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História Orgulho e Preconceito - Blue Hair


Escrita por: Xokiihs

Notas do Autor


Helloooo!
Mais um capítulo para vocês.
Quero agradecer a todos os comentários e favoritos, fico tão feliz que vcs nem imaginam! <3
Espero que gostem!
Boa leitura :)

Capítulo 17 - Blue Hair


Fanfic / Fanfiction Orgulho e Preconceito - Blue Hair

Sabem aqueles filmes de terror, em que um grupo de amigos adolescentes resolve que é uma boa acampar em uma floresta mal assombrada, mesmo que um serial killer esteja à solta pela cidade, matando adolescentes que acabaram de largar a mamadeira? E ainda não avisam para ninguém onde estão indo, porque, afinal, não é necessário dizer quando você está descendo as escadas do inferno, indo para a festa do capeta. É super seguro.

Pois então, esse blablabla todo foi apenas para exemplificar como eu estava me sentindo naquele momento, parada no parapeito da porta do quarto de ninguém mais, ninguém menos, que o projeto de Mr. Darcy do século XXI. Veja bem, eu não estava com medo de que ali, naquele cômodo que tinha exatamente o mesmo tamanho de meu próprio quarto, Sasuke resolvesse que era uma boa hora para sair do armário dos seriais killers e me pegasse de jeito. Tampouco de ele se virar para mim, todo brilhoso, e pronunciar que era, de fato, um vampiro (eu não duvidava de nada, com aquela pele branca e as atitudes antissociais). Eu não estava com medo de nada disso.

O meu medo, na real, era que eu demonstrasse o quão nervosa eu estava. Por que, você me pergunta? Bem, se lembram de quando eu disse do quanto eu ficava nervosa ante um possível affair? Pois então. O Sasuke não era um possível affair, mas a minha mente passou a girar em torno dessa ideia ridícula que vinha da cabeça de uma loira meio lé das ideias. Dessa forma, assim que pus os olhos no quarto daquele ser humano – questionável, mas ok -, senti meu coração apertar um pouco e um frio subir pela minha barriga.

O quarto, em si, era bem simples; tinha um guarda-roupa de madeira escuro, não muito grande, uma cama de casal, que estava mais arrumada do que a minha jamais estaria, uma escrivaninha repleta de papeis e um computador, e uma estante com vários livros; fiquei parada por um tempo observando o móvel, e decidi que checaria os livros que Sasuke tinha depois, por motivos de talvez pegar emprestado e nunca mais devolver (um segredo: sou cleptomaníaca com livros). Fora os móveis, a única coisa que chamava atenção era um abajur bem legal, alguns pôsteres de umas bandas que eu nunca tinha ouvido, e um quadro repleto de recados e fotos.

— Está esperando algum corvo pousar em sua cabeça, Sakura? – Sasuke, que estava guardando a pesada jaqueta que acabara de tirar, me olhou de soslaio, junto a aquele sorrisinho imbecil que apenas ele conseguia esboçar.

Balancei a cabeça de leve, espantando os pensamentos e tentando controlar o nervosismo.

— Só estou fazendo uma oração antes de entrar na cova do demônio. – ele bufou, se virando para mim.

— Eu que deveria estar fazendo isso. Vai saber que tipo de magia você não prática.

— Se eu praticasse alguma magia estranha, pode ter certeza que não teria nem mais um fio desse cabelo brilhoso. Faria você ficar careca. – ele revirou os olhos, mas o sorriso continuava lá, bonito e natural, como sempre.

— Querida, eu fico bonito de qualquer jeito. Até careca.

— Querido, a única pessoa que fica bonita careca é o Will Smith. Você ficaria igual ao Humpty Dumpty.

— Pelo menos eu não seria “exatamente igual a todo mundo”.

Ele estava sorrindo, e eu não pude evitar fazer o mesmo.

— “De todas as pessoas insatisfatórias que já encontrei...”

Ficamos em silêncio por um tempo, encarando um ao outro com um sorriso retardado no rosto, nem parecia que tínhamos entrado em uma discussão sobre cabelos alguns segundos antes.

— Aposto que sou a mais legal. – ele terminou a frase, quebrando o silêncio e me fazendo revirar os olhos.

Quebrou todo o encanto também.

Depois de toda aquela besteira de beleza e carecas, finalmente resolvi entrar. Coloquei um pé, apenas para ter certeza, e, quando anda aconteceu, adentrei o cômodo de vez.

— Vamos começar a fazer esse negócio logo. – falei, jogando-me sobre sua cama, que era macia como um algodão doce. Quase afundei. — Uau, que cama gostosa.

Fiquei pulando, ainda sentada, sentindo meu corpo subir e descer, enquanto Sasuke apenas me encarava.

— Você tem quantos anos? Cinco?

— Seis e meio. Me respeita. – ele bufou, mas não retorquiu; foi até sua escrivaninha e sentou na cadeira com rodinhas. — Sobre o que é o trabalho mesmo?

— ‘Tá falando sério? – ele me olhou com o cenho arqueado. Senti meu rosto esquentar, mas disfarcei.

— Sim. Eu não me lembro... Aliás, nem lembrava que tinha esse maldito trabalho para fazer. – suspirei, ajeitando o cabelo em um coque, apenas para tirar sua atenção da minha cara e minha vergonha.

Tsc, o que você fica fazendo durante as aulas? Pensando na morte da bezerra?

— Bem, - comecei, cruzando os braços e entrando na defensiva. — não penso na morte. E nem em bezerros. Prefiro cabrinhas e seus pulos alegres.

— Minha nossa. – ele fez um face palm, e eu bufei.

— Qual o problema?

— Sério que está perguntando isso? Não é óbvio?

— Aí, como você é chato. – reclamei, sentindo que daqui a pouco ele começaria a me tratar como minha mãe costumava tratar sempre que eu deixava de fazer algo. O que? Desde meu primeiro sopro de vida fui distraída. E minha memória é curta.

— Vamos começar essa merda logo. Pelo menos leu o artigo?

Mordi o lábio, encarando minhas lindas botas pretas, que pareciam muito mais interessantes e legais do que o olhar julgador dele.

— Argh, comece a ler então! Caso contrário não tem como fazer trabalho nenhum.

— Ok, ok. – levantei as mãos, como num pedido de paz. Ele revirou os orbes negros novamente, antes de virar para frente e abrir o notebook. Enquanto isso, mordisquei uma unha, olhei para o quarto, tossi, espirrei. Enchi tanto o saco que ele me olhou de novo. — Você tem o artigo?

[...]

Estudar às vezes era um porre; principalmente quando é um artigo dificílimo e complicado de entender. O texto que Anko tinha mandado a todos era sobre a influência do Latim nas línguas germânicas, e, honestamente, não compreendia o que aquilo tinha a ver com Literatura Vitoriana. Ok, Latim influenciou muito o inglês e tudo mais, mas fala sério, qual a necessidade de um artigo de cinquenta páginas – sim, você não leu errado -, para falar apenas sobre isso?

Além de tudo, era um artigo acadêmico, repleto de termos e coisas que eu não entendia. Era um saco.

— Quantas vezes mais você vai ficar guinchando como um porco indo para o abate? – eu estava deitada de cabeça para baixo na cama, com o tablet de Sasuke a minha frente, tentando ler o texto. Quando ele falou, virei os olhos para ele, que passara o tempo inteiro (cerca de uma hora), escrevendo algo no notebook.

— Esse texto é muito chato. – resmunguei, suspirando pela enésima vez. Sasuke continuou digitando, sem sequer me olhar.

— Se tivesse feito isso antes, não precisaria ler um texto de cinquenta páginas em alguns minutos. Imbecil.

— Ei! Imbecil é você. – rebati, já cansada daquele texto e daquela pessoa. Me revirei na cama e fiquei encarando as costas dele, que estavam levemente curvadas enquanto ele lia algo no computador.

— Shiiu.

Abri a boca, indignada com aquela ousadia de me mandar ficar quieta. Peguei um dos travesseiros, organizados perfeitamente sobre a cama, e taquei na cabeça dele; o objeto fofo bateu em sua nuca e caiu no chão. Ele sequer se moveu.

O Sasuke era um tédio no dia-a-dia, porém fazendo trabalhos era mil vezes pior. Durante todo o tempo em que estivera ali, depois das implicâncias, ele não dirigiu a palavra nem uma vez sequer em minha direção. Era como se estivesse sozinho, e eu nem existisse. Eu sabia que ele estava fazendo  o trabalho, com o bom menino que era, e que eu devia estar ajudando-o; entretanto, eu não funciono sob pressão, e preciso de um tempo para me preparar psicologicamente antes de estudar. O que isso quer dizer? Que eu perco o foco muito rápido e tenho sérios problemas de concentração.

Sozinha já era muito difícil, pois se passasse um mosquito perto de mim enquanto lia ou estudava, ficava uns bons minutos encarando-o e esquecendo totalmente do que estava fazendo. Por isso devia estudar em um lugar fechado, silencioso e sem distrações (ainda não tinha arrumado um lugar desses, em razão disso não estudava tanto. Ér). Agora, com o Sasuke ali, de costas para mim, digitando, eu não conseguia prender a atenção nem por um minuto.

Enquanto lia uma frase, minha mente vagava pelo o cheiro de perfume do quarto – um perfume de homem, bem gostoso -, para a cama fofinha onde ele dormia, para o som de seus dedos batendo contra o teclado, sua respiração tranquila e suave. Ok, isso é ridículo, mas, como disse, eu viajava demais.

O resultado?

Em cerca de uma hora, não tinha lido nem 5% do maldito artigo. No entanto, eu fingia que lia e entendia, assim Sasuke não iria me assassinar.

— Ah, vou dar uma pausa. – anunciei, sendo ignorada com maestria.

Levantei da cama, esticando os membros e estalando outros. Resolvi que exploraria o quarto do demo-, digo Sasuke. Comecei, lógico, pelo quadro repleto de bilhetes e fotos (era a única coisa interessante naquele lugar, para falar a verdade). Como ficava pendurado sobre a mesa de Sasuke, tive que ficar em silêncio atrás dele, para não atrapalha-lo com nosso trabalho. Eu tinha que tirar nota boa, afinal.

Meus olhos seguiram diretamente para as fotos, notando que muitas delas eram de Sasuke mais novo. Tinha uma dele com os cabelos mais curtos e repicados de um jeito estranho, parecendo uma bunda de pato, junto com mais dois garotos, um ruivo, alto e sardento, e um loiro estilo Daenerys Targaryen. Os três faziam poses de bad boys, deixando amostra os braços de caneta que todo adolescente em crescimento geralmente tinha. Outra era dele um pouco mais velho, mas com o mesmo estilo de cabelo, ao lado de uma mulher e um cara parecido com ele, todos morenos com olhos escuros. Deveria ser a família dele, claro.

A mulher era bem bonita e conservada, e mantinha um sorriso no rosto branco como um papel; já o cara tinha cabelos longos, mais longos dos que o de Sasuke atualmente, e também sorria. Ele era bonito pra caralho, só digo isso. Os três estavam um ao lado do outro, a mulher no meio, e estavam de mãos dadas. Era uma foto muito fofa.

A próxima era de Sasuke com a beca da graduação do ensino médio, com uma cara de poucos amigos enquanto era abraçado pelo mesmo cara de cabelos longos da foto anterior. Sakura teve que prender a risada ao ver o bico de criança que estava formado nos lábios de Sasuke, enquanto o outro só sorria abertamente. Minha nossa, que gato.

Tinha, também, uma foto de um Sasuke criança, junto com a família, só que com uma figura que não aparecia nas outras: um homem de cabelos castanhos e olhos escuros. Ele estava sério, enquanto o resto da família sorria. Aquele devia ser o pai, já que tinha uma certa similaridade nas características faciais. A última, e a mais intrigante, era de um Sasuke em meados de seus dezessete anos, sem camisa (estava começando a criar uns músculos) e com uma menina pendurada em suas costas. A menina tinha os cabelos em um tom azulado tão lindo que eu quis tirar o meu cor-de-rosa e pintar daquela cor.

Os dois estavam sorrindo para foto, e, quando digo sorrindo, era sorrindo mesmo. Sasuke já tinha sorrido daquela forma algumas vezes comigo, mas foram raras; era o tipo de sorriso genuíno que fazia seus olhos se fecharem um pouco e covinhas quase imperceptíveis aparecerem. Era o sorriso mais bonito que ele tinha. A menina também sorria abertamente, e os braços dela rondavam o pescoço de Sasuke, enquanto ele segurava suas pernas nuas; parecia que os dois tinham acabado de voltar da praia. Os cabelos azulados dela estavam soltos, e uma cascata caia sobre o ombro de Sasuke; seus olhos eram claros, entre um avelã e esverdeado. Ela era linda, pura e simplesmente.

Meu coração apertou por um momento, ao ver Sasuke tão feliz com outra mulher; era até estranho, já que a única mulher com quem já o tinha visto interagir era comigo. Por ser meio bicho do mato (pelo menos com as outras pessoas), Sasuke raramente falava com alguém que não fosse de seu circulo de amizade – e às vezes nem com quem estava dentro. Ele e Temari, por exemplo, tinham trocado poucas palavras desde que nos juntamos  como grupinho. Portanto, vê-lo tão intimo e sorrindo daquele jeito com outra era, no mínimo, intrigante.

— Você já terminou de ler? – levei um susto ao ouvir a voz dele, tão absorta que estava com as fotos (me concentro fácil com coisas inúteis). Virei meus olhos para ele, que também me olhava com a cabeça para cima.

De repente, me dei conta de nossa proximidade. Eu tinha, inconscientemente, chegado mais perto dele, para poder olhar melhor as fotos, e estava encostando em suas costas; talvez fosse por isso que ele parou de fazer o que estava fazendo.

Engoli em seco, encarando os orbes negros, tão escuros e tão profundos. Ele tinha belos olhos, apesar da cor comum.

— Já. – menti de cara lavada, me sentindo mal mas, ao mesmo tempo, não querendo levar outro esporro dele.

Ele continuou me encarando, tanto que cheguei a ficar constrangida e desviei o olhar, limpando a garganta.

— Você já terminou de escrever? – perguntei, encarando a tela brilhante do notebook. O word estava aberto e tinha pelo menos duas páginas.

— Claro que não. Essa merda é grande.

Suspirei, assentindo.

— E chata. Tsc, odeio trabalhos. – ele virou a cadeira, ficando de frente para mim, embora ainda sentado.

— Você reclama demais. – falou, se inclinando e escorando a cabeça no encosto da cadeira. Eu cruzei os braços, fazendo um bico.

— Reclamo quando é chato.

— Mas tudo é chato para você.

— Nem tudo. Jogar vídeo game não é. Assistir séries não é. Comer não é. – comecei a listar tudo o que eu não achava chato em minha vida, antes que ele erguesse a mão em um sinal para que eu me calasse.

— Já entendi! – a voz dele saiu exasperada, e eu não pude evitar uma risada.

— Você não pode comigo mesmo, viu. – arqueei uma sobrancelha, enquanto ele bufou.

— Você é chata.

— Quem é o reclamão agora? – deu um sorriso de lado, vendo que ele revirou os olhos novamente. Aproveitei o momento de distração e dei um peteleco em sua testa, deixando um ponto vermelho bem no centro.

— Cacete! Qual a necessidade disso? – me virei e voltei a andar até a cama de nuvem dele, rebolando de proposito.

— Sua cara de besta pedia um peteleco.

Me joguei sobre a cama, sem me importar em estar sendo intima demais. A cama dele era muito boa, e eu estava de saco cheio daquele trabalho de bosta – o qual sequer começara a fazer.

Ficamos em silêncio novamente, mas logo o quebrei, pois estava muito curiosa.

— Ei Sasuke, quem é aquela menina na foto com você? Sua namorada? – perguntei, encarando o teto. Não sei por que, mas, de repente, comecei a ficar ligeiramente nervosa.

Sasuke ficou tão quieto, por tanto tempo, que fui obrigada a levantar a cabeça e a olhá-lo; fiquei surpresa, no entanto, ao perceber que ele olhava para mim.

— Hein? – forcei, sem vontade alguma de deixar a pergunta para lá, apesar de perceber seu visível desconforto.

— Ninguém. – ele respondeu, sem parar de me encarar. Revirei os olhos.

— Ah, sério? Pois não me parece ninguém.

— Por que quer saber? – ele retorquiu, arqueando uma das sobrancelhas negras e cheias.

— Estou curiosa, oras. – quebrei o contato com o seu olhar e voltei a encarar o teto braço. Tinha uma traça pequena pendurada. Ele suspirou pesadamente, mas demorou para voltar a falar.

— Não interessa.

Não vou mentir e dizer que não me senti um cadinho chateada com a resposta curta e grossa, principalmente depois de considera-lo um amigo; ok, nós dois nunca tínhamos parado para conversar sobre nossas vidas, ou o que fazíamos antes de vir para Leicester, mas ainda assim... Talvez fosse hora de começar, não?

— Se não interessasse, não estaria perguntando. – não o deixaria vencer; se ele não queria falar por bem, falaria por mal (ou só para me fazer calar a boca).

— Tsc, desde quando ficou tão interessada na minha vida?

Sentei na cama, virando a cabeça de lado e o encarando.

— Nós não somos amigos?

Enquanto o olhava, percebi algo passar por aqueles olhos negros, mas não identifiquei o que era; talvez fosse irritação por eu estar forçando tanto a barra. No entanto, eu não me importava. Eu era chata de carteirinha, com muito orgulho.

Depois de mais um tempo em um silêncio incomodo, Sasuke, por fim, suspirou e passou a mão no rosto.

— Você está com fome?

Sim, ele desviou o assunto da forma mais tosca o possível.

— Estou um pouco sim, por quê? – e conseguiu me pegar bonito. O que posso fazer? Na pirâmide da minha vida, comida estava em primeiro lugar.

 — Vamos pedir uma pizza. – com isso ele se levantou e caminhou para fora do quarto.

Já a idiota aqui ficou lá, encarando o nada, percebendo que tinha sido enganada novamente pelo seu estômago. Bufei e sai da cama, indo em direção a onde Sasuke tinha ido.

Vi que ele já estava falando algo no celular e, assim que me viu, desviou o olhar, como uma criança que fazia arte. Mal ele sabia que se esquivar aumentava ainda mais minha curiosidade. E uma Sakura curiosa, era uma Sakura que deixava até Sherlock Holmes para trás.

Eu descobriria que era a garota e qual sua relação com Sasuke, ou não me chamava Sakura Ann Haruno!

[...]

Depois de pedir a pizza – duas de pepperoni, uma stagioni e uma boscaiola -, Sasuke voltou para o quarto para fazer sei lá o que enquanto eu resolvi ficar na sala com Naruto, que tinha mudado o jogo para Assassin’s Creed. Sentei ao lado dele no pequeno sofá, e o abusado jogou as pernas em cima de mim.

— Que colo quentinho, Jujuba. – ele soltou aquele sorriso safado, dando uma piscadela logo em seguida. Dei-lhe um tapa bem sonoro na coxa, que o fez perder o sorriso rapidinho.

— Me trata direito ou eu como suas bolas junto com a pizza.

— Credo, pior que mamãe. – bufei, jogando suas pernas de cima de mim para o chão.

— Me deixa jogar ai. – pedi, já que pizza e vídeo games era a combinação perfeita. Só faltava uma cerveja.

— É Assassin’s Creed, já jogou? – revirei os olhos, aceitando o console que ele me deu.

— Querido, eu sou a pessoa mais viciada em vídeo games que você algum dia há de conhecer.

Mas não, eu nunca tinha jogado Assassin’s Creed, simplesmente porque achava um tédio. Eu gostava de coisas mais estimulantes. Comecei a jogar de qualquer jeito, apertando os botões e descobrindo como fazia as coisas. Naruto também me ajudou, provavelmente percebendo que eu não sabia, mas não disse nada.

— Então, Narutinho...- como quem não quer nada, comecei a minha caçada pela verdade!

— Oi, Jujubinha. – revirei os olhos para aquele apelido imbecil que pegou como uma sarna em mim, mas continuei.

— Há quanto tempo conhece Sasuke? – logico que não seria tão direta, pois Naruto poderia acabar não me contando bulhufas. Tinha que extrair a informação vagarosamente.

— Hm... Conheço desde o inicio do ano, quando nos mudamos. Por quê? – ele me assistia jogando e nem parecia prestar atenção no que eu dizia. Do jeito que eu queria.

— Sabe muito da vida dele?

Percebi, pela visão periférica, que ele me olhou com aquele sorriso safado de novo. Droga, tinha que ter disfarçado mais.

— Está interessada, Jujubinha? Se quiser, posso te arranjar rapidinho com ele.

— Tsc, nada a ver, Naruto. Só estou curiosa sobre uma coisa. – tentei não ficar vermelha de vergonha e continuei concentrada no jogo. — Eu vi umas fotos naquele mural dele e fiquei pensando...

— Sobre a menina de cabelo azul? – ele completou, abrindo ainda mais o sorriso ao ver que tinha acertado. — Ah, cara, você está tão na dele.

Ele começou a rir escandalosamente, e eu fui obrigada a tampar a boca dele com minhas mãos, rezando para que o vampigotico do Sasuke não aparecesse para acabar com meu barato. Naruto continuou a rir, no entanto, mesmo estando quase sufocado com minhas mãos.

— Não estou “na dele”. – vociferei, mantendo um olho no corredor e a voz baixa. — Só fiquei curiosa, e ele não quis me dizer quem era. Você sabe?

Ele assentiu, ainda rindo, e eu quis soca-lo. O que era tão engraçado?

— Vou tirar a mão, mas se você rir ou falar alto de novo, te esmurro. Compreendeu? – ele assentiu,  e eu me afastei.

— Caramba, Sakura, esse seu jeito mandão está me deixando levemente excitado. – eu quase engasguei com a própria saliva, encarando o loiro mais descarado da face da terra. Naruto não tinha um pingo de vergonha na cara, o cretino.

— Só me responde, peste.

— Ok, ok. – ele respirou fundo, limpando os cantos dos olhos, que tinham lacrimejado após o acesso de riso. — Ela é uma ex-namorada do Sasuke.

— Ex? – estranhei, já que ele ainda mantinha uma foto dela no quarto.

— Sim. Também achei estranho quando ele me contou. – Naruto abaixou a cabeça e se aproximou mais de mim, falando baixo. — Ele ainda gosta dela, acho.

Tentei não deixar a informação me afetar, afinal, eu e Sasuke éramos apenas amigos e permaneceríamos assim. Entretanto, a sensação de quando se descobre que seu ídolo está namorando na vida real tomou conta de mim, e eu quis me bater por isso.

— E por que eles terminaram?

— Isso eu não sei. – ele deu de ombros, antes de suspirar. — Sasuke não é muito de contar as coisas.

— E como você sabe de tudo isso então? – perguntei, desconfiada. Naruto sorriu como um gato, os olhos azuis brilhando.

— Um dia ele se embebedou e me contou.

— Hm...não parece típico de Sasuke fazer isso. – comentei, lembrando de todas as vezes que ele ficou bêbado e eu estava por perto. Ok, ele ficava mais animadinho e solto, mas nunca tinha falado nada sobre sua vida. Pelo menos não para mim.

— Talvez eu tenha colocado alguma coisa na bebida dele. – o loiro disse como não fosse nada, e eu o encarei, atônita.

— Que Regina George! Tudo para descobrir um segredo?

Naruto encostou a cabeça no sofá, assentindo.

— Porra, ele nunca falava nada. Eu tinha que saber se ele não tinha matado alguém e escondido o corpo. O Sasuke parece assustador a primeira vista.

Nisso não pude discordar. Eu mesma já tinha cansado de pensar na possibilidade dele ser um psicopata ou algo pior.

— Infelizmente, nem com a balinha que eu coloquei na bebida dele ele falou tudo o que eu queria saber. – pela primeira vez, Naruto pareceu chateado.

— Já tentou perguntar de novo?

— Sim, mas às vezes acho que ele não me considera o suficiente para me contar as coisas. Sei lá, o Sasuke é um cara estranho.

Nós dois ficamos contemplando o nada, concordando mentalmente. Depois de algum tempo, voltei a jogar AC, e Naruto a falar os non-sense de sempre. Sasuke só voltou do quarto depois que a pizza chegou.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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