, exigindo que eu permanecesse mais tempo beijando-o. Percebi o quanto nosso encaixe, seu toque, seu cheiro, sua face ruborizada, tudo isso havia me deixado excitado demais. Eu desejava cada pedaço dele e seria capaz de devorá-lo ali mesmo, correndo o risco de sermos flagrados.

Nos separamos por alguns segundos, apenas na intenção de buscar mais ar para nossos pulmões cansados da investida. Sua face era plena e ele mantinha-se se olhos serrados, sentido os pequenos beijinhos que distribuí pelas suas bochechas e pescoço. A cada toque meu, um gemido tímido dele. Gemido esse que foi aumentando gradativamente a medida que minhas mãos atrevidas brincavam com seu corpo retesado abaixo do meu.

Antes que eu pudesse fazer uma loucura, já pronto para abrir sua camisa e marcá-lo com meus beijos mais afoitos, nossa brincadeira foi quebrada.

- Thomas? Thomas Darcy? – a voz feminina insistente atrás de mim era da Baronesa Brenda. – Eu sei que está aqui dentro. Eu vi você entrando! – bradou alto, bem próxima a nós.

Instintivo, tapei a boca de Newt, repousando meu indicador sobre meus lábios, pedindo silêncio. Ele não estava com medo, estava apavorado e tudo isso foi sentido com apenas um olhar que ele me lançou. Se fossemos flagrados ali, seria um escândalo. Um escândalo sem precedentes.

Saí de cima dele, alçando seu corpo junto quando postei-me em pé.

- Me diga que sabe onde fica a saída... – pedi sussurrando em seu ouvido.

Bennet entrelaçou sua mão na minha, tomando o controle da situação. A voz da Baronesa e seus passos estavam cada vez mais próximos. Era como se ela soubesse que estávamos escondidos no jardim secreto. Por sorte, Newt parece que sabia o caminho. Mas é óbvio que ele sabia. Ele tinha a planta do labirinto no escritório dele e um dia flagrei o loirinho se divertindo ao explorar o desenho daquilo sobre sua mesa.

Fui arrastado para direita, esquerda, centro, esquerda de novo, direita. Newt corria atado a mim, tentando nos livrar da perseguição de Lady Brenda e mesmo no calor da tensão, em nossos lábios haviam risos e pequenas gargalhadas, deixando tudo mais leve e divertido. Parece que foram horas, mas graças a sua inteligência conseguimos sair da armadilha, ganhando o extenso gramado a nossa frente.

- Para onde agora? – ele perguntou ofegante, sem soltar sua mão fria de meus dedos quentes. A responsabilidade era minha agora.

Um rápido olhar para trás e tive um vislumbre da Baronesa em seu imponente vestido vinho saindo suprema do labirinto, com seus olhos desesperados atrás de mim.

- Para as carruagens! Rápido! – sibilei agilmente, guiando nossos corpos até o estacionamento mais a frente. 


Notas Finais


GOL! GOL! GOL! GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL!
(conseguimos ver vocês gritando uma hora dessas, podem ter certeza!)
Bom domingo followers!
:)


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