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História Orgulho, preconceito e tecnologia - Orgulho, preconceito e tecnologia


Escrita por: Pibidfiction

Capítulo 1 - Orgulho, preconceito e tecnologia


 

Point of view -  Elizabeth Bennet

É uma verdade universalmente aceita que um ser humano, uma vez sob o efeito de uma nova invenção, necessite de outra para suprir ainda mais o desejo do conforto diário. Fato que acabou por cair em conhecimento da minha cidade e do resto do mundo em momento desconhecido por mim. Não sei dizer o dia ou momento onde tudo mudou, quando me dei conta havíamos todos caído no feitiço compulsivo por novidades tecnológicas.

 – Me espanta ver sua habilidade em computadores, Sr. Darcy - Caroline fala com seu tom de deboche usual.

Eu estava reunida na casa Chatsworth com Mark Darcy, Charles Bingley e sua irmã, Caroline Bingley. Discutíamos assuntos sem importância enquanto cada qual possuía em suas mãos seu respectivo celular, com exceção do Sr. Darcy, que agora consertava o computador de Caroline no canto da sala.

– Habilidade necessária num presente onde as coisas mais importantes estão gravadas em bytes e mensagens codificados dentro dessa pequena caixa de termoplástico. - Mark responde com desdém.

– Noto um certo tom irônico em sua indagação, Sr. Darcy? - Carolina perguntou mais uma vez. – Leu o artigo entregue pelos correios? (Se tratava dos avanços da sociedade em detrimentos da tecnologia). – Não é irônico que tal artigo tenha sido feito e entregue em papel?

– Pelo contrário, uma pessoa que tem acesso e usa diariamente computador e celular já está bem ciente de tais avanços. Mas pessoas que ainda se dão ao trabalho de ler artigos entregues pelo correio? Interessante seria a palavra ideal para tal atitude. - Ele rebate a afirmação de Caroline.

– E qual a sua opinião sobre isso, Sr. Darcy? - Pergunto tirando a minha atenção da tela do celular. – O que pensa sobre esse nova vício humano e nossa dependência?

– A sociedade se inutilizou, vivemos num mundo em que não precisamos de humanos para fazer praticamente nada. Consertar um computador? Outro computador ou máquina poderia fazer esse meu serviço de maneira mais rápida e prática. Deixamos de valorizar nossa existência.

 Um breve momento de silêncio se fez presente no local, me pergunto se deveria opinar.

– De fato é muito hipócrita, Sr. Darcy. - O mesmo me encara de forma surpresa. – Pergunto para você, qual era a principal causa de morte de mulheres no passado, além de, é claro, a violência?

– Gravidez, sem dúvida.

– Ainda hoje as estimativas são bem altas mesmo com toda a tecnologia. E as estatísticas mostram que se as condições passadas fossem as mesmas até hoje, quase não existiriam mulheres no mundo. Agora colocando algo tão importante quanto a gravidez em evidência, que é de fato a causa de toda existência humana, você ainda acha que a tecnologia inutiliza os humanos? - Questiono o mesmo que continua me encarando. – Pessoas que fazem compras online são vistas como preguiçosas e escravas da modernidade por pessoas como você, mas tais pessoas esquecem de analisar que a habilidade e técnica de horta e plantações em si já foram avanços tecnológicos.

 – Está me dizendo que apoia o vício e dependência da nossa sociedade em pixels?

– Seu horizonte é muito limitado, Sr. Darcy. Tecnologia não tem a ver apenas com máquinas ou mundo virtual. É tudo a nossa volta que nos fez evoluir. A lança para caçar e a roda para transportar foram tecnologias e mesmo assim ninguém as menciona quando sugerem para nos desligarmos da tecnologia, não é? - Solto uma pequena risada irônica. – A verdade é que o ser humano já está viciado e dependente de tecnologia há muito tempo. Certo? Errado? Não tem importância, é o rumo que estamos indo. - Termino de falar e volto minha atenção para timeline do meu Instragram.

Não sou tola o suficiente para não entender que ele poderia estar se referindo ao mundo virtual, minha incrível satisfação em contrariá-lo falava mais alto. Enquanto passava as inúmeras fotos, dando likes em paisagens e fotos, percebia o quão vazio isso parecia, porque damos tanta importância ao coração e às notificações?

–Esses momentos com você, senhorita Bennet, são sempre agradáveis. - Mark diz com sua expressão séria de sempre e se levanta. Caminha até o sofá onde estava sentada e inclina cabeça para me encarar. – Seu ponto de vista é… Interessante, Elizabeth, no entanto prefiro ser um hipócrita a alguém que mergulha cegamente em tudo que o ser humano inventa. Sempre há um limite , senhorita Bennet.

– E onde seria ele, Sr. Darcy?-- Eu pergunto o encarando.

– Quando dermos mais importância ao mundo virtual… - Ele aponta para meu celular que tinha a foto do céu na tela, eu acabará de dar like. - Que ao real...  - Ele agora aponta para janela grande no canto da sala, por onde entrava a luz do sol denunciando um dia de céu limpo e sem nenhuma nuvem. – Já ultrapassamos o limite.

Assim que termina de falar o Sr. Darcy se endireita e se retira da sala.

– As discussões de vocês sempre me deixam confuso. - Charles se pronuncia pela primeira vez soltando uma risada, mas logo volta a atenção ao que estava fazendo antes.

Observo em volta e vejo Caroline mexendo em seu notebook recém concertado e Charles em seu celular, vim passar um tempo em sua casa, mas aproveitamos a presença um do outro tanto quanto quando eu estou em minha casa. Bloqueio a tela e jogo o meu celular de lado.

Bruno Eduardo Santos 



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