1. Spirit Fanfics >
  2. Orgulho e Preconceito >
  3. Fooling Around

História Orgulho e Preconceito - Fooling Around


Escrita por: Xokiihs

Notas do Autor


Olá! Cheguei com mais um!
Olha, estou surpresa com a quantidade de comentários do último capítulo. O que foi aquilo BRASEL?
VOCÊS GOSTAM DE BEIJO, NÉ, SAFADAS?
To só de olho nisso, HHAAHAHAH.
Bem, agradeço a todas que comentaram e favoritaram! A fic passou dos 300 favoritos, estou shocked em Paris.
Enfim, espero que gostem desse também. <3
Boa leitura :)

Capítulo 20 - Fooling Around


Fanfic / Fanfiction Orgulho e Preconceito - Fooling Around

Não preciso mencionar que aquela noite eu não dormi muito bem, não é? Depois de falar com Temari, minha conselheira, minha Oprah pessoal, fui para o meu quarto pensar em como poderia puxar aquele assunto cabeludo. Joguei-me em minha cama, encarando o teto do meu quarto, vendo as estrelinhas verdes que brilhavam no escuro me olhando.

Era estranho como tudo podia mudar em questões de horas; há uns quarenta minutos antes, eu estava junto com Sasuke, fazendo um trabalho, sem sequer cogitar que nós dois poderíamos, algum dia, ficar. Isso era algo que nunca, jamais, em nenhum momento, tinha passado em minha mente. Ok, tinha sim, mas não foi algo em que eu realmente acreditava. Quero dizer, desde que Temari tinha plantado a semente da discórdia na minha caixola, eu tinha imaginado se Sasuke e eu podíamos, de fato, ser alguma coisa além de amigos. Mas eu logo descartei essa possibilidade, pois o achava bom demais para mim.

Sim, eu sei, não deveria pensar que um homem é melhor do que eu, mas eu pensei na hora, agora já mudei de ideia (sou, de longe, muito melhor que Sasuke). Além disso, eu não tinha certeza se queria entrar em um relacionamento. Quero dizer, eu nunca tinha tido um relacionamento sério em minha vida, nenhum namorado que eu considerasse – já tinha ficado com uns caras, mas nunca tinha passado dos beijos e amassos. E eu já tinha tido crushes, porém jamais tinha me apaixonado de verdade; aquelas paixões que fazem o seu coração bater mais forte e rápido só de ver a pessoa, a respiração ficar errática, o estômago revirar de nervosismo, a mente ficar inteiramente voltada à pessoa.

Por nunca ter passado por isso, eu não fazia ideia de que o que sentia era, de fato, paixão. No entanto, conforme lembrava minhas reações perto de Sasuke nos últimos dias, das batidas mais fortes do coração, imaginei que realmente estivesse gostando dele além de amigo. Entretanto, a pergunta que eu estava me fazendo era: Ele também gostava de mim?

Essa é a parte mais difícil; saber se é ou não retribuída.

E se eu me apaixonasse por ele cada vez mais, e ele me rejeitasse? Me mandasse caçar um jegue, ou catar coquinho na esquina? Se ele se afastasse e deixasse de ser meu amigo, pois eu tinha confundido as coisas? Visto algo que não existia?

Grunhi, tapando a cabeça com o travesseiro e dando um berro contra o objeto. Eu detestava não estar no controle de algo em minha vida. Odiava essa ansiedade de não saber o que aconteceria, e, principalmente, a sensação de tristeza que me acometeu por pensar que Sasuke não retribuir meus sentimentos era uma possibilidade eminente.

Além de todos esses pensamentos, fiquei lembrando da garota de cabelos azuis. E também lembrei a forma como Sasuke desviou de minhas perguntas e mudou de assunto, várias vezes. Inclusive antes de nos beijarmos. Naquele momento lembrei que ele não me disse com quem tinha isso na CAA, e isso só podia ser porque ele tinha ido com a tal menina. Sem querer, senti meu estômago revirar só de pensar que Sasuke ainda sentia algo por ela.

Sua ex-namorada. Mas seria ex-paixão? Ex-amor?

Fiquei pensando nisso até cair no sono, com o travesseiro na cara e ainda usando minhas botas.

[...]

No dia seguinte, acordei antes do despertador tocar, subitamente, após um sonho do qual não me recordo, mas que não tinha sido bom. Tinha passado a noite me revirando, dormindo, mas acordando, até que enfim caí no sono. Por causa disso, ainda me senti sonolenta quando acordei, mas estranhamente desperta. Levantei-me e fui em direção ao banheiro, imaginando que Temari ainda estava dormindo, pois era muito mais cedo do que ela costumava levantar. Tomei um banho, arrancando as roupas do dia anterior, lavando os cabelos, tentando deixar a água levar o desanimo que eu sentia por ter que encarar Sasuke dali a pouco tempo.

Aliás, só de lembrar-me da existência desse ser humano, que tinha feito algo que nunca nenhum outro ser tinha conseguido: me fazer dormir mal, senti um frio na barriga esquisito; a imagem de seu rosto, tão bonito e bem feito, ficava repetindo em minha mente, junto com o fato de que nós tínhamos nos beijado.

Relembrar essa cena, a sensação de ter os meus lábios junto aos dele, os braços grandes e fortes me apertando contra seu corpo, já fazia meu coração acelerar tanto que achei melhor ficar de boca fechada, para evitar que ele saísse correndo de dentro de mim. Respirei bem fundo, tentando me acalmar, mas só consegui ficar ainda mais estressada. Um dos cigarros de Shikamaru cairia bem naquele momento.

Após sair do banho, mais atribulada do que quando entrei, corri para me vestir, já que fazia um frio desgraçado; encarei meu guarda-roupa e, pela primeira vez desde que tinha me mudado, me preocupei com o que vestiria. Esse negócio de gostar de alguém é muito bizarro, não? As pessoas começam a fazer coisas que não faziam antes, como se importar com o que o crush pensaria de sua aparência, de suas ações, ou seja, de tudo o que você fazia. Portanto, pirei, obviamente.

Procurei entre todas as minhas roupas básicas – minha vida era feita de jeans, camisetas, jaquetas e botas -, algo que fizesse eu me destacar mais, ficar mais bonita. Eu tinha um vestido, porém estava muito frio para usá-lo e ele era o filho único que tinha para usar em festas. Fora isso, só encontrei calças e blusas, portanto, foi o que escolhi. O que posso dizer? Não sou rica e prefiro gastar meu dinheiro com livros ou comida. Assim sendo, coloquei calças escuras, como sempre, blusa cinza com um extraterrestre verde estampado, e minhas botas. Quando me olhei no espelho, me senti bem estúpida por estar me importando tanto com aquilo. Afinal, não seria meu vestuário que mudaria a opinião de Sasuke sobre mim. E foda-se, eu gostava de me vestir daquela forma e continuaria assim.

Terminei de me arrumar, penteando os cabelos, passando um delineador nos olhos – coisa que eu sempre fazia, independente de homem, ok? – e, sem mais nada para fazer, me joguei na cama novamente. Ainda estava cedo, portanto tinha tempo de fazer qualquer coisa que quisesse. Peguei meu celular e fui olhar as mensagens que eu tinha.

Qual foi minha surpresa ao encontrar uma de Mr. Darcy?

Meu coração deu um pulo quando abri a mensagem, tremendo só de imaginar uma declaração, no melhor estilo “Tentei lutar, mas em vão. Não consigo mais. Não posso reprimir meus sentimentos. Você tem que me permitir dizer com quanto ardor eu admiro você.” E então nós iriamos nos beijar, rodar pelos campos de centeio ao pôr do sol, enquanto “Accidentally in Love” tocava no fundo. Ou só ele me chamando para um encontro, eu também ficaria bem feliz.

Entretanto, era de Sasuke que estávamos falando, não de Mr. Darcy, infelizmente.

“Não ache que vou terminar esse trabalho sozinho.”

Essa foi à mensagem linda e romântica que recebi, vindo junta a um emoji bufando. Quase taquei o celular na parede, mas me segurei porque não tinha condições de arrumar outro.

— Idiota. – resmunguei, mandando um emoji de olhos revirados para ele, junto a um dedo do meio erguido.

Aproveitei que estava com a mensagem aberta e cliquei na foto dele; o desgraçado era bonito demais, não tinha como! Na foto ele estava sério, como sempre, mas os cabelos dele estavam presos em um coque (coisa que absolutamente molha minha calcinha, ér), e parecia entediado, com aquela cara de cacto no cu de sempre. Fiquei encarando a foto, como uma boboca, até cansar de ver a carinha linda e séria dele.

Por fim, fechei a mensagem e resolvi fazer um café. Eram apenas seis e meia da manhã, e minha cabeça já estava repleta com a cara da porra do Sasuke Uchiha.  Era isso que é estar apaixonada? Porque estava chato.

Depois de o café estar pronto, peguei uma xicara bem cheia e fui para frente da TV. Fiquei vendo desenhos até que ouvi Temari chegando, junto a Shikamaru. Os dois já vinham arrumados – quer dizer, a Temari estava, o Shikamaru sempre veste os mesmos trapos -, e sentaram para tomar o café que tinha feito.

— E ai, Jujuba? Preparada para encarar seu namoradinho? – Temari, que surpreendentemente estava de bom humor, perguntou, me encarando com um sorriso sacana no rosto.

Suspirei, pressentindo que talvez, só talvez, não deveria ter falado com Temari sobre o que aconteceu. Afinal, a bicha tinha uma boca gigante, e poderia muito bem espalhar para todo mundo o que tinha acontecido. E daí seria um constrangimento sem fim, coisa que gostava de me perseguir.

— Ele não é meu namoradinho. – respondi, tentando soar brava, mas acho que soei mais como um cachorrinho fofo e pequeninho. Temari mexeu as sobrancelhas, sem perder o sorriso. — É sério, Tema. Você não pode espalhar isso para ninguém, ok?

— Bem...

— É sério! – cortei, depois olhando para Shikamaru, que mais parecia um morto-vivo sentado a mesa; sério, ele não era uma pessoa matinal mesmo. — Isso também serve para você, Shikamaru.

— Hn? – ele piscou os olhos semicerrados, quase dormindo.

— Não conte para os seus coleguinhas o que aconteceu entre Sasuke e eu. Eu sei bem como macho pode ser fofoqueiro.

— Realmente, dizem que mulher que gosta de treta, é porque nunca viram o grupinho de macho conversando. – Temari concordou, dando uma grande mordida numa torrada. Shikamaru parecia letárgico, com um pé nesse mundo, e outro na segunda dimensão.

— Nossa, não dormiram de noite? – perguntei, me direcionando para Temari, já que o namorado dela não estava em condições para responder.

— Ele é assim mesmo. Está conectando, demora um tempo. – a alemã nem parecia se importar, e continuou a comer, enquanto o moreno capengava na mesa; cheguei até a ficar com pena do coitado.

— Credo.

— Mas voltando a você e Sasuke, - voltei à atenção para Temari, que já tinha terminado de comer a torrada e só bebericava o café preto. — Vai falar com ele? Perguntar qual é a dele?

Saí do sofá e me dirigi até a mesa, para ficar mais perto.

— Vou. – suspirei, mordendo minha unha “comestível” do dedão, a única que eu roía. — Estou nervosa.

— O que acha que ele vai dizer?

Dei de ombros. — Não faço ideia, sinceramente. Para falar a verdade, nem sei como agir com ele agora. Chego dando um beijo mais intimo um toquezinho de sister, ignoro completamente, ou fujo dele como Judas fugiu das botas?

— Nenhuma das alternativas acima. Aja normalmente, ou o que vocês consideram normal, pelo menos.

— ...O que quer dizer?

— Nada, nada. – ela abanou a mão em frente ao rosto, como se tivesse um inseto voando na sua cara. Eu apenas a fitei desconfiada do que ela quis dizer, mas não insisti. — Você realmente está gostando dele, não é?

— Temari! – vociferei, dando uma breve olhada em Shikamaru, que aos poucos parecia um pouco mais vivo e alerta. A loira revirou os olhos, totalmente ignorando meu medo de que seu namorado dissesse aquilo para Chouji, que diria para Lee, que diria para Naruto, que diria para Sasuke, que me daria um chute na bunda, muito provavelmente.

— Ele ainda não conectou. Quer ver? – ela olhou para Shikamaru, que continuava “pescando” de quando em vez. — Shikamaru, quem descobriu a Pirocolândia?

— Cristóvão Colombo.

Prendi a risada, enquanto Temari apenas dava um sorriso de lado e assentia.

— Isso mesmo, querido. – deu uns tapinhas sobre a cabeça dele, antes de voltar para mim. – Viu? Ele está em outro universo agora. Pode falar.

— Eu estou. – senti o rosto ficar vermelho, e o coração acelerar novamente, só de lembrar de Sasuke. — Não faço ideia como isso aconteceu.

— Eu faço. – ela riu, dando outra bebericada no café antes de abaixar a xicara e começar a listar todos os motivos para eu ter me apaixonado pelo Sasuke. — Bem, apesar de ser um chato, mal humorado, pau no cu, e parecer que não transa há anos, ele é bonito.

Fiquei em silêncio, esperando ela continuar a dizer as qualidades de Sasuke que podiam ter feito eu me apaixonar por ele, mas ela apenas parou de falar. Passados um minuto, resolvi falar.

— O que mais?

Ela deu de ombros.

— Acho que essa é a única qualidade dele, de verdade.

— Pff. – revirei os olhos, repentinamente irritada por alguém que não fosse eu, estivesse chamando o Sasuke de todos aqueles nomes. Ok, ele era aquilo tudo, mas não precisava ser mencionado! — Ele também tem boas qualidades.

— Tipo?...

— Bem, - comecei, listando mentalmente as qualidades que gostava em Sasuke. — Ele é cheiroso, divertido, quando quer ser, inteligente, esforçado, tem um senso de humor um pouco bizarro, mas ok, o meu não é dos melhores.

— Algo mais?

— Ele me ajudou quando descobri que Utakata namorava, e eu fiquei um pouco triste; ele me levou para tomar sorvete. – sorri, lembrando-me daquela ocasião.

Não tinha dado a devida importância para aquele dia, percebi. Afinal, eu tinha levado um fora sem o cara sequer perceber, e se não fosse por Sasuke brotando do chão, como sempre, talvez tudo tivesse sido muito pior. E também tinha me sentido triste, e ele me consolou. Aliás, pensando naquele momento novamente, tinha sido estúpido chorar por uma besteira daquelas. Mas acho que o meu orgulho tinha sido tão ferido, que eu não sabia o que fazer, a não ser chorar mesmo. Coisa que todo mundo faz quando não tem a solução para algum problema; depois daquele dia, minha amizade com Sasuke tinha estreitado um pouco mais. Parei de acha-lo apenas um pau no cu total, e passei a considera-lo alguém digno.

— Ele me deu um lenço, acredita? – Temari arqueou a sobrancelha, e eu ri. — Sim, ele tem um lenço.

— Nossa, esse cara vive no século 19?

— Pois é. – balancei a cabeça, me lembrando que tive que jogar o lenço fora, porque estava todo melecado e nojento. Uma pena, porque era uma graça. — Ah! Ele também vai na CAA, acredita?

— O que diabos é isso? Convenção dos Alcoólicos Anônimos?

— Não, idiota. – revirei os olhos. — É a Convenção Anual das Austenzetes.

— Antes fosse o outro. – ela murmurou, mas foi devidamente ignorada.

— Será que esse ano podíamos ir juntos? Ia ser o máximo. – imaginei o Sasuke vestido de Mr. Darcy novamente, e quase babei só com a imagem dele com o mesmo terno que vestira na primeira festa em que nos conhecemos.

Eu andaria com ele para cima e para baixo, com o maior orgulho que alguém poderia demonstrar, e faria todas as projetos de Elizabeth morrerem de inveja de mim. E, além disso, nós poderíamos dançar! Eu só tinha dançado uma vez, com um cara meio estranho que conheci e que ficou me stalkeando depois. Seria incrível dançar com alguém de quem eu realmente gostava. E, cá entre nós, o Sasuke parecia um ótimo dançarino.

— Nossa, vocês são uns nerds mesmo.

— Ah, você é muito chata. – resmunguei, mas ela apenas deu de ombros, nem mesmo se defendendo. — Enfim, ele também sempre me ajuda nos trabalhos. Já me salvou umas três vezes.

— Você não deveria estar estudando?

— Sim... – soltei um suspiro; eu estava na faculdade dos meus sonhos, mas não estava dando o valor suficiente. Eu sabia, e queria melhorar, mas era muito difícil mudar certos hábitos. — Ainda bem que o Sasuke é da minha sala.

— Pelo amor hein, me recuso andar com mulher que depende de homem.

— Eu não dependo dele. – murmurei, meio envergonhada pela patada. Na verdade, eu era bem sonsa e estava sim dependendo de Sasuke nas matérias, o que era absolutamente ridículo, eu sei. — Ele só me ajuda.

— Umpht. Trate de estudar, menina. Não está mais no cursinho.

— Eu sei, eu sei. Vou melhorar, prometo. – jurei juradinho, e eu acabei melhorando lá para frente, mas enfim.

Ficamos em silêncio por um tempo, eu catando migalhas de cima da mesa com a ponta dos dedos, me martirizando por não estar sendo uma boa aluna, e Temari passava as mãos pelos cabelos de Shikamaru, e aos poucos o moreno ia despertando.

— E então? – minha amiga quebrou o silêncio, me fazendo encará-la com as sobrancelhas erguidas, sem entender.

— O que?

— Descobriu como se apaixonou?

Fiquei encarando-a por algum tempo, lembrando de tudo o que tinha dito há apenas alguns minutos. Por fim, sorri, assentindo.

 

[...]

 

Saímos juntos de casa faltando vinte minutos para o inicio das aulas. Temari e Shikamaru andavam de mãos dadas, e conversando de vez em quando. Já eu ia de candelabro ambulante, sendo a testemunha para o casal de namorados. Era engraçado observar os dois. Quem os via, não apostava que os dois eram um casal. Temari era uma loira de parar o transito – literalmente, já vi isso acontecer -, era alta, esbelta, tinha cabelos ondulados e olhos esverdeados. Ao contrário dos meus, os dela eram mais escuros, mais profundos. Parecia uma modelo, principalmente porque tinha estilo e andava como uma rainha.

Já Shikamaru, apesar de bem bonito, não tinha nada que o destacasse. Quer dizer, se você curtisse um estilo meio hipster de humanas, ele era perfeito. Tinha os cabelos longos e castanhos, mas raramente estavam soltos – ao contrário dos de Sasuke -, os olhos também eram escuros e a pele era um pouco mais bronzeada do que do resto de nós, mas menos do que a de Naruto. Ele não andava, se arrastava, e não falava, resmungava. Enquanto Temari era energia pura, Shikamaru era a forma viva do marasmo. As únicas vezes em que ele parecia animado era quando falavam de algum assunto que o interessasse ou quando estava se pegando com Temari – aí parecia animado até demais.

Enfim, os dois eram o casal antítese, e a frase “opostos se atraem” nunca fez tanto sentido quanto com eles. Enquanto os observava, fiquei imaginando se eu e Sasuke também seriamos assim – se é que algum dia seríamos algo além de amigos. Por falar em Sasuke, logo nós chegamos ao nosso ponto de encontro, e meus olhos o encontraram sem que eu sequer procurasse.

Ele estava próximo a Naruto, quieto como sempre, apenas ouvindo os outros três – Naruto, Lee e Chouji – conversando; os três pareciam entretidos com alguma coisa, e de longe dava para ouvir a voz de Naruto, que já não era tão discreta. Logo quando nos aproximamos, Sasuke foi o primeiro a nos perceber. Analisei-o brevemente, e, como sempre, ele estava absolutamente lindo. Eu acho que nem preciso repetir aqui mais. Estava com a mesma jaqueta preta que usara no dia anterior, com uma blusa branca por baixo, calças escuras e o coturno. Ou seja, ele estava praticamente vestido do mesmo jeito que eu.

Yay!

— Bom dia, cambada. – Temari, gentil como sempre, foi a primeira a cumprimentar, atraindo a atenção do trio boca de caçapa para nós.

— Jujuba! Bom dia! – Naruto e Lee apareceram na minha frente, e Naruto me deu um abraço totalmente desnecessário, me tirando do chão e me girando. Me debati, tentando sair de seu agarre forte.

— Quer que eu vomite todos os meus órgãos em cima de você?! – perguntei quando ele me soltou, rindo como sempre e coçando a cabeça. Parecia um molecote.

— Só estou feliz em te ver. – ok, Naruto é uma pessoa especialmente fofa, então apertei suas bochechas bronzeadas.

— Eu também, bobão.

— Sakura! Como está? Dormiu bem? – Lee se meteu na conversa, sorrindo tão aberto quanto Naruto. Não sei como aqueles dois conseguiam, sinceramente.

— Sim, tranquilo. Ótimo. Perfeitamente. – respondi tudo rápido, dando uma breve olhada para Sasuke, que, para minha surpresa, também olhava para mim. Senti meu estômago revirar enquanto meu rosto esquentava.

— Nossa, foi tão bom assim? – Naruto jogou um braço sobre meu ombro, não dando duas fodas para o resto do mundo, e eu tive que rir.

— Foi ótimo. – ele se aproximou de mim, abaixando para ficar perto de meu ouvido e sussurrou:

— Sonhou com o Sasuke, foi?

Eu fiquei tão vermelha que achei que fosse explodir. Já ia retorquir, quando, do nada, Sasuke apareceu perto da gente e tirou o braço de Naruto de cima de mim com brusquidão.

— Mas o que?... – o loiro fitou o amigo confuso, embora suas irises transparecessem uma excitação sem tamanho. — Qual foi Sasuke?

— Não é necessário ficar agarrando, é? – Sasuke vociferou, encarando Naruto com um olhar tão duro que eu até me arrepiei. Ér.

— Que tem? Ela é minha amiga. – Naruto rebateu, voltando a por  o braço sobre meus ombros; no entanto, antes que pudesse encostar, Sasuke tinha me puxado para trás, e ele mesmo passou o braço sobre meu ombro.

O.K.

Eu tive que respirar muito fundo e por muito tempo para não pirar totalmente.

— Eu preciso falar com ela. – foi à resposta dele. Encarei Naruto, que já tinha um sorriso vitorioso no rosto, e Sasuke, que continuava sério e sem um traço de brincadeira no rosto.

— Aham, sei. – Naruto disse isso, mas não implicou mais. Voltou a conversar com um Lee mais perdido do que Shikamaru quando acorda, e deixou nós dois sozinhos.

Quando todos estavam mais a frente, Sasuke deixou o braço escorregar por minhas costas até não estar mais em meu corpo. Eu continuei estática, sem saber exatamente o que fazer. Parecia que a qualquer momento, eu cairia dura no chão, de tanto que meu coração batia.

Por fim, Sasuke resolveu abrir a boca e acabar com o clima estranho que tinha se formado.

— Você leu os textos do trabalho? – perguntou, enfiando as mãos dentro da jaqueta e voltando a andar.

Resolvi imitá-lo, apenas para disfarçar que minhas mãos estavam tremendo um pouco de nervosismo.

— Ér... Uhum. Li sim. Tudinho. – respondi, mentindo com a cara mais lavada que eu tinha. Ele me encarou, arqueando uma sobrancelha. — Ok, não li. Mas eu vou, prometo!

— Ah é? Que horas?

Engoli em seco, coçando a cabeça e olhando para a paisagem, para ganhar tempo antes de responder.

— Durante os intervalos.

— Tsc, você realmente acha que vai conseguir ler um texto daquele tamanho durante o intervalo?

— Eu vou! É serio!

Ele revirou os olhos, soltando o ar pelos lábios.

— O que ficou fazendo ontem à noite, hein? Vendo série de novo?

Senti meu rosto esquentando novamente, mas assenti.

— Eu não consegui evitar.

— Pff, só você mesmo.

Fiz um bico, não gostando nada daquela implicação, mas resolvi ficar em silêncio. Afinal, a culpa de não ter lido o texto era todo dele e de seu beijo incrível e totalmente viciante! Olhei-o de soslaio, tentando disfarçar, sem sucesso, claro, já que ele também me olhou. Desviamos o olhar rapidamente, fingindo que aquele momento estranho não tinha ocorrido.

Dei uma tossida, e chutei uma pedra para perto dos pés dele. Foi sem querer, mas ele resolveu chutar de volta, e logo estávamos como dois idiotas chutando a pedra um para o outro.

— Uhhhh, que caneta bonita! – exclamei depois de ter passado a pedra por baixo das pernas dele. Ele tentou fazer o mesmo, porém não conseguiu. Morri de rir em ver a cara dele de frustração. — Quer que te ensine como faz?

— Tsc, foi cagada. – fiquei indignada com aquela acusação, pois eu era bem boa no futebol, e fiz novamente.

— E agora?

Ele chutou a pedra para longe, como uma criança de cinco anos que, quando não o deixam jogar, resolve levar a bola para casa. Dei um empurrão em seu ombro, e ele rolou os olhos.

— Que chato você.

— Não foi isso que achou ontem, hn?

O olhei com os olhos arregalados, completamente desprevenida para uma brincadeira daquelas. Ele apenas riu, balançando a cabeça, mas percebi um leve rubor em suas maçãs do rosto.

— Muito cedo? – ele perguntou, e eu revirei os olhos, também rindo.

 — Acho que sim. – dei de ombros. — Mas você continua sendo chato.

— Você também não é tão legal assim não. – estiquei minha língua em sua direção, o que o fez rir novamente. — Realmente tem dez anos.

— Já disse que sim.

Nós ficamos em um silêncio estranho; não era confortável, mas não era desconfortável também. Engraçado que, com aquelas brincadeiras, eu tinha relaxado bastante e até mesmo minhas mãos tinham parado de tremer. Dei graças, porque não ia conseguir escrever nada se continuasse assim o dia todo, afinal Sasuke senta ao meu lado.

Não demorou para chegarmos ao prédio de humanas, e, então, cada um foi para o seu canto. Como sempre, Sasuke e eu entramos a área de letras juntos, ainda em um silêncio amistoso. Subimos as escadas e íamos em direção a nossos armários quando Sasuke, do nada, pegou minha mão e me puxou para alguma direção.

— Ei, o que está fazendo? – perguntei, vendo que estávamos subindo os lances de escadas que davam para os demais andares do prédio que, ao todo, eram quatro.

Sasuke não respondeu, continuou me puxando até chegarmos ao ultimo andar, onde poucas pessoas frequentavam. Eram lá que os laboratórios e a biblioteca setorial ficavam, além de outras salas que eram usadas para cursos de pós-graduação. Percebi que o movimento ali era pouco, já que as aulas de laboratório só eram na parte da tarde, e a biblioteca ainda não estava aberta.

Só paramos de andar ao chegar ao fim do enorme corredor, onde Sasuke abriu a porta de uma das salas e nós entramos. Nunca tinha entrado em uma sala daquele andar, mas eram exatamente iguais as dos demais, com exceção de alguns quadros pendurados na parede. Eu observaria mais coisas, se Sasuke não tivesse me prensado na parede e encostado os lábios nos meus, assim, sem mais nem mesmo.

O que eu fiz?

Abri a boca, lógico. Enfiei as mãos por dentro de seus cabelos, que estavam soltos, e o trouxe para mais perto de mim; já ele agarrou minha cintura e apertou, aprofundando ainda mais o beijo. Os cabelos dele eram tão macios em meus dedos, que tive vontade de puxá-los; Sasuke apertou ainda mais minha cintura, subindo uma mão pelas minhas costas até enfiá-la em meus próprios fios, fazendo um carinho gostoso em meu couro cabeludo.

Diferente do dia anterior, aquele beijo foi mais exploratório, mais longo e mais quente; senti cada parte de Sasuke contra mim, o leve gosto de café me sua língua, e seu cheiro maravilhoso de shampoo com perfume. Era inebriante e me fez querer enfiar o nariz em seu pescoço e ficar ali para sempre, sentindo aquele cheiro delicioso. As mãos de Sasuke passeavam pelo meu corpo, me deixando mais quente do que eu esperava ficar. Ok, apesar de ainda ser virgem, eu já tinha feito algumas coisas em minha vida, e inclusive era bem adepta a explorar o meu próprio corpo. Portanto, eu sabia dizer quando estava ficando quente demais, e, então, achei melhor me separar.

Encostamos a testa uma na outra, nos encarando por um tempo; meu coração batia rápido, e, curiosa, resolvi colocar minha palma contra o peito dele, para ver se ele estava tão animado quanto eu. Sorri ao sentir as batidas fortes.

— O que foi isso? – murmurei, ainda olhando-o nos olhos. Ele deu um sorriso lento, bem charmoso, que fez meu coração aquecer.

— Senti vontade. – respondeu, encostando os lábios aos meus novamente, em um beijo rápido. — Tem problema?

Suspirei, balançando a cabeça.

— Não, eu... Eu gostei. – ele sorriu um pouco mais aberto, e subiu uma mão até meu rosto, fazendo um carinho tão gentil em minha bochecha que eu quis beijar-lhe novamente. Entretanto, resolvi que talvez aquele fosse o momento para fazer a pergunta que me deixou acesa a noite toda. — Sasuke.

— Hn?

Respirei fundo.

— O que é isso?

Ele se afastou um pouco, para me olhar melhor.

— Isso o que?

— Isso. – apontei entre nós dois, e vi a sombra de entendimento pairar em seus olhos. — Quais são suas intenções comigo?

— Nossa, calma lá, Haruno. – ele continuou fazendo carinho no meu rosto, mas sua reação me deixou alerta.  — Eu gosto de você. Senti vontade de te beijar ontem, e senti hoje, então eu fiz.

— Bom...- limpei a garganta, ainda incerta sobre o que dizer. — O que isso quer dizer, exatamente?

Ele riu, me dando um peteleco na testa.

— Eu estou curtindo ficar com você. – deu de ombros, como se não fosse nada demais.

— Entendi. – mentira, não tinha entendido nada! O que aquilo queria dizer? Que ele gostava de mim? Ou que só estava curtindo me pegar?

Ele pareceu perceber minha confusão, pois logo tratou de se esclarecer.

— Olha, eu vim de um relacionamento e, por agora, não estou procurando por nada sério. Como você também disse que não estava atrás de romances, então eu pensei “por que não?”.

— Ah. – ok, então ele queria sexo selvagem, apenas. Tentei não me sentir uma merda por isso, principalmente na frente dele, afinal, eu estava gostando de verdade dele, mas esse não era o caso dele.

Sasuke só estava ficando comigo porque eu era “ok”. Pelo menos ele tinha sido sincero.

— Ei, você não está afim de mim ou coisa assim, não é? – ele pareceu um pouco assustado por um momento, e eu até cheguei a rir da cara dele. Porém, para falar a verdade, eu estava puta! Mas abafa.

— Lógico que não, idiota. Eu disse que não estava procurando por nada sério. – dei de ombros também, tentando parecer mais “despreocupada”.

— Mesmo? – perguntou, desconfiado. Dei um soco em seu braço, com um pouco mais de força do que o necessário, mas assenti.

— Sim. Não se ache tanto, querido.

Ele revirou os olhos, mas sorriu. Abaixou novamente e me beijou; esse, porém, não foi tão bom quanto os outros. É, queridas, beijo com o maior gosto de perdedora que já dei na vida. Entretanto, aproveitei. No fim, tivemos que nos separar porque já estávamos atrasados para a aula, e era uma aula importante.

Fomos caminhando lado a lado, o clima mais tranquilo e brincalhão do que eu esperava. Quando chegamos na sala, apesar de gostar muito da matéria, não consegui prestar muita atenção. O cheiro de Sasuke ainda pairava perto de mim, e parecia estar impregnado em minhas roupas. Fora a própria presença dele ao meu lado, que me tirava totalmente à atenção. Eu tentei muito não ficar triste ou pensar que tinha me enganado. Afinal, em momento algum Sasuke me deu esperanças de que queria algo a mais. Putz, a gente só tinha ficado uma vez! O que eu esperava?

Entretanto, era inevitável não ficar aborrecida, principalmente comigo mesma, por ter, novamente, confundido romance de livros com os da realidade. Na vida real, um cara rico, bonito, inteligente e pica das galáxias não chegava em uma menina simples e declarava seu amor no primeiro encontro. Ele não dizia que te amava “ardentemente”, tampouco escrevia uma carta para declarar todo o amor que sentia por você.  Na vida real, você descobria que gostava do cara rico, bonito, gostoso, inteligente, e tudo mais, mas ele simplesmente só queria “curtir”.

Bem, eu não ia ficar me martirizando e chorando as pitangas por aí. Se Sasuke queria curtir, eu também curtiria. Talvez não fosse bom para minha sanidade, e talvez eu acabasse me machucando, mas é a vida, não? Eu que não ia deixar passar a oportunidade de pegar aquele Adônis maravilhoso, vindo direto do céu para cair no meu colinho. Ah, não.

Eu também curtiria. E muito!

 

 

 

 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...