1. Spirit Fanfics >
  2. Origem >
  3. Festa para novatos?

História Origem - Festa para novatos?


Escrita por: Ckjima

Notas do Autor


Tudo tão confuso...
Me sinto tão perdido diante de tantas cores, tantos sabores, tantas palavras...
Desejo por toda a parte, homem, mulher, qual a diferença?
Eu sinto meu corpo responder ao chamado...

Capítulo 8 - Festa para novatos?


Fanfic / Fanfiction Origem - Festa para novatos?

            Todos os alunos estavam no auditório quando uma mulher entrou, usava uma farda azul marinho, a saia cobria os joelhos e os sapatos eram de salto alto, ela segurou o mesmo dispositivo usado na reunião no dia anterior.

—Bem vindos calouros da unidade de humanas, sou Drª Grooves, titular em Ciências Intelectuais e, hoje, vocês iniciarão o semestre, não se preocupem com o sistema de estudos que será a continuidade do que vocês já estudavam anteriormente, acredito que estão cientes de todos nossos esforços para despertar e lapidar o talento de vocês, juntos, os conhecimentos e aptidões naturais os oferecerão o material necessário para a habilidade, o desenvolvimento intelectual e a possibilidade de se tornarem grandes profissionais, lembrem-se dessas palavras nos momentos difíceis, nos momentos de dúvidas, procurem os orientadores, profissionais responsáveis pelo aprimoramento intelectual, tenham um bom dia, obrigada pela atenção.

            Os nomes apareciam nos painéis eletrônicos e dispositivos e as salas onde deveríamos comparecer, os horários das aulas, a duração das aulas, os nomes dos tutores da matéria, publicidade interna começou a apitar em meu dispositivo e um garoto ruivo se aproximou.

—Abaixa essa coisa – ele apontou para meu dispositivo e eu apertei o botão cortando o som.

—Sou Chris – murmurei —Estou ainda me acostumando com esses avisos.

—Sou Alan – ele respondeu —Estão incomodando você? – Ele puxou o dispositivo da minha mão e começou a selecionar ícones e desabilitar coisas enquanto eu o encarava sem conseguir impedi-lo – Bom acho que isso irá resolver... – Ele entregou o dispositivo e deu um sorriso —Ae, vai à festa que tá todo mundo falando?

—Festa? Que Festa? – perguntei olhando para ele enquanto ele puxava o dispositivo e abria o convite eletrônico onde carregava a mensagem virtual, era uma reunião de pessoas em um local com pouca iluminação, eu já havia visto aquilo nas películas do passado, Rave, balada, algo assim, eu tentava pensar enquanto a imagem tridimensional brilhava em luzes e garotas dançavam, garotos bebiam coisas coloridas em copos transparentes —Parece divertido – murmurei enquanto ele me encarava com as sobrancelhas franzidas – O que foi?

—Você veio da Origem? – ele perguntou como se eu fosse um paciente zero.

—Sim... Qual o motivo da surpresa? Parece até que sou um extra-terrestre – murmurei irritado.

—Desculpa, é que vocês são muito raros por aqui... – Alan respondeu acenando e desapareceu entre os outros alunos enquanto eu fechava o tal convite e corria para o laboratório 22 E onde meu nome estava piscando, pelo visto estava novamente atrasado.

            Qual é a sensação de você entrar em um local e todo mundo está virado em sua direção o encarando como se você tivesse disparado o míssil que deu inicio a uma guerra? Sabe como eu me sentia quando entrei no laboratório? Eh, exatamente assim, as minhas bochechas deveriam estar púrpuras e eu praticamente queria gritar para pararem de me encarar, enquanto um homem vestindo uma farda verde musgo levantava o dedo e me apontava uma cadeira vaga na última fileira, saí subindo as escadas laterais com a cabeça baixa ignorando os olhares e comentários que chegavam aos meus ouvidos enquanto o homem aguardava.

—Antes de mais nada, o horário de nossas aulas estão no quadro de avisos e alertas, se não receberam procurem o serviço de suporte e o dispositivo de vocês serão avaliados e as notificações voltarão à alertá-los e evitar que todos percam tempo por causa de seus problemas, Sou Chase, M.D. estou aqui para o estudo morfológico do D.N.A e a análise das principais doenças que ainda assolam nosso sistema solar, como vocês sabem, após a terceira guerra mundial e a disseminação da AIDS XIV, a O.N.U. entrou em acordo com a maioria dos países e criaram a universalização dos nomes das doenças em números, portanto quando eu digo que eu fui portador de 235950 eu estou dizendo que sofri de? Alguém sabe?

—Gripe aviária, também conhecida como Influenza, Gripe suína entre outras – uma garota asiática respondeu enquanto todos a observavam curiosos.

—Muito bem senhorita Lee – o professor Chase ergueu os dedos e continuou a aula enquanto eu respirava fundo e tentava me concentrar, esquecendo a terrível entrada anterior, aos poucos a aula me absorveu e quando percebi o professor já recebia o relatório virtual do material genético que havíamos manipulado nos microscópios, rapidamente enviei meu relatório e me levantei enquanto os outros alunos me esperavam andar e deixa-los descer as escadas, estava guardando o dispositivo quando uma garota com cabelos pretos pintados de verde nas pontas se esbarrou em mim.

—Desculpe-me – falei polidamente enquanto ela me encarava e sorria.

—Está tudo bem – ela respondeu e eu dei de ombros

           —Seu primeiro dia? – perguntei olhando para seus cabelos.

—Não é o seu? – ela perguntou enquanto andávamos rumo à saída.

—Está brava comigo? – perguntei tentando entendê-la.

—Não... – Ela deu um sorriso de lado bem irônico —Chase me odeia... Só isso...

—Por quê? – perguntei encarando a menina que era bem bonita, tinha olhos castanhos grandes e usava aquelas maquiagens escuras que o deixavam em evidência e seus lábios eram carnudos e pintados em um tom de terra, desviei os olhos de seu rosto e vi a farda azul marinho e achei engraçado, de repente me senti estranho, era o único de farda branca no meio de todos eles.

—Eu não tenho o costume de “frequentar” a classe... Sabe o que eu quero dizer? – a garota disse ironicamente e deu um sorriso que me fez lembrar as mulheres dos vídeos, algo que despertava meu lado masculino, ela tinha um sorriso quente, sensual, ao mesmo tempo irônico, não sabia exatamente o que era aquele sorriso, nunca havia visto uma mulher sorrindo daquele jeito.

—Você não gosta de estudar? – perguntei franzindo as sobrancelhas e ela soltou uma risada.

—Não é isso seu bobo... – A garota segurou minha mão que suava e ela fez uma careta —Ergh você está suando? Quer trepar comigo? Não pode conversar com uma garota sem querer transar?

—Nossa... – me afastei dela piscando os olhos —Desculpa, não é isso, eu fico nervoso em ambientes desconhecidos e, depois do que aconteceu no inicio das aulas... Acredito que suar é a melhor coisa que aconteceu comigo, poderia ter feito algo pior como tropeçar, cair e outra bobagem... – respondi enquanto ela franzia as sobrancelhas e respirava fundo.

—Desculpa... Eu esqueço que vocês da Origem não tem muito contato com... com... – ela ficou gesticulando me encarando e finalmente concluiu a frase —Esse tipo de novidade...

—Nossa vocês são tão estranhos o que acontece? De onde você vem? Por que vocês sempre me dizem essas coisas? Não estou acostumado ver pessoas da Origem aqui, vocês não... O quê é a Origem para vocês? – murmurei irritado com aquelas pessoas.

—Origem... – ela deu de ombros —Vocês produzem alimentos para alimentar o planeta, não é? Eu não estou ofendendo você, se você acha isso não é isso... É apenas que quando se fala da Origem dizem das privações, vocês tem que trabalhar, não tem diversão, que os adolescentes estudam arduamente para terem uma chance de vir à capital fazer os testes... – ela deu de ombros enquanto eu a encarava surpreso —Tudo que eu sei é que vocês ou estudam ou se tornam trabalhadores.

—Você não? – perguntei tentando entender o que ela acabara de dizer.

—Não... – ela disse sorrindo —Eu venho de Seapie – ela deu de ombros —Vênus você lembra do sistema solar antigo? Depois da guerra os planetas foram colonizados e minha família veio de lá.

—Seapie? – murmurei olhando para a farda – Quer dizer que a farda é o seu planeta?

—Branco é a terra ou Origem, Azul é Seapie... Verde é Leafpie e assim por diante?

—Sim – ela deu de ombros – A proposito me chamo Alexa.

—Chris – disse lhe apertando a mão e ela riu.

—A gente se vê por aí... – Alexa puxou o dispositivo e olhou para a tela.

—Ei... Alexa – saí correndo atrás da garota e ela me encarou —Você vai à festa para os calouros?

—Ah... É hoje? – ela balançou a cabeça e riu —Você vai suar muito quando entrar na festa... – Ela respondeu e saiu correndo se misturando aos alunos enquanto eu a perdia de vista.

            Salões com diversos andares e cadeiras sequenciadas onde os alunos se sentavam enquanto as aulas eram apresentadas pelos professores e tutores, havia testes, havia perguntas e o dia transcorreu sem muitas novidades, alunos eram alunos, professores eram professores, alguns mais simpáticos outros totalmente idiotas, nada iria mudar isso, quando saí do laboratório principal, peguei um corredor e fui ao refeitório, queria comer algo, a comida servida dentro do laboratório era uma coisa nutritiva e nojenta, comida obrigatória, um suplemento de vitaminas, cálcio, sais minerais, proteínas, carboidratos que estimulavam nosso intelecto, todos alunos recebiam a mesma refeição e aquilo era terrível, estava na fila quando Liam passou e eu assobiei e ele olhou em minha direção.

—O que foi? – Liam parecia irritado com meu assobio.

—Não posso mais assobiar para chamar sua atenção? – perguntei surpreso.

—Não sou seu amiguinho, sou seu Mestre esqueceu? – Liam respondeu seriamente.

—Desculpe-me – disse ironicamente enquanto ele me encarava sem expressão.

—Precisa de alguma coisa? – Liam perguntou secamente e eu o encarei surpreso.

—Uma festa para os calouros... Sabe onde é? Estava pensando em ir... – disse olhando em seus olhos enquanto ele soltava uma risada com os lábios fechados levemente provocativa.

—Aonde é essa “festa”? – Liam cruzou os braços me encarando enquanto eu procurava o convite na correspondência e ele me encarava com a sobrancelha levantada.

—O que foi? – perguntei enquanto procurava o convite.

—Sabe jogar o lixo fora? – Liam olhou para as mensagens e eu o encarei piscando os olhos —Você acha que consegue achar esse convite?

—Não sei onde foi parar... – murmurei olhando a correspondência que se acumulava na tela e ele balançava a cabeça.

—Pega a sua comida – Liam pegou o dispositivo e começou a perguntar o que era lixo e o que era para guardar enquanto eu comia —Chris você precisa se organizar melhor senão vai ficar perdido, se você não conseguir controlar seu dispositivo vai perder aulas, perder tarefas e acabará sendo notificado e poderá ser expulso por inadequação, sabe o que isso significa?

—Errr – falei com a boca cheia e ele balançava a cabeça —Voltar para a Origem?

—Você é meu amigo, eu gosto muito de você, mas não consigo salvar você se receber notificações, posso até me tornar seu tutor, mas, você precisa se adaptar, as coisas aqui são bem mais agitadas do que na escola, você entende? Eu por exemplo, tenho um treinamento em três minutos, posso me atrasar embora isso me causara problemas posteriores, mas eu controlo meu tempo, não o contrário, entendeu isso Chris? Você quer ir a essa festa? – Liam abriu o convite e a imagem tridimensional repetia, as luzes, a musica, as garotas dançando —Você precisará de um carro, esse lugar fica longe daqui.

—Pode ir comigo? – perguntei abrindo um sorriso e o encarei com minha cara pidona.

—Vou ver o que posso fazer... – Liam respondeu exalando e pegou seu dispositivo enquanto eu terminava de comer —Tudo bem, te vejo às sete... Você tem roupas normais sem ser da academia e fardas?

—Não... – respondi enquanto ele me encarava —O que é Liam?

—Bro, fica sabendo que esse lugar é muito maluco, você vai pirar com o que acontece por lá... – Liam murmurou enquanto seus olhos brilhavam e eu fiquei assustado nunca havia visto aquele olhar de Liam antes, era uma mistura de desejo, medo e algo que eu não saberia definir.

            Liam saiu correndo da mesa e eu olhava para as mensagens novas, testes, exercícios, revisão, teses, material de estudo... Argh... Escola, Escola... Nat não me mandara outra mensagem e eu fiquei preocupado, e a cueca? O que deveria fazer com ela? Mandei uma mensagem para Nat falando da festa, da cueca e pedindo sua permissão para sair. A resposta veio instantaneamente e eu a abri tremendo.

“Querido Escravo, eis que me encontro em uma encruzilhada com seu pedido, como aceitar algo que você já decidiu? Por acaso eu lhe permiti ter o poder da decisão, és um escravo, subjulgado aos meus desejos, deverá antes de qualquer decisão me comunicar primeiramente seu desejo e então eu avaliarei se merecerá ou não permissão para realiza-lo, carinhosamente D.”

            Tremi pensando na possibilidade de não ir, Liam estaria sabendo? Eu precisava comunicar com ele e dizer que Nat não me permitira sair, eu deveria ter comunicado antes, mandei a mensagem e sua resposta brilhou na parte superior da tela.

“Como seu Mestre eu tenho um pequeno poder de decisão sobre sua conduta desrespeitosa, eu alertei você e, você sequer ouviu o que eu dizia, entretanto, acredito que leva-lo à essa festa terá uma pequena serventia, estaremos de olho em você, estou providenciando suas vestes, escravo, precisa estar atento aos seus compromissos e suas obrigações, vista a cueca de ontem, M.”

            Corri para o dormitório me despindo rapidamente vestindo-me para a academia e corri pelos corredores, desci pelas escadas e entrei na academia, acelerado, puxei o cartão pressionando-o contra a esteira e comecei a sequencia de exercícios enquanto corria e me acalmava finalmente prestava atenção nas roupas dos praticantes, havia as tarjas laterais coloridas, a minha era branca, havia um homem na esteira ao meu lado que usava uma tarja verde, uma garota, com a tarja vermelha, outra laranjada, as cores eram diversas e eu piscava os olhos tentando compreender aquele lugar enquanto mudava de máquinas e começava a me sentir mais adaptado, talvez tomasse coragem e puxasse conversa com qualquer um deles, mas não agora, olhei para a mensagem que alertava o inicio da aula de artes marciais e novamente sai correndo rumo ao dojo. Às sete horas entrei no dormitório e vi Liam no segundo andar, vestia uma calça preta e uma camisa de mangas compridas, usava um sapato social e seus cabelos penteados para trás lembravam um daqueles homens das películas, estava bonito, bonito demais para ser sincero e ele girou a cintura me encarando.

—Estamos em cima da hora, quer se vestir, por favor? – Liam murmurou enquanto eu me despia e ele jogava a cueca usada na minha mão e eu me vestia com ela enquanto ele apontava a calça branca que parecia apertada demais mas ele disse que eu não deveria questioná-lo, uma camisa branca e preta e um paletó preto por cima, os sapatos eram como os dele e ele pediu que pegasse meu dispositivo, descemos pelo elevador saímos andando até a calçada e um carro preto nos esperava, a porta abriu automaticamente enquanto o motorista lia nossos dispositivos e os convites e saímos pelas ruas da capital, já estava com a iluminação artificial e logo que estacionamos o motorista abriu a porta, enquanto descíamos ele partiu.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...