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História Orgulho e Preconceito - Blonde Bitch


Escrita por: Xokiihs

Notas do Autor


Hello!
Cheguei com mais um.
Espero que gostem! :D
Beeem, obrigada pelos comentários e favoritos! Amo vcs! <3

Capítulo 21 - Blonde Bitch


Fanfic / Fanfiction Orgulho e Preconceito - Blonde Bitch

As aulas passaram rapidamente, sem nada de muito novo para contar; voltei a prestar atenção nelas, esquecendo um pouco à presença de Sasuke ao meu lado e todos os dilemas que estava enfrentando há poucos minutos. Ao fim da ultima aula, eu e Sasuke íamos saindo da sala, quando Karui – com quem eu conversava amigavelmente – me parou.

— Ei, Sakura. – sim, ela tinha aprendido o meu nome. Tanto eu, quanto Sasuke nos viramos para ela. Os olhos dourados dela, no entanto, estavam focados em mim, apenas. — Eu vou fazer uma festinha lá no dormitório esse fim de semana, quer ir?

Quase chorei de emoção, lógico, já que Karui ainda era uma das pessoas que gostaria muito de ter como amiga; com o passar do tempo, apesar de não conversarmos muito, descobri algumas coisas sobre ela que apenas a deixaram mais interessante. Ela tinha pais nigerianos, como já havia mencionado, mas era inglesa de Oxfordshire. Tinha se mudado para Leicester há algum tempo, para trabalhar, e então resolvera entrar na universidade, em Literatura Inglesa.

Ela era poetisa, e sua autora preferida era a americana Harriet E. Wilson; fora isso, não sabia muito mais sobre ela, apesar de sempre tentar me aproximar. Ela era uma pessoa fechada, na dela, e, depois de um tempo – e com Sasuke para tirar minha atenção ao meu lado -, acabei parando de insistir. E não é que com isso ela se aproximou? Vai entender. Enfim, receber um convite dela para fazer qualquer coisa tinha me deixado muito feliz.

— Claro. Que horas? – perguntei, animada, mas tentando parecer contida. Outra coisa que tinha percebido em Karui era que ela não era muito paciente com pessoas com minha personalidade, ér.

— Começa às 21h.

— Ok. Qual o seu bloco?

— O F, dormitório 303. Só bater lá. – assenti, sem evitar o sorriso. Ela também sorriu um pouco, o que me fez sorrir ainda mais e enfim... Ela se virou para Sasuke, que até agora não tinha dito nada – ele e Karui não se falavam muito (e eu acho que não se gostavam). — Se quiser ir também, Uchiha, não tem problema.

Sasuke anuiu, e, assim, Karui pegou suas coisas e foi em direção à porta, acenando para nós dois.

— Caramba, não acredito que ela me chamou! – falei, encarando a porta, por onde ela tinha saído, de boca aberta.

— Eu também não. – Sasuke deu de ombros, quebrando todo o meu encanto.

— Tsc, eu sou legal, é obvio que é por isso. – resmunguei, pegando minha mochila e jogando nas costas. — A real pergunta aqui é porque ela te convidou, querido.

— Está insinuando que sou chato, por acaso? – ele rebateu, começando a andar junto a mim em direção à saída.

— Oh, não. Que isso. Não estou insinuando, estou sendo direta mesmo.

Ouch, assim você me ofende. – ele falou com tanta monotonia na voz que fui obrigada a rir.

— Como se seres sem coração pudessem ser ofendidos.

— Bem, você já percebeu que eu tenho um coração.

Olhei para ele de soslaio, entendendo ao que ele estava se referindo; acontece que mais cedo, após termos nos beijado, coloquei a mão sobre seu peito, para saber se ele estava se sentindo tão nervoso e ávido por aquilo quanto eu. Seu coração estava batendo bem rápido e forte, o que me certificou que sim, ele estava da mesma forma que eu. Quer dizer, de uma forma parecida. Senti o sangue subindo para meu rosto, e limpei a garganta, disfarçando a vergonha.

Claro que eu não consegui disfarçar coisa nenhuma, e logo ele estava rindo da minha cara vermelha.

— Você fica envergonhada com muita facilidade. – falar isso só me fez ficar ainda mais envergonhada.

— Cala a boca, Uchiha. – resmunguei, aliviada por termos chegado aos nossos armários. Deixei meus livros lá, assim como Sasuke, e logo resumimos o caminho.

— Eu sou a primeira pessoa que você beija? – ele continuou implicando comigo, lógico, e eu quis enterrá-lo em algum canteiro, como se fosse uma plantinha. Uma erva venenosa, provavelmente.

— Claro, eu estava me guardando para a pessoa certa. – rebati, não deixando o sarcasmo fora de minhas palavras.

 — Que bonitinha. – ele, por sua vez, não estava dando duas fodas ao fato de estar me irritando e apertou minha bochecha. Ousado.

— Sai, Sasuke. Que chato! – empurrei sua mão da minha bochecha, sentindo a área doer; o desgraçado tinha apertado com força. 

— Sou chato, mas você bem gosta.

Apenas revirei os olhos, resolvendo dar-lhe um gelo, enquanto seguíamos para nosso ponto de encontro com nossos amigos. Como todos fazíamos aulas por ali, mas em prédios diferentes, tínhamos decidido nos encontrar sempre perto dos bancos onde os alunos estudavam. Não era longe, mas com a presença de Sasuke e suas implicâncias, o caminho pareceu ter uns 20 quilômetros.

— Ficou com raiva? – ele perguntou, depois de perceber que eu não estava respondendo mais. Cruzei os braços, virando o rosto para outro lado, resolvida a ignorá-lo. Talvez assim ele parasse de implicar tanto e me deixar envergonhada.

No entanto, já tentou ignorar um mosquito? Era a mesma coisa com o Sasuke. Eu podia até fingir que ele não estava lá, mas conseguia ouvir seu zumbido em meu ouvido, assim como o olhar dele firme sobre mim, louco para me atacar e chupar meu sangue doce. Aliás, já perceberam como mosquitos são parecidos com vampiros? Hm...Talvez Sasuke realmente fosse um vampiro, por isso a cara pálida e a falta de emoção. Quer dizer, falta de emoção na frente dos outros, porque comigo ele demonstrava até demais.  

— Que biquinho mais fofo, Jujuba. – ele pegou meus lábios, que tinham formado um bico sem que eu percebesse, e os apertou. Resolvi dar o troco, abri a boca e mordi seu dedo. — Aí!

— Bem feito! – rebati, sem me importar se o tinha machucado, afinal eu tinha mordido com um pouco de força demais.

— Gosta de violência mesmo, né, Haruno? – mas o diabo conseguia sempre ser pior!

Sério, não sei como consegui me apaixonar por aquele ser. Me virei para ele, olhando-o com toda a irritação que estava sentindo. No entanto, antes que pudesse falar qualquer coisa, Naruto gritou nossos nomes ao longe. Tanto eu quanto Sasuke olhamos em sua direção, vendo-o balançar os braços como um boneco de posto, tentando atrair nossa atenção.

— Chato. – resmunguei, antes de sorrir e acenar de volta para Naruto. Sasuke, porém, soltou uma risadinha ao meu lado, como o belo cretino que era.

— Cara, finalmente vocês chegaram! ‘To com uma puta fome! – foi à primeira coisa que o loiro disse, assim que nos aproximamos o suficiente. Junto a ele estavam Shikamaru, com a cara de paisagem de sempre e um cigarro entre os dedos, e Lee, que sorria tanto que parecia que seu rosto ia rasgar.

— Já estão aqui há muito tempo? – perguntei, fazendo a educada, já que não me importava muito.

— Uns cinco minutos. – Lee respondeu, um pouco mais contido do que Naruto. Falando no loiro, olhei para ele com a sobrancelha arqueada.

— É muito tempo! E ainda temos que esperar a loira mal humorada.

Fiquei esperando Shikamaru defender a Temari, mas ele nem se moveu. Deu uma puxada no cigarro e soltou a fumaça para o ar, bem de boas nas lagoas. Não prestava para nada mesmo.

— Se a Tema te ouvir falando isso, vai arrancar suas bolas de seu saco escrotal e irá tritura-las enquanto você assiste. – eu resolvi assumir a defesa de minha amiga, lógico, já que o namorado dela não o fazia.

Depois de ter dito isso, todos os homens, inclusive Shikamaru, fizeram uma cara de puro desgosto, provavelmente imaginando a cena de suas bolas sendo trituradas.

— Credo, Sakura. Que horror! – Naruto, sendo o mais dramático de todos, chegou a colocar as mãos em frente a sua calça, como se estivesse protegendo suas joias preciosas.

Apenas revirei os olhos com toda aquela fragilidade masculina, e me sentei em um dos bancos de pedra polida da universidade; como o dia estava frio, apesar do sol ter dado as caras, o banco estava uma verdadeira pedra de gelo, e quase congelou minha bunda. Fiz uma careta, enquanto todos me observavam.

— Por isso não sentamos, hehe. – Lee disse, sendo simpático como sempre. Obrigada por avisar antes, rum.  

— Que isso, está tão gostoso, adoro frio. – falei, mexendo um pouco a bunda para me certificar de que não estava colada ao banco. Os meninos continuaram de pé, e logo outra conversa começou, sobre algum jogo novo ou algo assim.

Não prestei muita atenção, já que o frio corroía minha alma, mas eu que não levantaria e mostraria que era uma fraca; aguentei. Tremendo até os ossos, mas não me movi. Tirei um par de luvas de dentro da mochila, coisa que sempre deixava lá, já que o tempo podia ficar ainda mais frio do nada, e as coloquei; não adiantou muita coisa, a não ser para fazer Sasuke dar um sorrisinho sarcástico de lado.

Maldito.

Ele se aproximou de Shikamaru, e, para minha surpresa, pediu um cigarro; acendeu como um profissional, deixando o rolinho entre os lábios, enquanto trazia a chama do isqueiro para perto. Soltou a fumaça branca e suspirou.

No meio tempo, eu o encarava com a expressão de mais pura surpresa, já que eu não fazia ideia que ele fumava, afinal, nunca o tinha visto fazer isso. Não que eu me importasse, já que também puxava fumo de vez em quando, e fazer isso no frio dava uma sensação boa, uma quentura bem vinda – mas não indico fazer isso, viu. Cigarros matam! Te deixam impotente! Te dão câncer!

Enfim, Sasuke se aproximou de mim, também se sentando no banco e me mandando um sorriso e uma piscadela. Como todos estavam entretidos em suas conversas, ele não se importou em se aproximar mais de mim; nossas pernas se encostaram, e ele até chegou a por o braço por trás de mim no banco. Era uma pose de quem não quer nada, mas meu coração esquentou ao perceber que era uma tentativa de me aquecer um pouco. Ele tirou o cigarro da boca, soltando a fumaça bem na minha cara.

— Porra, Sasuke! Vou ficar fedendo agora. – reclamei, enquanto afastava a nuvem que pairou por alguns segundos ao meu redor.

— É para te esquentar. – o bastardo disse, sem deixar de sorrir. Dei-lhe uma cotovelada, cruzando os braços logo depois.

— Não sabia que fumava.

— Tem algum problema com isso? – revirei os olhos, balançando a cabeça.

— Querido, se você quiser inalar fumaça pros seus pulmões, não é problema meu. Depois só não venha querer flores no hospital, porque eu não vou levar.

Ele riu pelo nariz, encostando o braço em meus ombros e me dando um beliscão no braço.

— Você é má.

— Sou mesmo. – dei de ombros, aproveitando o calor que sua palma transmitia em meu braço. Era confortável ficar daquela forma com o Sasuke, admitia. E, se nossos amigos não estivessem ali, eu teria puxado ainda mais o seu braço, talvez até pedido para ele sentar sobre mim, assim me esquentava mais.

— Eu fumo às vezes. Não é um habito. – ele respondeu minha pergunta anterior, dando um ultimo trago no cigarro e oferecendo a mim o toco, que eu gentilmente recusei. — Gosto de fumar quando está frio assim. Ou quando estou estressado com algo.

— Hm...Entendi.

— Já experimentou? – ele apagou a bituca do cigarro no banco, guardando-a para jogar no lixo depois.

— Pff, sim. – revirei os olhos. — Minha mãe sempre fumou, só que ela é viciada; uma vez, quando tinha uns quatorze anos, e estava naquela fase de adolescente rebelde, resolvi pegar um dos cigarros dela para experimentar. Foi horrível, quase tossi meu pulmão para fora.

Sasuke riu, provavelmente imaginando a cena da pobre Sakura mais nova, tossindo por um bom tempo depois de pegar um cigarro escondido.

— Depois, quando entrei para o cursinho, passei a fumar com os amigos, só para fazer a social mesmo. – continuei minha história, encarando o chão gramado e nossos pés próximos um ao outro. Nossas botas eram muito parecidas, se não fosse pela minha ser brilhosa e a dele um pouco mais rustica. — Até hoje só fumo quando bebo.

— Uau, não sabia que era tão descolada assim.

— E eu não sabia que era tão ridículo. Olha só, estamos empatados. – rebati, fazendo ele rir novamente.

Estava bem soltinho ele, que gracinha.

— Ei, o que os pombinhos tanto conversam? – Naruto, a vela ambulante que não se toca quando está interrompendo um momento de pura ligação, resolveu parar de conversar com os meninos e veio para perto da gente.

— Pombinho? Não estou vendo nenhum pombinho aqui. Você está, Sasuke? – me virei para o moreno, que encarava o loiro com puro tédio.

— Não. Só vejo uma galinha magricela. – Naruto nos olhou indignado com as ofensas.

No entanto, antes que ele pudesse responder, ouvimos Temari chegar, junto a Tenten. Já disse que amo a Tenten? Ela é uma linda! Pena que nem sempre andava com a gente.

— E aí, palermas. – Temari disse, chegando perto de Shikamaru e dando-lhe um beijo rápido.

— Até que enfim a loira de farmácia chegou. – Naruto, que não temia pela vida dele, disse, cruzando os braços.

— Quem é loira de farmácia aqui?

— Oi, gente. – Tenten, vendo que o negocio ia ficar feio e que logo vários fios de cabelo loiro iriam voar por aí, resolveu intervir.

— Oi, Ten! – me levantei e fui em direção a ela, deixando Sasuke para trás. Tenten sorriu, me dando um beijo no rosto. — Como vai?

— Tudo bem. Acabei de sair de uma prova, acho que fui bem.

— Com certeza, amiga, você arrasa!

Já que o restante do grupo tinha chegado – Chouji já estava na fila do restaurante, lógico -, resolvemos ir almoçar. Fiquei ao lado de Tenten e de Temari, conversando sobre bobices da vida, mas de vez em quando olhava por cima do ombro, vendo o que Sasuke estava fazendo. E toda vez que o olhava, ele também se virava para mim; nosso olhar se encontrava, e eu virava rápido, com vergonha por ter sido pega em flagrante.

É. Eu estava ferrada mesmo. Ferradinha da Silva.

Chegamos ao restaurante e depois de esperar um bom tempo na fila, conseguimos entrar. A comida principal do dia era lasanha, algo que eu absolutamente amava, mais do que qualquer outra coisa na vida, mais até do que o Joey, meu elefantinho. Peguei uma fatia enorme, lógico, um potinho de gelatina de sobremesa e um copo de suco.

Como sempre, chegamos a nossa mesa, e começamos a comer.

Nada de demais aconteceu, quer dizer, uma coisa aconteceu sim. Ino, lembram? Minha outra colega de dormitório, a loira chata, que adorava implicar com Temari e comigo? Então, ela apareceu no refeitório. Vi sua cabeleira loira de longe, com aquele rabo de cavalo à la Ariana Grande que ela usava. Como sempre, estava toda maquiada, usando um moletom pela metade, acho que é cropped que fala, uma calça jeans alta e botas que iam até a coxa. Ou seja, Ino tinha virado Kardashian e ninguém avisou.

Bem, não me importei muito com ela, já que ela tinha amigos, acho eu, então continuei engajada num assunto super interessante com Lee.

— Pois eu acho que o Chelsea é bem melhor do que o Manchester United. – Lee dizia, tentando defender seu time de coração com todas as forças que tinha.

— Não, não, não. Você não assistiu ao ultimo jogo? MU está arrasando nos jogos, e deu uma saraivada no Chelsea.

— Tsc, depois de muito tempo, né? – ele revirou os olhos. Sim, ele revirou os olhos. O Lee! Nunca achei que isso fosse acontecer. — Ganhar um jogo não quer dizer absolutamente nada.

— Lee, você sabe as regras do futebol, certo? Ganhar um jogo diz algo sim. Que um time é melhor que o outro, ora essa.

— Argh, Sakura, Sakura... Por que diz isso? Eu te admirava tanto. – ele parecia realmente chateado, enfiou um pedaço de lasanha na boca e mastigou com todo o desgosto do mundo. Como se fosse um pai decepcionado com um filho que fez bagunça.

— Ué, e eu não posso ter minha opinião? Que, aliás, está correta!

— Não está não. Olha só...

Ele ia começar a explicar e dar seus argumentos, e eu estava pronta para ouvir, se não fosse pela presença inusitada de ninguém mais, ninguém menos, do que Ino Yamanaka. Aliás, todos da mesa se viraram para olhá-la, vendo que ela estava parada como um dois de paus em nossa frente, sem dizer nada. Franzi o cenho, sem entender o porquê dela estar ali. Olhei para Temari  brevemente, percebendo que ela também estava confusa.

Ino, que nos encarava com o nariz empinado de sempre, apesar de algo não parecer certo com ela, finalmente resolveu dizer algo.

— Oi, Temari, Sakura. – ela nos cumprimentou, e as palavras saíram de sua boca como se tivesse nojo.

— O que quer Ino? – Temari tomou a frente, sendo direta como sempre. Ela não gostava de Ino, e também não disfarçava.

Os demais presentes na mesa ficaram se encarando, confusos.

A loira número um, ou dois, não me lembro mais, respirou fundo.

— Posso...- ela começou, mordendo o lábio por um segundo antes de continuar. — Posso me sentar com vocês?

Minha boca foi ao chão, enquanto uma das sobrancelhas bem feitas de Temari se arqueava.

— Oi? – resolvi me pronunciar, sem entender nada. Ino bufou, apertando a bandeja que segurava com um pouco mais de força.

— Nada, deixa para lá. – ela se virou para sair, mas o outro loiro, Naruto, resolveu impedi-la.

— Ei, claro que pode. Temos sempre espaço para uma gatinha, como você.

Tive que beber um pouco de suco para evitar que a lasanha voltasse; Naruto sorria sedutoramente para Ino, que não era boba, lógico, e logo retribuiu o sorriso.

— Senta aqui, ó. – Naruto apontou o assento onde todas as nossas mochilas ficavam, e jogou-as no chão sem nem mesmo pedir.

Ino assentiu, indo rebolando mais do que o necessário na direção em que Naruto apontou; me virei para Temari, e ela revirou os olhos, como se dissesse “vai entender”.

— Qual seu nome, gata? – Urgh, Naruto falando daquele jeito era nojento, sério.

— Ino Yamanaka, a seu dispor. – ela se aproximou dele e deixou um beijo bem estalado na bochecha dele, o que o fez sorrir tão abertamente que quase rasgou a face.

— Naruto, prazer a todo momento, em qualquer posição.

Sim, ele disse isso, deixando o clima na mesa o mais desconfortável possível. Ino mordeu o lábio, enrolando uma mexa de cabelo entre os dedos, fazendo um joguinho de sedução mais manjado do que tudo.

— Então, pessoas, a Ino é nossa parasi, digo, colega de quarto. – disse, como uma forma de alfinetá-la em um lugar onde poderia ser defendida, e também para cortar a aura estranha que tinha se formado ali entre nós.

— Oh, não sabia que vocês tinham uma colega de quarto. – Tenten fez a educada, como sempre, e sorriu para Ino.

— É, ela é tipo o Voldemort, não pode ser mencionada. – Temari se meteu, tomando um gole de seu suco de uva, como uma verdadeira rainha. Quase aplaudi.

— Ahm... – Tenten limpou a garganta e estendeu a mão para uma Ino muito puta da vida. — Sou Tenten, prazer.

— Igualmente.- a loira respondeu, apertando a mão da pessoa mais legal da face da terra.

— Enfim, o que faz aqui, Ino? Cadê os seus amigos super legais e nem um pouco esquisitos? – Temari tornou a perguntar, sem se importar em deixar todo mundo desconfortável com a visível raiva entre as duas.

Ino respirou fundo, fazendo muito esforço para sorrir ao invés de tacar a faca de serrinha em suas mãos em direção a Temari.

— Bem... Resolvi mudar de ares hoje. Sabe como é?

— Não, não sei. – a loira número um (sim, ela era a UM) rebateu. Todos, menos Sasuke, que comia sua lasanha com a tranquilidade de um monge, focaram a atenção na treta se formando ali.

Um lado da boca de Ino se remexeu, como em um tique nervoso, e eu tive que por a mão na boca para não rachar de rir; ela estava tão visivelmente nervosa que era cômico.

— Minha amiga, Jessie, não veio à aula hoje.

— E não tem nenhum peguete seu por aí não?

Ino ficou vermelha, apertando a faca em sua mão com cada vez mais força. Naruto soltou uma tossida, Shikamaru murmurou um “problemáticas”, Chouji aproveitou a distração de todos e surrupiou um pedaço de lasanha de Tenten, que estava bem atenta a tudo que estava acontecendo. Já eu mordia o lábio enquanto mirava, disfarçadamente, a câmera do celular na direção das duas. Eu queria ter o vídeo para poder rir um pouco mais depois.

— Não. – Ino rebateu, furiosa.

— Que estranho. Eu podia jurar que já vi você com boa parte dos caras daqui. – ela deu uma olhada ao redor, como que para confirmar o que estava dizendo.

— Tsc, já chega. Vou comer em outro lugar. Prazer em conhecer vocês. – ela se levantou de súbito, e sem dizer mais nada, nem olhar para trás, saiu de perto da nossa mesa.

Antes de ir, contudo, pude jurar que vi os olhos azuis dela cheios de delineador marejados; mas achei que tivesse sido apenas impressão minha. Quando ela finalmente arrumou outra cadeira para sentar, Temari virou para mim com um sorriso vitorioso.

— Te amo, Tema. – falei, mandando um beijo em sua direção.

— Nossa, o que foi isso? – Naruto perguntou, encarando a nós duas com o cenho franzido. — Precisava humilhar a garota?

— Vocês não conhecem ela. – respondi, indo em defesa de Temari, apesar dela não precisar. — Ela é má, até recusou nossa amizade!

— Ainda assim, não tinha necessidade de fazer aquilo. – o loiro estava falando sério, por incrível que parecesse. Ele se levantou, pegando a bandeja já vazia. — Estou decepcionado com vocês.

Abri minha boca, sem entender bulhufas daquele comportamento. Temari apenas deu de ombros, voltando a comer. Observei Naruto ir até a mesa onde Ino tinha arrumado, sentando-se em frente a ela e abrindo aquele sorriso que só ele sabia dar. Não gostei nada daquilo. Nadica mesmo.

— Acho que você pegou pesado. – Shikamaru resmungou, o que fez Temari ficar raivosa imediatamente.

— Olha só, tão com pena dela? Podem levar para casa. Ela come mais do que uma porca, rouba suas coisas sem pedir permissão e ainda fala mal de você pelas costas. – ela disse, se levantando também e pegando a bandeja.

Antes que alguém pudesse dizer qualquer coisa, ela saiu, indo em direção aos lugares onde ficavam as bandejas usadas; observei-a saindo do refeitório, sem sequer olhar para trás.

— Tsc, problemática. – Shikamaru murmurou, também pegando a bandeja e resolvendo ir em direção à namorada.

Acharia fofo, se não estivesse tão chateada. De longe, ainda via que Ino e Naruto conversavam amigavelmente.

Terminei de comer minha lasanha sem vontade, e também levantei.

— Você também vai, Sakura?- Tenten perguntou, me olhando confusa.

— Eu tenho que trabalhar daqui a pouco. – tentei justificar, mas não adiantou muito, claro. Ela assentiu, fazendo um bico. — Até amanhã, gente.

Peguei a bandeja e saí de lá, sem nem me despedir do Sasuke direito. Tinha até esquecido do coitado no meio daquela confusão sem pé, nem cabeça. Saí pisando fundo, com ainda mais raiva da Ino por ter se metido com nossos amigos daquela forma e ter saído de vitima.

[...]

Depois de ter chegado ao trabalho, antes do meu horário, resolvi começar a organizar as coisas que tinha que fazer; aproveitei o tempo livre para dar uma lida no texto do trabalho que tinha com Sasuke, e me distrai da raiva de antes. Temari tinha me mandado uma mensagem dizendo que ficaria com Shikamaru naquele dia, para piorar ainda a situação, já que teria que ficar sozinha com Ino em casa. Mas fazer o que né? Essas eram as vantagens de ter um namorado. Enquanto isso, Sakura permanecia sozinha, sem ter para onde fugir.

Faltando poucos minutos para o horário do expediente, Sasuke apareceu. Foi em direção ao seu armário, tirando de lá o uniforme da livraria, e indo em direção ao banheiro para se trocar; eu continuei lendo, apesar de sua aparição ter tirado toda minha atenção e tudo o que eu lia não era retido. Saco.

Cinco minutos depois de ter entrado, ele saiu, já com as roupas.

— Que cara de cu é essa? – ele perguntou, jogando sua mochila dentro do armário e sentando ao meu lado, em um banquinho que tinha ali.

Suspirei, encarando-o com o canto de olho.

— Temari vai dormir no dormitório de Shikamaru, e vou ter que encarar a loira do banheiro sozinha. – reclamei, fazendo um muxoxo. Sasuke, por sua vez, apenas revirou os olhos.

— Aquela ceninha no refeitório foi ridícula. Me senti no colegial novamente.

— É assim que me sinto quando você e Naruto começam a se morder. – rebati, cruzando os braços.

— Não é a mesma coisa.

Ficamos em silêncio; apesar de concordar, depois de muito analisar, que a cena tinha sido bem infantil e sem necessidade – mesmo que Ino merecesse muito ser destratada, afinal, ela tinha deixado claro que não gostava da gente e queria se ver longe -, eu não precisava que Sasuke ficasse pagando de adulto.

Senti uma dor em meu braço, e percebi que ele tinha me dado um peteleco naquela região. Quando virei o fuzilando, dei de cara com aquele sorriso de lado.

— Por que vocês não gostam dela?

— Ainda pergunta? Não viu a cara de esnobe dela?

— Não prestei muita atenção, para ser sincero. – ele deu de ombros.

— Bem, ela é uma chata. Disse para nós que nos achava esquisitas e que não queria andar com a gente.

— Mas vocês são esquisitas mesmo. – me virei para ele pronta para lhe dar um murro, mas parei ao ver o sorriso sarcástico.

— Como se você fosse muito normal. – resmunguei, revirando os olhos.

— Nunca disse que era.

— Pff.

Voltamos a ficar em silêncio, mas não era um silêncio incomodo ou constrangedor. Era apenas um silêncio em que não precisávamos dizer nada um para o outro. Simples.

Fiquei encarando minhas unhas com o esmalte descascado, e pensando nas armadilhas que faria em casa, para que Ino não me matasse enquanto estivesse dormindo. No entanto, saí de meus pensamentos quando senti o braço de Sasuke ao meu redor, me trazendo para mais perto dele; tanto que consegui sentir seu perfume. Virei para encará-lo, confusa, e então ele me beijou. Foi rápido, como Shikamaru e Temari faziam quando se viam. Um dos dedos dele acariciou minha bochecha, e ele deu outro sorriso, daqueles que faziam meu coração bater mais rápido.

— Se quiser, pode ficar lá no dormitório.

Eu quase morri, enfartei, tive um derrame, um aneurisma, qualquer coisa que possa pensar que seja súbito e mortal. Engoli em seco, sentindo o rosto esquentar muito, o que fez o sorriso dele aumentar.

— C-como assim?

Ele revirou os olhos negros.

— O que não deu para entender? – gentil, como sempre. — Fique lá no meu dormitório. Você pode dormir no sofá, ou na cama de Naruto, eu expulso ele de lá.

Ri, imaginando a cara de indignado de Naruto ao ser expulso de sua própria cama, como um cachorrinho. Sasuke continuou o carinho em meu rosto, e era tão bom que eu poderia senti-lo para sempre.

— Ele está com raiva de mim, eu acho. – murmurei, voltando a ficar chateada ao lembrar de Naruto com Ino.

— Tsc, Naruto não consegue ficar com raiva por mais de dois minutos. Não se preocupe.

— Bem... Se for assim. – tentei fingir que meu coração não estava tão acelerado que achei que fosse morrer de verdade. Ele sorriu, assentindo.

— Então tá.

Me deu mais um beijo rápido, antes de se levantar e sair da sala, me deixando sozinha, vermelha e com o coração aos trancos. No entanto, não pude evitar sorrir como uma boba.

Ok, ele poderia não estar perdidamente apaixonado por mim, mas ele gostava de mim, nem que fosse um pouquinho. Afinal, se não gostasse, porque se importaria tanto comigo?

Levantei do banco mais animada e alegre do que quando tinha sentado; até que o dia não seria tão ruim, no fim das contas. E tudo graças a Ino e sua aparição nem um pouco desejável.

 

 

 

 

 

 

 

 



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