Point of View of Vince Bennet
Algum tempo depois...
Já se passou algum tempo desde a morte de Newt, e as coisas parecem estar voltando ao normal agora, observo Ava cuidando de Lizzy, cujo bebê está quase nascendo, e sei que para minha esposa isso é uma terapia, ela quase entrou em depressão com a morte de nosso filho. Lizzy disse que se o bebê for um menino, se chamará Newton, em memória do irmão.
- Quer chá, marido? – Ava pergunta, aproximando-se de mim depois de perceber que eu a observava.
- Um pouco, querida. – respondo. – E depois venha conversar comigo, na varanda.
As flores voltaram, o verde dos campos voltou, o calor voltou, estamos no verão, e isso é bom, pois assim as lembranças daquele inverno se tornam mais distantes a cada dia.
- Pronto - Ava me serve o chá gelado e eu não demoro para tomar um gole. – O que quer conversar comigo, marido?
- Quero saber se você está bem. – toco a mão dela.
- Estou bem, estou muito ocupada tomando conta de Lizzy. – responde ela. – Ela vai ter um bebê saudável, tenho certeza.
- Sim, esperamos que sim.
- Ben enviou uma carta de Londres. – Ava me comunica.
- O que ele diz? – pergunto.
- Está avisando que vem passar uns dias conosco, pois estará de férias da faculdade. – ela sorri, provavelmente porque se lembra das cartas que Newt mandava de Londres. – Parece que ele e Teresa tem uma novidade para contar.
Eu até imagino o que seja...
- Estou feliz por nossos filhos, estão indo bem no que estão fazendo. – bebo mais um gole de chá gelado.
- Queria que Newt estivesse aqui para ver tudo isso... – Ava ameaça chorar.
- Ele está, querida, de alguma forma ele está. – tento consolar ela, mas sei que não é assim tão fácil, ela deixa uma lágrima escorrer de seu olho.
- Minha consolação, minha única consolação é saber que aquela bruxa está morta, queimando no fogo do inferno. – Ava diz, com uma raiva repentina, porém não posso repreendê-la por sentir-se assim.
A baronesa Brenda foi a responsável pela morte de nosso filho, e quando a polícia foi até sua casa para prendê-la, ela se matou. Ficamos todos chocados ao saber, mas de certa forma eu vi isso como uma certa justiça divina, afinal com todo o dinheiro que ela tinha, poderia muito bem ter se safado, mas agora ela está morta, e pagando por tudo o que fez, mas infelizmente a morte dela não trouxe nosso filho de volta.
- Eu a mato todas as noites em meus sonhos. – Ava diz, repentinamente. – Mas nem mil mortes seriam suficientes para ela.
- Não pense dessa forma, meu amor. – digo, por fim.
Ava levanta-se e vai para dentro, eu a deixo ir pois sei que ela prefere fazer alguma coisa em vez de ficar parada encarando lembranças dolorosas.
Eu nunca soube o quanto Ava poderia ser forte, mas agora eu sei.
Acabo sendo desviado de meus pensamentos por Gally, que surge todo arrumado e limpo em minha frente.
- Para onde vai, filho? – pergunto, pois sei que ele está todo arrumado assim porque vai a algum lugar, é claro.
- Estou indo na casa de Harriet, encontra-la. – ele me responde. Os dois começaram a namorar a uns dois meses, e eu pensei que isso não daria em nada, mas estava enganado, consigo perceber na voz de Gally que ele sente algo muito forte por ela, assim como ela sente por ele, como eu pude conferir pessoalmente um dia desses.
- Se comporte, rapaz. – é tudo o que digo e então deixo ele ir.
É bom ver que todos estão seguindo em frente, Newton ia querer que fizéssemos isso, eu tenho certeza.
Quando a noite cai, entro e vou para a cozinha, onde o jantar está sendo preparado, em seguida, me dirijo até a biblioteca, e fico lá por um bom tempo, até que sou avisado de que temos uma visita.
- Quem? – pergunto ao serviçal antes de me levantar.
- O Sr. Darcy.
Humm, o Sr. Darcy, viúvo de Lady Brenda, ele presenciou a esposa se matando em sua frente, deve ter sido algo horrível de se ver.
Me dirijo até a sala onde Ava já esta fazendo os primeiros cumprimentos.
- Sr. Darcy, sente-se querido, ande ande. – Ava não mudou seu jeito afobado e ansioso.
- Boa noite, sr. Darcy. – o cumprimento, estendendo a mão.
- Boa noite, sr. Bennet. – ele responde, gentil como sempre.
- O que o traz a nossa residência a essa hora da noite? – indago-o, sentando-me no sofá em seguida.
- Venho me despedir, sr. Bennet. – ele diz, parecendo um pouco triste.
Despedidas são assim mesmo, agridoces, tristes. Não fico surpresa com a noticia, pois sabemos que ele não ficaria em Netherfield por muito tempo, e até onde sei, ele pretende ir para a América.
- Oh, para onde vai, senhor Darcy? – pergunto, esperando não estar sendo muito intrometido.
- Estou indo para Nova York, senhor. E não pretendo mais voltar. – ele anuncia, calmamente. – Estava deixando tudo preparado por aqui, todos os negócios de minha família resolvidos antes de partir.
- Se é assim, então desejo-lhe uma boa viagem, rapaz. – digo a ele, gentilmente, ou o melhor que consigo afinal.
- Obrigado, senhor Bennet, eu vim até aqui para agradecer a vocês o apoio que me deram depois de tudo o que aconteceu. – ele diz, sua voz é triste.
Após tantos anos nessa terra eu consigo saber se uma pessoa está triste apenas por ouvir o tom de sua voz.
- Eu é quem agradeço, Thomas. – respondo-lhe. – Não quer ficar para o jantar?
Ele olha por um instante, um pequeno momento de hesitação.
- Acho que não há tempo, me perdoe, senhor Bennet. – ele se levanta. – Mas antes de partir, tenho de entregar-lhe algo.
Fico surpreso, o que ele quer entregar-me?
- Sim? Bom, gostaria de chegar até meu escritório, então? – ele assente com a cabeça e nos encaminhamos até o escritório na biblioteca.
Nos sentamos e então preparo-me para receber o que quer que seja que Thomas Darcy deseja nos entregar.
Ele entrega-me uma pasta com alguns papéis dentro.
- O que são esses papeis? – pergunto, intrigado.
- São as escrituras de Netherfield, meu senhor. – Thomas responde. – Como eu era o herdeiro de Brenda, as propriedades dela, incluindo Netherfield, ficaram para mim, porém eu preferi entregar tudo ao pai dela, exceto Netherfield.
Encaro-o, procurando entender o que está acontecendo.
- Senhor Bennet, estou lhe entregando Netherfield. – Thomas diz, repentinamente, parece estar nervoso com a situação.
- Oh, é mesmo? – digo, surpreso. – Mas por que?
Acabo perguntando, intrigado, mas Thomas parece não ter algo a responder.
- É uma forma de agradecê-los, senhor Bennet, apenas aceite, por favor. – ele diz. – Além disso, eu não seria capaz de continuar possuindo essa propriedade depois de tudo o que aconteceu ali, e sei que a propriedade será de grande utilidade a vocês.
O ato de Thomas Darcy me surpreende e muito, é claro.
- Oh, sim, sim, senhor Darcy, muito obrigado. – digo, afinal Netherfield resolverá todos os nossos problemas financeiros. – Mas e o senhor, não ficará sem nenhuma propriedade aqui?
- Oh, não, continuo tendo algumas propriedades sim, mas isso não importa, senhor Bennet, eu tenho tudo o que preciso, mas não aqui. – ele parece esboçar um pequeno sorriso agora, um sorriso de satisfação. – Eu tenho tudo o que preciso na América, senhor Bennet, é por isso que estou indo para lá.
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