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História Os descendentes do sobrenatural - A guardiã (hiatus) - Manteío.


Escrita por: jessy2105

Notas do Autor


Demorei para postar pq estava conversando com uma amiga, minha futura coautora. Queremos mudar muita coisa na história, então postar um novo capítulo seria um tiro no escuro já que não sabemos se vamos utiliza-lo ou não. Mas eu peguei esse fim de semana e resolvi escrever.
CAPÍTULO NÃO REVISADO.
TRADUÇÃO DO CAPÍTULO: ORÁCULO

Capítulo 13 - Manteío.


Fanfic / Fanfiction Os descendentes do sobrenatural - A guardiã (hiatus) - Manteío.

Ela encarou a garota em meus braços, os olhos sobre a enorme quantidade de sangue que manchava minha roupa e saía do corte de Gabrielly, pingando algumas gotas no chão. Seu olhar passou de surpresa para preocupada, abrindo espaço entre seu corpo e o batente da porta, me dando passagem.

– Entre. – eu passei e ela fechou a porta, a trancando novamente.

Atravessei a casa indo em direção a sala. Apesar de não entrar ali a anos, eu me lembrava onde ela ficava. Pisei no carpete com a intenção de chegar ao sofá. Agatha vinha atrás de mim e derrubou todas as almofadas no chão quando percebeu minha intenção. Tentei colocar Gabrielly no sofá mas ela se agarrou a mim quando ameacei afasta-la.

– Ei. – apertei ela contra meu peito, fazendo com que se encolhesse mais um pouco. – Você precisa me soltar. – disse calmo, tentando passar confiança. Ela virou a cabeça, se escondendo da luz. – Precisa me soltar, você está sangrando.

– Não... Não quero me mover. – respondeu em um sussurro. Sua voz estava fraca e extremamente baixa.

– Precisamos cuidar disso, você está sangrando muito. – ela virou o rosto para me olhar.

– Não está doendo. Não quero me mover. Se eu me mover vai doer.

– Não vai doer. – ela me olhou nos olhos, esperando que eu falasse mais alguma coisa. – Eu prometo. – Gabrielly engoliu em seco e balançou a cabeça positivamente.

Ela não estava sentindo dor por causa da adrenalina e da ocitocina. Alguns minutos depois de se separar de mim ela sentiria dor, mas precisávamos parar o sangramento. A esse ponto eu falaria qualquer coisa para ela deixar que cuidássemos do ferimento. Gabrielly me soltou de vagar e eu a deitei no estofado marrom do sofá, tentando não move-la muito. Agatha se ajoelhou no carpete de frente para ela e examinou o corte.

– O que vamos fazer?

– Primeiro, me dê a pedra da lua no seu bolso. – parei por um momento, me perguntando como eu pude esquecer uma coisa tão importante.

– Como você sabe da pedra? – apalpei a calça, a procurando.

– Seu bolso está brilhando. – foi uma dica e uma resposta a minha pergunta. Olhei para baixo. A pedra estava no meu bolso da frente. A peguei e entreguei a ela.

Agatha colocou o colar no pescoço de Gabrielly e voltou a olhar o corte, afastando o tecido molhado. Ela passou o dedo ao redor dele e suspirou.

– Não me diga que foi um sonhador que fez isso. – me mantive em silêncio e ela já sabia a resposta. – Isso é patético e preocupante. Qualquer coisa pode ser responsável por esse corte. Sem falar da infinidade de encantamentos e venenos que poderiam estar presentes naquela lâmina. Com certeza tem magia aqui. Um corte desse tamanho não sangraria tanto assim – uma pausa – A menos que tenha atingido um órgão. Ela precisa se curar sozinha, não posso fazer muita coisa.

– Ela não tem poderes. – avisei. Agatha virou a cabeça olhando para mim, séria.

– Você está brincando, não está? – ela realmente esperava que aquilo fosse uma mentira. Quando respirei fundo ela percebeu que eu falava sério. – Bryan, ela é praticamente uma humana. Se nós não fizermos alguma coisa rápido ela vai morrer. – morrer – E-eu posso parar o sangramento e costurar com linha encantada, mas não vai durar muito tempo. Meia hora no máximo. – me aproximei dela, me agachando ao seu lado.

– O que eu posso fazer pra ajudar? – Agatha pressionava o ferimento tentando conter o sangue. As mãos dela já estavam manchadas e o líquido vermelho entrava por sob suas unhas.

– Posso criar um laço entre vocês. – ela se virou para mim novamente. – Ela poderia usar seus poderes e se curar. – por parte, não era uma má ideia, porém, Gabrielly não iria receber apenas o poder da cura, mas sim todos os meus poderes. Tirando o fato de que isso era proibido e de que um anjo nunca tenha compartilhado os poderes com um guardião. Não sabemos as consequências que isso poderia trazer, é ariscado de mais. Principalmente para a Gabrielly.

– Não. É proibido, não podemos fazer isso. – Agatha dividia sua atenção a mim e ao corte.

– O que? Desde quando você liga para regras? – o problema em si não era as regras nem o desconhecido, mas sim os poderes. – Espera aí. – ela me encarou nos olhos. – Tem medo de que ela aprenda a usar seus poderes e veja como você é por dentro? – desviei o olhar. – Não, não é isso. Você tem medo que Gabrielly se olhe no espelho e veja como ela é por dentro. Você quer protege-la.

– Ela não aguentaria ver a própria alma. Isso mexe com o nosso psicólogo Agatha. Você sabe disso. – voltei a olha-la.

– Eu sei. – ela respondeu como se realmente entendesse a situação, como se já tivesse visto sua alma.

Quando me tornei um caçador e comecei a aprender a controlar meu poderes, me olhar no espelho era torturante. Eu era praticamente um anjo mas ainda sim tinha um lado negro. Na época, eu cheguei a perguntar ao meu pai, mas ele desconversou, disse que queria evitar aquela conversa o máximo possível. Ele continuou evasivo pelos dias seguintes, até vir a mim e dizer que eu só saberia daquilo se fosse extremamente necessário. Dois meses depois o Mickael apareceu.

Eu e Agatha ainda nos encarávamos, até que a atenção dela é puxada para a pedra da lua no colar de Gabrielly. A pedra piscava, seu brilho apagava e voltava. Pensei ter ouvido um droga ser murmurado por ela. Eu não sabia o que aquilo significava, não sabia se devia estar preocupado. Toda aquela situação estava me deixando com dor de cabeça.

– Bryan, eu vou tirar minhas mãos e você vai colocar as suas onde elas estavam. Você vai precisar pressionar para conter um pouco do sangramento. Não se assuste caso o sangue não pare de sair. Entendeu? – balancei a cabeça em afirmação, um movimento completamente automático e fora do meu próprio controle.

Ela tirou suas mãos e pelo meio tempo em que levei para colocar as minhas onde as dela estavam pude ver o tecido do vestido que Gabrielly usava colado ao seu corpo. Mesmo depois que coloquei as mãos sobre o local, a mancha ainda era visível.

Agatha se levantou e passou pelo corredor correndo. Alguns segundos depois pude ouvir coisas sendo derrubadas e caindo no chão logo em seguida. Se ela estava preocupada, eu deveria ficar também. Olhei para Gabrielly, ela estava com o braço em cima dos olhos e uma lágrima escorria pelo seu rosto. Senti vontade de abraça-la e dizer que tudo ficaria bem, por mais idiota e careta que fosse.

O sangue passava por entre meus dedos, escorrendo pelas minhas mãos até chegar ao meu pulso e pingar no chão com intervalos de tempo compassados.

Os passos pesados de Agatha ecoaram pela casa e ela apareceu ao meu lado segurando cinco caixas pequenas de madeira que estavam empilhadas uma sobre a outra. Ela as colocou no chão, se ajoelhando na frente delas e começou a abri-las. A primeira e a segunda caixa eram divididas em pequenos quadrados e cada um deles comportava um frasco com líquido desconhecido. A terceira também era dividida, mas em quadrados maiores e dentro de cada um deles havia um pote com alguma substância acinzentada dentro. Pó de fada. Aquilo me trazia lembranças.

Dez anos atrás.

Narrador.

– Agatha? – a voz doce e calma invadiu os cômodos da casa. – Filha? – ela andava pela cozinha procurando a garota de lindos cachos castanhos.

A garotinha estava no escritório e segurava uma pedra mística em uma mão e na outra apertava um pote com pó de fada. Ela aproximou a pedra do pote e ele se iluminou. Com os dedos ela segurou a pedra junto ao recipiente e com a mão livre mergulhou o dedo indicador na substância que irradiava luz. Agatha levou o dedo a boca e em alguns segundos ela começou a brilhar como o pote em sua mão. Ela sorriu satisfeita e tampou o pote, o deixando sobre a mesa e saindo do escritório correndo.

Ela olhou as portas no corredor, indecisa de qual deveria escolher. Acabou optando pelo quarto de hóspedes e empurrou a porta. Agatha deitou de bruços no chão e se arrastou até ficar completamente coberta pela cama que tinha o dobro do seu tamanho.

Ela apertou a pedra na mão, sentindo que a mesma já marcava seus dedos. A porta do quarto se abriu e passos suaves foram depositados no chão. Agatha sabia quem era, sabia que sua mãe a encontraria logo.

– Achei você! – disse em tom divertido. – Vem, vamos te tirar daí. – ela estendeu a mão e Agatha a pegou, sendo puxada para fora da cama e erguida logo em seguida, ficando em pé. – Não devia ter se escondido aqui, você está brilhando! Foi fácil te achar assim. – Agatha sorriu.

– Eu sei, queria que me achasse logo, ficar escondida por muito tempo não tem graça. – o sorriso de sua mãe se abriu.

– Me dê a pedra. – Amélia estendeu a mão, esperando que seu pedido fosse atendido.

A garota levou a pedra ao peito e apertou suas mãos contra ela.

– Me deixa ficar com ela, por favor. – a menina piscou os olhos como tentativa de persuasão.

– Agatha... – Amélia a repreendeu. – Já conversamos sobre isso. Agora, me dê a pedra. – ela balançou a abriu mais a mão, dando ênfase em sua ordem.

Agatha suspirou, se dando por vencida. Afastou a pedra do peito e relutante, entregou a pedra para sua mãe. No mesmo instante que a pedra se distanciou de sua mão e seus dedos pararam de toca-la, o brilho que irradiava todo seu corpo desapareceu.

Amélia guardou a pedra no bolso e olhou em volta, como se tivesse se lembrado de alguma coisa.

– Onde está o Bryan? – a garota de olhos acinzentados reprimiu um sorriso, dando de ombros. – Venha, vamos procura-lo. – elas deram as mãos e saíram do quarto.

No meio do corredor Amélia parou, sentindo alguma coisa. Olhou para trás e levantou a cabeça.

– Ai está você. – Bryan estava de cabeça para baixo, agachado com os pés e as mãos tocando o teto como se não houvesse gravidade. Amélia estendeu a mão, oferecendo ajuda para puxa-lo para baixo. – Fez isso sozinho ou teve ajuda do pó de fada? – ela observou a pedra mística no colar do garoto.

Bryan ignorou a mão de Amélia, dando impulso com os pés e as mãos. Ele girou no ar algumas vezes antes de pousar agachado no chão. E mais uma vez Amélia não pode esconder um sorriso.

– Você é talentoso Bryan, terá um futuro interessante. – o garoto se levantou, sorrindo para ela de volta. – Será que sua mãe sabe sobre você? – ela se abaixou, deixando os dois da mesma altura e colocando suas mãos sobre os pequenos ombros dele. – Você é diferente. Você é extraordinário. Somente a sua existência pode mudar o nosso mundo. – os olhos dela ficaram marejados e ela se levantou, os limpando de pressa. O menino de apenas 5 anos a encarava nos olhos e parecia entender tudo que ela estava dizendo. – Bom, quem quer lanchar?! – ela mudou o tom da voz, como se nada tivesse acontecido.

– Eu quero! Eu quero! – se pronunciou a menina de cachos definidos.

– Então vamos. Eu fiz panqueca. Gosta de panqueca Bryan?

Dias atuais.

P.O.V – Bryan.

Agatha começou a levantar todos os recipientes com líquido dentro, provavelmente procurando por um em específico.

– O que está procurando? – ela continuou o que estava fazendo, levantando mais recipientes e parando ao pegar um com uma substância transparente e meio esverdeada.

– Aloe Vera. – ela balançou rapidamente o vidro, misturando o que estava dentro.

– Perdeu a noção?! Quer mata-la?! Isso pode causar uma infecção!

– Está de brincadeira?! Daqui alguns minutos não vai ter sangue o suficiente dentro do corpo dela. Quer mesmo discutir sobre esse assunto?! – nós nos entreolhávamos. – Prefere vê-la sangrar até a morte ou cuidar de uma possível infecção?!

Apesar de eu não gostar, ela estava certa. Como sempre, para variar. Eu balancei a cabeça positivamente e ela continuou o que estava fazendo. Agatha deixou o recipiente sobre o tapete e se virou para a outra caixa.

A quarta caixa foi aberta, o objeto era acolchoado por dentro e no meio havia uma vasilha prateada e vazia, com quatro encaixes em sua volta, possivelmente para colocar algumas das pedras que estavam soltas e espalhadas ao seu redor.

Eu já havia ouvido falar sobre ela, patera abusivam est magicae. Pelo que eu soube, ela é extremamente rara e tem o poder de manipular a magia. Nunca tinha visto uma tão de perto. Os desenhos e escrituras em uma língua que eu não conhecia só a tornavam mais bonita e exótica.

Agatha rapidamente retirou a vasilha de dentro da caixa e pegou quatro pedras entre as nove. Automaticamente as reconheci. Hematita, acinzentada como o aço. Com um azul profundo, a safira se destacava entre elas. Turmalina negra, tão preta quanto a escuridão. Me surpreendi ao ver o quartzo verde.

– Combinação interessante. Por que as escolheu? – Agatha não parava por um segundo o que estava fazendo. Ela estava realmente preocupada e tentando correr contra o tempo. O que estava acontecendo me angustiava, mas eu precisava manter a calma e mostrar confiança.

– Então você notou. A hematita estanca hemorragias, a safira extraí venenos, a turmalina neutraliza a magia negra e o quartzo estimula a circulação sanguínea. – Agatha realmente fazia jus a sua descendência.

Mexendo em alguns potes, ela pegou dois, colocando ao lado das outras coisas. Agatha parou, sentando sobre os pés e respirando fundo. Dois segundos se passaram e ela pegou as pedras para encaixa-las na vasilha, em seguida ela abriu o recipiente com Aloe Vera e derramou dentro dela. O pó de fada já brilhava sem nem mesmo encostar nas pedras, eu nunca vi aquilo acontecer antes. O pó de fada foi adicionado a vasilha e Agatha pegou um tipo de colher dentro da caixa que eu sequer tinha notado. Misturou tudo e se colocou ajoelhada ao meu lado mais uma vez.

– Bryan, você vai levantar as mãos lentamente enquanto eu derramo a Aloe Vera dentro do corte. Vamos fazer devagar, ela não pode perder mais sangue. – assenti, levantando o início dos dedos.

Agatha foi virando a vasilha aos poucos, fazendo sua correria parecer em vão ao demorar tanto para usar completamente o coagulante. Assim que retirei as mãos, o corte não sangrava mais. Por um momento, senti tranquilidade e alívio. Acho que Agatha sentiu o mesmo, pois ela suspirou ao ver que todo seu trabalho teve resultado.

– Eu preciso costurar a ferida. Vou pegar a agulha e a linha encantada. – ela se virou e abriu a última caixa, pegando o que disse.

Agatha mergulhou a linha e a agulha no líquido que sobrou na vasilha e começou a suturar o corte. Me levantei, olhando para os lados.

– Pode usar o pano que está em cima da mesa. – ela disse sem desviar a atenção da sutura.

Fui até a mesa e peguei o pano, começando a limpar as manchas secas de sangue da minha mão.

– Agatha, obrigado. Se não fosse por você... Se você não tivesse...

– Tudo bem, amigos são para essas coisas. – o tom de sua voz era sincero. Me senti bem. – Eu nem acredito que você está aqui, com ela. Quero dizer, você passou a infância inteira sonhando em conhece-la e agora ela está bem aqui. Como foi? Ela é quem você achava que fosse? – fomos interrompidos por meu celular que começou a tocar. O peguei no bolso de trás e encarei a tela.

– É o pai da Gabrielly. Eu não posso atender. O que eu vou dizer a ele?! “sua filha foi esfaqueada e quase morreu esgotada sob minha proteção”?! Não. Eu não vou atender. – Agatha se levantou e ficou de frente para mim.

– Você não precisa contar tudo a ele. Não precisa contar o que aconteceu. Nós já controlamos a situação, ela está bem. Agora, você vai atender esse celular e conversar com o pai dela, se não ele vai achar que alguma coisa está errada. Ai sim teremos um problema! – atender ao celular e conversar normalmente com Evert, sem lhe contar o que realmente estava acontecendo era... Eu não conseguiria mentir para ele.

Por mais que eu soubesse que não conseguiria mentir, respirei fundo e atendi o celular, o levando a orelha esquerda.

– Sr. Muller. – eu podia ouvir o barulho de buzinas ao fundo.

– Bryan, imagine a minha surpresa quando liguei para a minha filha e quem atendeu ao celular foi Oliver Vitorino. – droga. Eu não acredito que ele ficou o celular dela. Droga.

– Bom, sobre isso...

– O que aconteceu? Por que o celular dela está com ele?

– Eu juro que só sai de perto dela por cinco minutos e...

– Você deixou ela sozinha?!

– Eu pedi pra ela não sair de onde estava, mas a Gabrielly é...

– Eu não acredito Bryan, é como mandar um cachorro não latir.

– Eu pisei na bola, sei disso.

– Pisou na bola?! Você estourou a bola!

– Me desculpe. – suspirei.

– O que aconteceu depois?! – demorei um pouco para responder.

– Ela sumiu, provavelmente ficou o tempo inteiro com ele. Houve uma confusão e ele deve ter ficado com o celular dela no meio disso.

– Uma confusão? Que confusão?

– Danilo deu alucinógeno de demônio pra ela. – afastei o celular, tentando evitar o tom alto.

– Como você pôde deixar isso acontecer?! Como isso agiu nela? Vai ter algum tipo de reação?!

– Olívia está pesquisando.

– Sim, vão ter reações. Ela pode ver e se comunicar com qualquer tipo de demônio agora. É como se o efeito do alucinógeno nunca fosse passar. – interrompeu Agatha. Afastei novamente o celular, dessa vez colocando a chamada no viva-voz.

– Conseguiu ouvir? – indaguei.

– Consegui. Quem é você? – as buzinas ficaram mais frequentes e altas.

– Agatha Manteío.

– Você é uma descendente? Não lembro de ouvir seu nome nas reuniões da CTS.

– A minha mãe manteve minha existência em segredo durante toda sua vida.

– Entendo, mas vamos voltar a Gabrielly. Como sabe que terá reações? Você leu em algum livro? – antes de Agatha responder, um pequeno sorriso se formou em seus lábios.

– Não.

– Grimório?

– Não.

– Profecia? Lendas? Historias? Visões? – ela soltou o ar pelo nariz.

– Não.

– Então como sabe que vai ter reações?

– Eu sou um oráculo, sempre sei a resposta. – um demorado silêncio.

– Isso é sério? Você realmente é um oráculo?

– Sim. – os meus olhos mudavam da tela do celular para ela.

– Descentes do oráculo são extremamente raros. Agora entendi o motivo da sua mãe ter te escondido. Como conseguiu sobreviver sem a proteção da CTS?

– Eu não saio muito de casa.

– O.K.. Tudo bem. É muita coisa para assimilar. Bryan, eu não posso ir embora agora. Estarei aí amanhã de manhã. Por favor, cuide da Gaby até lá e não saia de perto dela. – ele desligou a chamada antes que eu pudesse responder. Pude sentir a agressividade em sua voz. Guardei o celular no bolso novamente e voltei a olhar Agatha.

– Vamos voltar ao que interessa. Como vamos curar a ferida da Gabrielly? – ela fechou os olhos, levando dois dedos a têmpora e a massageando em círculos.

– Me dê um momento, estou pensando. – longos segundos se passaram e ela abriu os olhos, levando um dos dedos indicadores. – Liga pra Tracy.

– Por que eu ligaria pra Tracy? – eu nem sempre tive problemas com ela, já fomos bem próximos.

– Tracy é uma cupido, como acha que ela atira flechas no coração das pessoas sem mata-las?

[...]

2015, sexta-feira.

09:30, intervalo.

P.O.V – Gabrielly.

– Descobri que aula eu tenho com ele. – terminei de colocar as moedas na máquina e apertei o botão do cappuccino com chocolate.

– Sério?! Qual? – Amanda deu uma mordida em sua grande e vermelha maçã.

– Cálculo avançado. – o copo e a colher caíram e a máquina começou o seu longo processo.

– As aulas com o segundo ano? – Giovana brincava com o canudo, misturando seu suco de laranja.

– Exatamente. Não sei quem mais me tira do sério, ele ou a Tracy Archery. – Amanda engoliu o pedaço de maçã em sua boca e Giovana mordeu o canudo.

– Conheceu Tracy Archery? – Amanda franziu o cenho.

– Ótimo, agora você conhece a vadia da escola. – a garota de olhos verdes ergueu as sobrancelhas e bebeu um pouco de seu suco.

– Então eu não sou a única que odeia ela? – a máquina parou de fazer barulho e apitou, avisando que o cappuccino estava pronto.

– Nem a única, nem a primeira. – Amanda respondeu antes de morder mais um pedaço de sua maçã.

– Ela tem uma grande reputação aqui, além de pegar os caras mais gatos do colégio, claro. – levantei a janelinha da máquina, pegando meu cappuccino e prestando mais atenção em Giovana. – Tracy é inteligente, adora pegar no pé de garotas que não são tão bonitas como ela e é capitã das líderes de torcida.

– Repulsivo. – comentei depois de soprar o vapor da minha bebida.

– Nojento. – os longos cabelos da morena foram bagunçados pela brisa.

– Clichê. Parece até um filme de colégio Americano. – a loira deu de ombros e nós rimos.

– Mas e o Bryan? Pretende ficar com ele mais uma vez? – comecei a andar, sem olhar para Amanda quando ela perguntou.

– Não sei, mas acho que não. – dizer que não gostei dele poderia até ser mentira, mas... Parei de andar e me virei para trás. – Nós somos de mundos diferentes. De mundos completamente diferentes. – elas se entreolharam antes de vir em minha direção.

– Vai mesmo dispensar o cara mais gato do segundo ano?! Não, do segundo ano não. Do colégio. Porque é isso que ele é. Você sabe ne?! O cara mais gato do colégio está dando em cima de você garota! Qual é patinha. – Giovana tinha arqueado as sobrancelhas e falava tudo com um pouco de indignação.

– Eu ainda não tenho certeza. Acho que... – as duas franziram as sobrancelhas, esperando por minha resposta. – Acho que estou gostando dele. – as duas sorriram e eu voltei a andar.

– Eu sabia! Eu sabia! – Giovana começou a cantarolar e eu aumentei os passos.

– Quem vai pegar o cara mais gato da escola?! Quem vai pegar o cara mais gato da escola?! A Gabrielly. A Gabrielly vai pegar o cara mais gato da escola. – elas começaram a praticamente gritar, tentando colocar ritmo no que estavam falando.

As pessoas começaram a me olhar e eu abaixei a cabeça, tentando andar mais rápido e deixa-las para trás. Virei o corredor e acabei esbarrando em alguém, um pouco do cappuccino derramou sobre a pessoa. Elas se calaram e pararam de rir. Segurei a manga da minha blusa com o dedo médio e tentei desesperadamente limpar a mancha. Ergui a cabeça, pronta para pedir desculpas, mas parei no meio do caminho. A pessoa era o Bryan.

Ele olhou para a mancha e passou a mão em cima dela. Quando viu que era eu, levantou uma das sobrancelhas e sorriu, um sorriso provocador e debochado. Ele provavelmente havia ouvido as meninas “cantando”. Fiquei vermelha só de imaginar o que podia estar passando na cabeça dele nesse momento. O sorriso dele aumentou quando percebeu que minhas bochechas coraram.

– O que foi? Está tentando me dar o troco pelo o que aconteceu na aula de cálculo? – eu não sabia como responder, não era minha intenção derramar uma bebida quente nele.

– Desculpa. – me limitei a dizer apenas isso, tentando evitar seus olhos azuis.

– Tudo bem, julgando pela cor de suas bochechas e o modo como agiu, você não quis derramar café em mim. – ele olhou para a mancha mais uma vez.

– Cappuccino. – segurei novamente a manga da minha blusa com o dedo médio e tentei limpar.

– O que? – ele perguntou sem entender.

– É cappuccino com chocolate, não café. – a bebida tinha caído em seu peito e toda vez que eu passava o pulso de um lado para o outro, podia sentir as divisões de seus músculos. – Droga! – Bryan pegou em meu pulso e me encarou nos olhos.

– Você não vai conseguir limpar assim. – suspirei. – Precisamos conversar. – quando pensei que havia terminado, ele acrescentou. – A Sós.

– O que?! Eu juro que isso saí com água e bicarbonato de sódio. – ele sorriu.

– Não me importo com a mancha. – puxei meu pulso de sua mão e ele apertou os lábios, soltando o ar pelo nariz.

– Não quero conversar. – disse afoita. Mais de cinco minutos com ele, em uma sala, sozinhos. Eu sabia muito bem como iria terminar.

Apesar de negar, eu sentia atração por ele, gostava de seu jeito provocativo. Porém, eu não queria ir em frente com isso, a realidade dele era diferente da minha.

– Até quando você vai continuar assim? Pensei que tínhamos resolvido isso.

– Pensou errado. Eu não queria conversar com você antes, não quero conversar com você agora e não vou querer conversar depois. – o sinal tocou e eu me desviei de seu corpo, voltando a andar.

– Sabia que essa era minha camiseta branca preferida? – virei a cabeça com intenção de encara-lo e sorri.

[...]

– Vai fazer o que hoje à noite? – Amanda perguntou enquanto eu guardava meus materiais.

– Não sei, acho que nada.

– Vamos no parque de diversões que está na cidade? – terminei de guardar as coisas na bolsa e fechei o zíper.

– Aqui é alwayscliff, o que mais tem na cidade é parque de diversões. Por que quer ir justo nesse?

– Porque tem o maior labirinto do mundo. E você vai comigo, lamento dizer. Desmarque qualquer coisa que estava planejando pra hoje.

– Não posso abandonar a minha cama. Ela precisa de mim e eu preciso dela. Dormi apenas três horas hoje.

– Você pode dormir depois de ir ao parque comigo. – ela sorriu e saiu da sala de aula, me deixando sozinha. Revirei os olhos e também sai da sala.

Os corredores estavam cheios e todos estavam com pressa por ser sexta-feira. Todos certamente tinham planos. Ouvi algumas risadas e olhei para trás. Era a Tracy com suas amiguinhas.

Vi Bryan logo atrás, parecia procurar por alguém. No momento em que seus olhos bateram em mim ele começou a vir em minha direção. Voltei a olhar para frente, começando a andar mais rápido e a passar entre as pessoas, tentando sair de seu campo de visão.

Ao consegui sair na porta da escola respirei com um pouco de alívio. As meninas estavam do outro lado da calçada e acenaram para mim, me chamando. Olhei para os dois lados antes de pensar em atravessar. A rua estava vazia, a não ser por um carro estacionado duas esquinas a cima me que chamou atenção. Ele era preto com os vidros escuros, não era possível ver quem o estava dirigindo.

Quando desci da calçada e coloquei os pés na rua, alguém colocou a mão em meu ombro. Me virei devagar, pensando ser Bryan. Brennda segurava alguns cadernos próximos ao corpo, passando uma mecha de seus cabelos negros para trás da orelha.

– Ooi, tem planos para hoje a noite? – fiquei tentada a dizer que não, que naquela noite eu teria um lindo encontro com a minha cama. Mas a voz de Amanda surgiu em minha cabeça e a resposta acabou sendo automática.

– Acho que vou sair com a Amanda. Ela quer ir ao parque que está de passagem pela cidade.

– Aquele do labirinto certo? – ela tentou ser respectiva, mas o fato de ela e Amanda não se darem bem era antigo.

– Sim. Sabe, se você quiser ir com a gente... – ela olhou para o outro lado da rua e o entusiasmo em seu rosto sumiu.

– Não, tudo bem. É melhor deixar pra próxima. – eu balancei a cabeça concordando e ela sorriu, saindo logo em seguida.

Voltei a minha intenção de atravessar a rua, com passos calmos. Escutei um carro acelerando e vários outros buzinando. Quando me dou conta, o carro que estava estacionado duas esquinas a cima estava vindo em minha direção. Aconteceu tudo muito rápido, em menos de dois segundos depois alguém me empurrou e nós caímos no chão juntos. Quando meu joelho bateu no asfalto quente, o único reflexo que tive foi gritar.

– Você ta bem? – o motorista do carro não parou nem por um segundo, apenas seguiu em frente como se aquilo que havia acabado de acontecer fosse normal.

– Estou. – várias pessoas se juntaram ao redor, tentando ver o que estava acontecendo. Bryan me ajudou a levantar e me levou até a calçada.

– Viu, você não deveria fugir de mim. Sempre que faz isso, coisas ruins acontecem. Cuidado, da próxima talvez eu não possa estar aqui para salvar você, princesa. – me segurei para não revirar os olhos pelo comentário. Por um momento, senti raiva dele por ter sido responsável pelo meu joelho ralado. Entretanto, se ele não tivesse me empurrado uma coisa muito pior poderia ter acontecido.

Observei a rua, encarando a esquina em que o carro tinha virado. Tentei imaginar quem o poderia estar dirigindo. Ninguém veio em minha mente. Mas uma coisa era certa, alguém queria me machucar.


Notas Finais


Estou pensando seriamente em reescrever o início dessa história, pq ta uma bosta. Pretendo ou parar de escrever a história por enquanto para melhora-la ou apagar td e começar de novo. Tenho ideias novas e uma coautora. Estamos querendo tornar a história mais seria.


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