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História Orquídeas Azuis - O tal do azul


Escrita por: azul46

Capítulo 1 - O tal do azul


Seus pés descalsos se arrastavam pelo chão do apartamento, seguidos pela comprida manta felpuda que lhe cobria os ombros. Os passos ritimados se combinavam com o cantarolar vindo de seus lábios, numa dança sutil e sonolenta até a sala de estar. 

Era uma daquelas tardes mortas, raras, que ele ficava sozinho naquele apartamento frio e solitário. Evitava manter-se em sua própria companhia, pois não confiava em seus pensamentos. Porém não pudera evitar aquela tarde de ócio desacompanhado. Acordara sem vontade de sair, interagir socialmente ou  de fazer qualquer outra coisa que lhe exigisse muito. 

Era incrível o que um amanhecer nublado ditava com sua chegada. 

Avistou um objeto que destoava da mesmisse de seu apartamento e esfregou levemente os olhos sonolentos. Tomando alguns segundos para observar tal objeto, no caso, ser vivo, Taehyung se lembrou do que  "a coisa" se tratava.

"Comprei porque me lembrou de você."

Sentou-se em uma das cadeiras da pequena mesa de jantar e passou a encarar a planta, ainda irritado por mero ser vivo ter trazido lembranças suas. Fez careta, mas as flores mal se moveram. 

"Bom saber que flores falsas te lembram de mim."

Lembrava do tom de brincadeira que havia usado, mascarando a verdadeira insegurança de seus pensamentos. Jeongguk o olhou com desafio nos olhos e um sorriso matreiro nos lábios. Taehyung tinha essa imagem bem clara do dia anterior. 

Tocou uma pétala de uma das flores novamente, como se ainda não acreditasse. A maciez delicada da flor era agradável ao seus dedos, porém controversa aos seus olhos.

"Nunca havia visto flor dessa cor, jurei que eram artificiais."

"Eu também jurei que fossem."

Suspirou. O vaso de orquídeas azuis estava sobre sua mesa desde a noite do dia anterior, quando o mais novo lhe trouxe do mercado. Taehyung não teve tempo e nem vontade para olhá-las melhor naquele momento. Jamais admitiria, mas o fato de Jeongguk lembrar dele olhando para tais flores o deixara aflito. 

Agora, porém, as olhando melhor ele até podia dar-lhes algum crédito. Eram bonitas, as tais orquídeas. Claro que nunca poderiam ser comparadas a sua própria beleza, Taehyung não era cego e nem modesto. Contudo, o conjunto de forma e cor tornava aquela simples planta uma obra de arte que ele não podia ignorar ou esnobar. Os tons de azul cobalto e o degradê de azul cerúleo em suas pétalas o lembravam do mais fino e sofisticado pigmento misturado ao mais caro mel, resultando em uma pincelada de aquarela impecável e suave.

O fato de elas serem de uma cor que Taehyung não imaginava em uma flor era, porém, o maior detalhe de sua beleza.

O tal do azul.

Intrigava-o o fato de uma flor de verdade ter essa cor tão profunda, tão furiosa, tão forte e decidida que ao mesmo tempo era apenas um frio e distante azul. 

A mais fria das cores, o mais distante de seus amores. 

Por fim, vencido pela tal da orquídea azul, Taehyung levantou-se e seguiu para seu quarto. Não, não deixaria que tal presente se fosse sem que ele o imortalizasse. As flores podiam estar ali hoje, sólidas, reais, tangíveis. Porém como a cor de suas pétalas elas logo estariam longe, intocáveis, geladas.

Mortas.

Nunca pintava em dias nublados, mas faria uma excessão às vaidosas orquídeas, suas modelos para aquela ocasião. Com um pincel fino atrás da orelha e um médio entre os lábios, abriu seus estojos de pastilhas.

Oh.

Suas sobrancelhas se franziram quando viu o espaço vazio entre algumas pastilhas coloridas. Algumas cores faltavam. 

Taehyung sorriu de canto quando percebeu, deixando o pincel cair sobre sua mão, depois o girando nos dedos com destreza. Podia ver o rosto do mais novo sorrir sacana em sua mente, como uma memoria tatuada em suas lembranças.

Afinal era vingativo, Jeon Jeongguk. 
 

- O tal do azul, huh?

 

 

"Não é incrível como uma flor aparentemente tão artificial pode ser de verdade? Só foi possível descobrir chegando mais perto, a tocando." 

"Pelo menos ela é bonita. Não ligaria se fosse artificial se me limitasse apenas a olhar para ela. É como o céu, nos limitamos a olhar porque está longe demais para tocar para saber se realmente existe."

"Pode ser. Eu não ligaria de apenas admirar, mas eu prefiro muito mais agora que eu toquei e sei que é de verdade." 

"É só uma flor, Guk..." 

"Não estava falando da flor." 
 


Notas Finais


Apenas uma pincelada.
Tipo um teaser.


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