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História Orgulho e Preconceito - Ice Ice Baby


Escrita por: Xokiihs

Notas do Autor


Boa leitura :)

Capítulo 14 - Ice Ice Baby


Fanfic / Fanfiction Orgulho e Preconceito - Ice Ice Baby

Depois da sessão de terapia com Sasuke, resolvemos ir tomar um sorvete – apesar de estar bem frio para isso. Saímos do parque e caminhamos na direção do campus, onde Sasuke disse que teria uma sorveteria ótima; estranhamente, apesar de todo seu jeito de Drácula mais Mr. Darcy de Pemberley (Drácy, talvez), descobri que Sasuke adorava doces, principalmente sorvete. Sim, geralmente os heróis durões dos livros detestam doces, por algum motivo que nunca entendi, afinal, o que é a vida sem um docinho? Sasuke, no entanto, era o contrário.

Enfim, durante o percurso de, aproximadamente, quinze minutos, ficamos conversando o de sempre: coisas importantes.

— Cara, tenho certeza que E.Ts vivem entre nós. Além dos vários relatos estranhos que existem ao redor do mundo, ainda tem aquela área 51 que ninguém sabe o que tem. Certeza que ali é o conjunto de apartamentos dos bichinhos. – eu comentei, e Sasuke revirou os olhos pela centésima vez em menos de um minuto. Sério. Um dia os olhos dele não vão descer.

— Pff, se existissem mesmo, acha que eles já não teriam tomado conta de nossa civilização? – ele rebateu, me olhando como se fosse óbvio. Suspirei, balançando a cabeça.

— E se eles já tomaram e nós que não sabemos? Hm? Não duvidaria nada se a Madonna, ou a Cher, até mesmo a Beyoncé, fossem E.Ts. O que te garante que elas não são? O Jay-Z eu tenho certeza que, se não for E.T. é Iluminati.

— Nossa, cala a boca, sério. Você só fala besteira.

— Besteira? Querido, já é comprovado. Assim como o fato da Avril Lavigne ser outra pessoa.

Ele bufou, balançando a cabeça e passando as mãos nos cabelos; naquele dia os fios negros estavam soltos, e toda vez que um vento mais forte batia, eles caiam no rosto de Sasuke. Dava vontade de prendê-los, mas era engraçado ver sua frustração em ter que toda hora passar a mão no rosto.

— Você anda fumando as ervas do Shikamaru? Tsc. – dessa vez, eu revirei os olhos e nós ficamos quietos por um momento. Até que ele voltou a falar. — Se existisse algum alienígena, certamente você seria um.

— Ah, claro. Sempre culpe a mocinha de cabelo colorido. Umph. – bufei, virando a cabeça para o outro lado. — Entre nós dois, você é o mais esquisito, queridinho. Com essa cara de morte, não duvidaria nadinha que existe um ser pequenino dentro dessa caixola, controlando o corpo.  

— Cara de morte? Você falou há minutos atrás que eu era bonito. – ele deu um sorriso de canto, tentando me fazer perder as estribeiras; mas essa mulher aqui tem um poço infindável de paciência.

— E quem disse que a morte é feia? – respondi sem pensar, o que só aumentou o sorriso dele e fez meu rosto esquentar. — Ér, quer dizer, a morte é muito feia, horrorosa, e você é também, claro!

— Segunda vez em menos de uma hora, hein. Acho que alguém está “xonada” por mim.

Soltei uma risada histérica, que saiu forçada demais e me fez ficar com ainda mais vergonha; porém, disfarcei dando uma tossida e empinando o nariz.  

— Você é muito convencido, viu. Pois fique sabendo que você não faz meu tipo.

Ele arqueou as sobrancelhas, me encarando.

— E qual é o seu tipo? Caras com namorada?

Aposto que você pensou “ouch, essa doeu até ni mim”, mas eu me mantive firme e forte, e fingi que não estava nem aí. Tenho meu orgulho.

— Há há. Muito engraçado. Eu curto caras bonitos. Tatuados. Cheirosos. E que tocam alguma coisa.

— Bonito eu sou. – ele respondeu, passando a mão por entre os cabelos, jogando-os para o lado e dando um sorriso de tirar o folego de qualquer pessoa; menos de mim. — Cheiroso também. Vem cá dar uma fungada.

Ele me puxou pelo braço, me fazendo bater de cara no peito duro dele, e machucar meu nariz. Caramba, ele parecia feito de ferro.

— Aí, seu bruto. – empurrei-o, passando a mão em meu nariz, que já devia estar vermelho. Ele só riu da minha cara. Aquilo já estava ficando frequente.  

— Gosta de violência também, Sakura? Não imaginava que você era dessas. – meu rosto esquentou, enquanto eu tentava, em vão, encontrar uma resposta.

— Energúmeno. – disse, por fim, cruzando os braços e caminhando mais rápido, tentando deixa-lo para trás. A verdade é que eu estava quase explodindo de vergonha. Eu não sou muito boa em discussões, como já deu para perceber.  

— Ficou com vergonha? – com apenas uma pernada, ele me alcançou, mas eu dei mais dois passos rápidos, tentando deixa-lo para trás novamente. — Será que descobri um segredo seu sem querer?

— Vai se ferrar! – resmunguei, aumentando o passo. Ele fez o mesmo. E logo estávamos quase correndo pela calçada como dois idiotas. Que deprimente.

— Mas é sério, Sakura. Eu sou tudo isso que você disse. Inclusive, toco um instrumento.

Dessa vez, tive que me virar, incrédula. Porra! O cara é bonito, já tem um livro pra publicar, é digno de ser o galã de um filme adolescente, e ainda toca alguma coisa? Só falta voar e usar uma cueca encima da calça!

— Que instrumento?

Ele deu um sorriso vitorioso, por ter me chamado atenção novamente e eu, como a boba que era, caí.

— Toco triângulo.

Fiquei encarando-o, não sabendo se era verdade ou mentira, até que ele começou a rir como uma hiena com dor de barriga, e me fez de palhaça pela milésima vez. Revirei os olhos.

— Idiota.

Graças aos céus, finalmente chegamos a tal sorveteria, e eu esperava que Sasuke enchesse a boca de sorvete, congelasse o cérebro e me deixasse um pouco em paz.

O lugar era bem agradável, apesar de pequeno, e parecia uma casa de bonecas; as paredes eram pintadas em tons pastel, decoradas com quadros vintage coloridos (queria catar alguns para mim) e a iluminação era baixa, deixando tudo muito acolhedor e confortável. Fomos até o balcão fazer nossos pedidos, e, depois, nos sentamos em uma mesinha redonda e branca.

— Mas falando sério agora. – Sasuke, que estava muito falante naquele dia (descobri, depois, que ele tinha tomado algumas cervejas além da conta), puxou assunto novamente, apoiando a cabeça em suas mãos.

— Que é?

— Eu imaginava que você curtia uns caras mais, digamos, diferentes.

Franzi o cenho, vendo um flash de malicia passar pelos olhos dele. Ali tinha coisa, com certeza.

— Diferentes como? – perguntei, por fim, sabendo que era isso que ele queria.

— Ah, que sejam como você.

Pisquei, confusa.

— Lindas, com cabelos coloridos e mega inteligentes? – apoiei meu rosto na mão, esperando ele responder. Claro que eu me achava tudo aquilo, afinal, tenho uma estima boa. Sasuke sorriu.

— Por aí.

Pisquei novamente, ainda mais confusa. Ele tinha concordado com o que eu tinha dito? Como assim? Para tudo que o mundo ia acabar! Os céus iriam abrir, o Buda sairia de lá com uma bandinha, tocando uma música animada, e levaria a todos nós. Ou teria um apocalipse alienígena. Não sei.

Eu senti o rosto esquentar, enquanto os olhos negros de Sasuke olhavam para mim; aqueles olhos eram tão escuros e profundos, que tinha medo de olhar demais e virar pedra. Ou, talvez, me perder. Passamos um tempo assim, ele me encarando, e eu corando como uma idiota. Por fim, sem aguentar mais aquele olhar 43, limpei a garganta.

— Eu gosto. Mas é difícil encontrar alguém assim.

— Será mesmo? – ele perguntou, ainda me encarando. Meu coração deu uma acelerada, e eu quis sair correndo daquela sorveteria como o Usain Bolt.

Dei graças quando a moça da sorveteria apareceu, trazendo nossos sorvetes em uma bandeja.

— Tenham um bom apetite. – ela sorriu, mostrando os dentes branquinhos, e foi embora.

Encarei meu sorvete, incapaz de voltar a olhar para Sasuke. Aquele monstro estava conseguindo me quebrar.

As bolas amarronzadas estavam parcialmente derretidas, então enfiei a colher e peguei uma boa quantia. Tinha pedido sorvete de chocolate amargo, frutas vermelhas e morango; já Sasuke tinha pedido um Sunday enorme. Queria saber para onde iam todas aquelas calorias.

— Hm, esse sorvete é bom. – murmurei, sentindo o gosto do chocolate. Na verdade, eu queria mesmo era mudar o assunto e tirar aquela tensão toda que eu estava sentido.

Graças à deusa, Sasuke seguiu minha linha de pensamento.

— Sim, é o melhor de Leicester. – ele concordou, enfiando uma colher enorme de sorvete na boca; assim que o sorvete tocou sua boca, ele soltou um murmúrio de satisfação que era, no mínimo, pornográfico.

Engoli em seco.

— Então, nunca te perguntei. – comecei, remexendo no meu sorvete. — Quem é seu autor preferido?

Ele ficou me encarando por um tempo, e eu achei que tinha dado erro na cabecinha dele.

— Não tenho um. – deu de ombros, voltando a tomar o sorvete.

— Como assim? Impossível você não ter um preferido. – encarei-o atônita, sem acreditar.

Afinal, como alguém que faz Literatura não tem um autor preferido? Não fazia sentido algum.

— Ué, não tenho. Eu gosto muito de vários, mas não tenho um preferido.

— Ah, entendi. – sorri de canto. — É literatura erótica, não é? Não me diga que gosta da E. L. James?

Ele quase engasgou com o sorvete, e eu achei que tivesse certa; no entanto, logo ele começou a rir.

— Sério mesmo? E. L. James? – ele continuou rindo, balançando a cabeça. — Poderia ter escolhido Marquês de Sade ou até Ovidio, mas escolheu a E.L. James? Ah, Sakura, só você!

Bufei, enfiando uma colherada no sorvete com raiva. Essa gozação toda estava enchendo o saco – mesmo que essa eu tenha começado – e eu estava ficando irritada com ele.

Para piorar, tomei o sorvete muito rápido e minha cabeça doeu.

— Aí. – murmurei, sentindo todo o meu cérebro congelar e aquela dor absurda de alguns segundos. Apoiei a cabeça na mão, fechando os olhos.

— Encoste a língua no céu da boca. Melhora. – Sasuke murmurou, e eu fiz o que ele disse.

Realmente melhorou.

— Valeu. – resmunguei, voltando a tomar o sorvete, porém com mais cuidado.

Ficamos em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos ou, melhor, nos próprios sorvetes. Aquele sorvete era realmente delicioso.

— Lord Byron¹.

Encarei Sasuke, sem entender. Ele também me olhou, dando de ombros.

— Não é meu preferido, mas gosto bastante. Um dos melhores poetas, em minha opinião.

Quase engasguei, sem acreditar que ele tinha me respondido sem zoar com minha cara.

— Sério?

— Sim. – ele sorriu novamente, mas, dessa vez, sem malicia nenhuma. Aquele sorriso bonito, que iluminava seu rosto. Senti novamente a maldita batida de coração, e já estava ficando preocupada.

Será que eu estava com algum problema?

Terminamos nossos sorvetes, Sasuke pagou (ele pagou o meu também, apesar de ter insistido para não fazer isso), e fomos caminhando de volta para o campus. Já estava ficando um pouco tarde, apesar de ainda ser bem cedo, e tudo o que eu queria era ir para minha cama, ver alguma série e dormir. Aquele dia já tinha acabado para mim.

O caminho todo nós ficamos falando sobre coisas imbecis, como sempre. Sasuke sempre discordava com tudo o que eu dizia, e eu ficava com raiva, xingava-o de alguma coisa, e ele ria da minha cara. E, então, eu dava um empurrão ou pisava em seu pé, o que o fazia rir ainda mais. Irritante.

Quando chegamos em meu dormitório – sim, ele me levou até lá -, Sasuke ficou me encarando de um jeito estranho. Eu retribui o olhar, e logo estávamos nos olhando sem dizer nada. Ficamos assim por um bom tempo, até eu suspirar e desistir do concurso de quem encara mais. Ele sorriu vitorioso.

— Vou subir. Já deu minha cota de olhar para sua cara pálida.

— Você fala isso, mas eu bem sei que você gosta dessa carinha. – dessa vez, tive que rir.

— Você é muito besta, minha nossa. Quem diria que aquele cara que raramente fala com as pessoas, que sempre usa roupas pretas e o cabelo na cara, seria tão bobo assim.

Ele revirou os olhos, e eu tive a impressão de ver um traço de vermelho em suas bochechas. Mas estava muito escuro para confirmar.

— Eu sou legal quando quero. – ele deu de ombros, antes de me encarar novamente. — Ou com quem eu quero.

Senti o rosto esquentar novamente, mas disfarcei dando um sorriso debochado.

— Estou lisonjeada. – ele também sorriu de lado, colocando as mãos dentro do bolso da calça.

— Meu prazer, senhorita Haruno.

— Ok, senhor Uchiha. Agora eu vou embora, estou com sono e esse dia já deu para mim.

Ele assentiu, e eu dei um aceno. Quando me virei, no entanto, ouvi sua voz novamente.

— Você é especial, Sakura.

Tinha sido baixo, mas eu tinha certeza de que ouvi. Fiquei parada no pé da escadaria, sem me mover. Meu coração novamente começou a bater rápido, mas eu nem dei muita bola. Engoli em seco e me virei para olhá-lo, mas tudo que vi foram suas costas largas.

Sorri, voltando a subir as escadas.

Em minha mente, aquelas palavras ficaram rodando, e uma sensação estranha tinha tomado conta de mim.

Tempos depois, entendi o que ele quis dizer com aquilo.

 

 

 

 


Notas Finais


1- Lord Byron foi poeta inglês do século 18/19.

Agradeço a todos os comentários lindos e favoritos que a fic recebe! Muito obrigada por todo o carinho! <3


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