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História Os corrompidos - A primeira vez


Escrita por: PetiteA

Capítulo 1 - A primeira vez


Fanfic / Fanfiction Os corrompidos - A primeira vez

“Noite, como de costume. Até gostaria de sair de dia, ver a real concentração de pessoas que são mostradas nos telejornais. Contribuir com o almoço do mendigo, pedir desculpas por bater de frente em alguém, na correria diária. Pedir um café na lanchonete da esquina. Aqui tudo é diferente. Quem eu vejo, o que eu faço. Aqui não tem o objeto do tempo, calculando o que realmente importa; ou pelo menos não tinha.”

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    Rowell já havia se acostumado desde cedo a não cometer irresponsabilidades. Era instruído desde jovem, e seus mentores não costumavam preocupar-se com seus hábitos. Tinha ele 32 anos terrenos, e pouca história de vida. Não era dos quais faziam atrocidades por diversão; não gostava das leis mundanas, mas aprendera a se acostumar ao ambiente enfadônio.

    Mantinha seus hobbies. Gostava da leitura, aliás, era um ávido leitor. Lia a fim de se inspirar nos romances que escrevia. Gostava de escrever sobre romances interraciais, e seres de outros planetas. Rowell não era fã do convencional, mas para todos, não passava de um mistério.

    Sua comunidade aceitava bem o diferente, afinal, eram todos diferentes do comum. Mas, a recepção de pessoas “diferentes” tinha um limite. O regulamento comunitário insistia em separar o que, por si só, fazia parte de uma realidade distinta. Seu mundo, que era pensado apenas como possibilidade abstrata, tornava-se ainda mais distante da dimensão comum.

Rowell, gostaria de contribuir? - perguntou seu instrutor Clark, esperando que com a pergunta Rowell focasse em suas lições, e se afastasse de pensamentos intrusos;

- E se, por um acaso, juntássemos as dimensões?

Clark, manso e considerando a pergunta anti-utópica, não se conteve em parar por um minuto pensando em quando tinha 20, 30 anos. O tempo não passara, apenas sobrepunha ideias em sua mente. Era mágico ver que Rowell chegara a este raciocínio e, com coragem, tornara público seu pensamento.

- Então teríamos um grande problema, rapaz. - respondeu, não querendo cortar suas asas imaginativas.

Nós morreríamos, seu louco! Nos matariam até que não existisse sequer um de nós. Sabe que a Grande Lei não nos permite revidar. Não sobreviveríamos à comida, à exposição do sol, e muito menos teríamos conforto. É isso que quer? - indignou-se Olivia, que desde antes observara Rowell e Clark.

    Rowell se retirou, e Clark soltou:

Deve-se controlar, afim de não parecer inconveniente, Olivia.
 

    Não obstante, se pôs a pensar no que a menina havia lhe dito. Será que os matariam? Não haveria uma lei então que os igualasse ao resto de seus pseudo-irmãos?

Pensava, e pensava. Mas gostaria de apenas “pensar”, embora seu desejo o aconselhasse a pecar contra sua comunidade.

    Rowell estava profundamente desgostoso. Escrever não supria sua ânsia por encontrar algo a que se dedicasse corpo e alma. Não mais! Tentara encontrar inspiração nos dias que sucederam o encontro com Clark, mas realmente não a encontrava em lugar algum. Sua mente estava confusa. Ele havia se dedicado, se entretido tanto com a escrita e leitura, atingindo níveis de perfeição e agora não estaria mais satisfeito? Teria dado tantas palestras sobre o assunto em vão?

    Tomou em suas mãos um livro que ele mesmo escreveu, “Fidalgo em Crise”. Mantinha esse livro como um segredo há muitos anos.. Até porque ninguém ali lidava bem com a ideia de um vampiro que visitava a segunda dimensão frequentemente, motivado por sua amante e seu filho híbrido.

Rowell afundou-se na poltrona, entediado. “O tédio é perigoso, Rowell”, lembrara se do conselheiro.

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Passara se o tempo, quando acordou. Estava em crise há exatos 5 meses. Desde lá, tudo o que fizera fora se isolar em sua cama. Dormir para fugir da realidade e acordar para dormir. O ciclo vicioso o pegara de tal forma que por um minuto, pensara coisas insanas. A diferença é que, pela primeira vez na vida, a insanidade o tomou por completo.

Os vampiros têm qualidade de seres controlados -emocionalmente-. Fazem uso da faculdade de inteligência emocional, embora tenham seus raros momentos irregulares. O estado de Rowell indicava perigo à comunidade. Corrompido, passou muito tempo descrendo da sociedade em que vivia. Pensava em sua utilidade, em como poderia explorar seus potenciais, se por um acesso qualquer, entrara num mundo reflexivo, qual não tinha forças de sair.

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“O ar! O ar noturno é muito gostoso. Sinto me excitado pelo vento que bate no meu corpo, é como se pudesse me levar. Eu adoraria se em um desses sopros, um capricho me levasse onde o vento se forma. Me sinto vivo, sinto a humanidade em mim! Como podem se recusar a  essas sensações?

    Quantos pensamentos se passavam em sua cabeça. Diferente do nó mental que construiu anteriormente, sentia que estava explorando o universo. “Será que notarão minha ausência?” - não se preocupava, apenas especulava consigo mesmo.

    Nas ruas de Nova Iorque, era como se estivesse dentro de um livro mundano que costumava ler.

Rowell andou muito, até sua curiosidade o levar a um bar, no centro da cidade. O bar era lindo! Luzes incendiavam seu coração, ver pessoas, sentir vida, sentir a veia delas carregando sangue vivo, dos pés à cabeça.

Ele não sentia vontade de atacá-las. Isso seria tirania. Ele sabia conviver com quem quer que fosse, se não estivesse desnutrido.

- O que deseja, senhor? - uma garçonete se aproximou de Rowell.

- Senhor? Aqui eu pareço velho? - ele sentia ânsia por ouvir as próximas palavras da moça. Queria conduzir uma longa conversa; queria ouvi-la falar a noite inteira. Se empolgou com suas palavras sem conteúdo.

- Nem um pouco, juro! - a garçonete já havia notado uma beleza incomum em Rowell. Resolveu perguntar se o rapaz era de longe.

- Muito, muito longe.. Estou feliz por estar em N.Y. É a minha primeira vez, me sinto como um garoto que acaba de descobrir algo novo. Você se sente assim também?

Ela riu, o que acabou provocando risos em Rowell também. Risos exagerados. Fazia tanto tempo que não ria, não sabia controlar-se. Quando parou, desejou fortemente que a moça não ficasse com medo.

- Com certeza será uma viagem inesquecível, assim como para todos os turistas que vêm aqui. É um lugar maravilhoso.. Se fala sobre os ares da região, eu devo sentir o que sente também. Gosto de trabalhar aqui de noite; sair de madrugada e sentir o vento fresco é um prazer. Também é prazeroso andar de carro em velocidade.

Então a garçonete foi andando rumo ao balcão, para limpá-lo com o pano úmido em produto de limpeza. Rowell foi atrás, e se repeliu quando sentiu o cheiro do pano. Sentia as coisas tão apuradamente, e aquilo era semelhante ao cheiro fortíssimo do Whiskey que o rapaz do lado bebia. Mesmo assim, seguiu a garçonete, que nada percebeu.

- Eu nunca andei de carro, como é? - ele queria saber tudo. Tudo de uma vez só! Se ficava encantado em ler contos, imagina ouvir depoimentos reais! E melhor: de humanos.

- Não acredito! Vem do interior?

- Venho sim - ele disse sabendo melhor do que ela o significado de “interior”.

- Bom, andar de carro é legal! Se você quiser, depois do meu turno podemos andar de carro. Eu te dou uma carona, onde você está hospedado?

- É, você pode me deixar em qualquer ponto.. Eu gosto de passear de noite, entende?

- Ah, então nos daremos bem. Sou Jessica, e você?

- Rowell.

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    Ele beijava seu pescoço lentamente, e subia, rumo a sua boca. Era tentador mordê-la, mas sabia que se caso acontecesse, poderia ser fatal. Rowell caiu em tentação quando Jessica passou a mão por seu peitoral, enroscando os dedos longos nos botões de sua camisa xadrez. Ela o puxava, queria mais de Rowell. Queria absorvê-lo completamente; sentir seu cheiro como se fosse o único presente em seu apartamento. Queria tê-lo para si, selvagem, em essência.

    Rowell nunca se sentira assim. Sua parcela humana queria a atenção dela. Aprendeu a controlá-la na adolescência, mas não o fez questão. Queria mais de Jessica tanto quanto ela; queria Jessica em sua natureza, igualando-se aos desejos carnais da moça.

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- Onde esteve noite passada? O procurei para marcarmos um novo encontro, mas você não estava.. - disse Clark, sempre tão tranquilo.

- Estava passeando pela mata. A natureza faz-me falta as vezes..

- Entendo perfeitamente! Notei que está mais feliz, fico contente por isso Rowell. Posso passar noite que vem?

- Não me entenda mal, Clark, mas prefiro a solidão em minhas noites. Tenho muitos compromissos comigo mesmo, se é que me entende. Estou abusando de sua boa vontade?

- Não, de forma alguma Rowell! Sei que aprecia muito a meditação, e novamente, você me orgulha muito por seus atos. Depois de uma temporada sozinho, está com aparência melhor, está corado, feliz, animado. Isso me alegra!

- Agradeço o carinho, e quero muito reencontrá-lo. Está disponível amanhã pela manhã?

- Com certeza. Procure-me na estufa de orquídeas.

- Combinado!

 


Notas Finais


[...]


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