História Os 13 Porquês (13 reasons why) - From the Worst to the Best

Hannah's POV 

Clay me preocupava. Todas as vezes que ele vinha aqui ele parecia um pouco mais encrencado e a última tinha sido Marcus. Me machucava eu não poder fazer nada, mas me prometi um dia compensar pra ele  tudo o que ele estava fazendo por mim.

Clay pegou a bicicleta e foi quase voando pro hospital. Voltei pra cabine, onde passaria o resto do dia fazendo nada. O motel não era movimentado, apareciam no máximo umas 10 pessoas nos fins de semana. 

Levei um susto quando alguém bateu no vidro, mas não consegui ver seu rosto. 

-Hannah, preciso ter uma conversa com a senhorita. - Disse a pessoa do outro lado. 

Estremeci ao ouvir meu nome. Apertei o botão que ligava o microfone para o áudio do lado de fora. 

-Quem é? - Perguntei.

-Vamos Hannah. Eu sei que é você. Segui seu namoradinho Clay até aqui, e sei que você está viva. - A pessoa do outro lado disse. 

Levantei e abri a porta. Minhas mãos tremiam e suavam e minhas pernas estavam dormentes, andando no automático enquanto eu me desesperava. Abri a porta e dei de cara com Marcus. 

-Han - Ele disse sorrindo sarcástico. O mesmo sorriso que ele me deu em nosso encontro. Senti minhas mãos tremerem mais. 

-O que está fazendo aqui Marcus? - Disse por impulso. 

-A pergunta é: o que você está fazendo aqui? Devia estar num caixão, até onde eu sei- Ele disse se aproximando. 

-Marcus me deixe em paz - Eu disse 

-Você não me deixou em paz, Hannah. Nem depois de morta. Morta viva. - Ele disse e sorriu maliciosamente.

-O que você quer? Vai contar pra todo mundo que estou viva? - Eu disse 

-Não, Han - Ele disse e pegou minha mão, mas eu puxei o mais rápido que consegui - Se você voltar agora seu testemunho vai contra mim. Eu quero um acordo. 

-Que acordo? 

-Você vai convencer seu namoradinho e ele vai fazer o depoimento dele pra polícia e vai dizer que eu não fiz nada - Ele disse num tom ameaçador me prendendo contra a parede. 

-Marcus... - Comecei a dizer mas não tive forças e uma lágrima me escapou. 

-Não chore Han, Clay vai fazer isso por você. Ele é mais burro do que eu e você juntos - Ele disse limpando minha lágrima. 

-Marcus sai de perto de mim - Eu disse com p último fio de voz que me restava. 

Marcus não ouviu e continuou me empurrando na parede. Todos os meus neurônios gritavam pra eu me mexer mas eu não conseguia. Sua mão veio subindo pela minha cintura, chegando em meu seio. 

De repente ele caiu no chão com tudo. Olhei pra ele caído e a primeira coisa que me veio na cabeça foi correr, mas fui surpreendida por um toque em meu braço. 

-Vem, vou te levar pra um lugar seguro - Tony disse. 

Suspirei e agradeci mentalmente. Entrei no carro com ele e encolhi minhas pernas por instinto. 

-Está com frio? Tenho um cobertor no banco de trás - Tony disse 

-Não, obrigada. - Eu disse. - Obrigada por estar lá - Eu disse depois de alguns minutos de silêncio. 

-Eu queria ter certeza de que você estava bem. - Ele disse. 

-Obrigada - Eu não conseguia parar de dizer. 

Chegamos numa estrada de chão que era bem mais próxima da cidade do que o motel. Em uns 5 min ele parou numa casa de frente pro rio. Era uma casa simples e parecia estar vazia. 

Entramos e Tony me mostrou a casa. Tinham 4 quartos e uma sala enorme, a cozinha e um banheiro. 

-Essa é a casa de verão da minha família, então não se assuste se achar algumas roupas perdidas ou algo do tipo. - Tony disse - Se quiser eu pego suas coisas no motel. 

-Quero sim, obrigada Tony. De verdade. Você fez muito por mim. - Eu disse 

-Posso fazer um café se quiser - Ele disse zombando da situação. 

-Acho que se eu aceitar mais alguma coisa sua eu te devo até a sétima reencarnação - Eu disse sorrindo pela primeira vez. 

Ele riu e preparou o café. Ficamos sentados na bancada da cozinha olhando o a correnteza que estava forte e dava pra ver da janela. Suspirei e olhei o horário, já eram praticamente 19h. Peguei meu celular e mandei mensagem pra Clay. 

"Estou com Tony, não me procure no motel. Preciso conversar com você sobre Marcus. -H" e enviei. 

Em alguns minutos Tony buscou minha mala e meu computador. Coloquei tudo num quarto e liguei a rede de energia da casa, que já estava escura. Tony teve que ir embora então fiquei sozinha. 

Evitei ao máximo pensar na cena de hoje. Tudo me lembrava Bryce. Me dava nojo de mim mesma, vontade de matá-lo. Suspirei e peguei um salgadinho qualquer pra comer. Olhei no relógio e já eram quase 23h. Deitei no sofá e liguei a televisão, assistindo novelas e programas inúteis, como eu fazia há algum tempo. De repente ouvi um barulho na porta e me levantei correndo pra cozinha, me escondendo. 

-Han? - Era a voz de Clay. 

Me levantei o mais rápido que consegui e o abracei, ele respondeu ao abraço me apertando mais forte. 

-Tony me contou o que aconteceu - Ele disse. 

Depois disso sentamos no sofá, embaixo de cobertores e eu o disse o que Marcus queria. 

-Eu posso não citar o nome dele. - Clay disse - Não vou incriminá-lo mas também não vou ajudar. 

-Clay você não tem que fazer nada por mim. Eu dou um jeito nisso - Eu disse sabendo muito bem que não ia conseguir dar jeito nenhum. 

Clay insistiu mais um pouco mas cedeu. Ficamos ali, assistindo TV por um tempo. 

-O que seus pais vão fazer quando acordarem no meio da noite e você não estiver lá? - Perguntei puxando assunto. 

-Nada. Eu disse que iria passar a noite na casa de Tony. Não menti no geral - Ele disse rindo. 

-Me sinto lisonjeada ao saber que você não vai ter que sair correndo a qualquer momento pra ir pra casa - Eu disse rindo. 

Continuamos assistindo TV. Me encostei no ombro dele e ele me abraçou. Ficamos assim por um bom tempo, até que eu ergui a cabeça e o beijei. Era tão pacificador, era sempre a sensação de que tudo iria dar certo de novo. Ele interrompeu o beijo. 

-E depois Han? Somos só um agora? - Ele disse ainda segurando minha cintura e nuca. 

-Não Clay. O que eu sinto por você não é agora. É pra sempre. - Eu disse. 

Ele sorriu. E eu percebi, pela primeira vez, que eu dizia a verdade. Eu o amava. E isso não iria mudar tão cedo. Continuamos nos beijando até que eu deslizei e cai no chão. 

Nós rimos daquilo por horas. Era divertido ter Clay por perto, me fazia um bem imenso. Continuamos nos beijando na cozinha enquanto esquentávamos água pra fazer chá, nos beijávamos enquanto o chá esfriava e enquanto estávamos bebendo. Parecia que tudo o que precisávamos estava ali. E por uma noite, eu me permiti sentir a felicidade. A felicidade de ter Clay por perto. 

Clay pegou alguns colchões e colocou na sala. 

-Sempre que eu vinha nas férias pra cá com Tony, a gente colocava os colchões aqui pra dormir assistindo filme e acordar correndo pro rio. - Ele disse com o mesmo brilho que ele tinha no olhar do dia que ele me contou sobre o super poder que inventou. 

Sorri. Conversa vai conversa vem, nos deitamos. Dormimos abraçados, nada de sexo, nada te tentativas que eu não quisesse. Tudo era recíproco. 

Acordamos na manhã seguinte, tomei um longo banho enquanto Clay tomava café, enquanto comi ele foi banhar também. Ele disse que não iria pra escola então tínhamos um tempo por aqui ainda. Ele tinha, eu tinha muito tempo por aqui. 

Sentamos nos colchões no chão e Clay ficou encarando a porta, de frente com o rio. 

-Pule, Capacete. - Eu disse rindo. 

-Não, eu não tenho mais oito anos - Ele disse.

-Eu tenho nove - Eu disse brincando e saí correndo, pulando no rio. 

Clay me seguiu. Passamos a manhã ali, tomando banho de rio. E foi a melhor manhã que eu tive em toda minha vida.