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História Os dias de cão acabaram - Outono- Tempo de renovação.


Escrita por: MonaJoker

Notas do Autor


ALOHAAA.

Eu disse que traria uma One-Shot grande para compensar vocês por conta dos dias que não poderei postar.

Não sintam preguiça de ler por conta do numero de palavras, ok? kkkkk.

Boa leitura!

Capítulo 1 - Outono- Tempo de renovação.


Fanfic / Fanfiction Os dias de cão acabaram - Outono- Tempo de renovação.

Os dias de cão acabaram

Os dias de cão passaram

Os cavalos estão vindo

Então é melhor você correr

- Florence And The Machine - Dog Days Are Over

 

Park Jimin

 

Eu andava apressado pela calçada tomando o caminho para meu apartamento, no meu ombro direito, eu segurava a alça da minha mochila pesada por conta dos livros e mais livros da faculdade de Astronomia. Dá ultima vez que havia conferido as horas no meu celular, era quatro e quinze da tarde. Algumas pessoas já estavam abrindo lojas ou restaurantes, outras, estavam retirando as mesas e cadeiras das calçadas. O pôr do sol estava lindo a cima de mim, aquele alaranjado com vermelho combinava muito bem com essa estação do ano, o outono. Onde as folhas velhas caiam para um dia vir as novas. Talvez eu esteja precisando deixar as minhas folhas velhas caírem também.

 

— Jimin! — Escutei meu nome ser chamado e o barulho de uma buzina. Eu sabia muito bem quem era, conhecia aquela voz perfeitamente. Não querendo parar, apenas apertei a alça da minha mochila e andei com mais rapidez, desviando de alguns adolescentes e adultos que por ali passavam. — Jimin! Eu estou chamando você.

 

— Eu ouvi, não sou surdo. — Respondi de forma rude, olhei para o lado e vi o Rexton na cor preta de Jungkook me acompanhando em velocidade baixa. O vidro do lado do passageiro estava abaixado, deixando que Jungkook me olhasse bem.

 

— Vem, entre no carro. Eu te levo para o seu apartamento.

 

— Não preciso. Eu tenho pernas para andar. — Revirei os olhos assim que notei o olhar estranho de algumas pessoas, afinal, eu estava andando e um 'cara' me acompanhava com o carro dele. — Vá embora, Jungkook.

 

— Sério que você está com raiva? Está com raiva porque vou sair com meus amigos e não com você?

 

Parei abruptamente e vi que ele também parou, deixei minha vista ainda no horizonte vendo alguns feixes de luz refletir nas janelas dos prédios. Respirei fundo uma ou duas vezes e fechei os olhos tentando me acalmar e não criar uma cena no meio da rua com vários olhos curiosos em cima de nós. Sério mesmo que aquele imbecil acha que eu ficaria com raiva por tão pouco? Acontece que não era por pouco. Era por muito e esse muito vinha acontecendo há muito tempo.

 

Poderíamos ser apenas dois jovens com a vida pacata e solteiros, mas não, nós não éramos. Porque simplesmente o meu pai e o pai de Jungkook - ambos amigos de longa data- fizeram a promessa mais escrota do século, que consistia em casar seus dois primogênitos para liderar a empresa que eles fundaram juntos, casariam os mais velhos e sequer se importavam se fossem dois homens ou duas mulheres. Obviamente no começo as nossas mães não aceitaram, acharam que isso não daria certo e que de certa forma nossos pais estariam nos forçando. Mas com o tempo, toda a família percebeu que eu e Jungkook a cada ano que crescíamos juntos… ficávamos mais unidos. Ele, sendo mais velho do que eu, sempre agia como se fosse meu segurança particular na época da escola. E eu, sendo mais novo e bem babaca... sempre fui apaixonado por ele desde aquela época. O jeito que ele cuidava de mim me encantava, a forma que ele me convidava para uma tarde de sorvete ou jogos de rpg me deixava ansioso e o pior, a maneira que ele pegava minha mão para correr por aí... me deixava mais apaixonado.

 

Nunca fiz questão de esconder o que eu sinto por ele, sempre demonstrei estar apaixonado por Jeon Jungkook. Nem me importava quando estava em um jantar de família e tacava minha testa na mesa por que recebia uma mensagem fofa dele, não ligava quando eu entrava em casa - quando morava com meus pais - e começava a fazer uma dancinha ridícula porque Jungkook havia me deixado na porta de casa... com direito a beijinho! Uma vez eu li em um livro que quando você demonstra seu amor... é sinal de que você é forte e não fraco, é sinal de que você está com a cabeça erguida.

 

Hoje eu digo...

 

Aquele livro é simplesmente idiota e a pessoa defeca pelos dedos! Pois você demonstrar toda essa paixão que há dentro de você, significava que você ficará a mercê de qualquer coisa relacionada a outra pessoa. E disso eu sei muito bem. Pois eu e Jungkook somos noivos há algum tempo, e eu, sendo o belo babaca que sou, sempre me deixei ser pisado quando Jungkook queria. A maioria das vezes eu levo um fora dele e no outro dia eu simplesmente o desculpo, deixando uma brecha para acontecer novamente. Sempre o atolei de mensagens perguntando como ele estava, o que estava fazendo, pedindo fotinha do que ele estava comendo, perguntando se ele queria sair para se divertir e o pior... sempre mandando os ''Eu te amo'' pela manhã e pela noite. Mas de um tempo para cá, eu realmente comecei a ficar magoado. Os foras que ele me dava e quando ele me trocava pelos amigos faziam com que eu pensasse que ele poderia estar cansado de mim, que talvez ele odiasse aquela velha promessa dos nossos pais. Talvez... que ele apenas via nossa relação como uma obrigação para não decepcionar nossas famílias.

 

E esses pensamentos me deixaram muito triste, por um lado porque eu o amava e ele talvez não. Por outro, porque eu deixei meu amor próprio de lado para amá-lo mais. Hoje, no final das minhas aulas na faculdade, eu fui até o prédio de administração para chamá-lo para tomar um café comigo ou comer alguma coisa. Ele simplesmente disse que não queria e que preferia sair com os amigos dele.

 

Isso só provou que, infelizmente, meus pensamentos estavam certos a respeito disso que nós tínhamos.

 

— Jimin?! — Ele me chamou de forma mais alta e eu o olhei com raiva. Eu estava aqui pensando no fardo que era a minha vida, ele não tem o direito que cortar o meu raciocínio de depressão.

 

— O que é?!

 

— Vai mesmo ficar com raivinha disso?

 

— Não estou só com raiva disso, Jeon Jungkook. Estou cansado de tudo, você simplesmente me dá foras quase todos os dias, ignora minhas mensagens e até ligações. Porra, somos noivos e sequer agimos como namorados direito. Você tem noção do que é isso?! Você não faz questão de perceber, mas as suas ações e falas me machucam muito, Jungkook. — Eu não queria, juro que não queria ser fraco na frente dele. Mas meus olhos começaram a ficar embaçados por conta das lágrimas e a minha voz me traiu e começou a falhar. — Pelo visto você realmente não quer ter uma relação comigo e apenas aceitou tudo para não deixar seu pai triste, provavelmente está frustrado porque você quer sair para as festas com seus amigos e ficar com muitas pessoas, e pelo fato de você estar preso a mim... não pode. Mas quer saber? A partir de hoje faça o que quiser. Cansei de sempre estar aqui para você, cansei de esquecer de mim e cansei de levar patadas. Isso dói. — Com raiva e magoado, puxei com força aquele anel simples de ouro branco que havia no meu anelar, aquele anel que recebi no dia do pedido de noivado que quase me fez infartar de felicidade. Peguei o objeto e joguei para dentro do carro dele. Fiquei com mais raiva quando percebi que seu semblante não mudara. — Você realmente não liga, não é?

 

Ignorei os olhares curiosos e talvez de pena das pessoas que estavam nos estabelecimentos ali perto de mim. Apenas olhava para Jungkook e ele para mim. Apertei com mais força a alça da minha mochila, provavelmente meus dedos já estavam brancos por conta da força que estava sendo aplicada. Vi que Jungkook abaixou-se e pegou o anel dentro do carro, ele olhou para a palma da sua mão e logo em seguida voltou seu olhar para mim.

 

— Eu sei que amanhã você vai me ligar de novo. — Disse calmo — Ou talvez mais tarde, então eu entregarei o anel de volta a você...

 

Respirei fundo, sentindo meu queixo tremer. Olhei bem para a sua face.

 

— Não. Dessa vez não, Jungkook. Não vou correr mais atrás de você para ser pisado novamente e ter mais uma mágoa para a minha coleção. Passar bem. — Me virei para frente e continuei o meu caminho.

 

Um novo caminho.

 

Não deixaria mais ninguém pisar em mim.

 

Os dias de cão acabaram, Park Jimin.

.

.

.

Confesso que quando cheguei no meu apartamento, chorei como uma criança. Fiquei encolhido no sofá por um bom tempo, minha mochila havia sido largada no hall de entrada assim como meu tênis. Eu não queria saber de nada naquela hora, apenas chorar e tentar jogar toda mágoa para fora. Queria um colo quentinho ou um abraço apertado, queria ser como aqueles personagens dos filmes que comem sorvete enquanto vê alguma programação e do nada muda o astral. Mas eu não tinha vontade de fazer nada.

 

Depois de muito tempo me afogando nas lágrimas, eu me levantei e juntei meus restos até o banheiro. Tomei um belo banho e chorei mais um pouco. Era estranho não ter aquela aliança no meu dedo, eu sabia que faltava algo. Mas tinha certeza de que havia feito a coisa certa, não é?

 

Uma hora depois, eu já estava sentado em minha mesa de estudos encarando um dos meus livros de astronomia. Eu sinceramente não queria ler nada, não que eu não goste do meu curso. Eu amo a faculdade que escolhi, mas naquele momento eu apenas queria deitar e morrer.

 

(...)

                                                                           

O professor recolhia o material dele, e nós já estávamos saindo para a praça de alimentação na faculdade. Já era horário do almoço, e como eu havia escolhido algumas matérias optativas naquele mês, precisava ficar em tempo integral na faculdade. Ou seja, entrar de manhã e sair quase à tardezinha.

 

Assim que cheguei, vi que o lugar estava bem cheio pelos os alunos. Nem me preocupei, não estava afim de comer mesmo. Apenas sentei em uma das mesas na frente de Tae, esse comia algum lanche rápido que havia comprado. Nada saudável para a saúde dele.

 

— Você está melhor? — Ele perguntou de boca cheia. Ontem por coincidência, ele me ligou. Percebeu que eu estava para baixo e acabei desabafando tudo, como consequência... chorei mais um pouquinho.

 

— Se estar melhor é igual estar no fundo do poço, pode se dizer que sim. — Suspirei. Ele apenas estendeu a mão e acariciou a minha em uma tentativa falha de conforto. Confortar o próximo nunca foi o lado forte de Taehyung. Quando estávamos mal, ele simplesmente dava um tapinha ou acariciava e falava '' Vai passar, vai passar''. — Como foi a aula?

 

— Horrível. — Engoliu a comida e me olhou de novo. — Quase enfiei um lápis no meu olho.

 

— Por que você não desiste desse curso e presta outro?

 

— Você está louco? Eu amo jornalismo!

 

Eu apenas estreitei os olhos para ele. Sinceramente, nunca entenderia esse cara. Ele tem essa relação de amor e ódio com tudo.

 

— Oi perdedores.

 

Levantamos a cabeça rapidamente e olhamos para Yoongi, ele sentou-se ao meu lado e roubou um pedaço do lanche do coitado do Taehyung.

 

— Vocês estão olhando para o cara que irá representar a turma na feira de ciências esse ano. Digam-me se eu sou foda ou não sou?

 

— O seu robô funcionou?! — Arregalei os olhos de forma eufórica. Eu sabia que ele havia passado meses e meses tentando criar um protótipo para feira de ciências naquele ano, cujo o tema envolvia impactos na natureza. Yoongi fazia engenharia mecatrônica, pelo o que eu via... ele sofria bastante nesse curso. Mas ele era um ótimo aluno, assim como eu, Yoongi estudava o máximo para obter uma ótima nota e inflar seu ego. E Para absorver mais conhecimento também... é claro. — Será que agora você pode nos contar o que diabos estava criando?

 

— É claro que funcionou! Bom, não ficou com o acabamento completo porque o professor queria apenas o protótipo. Mas criei um projeto que tenta não impactar o ambiente, ou seja, meu protótipo é um Robô-Arraia. Tem a finalidade de ser usado por biólogos marinhos e pesquisadores de vida marinha, quando colocado na água, ele poderá pegar amostras, mas pelo seu formato de animal... não causará um impacto grande na natureza ou nas espécies que ali habitam. — Sorriu convencido e esticou o braço e jogou pelos meus ombros, me puxando para perto de si. — Jimin, eu e você vamos trabalhar na NASA. Você sendo um grande pesquisador do universo, eu sendo o cara que irá construir robôs para ir aos outros planetas e o Taehyung… bom, ele vai escrever muitas matérias sobre nós.

— Vá se foder. — Ele respondeu enquanto revirava os olhos.

 

— Por quê?. Mas não é isso que os jornalistas fazem? — Yoongi rebateu.

 

— Eu não vou entrevistar vocês. Eu serei um grande âncora no canal mais famoso da coreia do sul e mandarei um estagiário entrevistar vocês.

 

— Mas irá falar de nós da mesma forma. — Ele disse, fazendo Tae se calar. Virou-se para mim ainda sorrindo, mas esse sorriso morreu quando prestou atenção no meu rosto. — Você andou chorando?

 

— Sim. Andando, deitado, jogado...

 

— Por quê? O que houve?

 

Respirei fundo, me afundando na cadeira de plástico.

 

— Eu terminei com o Jungkook ontem...

 

Yoongi me olhou bem surpreso, se eu estivesse com o ânimo lá em cima teria rido.

 

— Está falando sério?

 

— Uhum.

 

— Nossa… — Ele apenas permaneceu com o braço ao redor dos meus ombros e fez carinho em um deles. Yoongi sabia sobre a minha história com Jungkook. — Eu sinto muito, Minnie.

 

— Eu também, acredite. — Suspirei

 

— Jiminnie, você está muito para baixo. — Taehyung cutucou minha mão enquanto ele falava. — Olha, há muito tempo você não sai conosco. Hoje não quero receber um 'não' como resposta. Eu e os outros estávamos combinando de ir até um Pub para comer e beber um pouco, e você vai.

 

— Tae, mas eu...

 

— Sem ''mas''. Você irá, não quero que você fiquei chorando no seu apartamento sozinho. Jimin, há muito tempo você não sai com a gente. Sempre é do apartamento para a faculdade, da faculdade para o apartamento e no tempo vago você saía com o Jungkook.

 

Olhei para a mesa. Ele tinha razão, há muito tempo minha rotina era apenas essa e quando eu tinha uma folguinha... eu saia com Jungkook. Isso quando ele não me dava um bolo para fazer outra coisa. Faz tempo que não saio com meus amigos, não que eu tenha deixado eles de lado, ainda falava com todos eles de forma normal. Eu sentia falta...

 

—Tudo bem, eu vou. Depois da faculdade, certo?

 

— Sim! — Ele sorriu animado, mostrando seu sorriso quadradinho.

 

— Eu não vou poder ir. Preciso repor o sono que perdi quando estava construindo o robô.— Yoongi falou.

 

Eu puxei o celular do meu bolso e o desbloqueei. Nenhuma mensagem de Jungkook. Isso me frustrava muito, achei que depois de tudo que eu havia dito ele falaria alguma coisa ou viria atrás de mim para conversar. Eu estava bem errado.

 

Suspirei enquanto deitava no ombro de Yoongi. Estava triste demais para ficar rindo quando Yoongi falava que Taehyung iria vender artesanato na praça já que ele era de Humanas.

.

.

.

— … Ele olhou bem no fundo dos meus olhos e disse, '' Engenharia elétrica não é curso para mulher''. Nessa hora eu fiquei extremamente puta. — Dakota pegou mais batatinhas da cesta em cima da mesa e a enfiou com raiva em sua boca. — Agora sim, depois dessa, fiquei com mais vontade ainda de terminar o meu curso. Vou segurar meu diploma e esfregar na cara desse homem que se diz professor. Onde já se viu? Eu que não vou abaixar minha cabeça para essa sociedade patriarcal, eu sou mulher e tenho o mesmo direito. Faço o que eu quiser da minha vida. Cara machista da porra!

 

Fiquei encarando ela, vendo ela mastigar as batatas para descontar toda sua raiva ali e não ir atrás do professor para fazê-lo engolir as palavras machistas. Dakota fazia parte do meu ciclo de amizade, apesar dela estudar em uma faculdade diferente. Ela já estava na coreia há um bom tempo, pelo o que ela me contou no começo da nossa amizade, Dakota nasceu na Austrália. Seus traços eram bem fortes, cabelos loiros; olhos azuis; boca bem carnuda e sardas pintadas na bochecha e perto do nariz. Eu sempre dizia que Dakota tinha estrelas pintadas no rosto, suas sardas era um charme a mais.

 

No Pub que estávamos, tocava uma música animada que reconheci na hora. Os caras do Urban Cone cantavam New York, uma das minhas músicas preferidas deles, senão A preferida. Estava naqueles bancos- poltronas de couro verde, sentado a mesa, estava Taehyung; Namjoon; Eu e Dakota. Comíamos coisas não saudáveis e bebíamos, combinados que seria apenas um Chopp. Afinal, ninguém ali queria encher a cara.

 

— Ele é um merda. Infelizmente é mais um que se deixa levar por esses pensamentos retrógrados. —Taehyung, disse. Defender a namorada era um dos seus passatempos preferidos. Sinceramente, quase agradeci ao universo quando Dakota começou a namorar aquele cabeção. Taehyung mudou muito de um tempo para cá, digamos que antes ele era meio... escroto e fazia piadinhas homofóbicas, mesmo ele tendo um amigo gay. Que no caso... sou eu. Ele não me tratava mal, mas as piadinhas me incomodavam lá no fundo.

 

— Pelo amor de deus, vamos mudar de assunto antes que a Dakota acabe com as batatinhas. Ela está comendo com tanta raiva que juro que as batatas podem sangrar a qualquer momento. — Namjoon riu, enfiando a mão na cesta e pegando o aperitivo também.

 

Os olhos dela voltaram-se para mim...

 

Eu sabia muito bem o que viria a seguir.

 

— Minnie, como você está? — Ela perguntou, me olhando com aqueles lindos olhos azuis.

 

— Ah, não. Pode parar. Não quero falar sobre isso. — Me afundei na poltrona começando a ficar amuado novamente com aquele assunto. Eu estava triste e magoado ainda.

 

— Você não pode ficar jogando esse assunto para debaixo do tapete, Minnie. Isso é sério. A relação de vocês dura há anos e você rompeu com ele, sei que está muito triste. Você quer ajuda para arranhar o carro dele?

 

— Deixa eu ajudar?— Namjoon rapidamente perguntou, ficando animado com a ideia.

 

— O que? Não! Ninguém vai arranhar o carro de ninguém.— Eu disse, me endireitando no banco. Ela estava certa, eu estava apenas tapando o buraco para quando eu chegasse em casa chorar mais. — Quando eu sai da minha aula hoje para vir para cá, eu senti uma imensa vontade de ir até o prédio dele. Eu estou em um conflito interno. Uma parte de mim não quer vê-lo nunca mais e a outra parte que beijá-lo e ouvir um pedido de desculpas pelo menos.

 

— Você está pensando nele demais. — Taehyung falou com a boca cheia de hambúrguer misturado com... aquilo é queijo cheddar? — Você precisa ocupar sua mente com outras coisas.

 

— Não adianta. Eu já tenho as matérias da faculdade para estudar, mas mesmo assim eu ainda penso nele.

 

— Não, Minnie. O que estamos querendo dizer é... — Dakota olhou para Namjoon e Taehyung, trocando olhares cúmplices. Logo voltou a me encarar. — Está na hora de você ter mais amor próprio, você sempre 'viveu' pelo Jungkook. Ele é um cara legal, mas não com você. E está na hora de você, sei lá, tirar um tempo para si. Se conhecer mais, sair conosco, ler livros com temas diferentes, ir no cinema, em um musical. Coisas que ocupam sua cabeça, sabe? E de bônus você ainda vai estar tirando um tempo para você e se interessando por outras coisas.

 

— Precisa ocupar sua mente para esquecer ele, Jimin. — Namjoon disse enquanto me olhava também.

 

Até pensei em rebater, mas o que eu iria dizer?Eles estavam completamente certos. Eu precisava de mais amor próprio, precisava descobrir gostos novos e sei lá... músicas novas?.

 

— Vocês tem razão. — Suspirei e coloquei meu cotovelo em cima da mesa, apoiando meu queixo na palma da mão. — Amo vocês. — Sorri.

 

— Onw. — Taehyung debochou da minha pequena declaração. Maldito.

 

— Eu tenho um livro que terminei de ler há pouco tempo e você deveria ler. Ele te prende de uma forma assustadora e ainda te faz refletir. — Namjoon falou enquanto me olhava. — Acho que ele seria ideal para você pensar no conteúdo que ele transmite e não no Jungkook.

 

— Qual livro? — Perguntei com curiosidade.

 

— Laranja Mecânica.

 

— Nossa! Eu já li esse livro. Ele é bem pesado, mas te faz refletir sobre tudo que ele aborda. Sobre violência, estupro, redução da maioridade penal e outras coisas. — Dakota dizia com uma estranha empolgação. — Você precisa ler, mas se prepara, o conteúdo que ele aborda é pesado.

 

— Pode mandar, estou preparado. — Sorri.


 

duas semana depois...


 

Eu sinceramente estava mais do que envolvido naquele livro, Dakota e Namjoon estavam certos, o livro era pesado mas o seu conteúdo nos faz refletir. No começo foi complicado para mim, pois o autor inventou palavras novas - apesar de que no glossário do livro estava o real significado para essas palavras. Mas comecei a pegar o jeito, a cada dia fui me aprofundando mais e mais no enredo e na história do Alex.

 

Alex, o protagonista adolescente extremamente carismático. Me fez pensar em como ele era um cara legal, bom, até chegar nas partes onde ele cometia atrocidades contra os outros. A cada página que ia virando, descobria que Alex possuía uma gangue e com essa, ele saia às ruas para mutilar, assaltar e estuprar. Pensei que talvez isso seria um reflexo de falta de amor dos pais, mas não, os pais de Alex eram carinhosos. Mas eles não possuíam voz, não possuíam autoridade.

 

E como Dakota disse, isso me fez refletir.

 

Hoje, na nossa sociedade, o que mais temos é adolescentes abusando de seu poder de idade. Aproveitam que são menores para cometer delitos e ou algo pior, pois sabem que não serão punidos como deveriam. Isso me fez pensar sobre a redução da maioridade penal, e de fato, era um tema onde as respostas não eram simples. Não existia apenas o ''Sim'' e o '' Não''. Eu ia virando mais páginas, com sede de descobrir o enredo. Vi que Alex, apesar de tudo, ele tinha um resquício de humanidade dentro dele... por exemplo, ele amava música clássica. O que é apreciado por poucos.

 

Escutei meu celular apitar em cima da cama ao meu lado. Peguei e desbloqueei.

 

Mais uma mensagem de Jungkook...

 

Jungkook:

Jimin-Ah, sério mesmo que não vai responder nenhuma das minhas mensagens? Eu preciso falar com você...

 

Apenas visualizei, sem o responder. Faz alguns dias que Jungkook vem me mandando mensagens perguntando como eu estava e até mesmo o que eu estava fazendo! No começo fiquei bem impressionado mas não me deixei levar, sequer respondia uma mensagem dele. Também não atendia nenhuma ligação. Fiquei sabendo pelo Taehyung, que Jungkook as vezes me procurava pela faculdade.

 

Não que eu estivesse fugindo, talvez um pouquinho. Mas acontece que toda vez que ele chegava em um local eu ja havia ido embora. Ultimamente não ando pensando tanto nele, não é como se eu o esquecesse, apenas me foco em outra coisa... como nesse enredo maravilhoso.

 

Sinceramente, o autor desse livro é um gênio.

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Eu estava encostado na porta da minha sala vendo alguns feixes de luz entrar pela janela do cômodo. O barulho do interfone era a única coisa que quebrava o silêncio, eu sabia que Jungkook estava lá embaixo tocando para que eu abrisse a porta para ele subir. Mas eu não faria isso...

 

Ele insistia, tocava mais uma, duas e três vezes. Até que ele desistiu…

 

(...)

 

Namjoon me puxava pela mão enquanto corríamos pela calçada movimentada, era engraçado como tentávamos desviar das pessoas. Em uma das minhas mãos, eu segurava um cupcake de chocolate que Namjoon havia comprado para mim.

 

Naquele noite de sexta-feira eu saí com ele, fomos até um festival de música Indie que estava acontecendo no centro da cidade, sinceramente, uma noite inesquecível. Comemos todos os tipos de porcarias enquanto víamos a banda tocar no palco, Namjoon havia me levado justo no dia que uma banda cover de Urban Cone iria tocar... ele sabia que era uma das minhas bandas preferidas.

 

E adivinha só? Tocou minha música favorita, New York.

 

Eu perdi toda a vergonha naquela noite, dancei no meio de todo mundo com Namjoon, em certo momento, ele pegou uma das minhas mãos e me girou no meio do povão. Foi divertido.

 

— Obrigado pelo seu cachecol. — Sorri largo e retirei a peça verde-escuro do meu pescoço, sentindo o frio gélido bater na minha pele agora exposta. Coloquei em volta do pescoço dele e o vi sorrir.

 

— Que isso, não há de quê. Bom, está entregue. — Ele olhou para cima, mirando o meu prédio.

 

— Sim. Nam...eu me diverti muito essa noite, sério. Muito obrigado.

 

Ele alargou o sorriso, fazendo suas covinhas aparecerem. Eu estava preparado para tudo, menos para o momento que ele se inclinou abaixando-se um pouco... e deixou um beijo demorado na minha bochecha. Quer dizer... ele nunca tinha feito isso antes. Confesso que senti meu rosto esquentar com aquele ato.

 

— Não há de que, quando precisar... eu estou aqui para lhe divertir novamente.

 

Eu iria responder, mas quando olhei por cima do seu ombro, focando atrás de si, quase enfartei.

 

Jungkook estava escorado no seu Rexton preto, de braços cruzados e nos olhando bem sério. Eu sinceramente pude ver seu maxilar travado, por conta dos braços cruzados, seu bíceps ficavam ainda maiores debaixo daquela blusa de frio vermelha e colada.

 

Namjoon percebendo que eu olhava para trás, virou-se também. O clima estava bem constrangedor. Jungkook intercalava o olhar para mim e para Namjoon, nos fitando intensamente.

 

— Nam. — Eu disse baixinho e ofereci o meu sorriso mais simpático, afinal, ele me ajudou muito naquela noite. Faz tempo que não me soltava e não me divertia. — Muito obrigado por hoje, sério. Você me animou muito.

 

— Ah... que isso. — Sorriu sem graça enquanto colocava as mãos no bolso do sobretudo marrom. — Bom, eu acho melhor ir. Você... você vai ficar bem?

 

— Vou sim. — Sorri.

 

Ele retribuiu, me olhando por mais alguns segundos antes de girar os calcanhares e caminhar pela calçada, que perto do meu prédio, estava pouco movimentada. Olhei para frente, vendo Jungkook desencostar do seu carro e vir até a mim.

 

— Precisamos conversar. — Sua voz era firme.

 

Ignorei, apenas levei o cupcake até a boca e dei uma bela mordida nele. Enfiei a mão no bolso do meu casaco, pegando a chave da portaria.

 

— Vai me ignorar mesmo? Jimin, você não pode simplesmente romper comigo e agir como se nada estivesse acontecendo.

 

— Na verdade, eu posso sim.

 

— Mas os nossos pais...

 

— '' Mas os nossos pais'' — Repeti com deboche, o fazendo se calar e franzir a testa. — Isso só prova que você estava comigo para não decepcionar eles, sinceramente, acho que te fiz um favor quando comecei a sumir da sua vida. — Dei as costas para ele, coloquei a chave na porta e a girei pronto para entrar e subir até meu apartamento. Esse seria o plano... se Jungkook não segurasse meu pulso, não com violência, ele apenas segurou.

 

— Eu sinto sua falta... — Ele falou baixo, se ele não estivesse bem atrás de mim, não teria escutado. Eu virei para ele mais uma vez, ficando bem incrédulo.

 

— Como é que é? — Deixei um riso sem humor sair da minha boca. Estava começando a ficar irritado.

 

— Eu sinto sua falta. — Repetiu e olhou para baixo. — Você não me liga e sequer responde minhas mensagens há um tempo...

 

— Sentindo falta do que exatamente? Quando eu ficava atrás de você? você sequer me dava atenção direito. Provavelmente está sentindo falta de alguém inflando seu ego, não é?

 

— O que? Não! — Ele arregalou os olhos e se aproximou mais de mim, como consequência, dei um passo para trás. — Olhe para nós, nos conhecemos há tempos e agora estamos agindo como estranhos. — Suspirou. — Eu... Jimin-Ah, eu realmente sinto sua falta. Droga… — Passou a mão pelos cabelos, bagunçando os fios. Era uma mania que ele tinha quando estava nervoso. Como pode eu conhecer tanto sobre ele? — Me desculpa pelas minhas atitudes, não quero que você pense que lhe trato mal por maldade... sinceramente não via o quanto você ficava magoado. Mas depois daquele dia que você me jogou a aliança de volta e não me ligou mais, eu fiquei sem rumo.

 

— Por que você começou a me tratar assim, Jungkook? — Eu realmente queria saber. — Você nunca foi assim comigo e de repente... você começa a ser mais frio. Olha, não se preocupe. Eu falo com a minha família e com a sua, digo que fui eu quem rompeu o noivado e ninguém vai ficar chateado com você...

 

— Não, Jimin. Por favor. — Ele se aproximou tanto, que nossos sapatos se tocaram na parte da frente. — Por favor, não pense que estou com você apenas pela promessa dos nossos pais. Eu quero estar com você, quero mesmo.

 

— Percebe que está sendo contraditório? Suas ações provam o contrário, Jeon. — Respirei fundo. — Por favor, vá embora. Se a sua intenção era reatar a nossa relação... saiba que não vamos voltar a ficar juntos. — O que eu disse me feriu e muito. Eu queria chorar, mas ao mesmo tempo fiquei com raiva porque Jeon Jungkook acabou com a minha noite. Não dava, ele simplesmente abalava minhas estruturas. Me virei para entrar no prédio e fechar a porta na cara dele, mas não pude dar um passo a mais pois seus braços me abraçaram pela cintura... me fazendo colar as costas em seu tronco.

 

— Por favor... não fale isso. — Ele sussurrou enquanto enfiava o nariz nos meus cabelos. Fechei os olhos com força, sentindo meu corpo tremer com aquela aproximação toda. Por deus, eu estava com tanta saudade de um contato corporal com ele. Sentir o calor de Jungkook sempre me agradou. — Não me diga para desistir de você. Jimin... por favor, me perdoa. Por favor...

 

Ele me apertava mais, enquanto sussurrava aquela palavra em meu ouvindo. Meus olhos estavam fechados com força, eu queria muito acreditar… mas meu coração machucado não deixava. Eu prometi a mim mesmo que não deixaria Jungkook pisar em mim novamente.

 

— Me solta, Jungkook... — Pedi com a voz embargada. Droga, eu não podia chorar ali.

 

— Não. — Ditou firme, ainda me abraçando com força. — Eu fui um merda com você, te ignorei da pior forma possível. Mas por favor, não encha sua cabeça com minhocas achando que eu não gosto de você e que estou com outra pessoa, ou que eu estou cansado de você. Eu sinceramente não sei o porque venho te ignorando, não fique achando que fiz algo de errado. Apenas saía com meus amigos. Desculpa por te tratar mal, Minnie. Me perdoa.

 

Ele me virou para a frente, passando um de seus braços pela minha cintura e me encarando intensamente. Eu estava com medo dele me beijar, sim, medo. Pois se ele fizesse isso... eu iria acabar me entregando. Eu não podia... eu não queria, pelo menos não naquela hora. Eu estava com o pé atrás.

 

— Me dê mais uma chance. — Ele pediu.

 

— Por quê?

 

— Deixa eu fazer as coisas da forma certa, por favor.

 

Fiquei o encarando por um bom tempo, levei uma das minhas mãos para trás e retirei seu braço de mim.

 

— Prove que você realmente quer isso.

 

— Como quer que eu prove?

 

— Eu não sei, se vira. — Respirei fundo mais uma vez e me virei para a porta, não demorei para entrar e fechar ela antes que Jungkook viesse até a mim. Pelo vidro, eu fiquei o olhando...e ele também me olhava.

 

Logo dei as costas e fui para o elevador enquanto comia o resto do meu cupcake quase desfeito. Provavelmente ele desistiria, afinal, ele não ligava.

 

Ah... mas eu não sabia o quanto estava enganado sobre meus pensamentos.



Segunda-Feira.

 

O meu celular mostrava ser sete e onze da noite. Ninguém merece, havia ficado até essa hora na faculdade por conta de duas provas discursivas, ou seja, escrever todas as respostas! E eram várias questões. Fui um dos últimos a sair, estava confiante, estudei demais para essas duas provas. Mas mesmo assim, sentia um friozinho na barriga só de pensar no dia da entrega de notas.

 

Era engraçado como a faculdade funcionava. No ensino fundamental, se você saísse cedo de uma prova você era muito inteligente. Mas na faculdade, se você sair cedo… bom, você é burro e mostra que chutou tudo. Achava que isso era apenas um boato, mas acredite, tenho colegas que realmente respondem qualquer coisa e saem primeiro.

 

Minhas costas estavam doendo assim como a minha nuca, havia ficado em uma posição muito desconfortável na hora da prova. Mas valeu a pena, respondi todas as questões teóricas e as de cálculo também, ainda avisei para o professor que na minha mesa havia rascunhos de cálculo caso ele queira dar uma olhadinha e ver tudo mais completo. Afinal, faltou espaço na folha.

 

Caminhei para a entrada da faculdade, mal podia esperar para chegar no meu apartamento e terminar de ler Laranja Mecânica, faltavam apenas poucas páginas. Hoje mesmo conseguiria terminar.

 

Sai dos meu pensamento e do meu momento de empolgação quando pisei na calçada, pois quando olhei para frente... Jungkook me esperava encostado em seu carro. Ele abriu um sorriso bonito e veio até a mim, me fazendo franzir a testa.

 

— O que faz aqui? — Perguntei com curiosidade, pois pelo o que eu sei... o curso dele termina perto do horário de almoço e às vezes a tarde.

 

— Estava te esperando.

 

Arregalei os olhos.

 

— Até agora?

 

— Bom... — Ele passou a mão na nuca, ainda dando aquele sorriso pelo qual eu derretia. — Hoje eu fiquei até às quatro da tarde porque estava fazendo um trabalho na biblioteca, então... resolvi esperar você.

 

— Por que ficou me esperando há horas? Saí da prova só agora...

 

— Eu queria te levar para casa. — Colocou as mãos no bolso da calça.

 

Ergui uma sobrancelha. Como é que é?

 

Fiquei encarando ele como se o mesmo possuísse antenas verdes e estivesse falando espanhol.

 

— Posso te dar uma carona? — Perguntou.

 

Eu não sabia se era uma boa ideia. Mas eu estava longe de casa, não queria pegar um metrô ou ir andando até o meu apartamento. Eu realmente estava cansado, não dormi direito no fim de semana por conta dos estudos e hoje passei quase mais de uma hora sentado na mesma posição fazendo minhas provas.

 

— Bom… ok. — Respondi meio tímido. Era estranho, estávamos agindo como se fosse tudo pela primeira vez, nem parece que há um tempo éramos noivos. Nunca conseguiria entender a minha relação com Jungkook.

 

Me aproximei do carro dele, vendo Jungkook abrir a porta para mim. Certo... isso é bem estranho, quem sabe ainda dê tempo de correr. Saí da linha dos pensamentos quando escutei a porta bater ao meu lado. Ele logo contornou o automóvel e foi em direção ao banco de motorista, se sentando e colocando o cinto.

 

— Você está com fome?

 

— Não. — Sorri fraco.

 

— Não quer comer alguma coisa? Há uma lanchonete muito boa aqui perto...

 

— Jungkook, eu realmente não quero. Obrigado. Eu apenas quero ir para o meu apartamento e descansar. — Dei mais um sorriso, tentando não parecer grosso mesmo que ele merecesse.

 

— Oh... tudo bem.— Falou, meio desapontado.

 

Lá no fundo, bem lá fundo, eu senti pena. Mas pedi para o Park Jimin interno jogar essa pena no buraco mais fundo do meu ser e enterrar com pedras.

 

Rancoroso?

 

Sou. Descobri esse meu lado há pouco tempo.

 

Deitei minha cabeça no encosto do banco e fiquei olhando pela janela do carro, vendo as luzes passar de forma rápida lá fora. O trânsito estava movimentado assim como os estabelecimentos, afinal, era cedo. Com meu dedo indicador, eu fiquei arranhando por cima do tecido da minha calça jeans. Estava meio desconfortável ali, quer dizer... era Jungkook, eu o conhecia há muito tempo. Mas mesmo assim...

 

Talvez eu estivesse com medo, medo de voltar a ser aquele Jimin idiota quando estava perto dele e me magoar mais uma vez. Nesses últimos dias, eu mudei bastante em comparação ao que eu era antes. Me esforcei para isso, me esforcei para ter um pouco mais de amor próprio e ainda estava me esforçando. Não poderia ceder... Não agora.

 

Mas não vou mentir, sinto falta dele. Dos abraços, dos lábios e até de quando ele segurava minha mão. Eu ainda o amo.

 

Sai dos meus pensamentos quando senti o carro parar, pisquei algumas vezes e vi que estava na frente do meu prédio.

 

— Prontinho. — Ele sorriu.

 

Deus... que vontade de beijar essa boca.

 

— Obrigado. — Sorri e levei minha mão até a maçaneta da porta e a abri.

 

— Boa noite.

 

— Boa noite. — Arrumei a mochila no meu ombro e sai do carro.

.

.

.

Terminei o livro e o fechei. Coloquei no meu colo, ainda sentado no sofá, fiquei olhando para a minha estante. Eu ainda estava meio chocado com aquele enredo, quer dizer... ele te prende de uma forma tão boa e te impressiona.

 

O que eu vou fazer na minha vida agora?.

 

Eu nunca li algo tão rápido. No enredo, descobri que Alex foi finalmente capturado pela polícia. Mas o governo interviu, oferecendo uma oferta a ele. Alex teria que ser uma cobaia para um experimento que o governo estava fazendo, um teste para ver se conseguiam diminuir a violência dos detentos e futuramente erradicá-la. O problema, é que Alex foi condicionado a ser bom. Ele não era bom por querer ser e por saber que era o certo, ele tornou-se bom pois foi induzido a isso por meio de medicamentos. E ainda perdeu o resquício de sua humanidade... Alex não gostava mais de música clássica. Ele simplesmente foi condicionado a tudo, lhe tiraram o livre arbítrio de escolher o '' bom e o ruim''.

 

Fiquei bons minutos olhando a minha estante enquanto pensava. Me perguntava sobre algumas coisas. O que é melhor? Ser bondoso ou escolher a bondade? Será que somos bondosos por escolha pois sabemos que é o certo a fazer ou somos bondosos porque somos condicionados,pois sabemos que se não formos... consequências virão? Somos porque queremos ou por medo? Abri o livro mais uma vez, lendo novamente aquele trecho...

 

''Bondade é algo que se escolhe. Quando um homem não pode escolher, ele deixa de ser homem''.

 

Sai da minha linha de raciocínio quando escutei meu celular vibrar em cima da almofada ao meu lado. Estiquei meu braço e o peguei, abrindo a notificação de uma mensagem.

 

Jungkook:

Durma bem, Jimin-Ah.
 

Terça-Feira

 

Apaguei uma parte da conta mais uma vez, passei a mão por cima da folha e retirei aqueles farelos de borracha. Com todo cuidado para não amassar a folha, é claro. Eu estava em uma das mesas que eram espalhadas pelo campus da faculdade, Taehyung estava sentado a minha frente tomando um suco de caixinha. Ele fazia aquele barulho irritante no canudinho de propósito, mas eu sequer ligava, estava mais concentrado no cálculo que estava fazendo. Acontece... que ontem a noite eu esqueci de terminar de fazer um exercício que o professor passou, valendo nota ainda por cima. Eu já tinha feito a metade, estava aproveitando aquele tempo vago para terminar tudo. Pelo o que ouvi falar, os professores estavam em reunião com a coordenação da faculdade. Ou seja... o campus estava lotado de alunos.

 

Mais uma vez, comecei a fazer o calculo de onde tinha parado. Havia alguma coisa ali faltando, não estava certo. Vi que Taehyung esticou a mão para pegar uma das minhas folhas de exercício.

 

— '' Calcule a velocidade orbital média da Terra...''. Até parece que alguém sabe fazer essa merd-...

 

— A velocidade média é igual a vinte e nove vírgula oito quilômetros por segundo. — Respondi de forma automática enquanto terminava o meu cálculo. Estava quase no final. Finalmente havia enxergado a falha.

 

Taehyung deu uma tossida falsa enquanto falava um ''nerd'' ali no meio. Apenas ignorei... como sempre.

 

— Isso que você está fazendo é todos os exercícios? Nossa, é muita coisa. — Ele disse.

 

— Na verdade, isso aqui é um cálculo de uma questão só.

 

— Deus me livre! Eu prefiro ficar com o meu curso de humanas, pensando bem... acho que sempre tive vocação para fazer artesanatos mesmo.

 

Quando ele disse aquilo, eu não me segurei. Comecei a rir.

 

— Yoongi iria tirar muito com a sua cara se ele estivesse aqui agora. — Disse.

 

— Eu sei. Mas e aí, me diga, o Jungkook ainda está te mandando mensagens?

 

— Sim. Ontem ele até enviou um... ''Durma bem''.

 

— Nossa. Quem diria que ele iria correr atrás, hein.

 

— Sim. — Levantei minha cabeça mais uma vez e o olhei. — Eu sinceramente não entendo porque ele havia ficado daquele jeito. Quer dizer, Jungkook sempre foi meio reservado mas nunca havia me tratado mal e nem nada.

 

— Bom, isso pode ser má influência de alguma amizade, não sei.

 

— É, talvez. — Suspirei. Passei os olhos por cima do cálculo que havia terminado, estava satisfeito.

 

— Você vai perdoá-lo?

 

Fiquei um tempo encarando o campus, tentei colocar meus pensamentos em ordem e falhei miseravelmente. Eu iria perdoá-lo? Qual a probabilidade de acontecer de novo? Qual a porcentagem de chances que eu deveria dar sem correr riscos? Aish, eu queria que relacionamentos fossem como exatas. Cálculos precisos e com a mínima possibilidade de erros nas decisões. Tudo seria tão mais fácil...

 

— Eu não sei. — Disse por fim. — Talvez, quer dizer... - Mordi a ponta de trás do lápis. — Eu tenho medo dele fazer de novo, eu o amo muito. Mas é difícil receber ações que demonstram rejeição.

 

— Não é fácil, meu amigo.

 

— Não é mesmo.

 

Taquei minha testa na mesa e suspirei mais uma vez naquele dia, de um jeito bem frustrante.

.

.

.

— Professor? — Uma das alunas do campus colocou apenas a cabeça para o lado de dentro da minha sala, falando de uma forma tímida.

 

— Sim? — O velho falou, enquanto retirava a sua atenção do quadro branco.

 

— Er... um aluno me pediu para entregar algo para o Park Jimin.

 

Franzi a testa na hora, eu era o único Park Jimin ali. Olhei para o professor e o vi sinalizar com a cabeça para que eu me levantasse e fosse até a garota. E foi o que fiz, sob os olhares de todos ali na sala.

 

Me aproximei e a vi abrir mais a porta, mostrando que ela estava segurando um buquê de rosas amarelas. Eu simplesmente arregalei os olhos enquanto pegava, escutando o barulho do plástico que protegia a parte de baixo das flores. Mas o que diabos?...

 

A garota simplesmente sorriu e saiu da sala, eu estava olhando o buquê com atenção quando ouvi um coro de ''Hmmmm'' dos alunos. Por acaso eu voltei para o ensino médio ou fundamental?! Segui até a minha carteira, sabia que minhas bochechas estavam vermelhas assim como as orelhas, eu sentia tudo quente. Quando sentei, prestei mais atenção e vi que havia um cartão branco com um leve detalhe de dourado por cima. Assim que peguei e o abri, reconheci aquela caligrafia na hora.

 

'' Você é a minha estrela de primeira grandeza, pois é a que exerce o maior poder de atração sobre mim.

E nem tudo é relativo. A velocidade da luz e meus sentimos por você são absolutos.

P.S: Espero que tenha gostado das flores. Amarelo combina com você.

Jeon Jungkook. ''

 

Eu estava incrédulo! Ele que mandou o buquê e ainda fez cantadas sobre a minha área de estudo, sabia que ele havia procurado em algum lugar ou pedido ajuda, pois Jungkook não entende nada de física ou astronomia. O pior de tudo... foi que eu achei muito bonitinho. Fechei o cartãozinho e finalmente percebi que tinha um sorriso idiota no meu rosto.

 

Droga, Jungkook! Não quebre as barreiras que tive tanto trabalho de construir!

 

(...)

 

Eu andava pela calçada que estava lotada, tentava não esbarrar nas pessoas. Todas as placas estavam iluminadas e os barulhos dos carros e buzina de motos estavam me irritando um pouquinho. Afinal, eu estava tentando falar no celular com o meu pai.

 

— Sim, está tudo indo muito bem. Minhas notas estão excelentes. — Parei na beira da faixa de pedestre, esperando o sinal abrir com um monte de gente. Eu estava a caminho de um restaurante que havia acabado de abrir, pelo o que Yoongi falou, ele era bem pequeno mas a comida era maravilhosa. Combinamos junto com os outros de ir nele hoje a noite. Eles já estavam lá esperando por mim.

 

— Ah, meu filho, que bom. Você vai ser um excelente profissional. — Sorri com aquilo. — Sua mãe e eu estamos com muitas saudades de você, as coisas aqui na china estão corridas mas semana que vem vamos voltar para Seul.

 

— Poderíamos marcar um almoço. Também estou com saudades, Pai. — Disse de forma manhosa. Eu era muito apegado com o meu pai, muito mesmo. Minha mãe as vezes dava uma de dramática e falava que eu amava mais o meu pai do que a ela. Ele sempre me passou uma sensação de proteção e carinho, me sentia uma criança novamente quando eu estava perto dele. E obviamente o velho amava isso, queria que eu fosse uma eterna criança. Eu, mesmo adulto, ainda sentava no colo do meu pai quando eu ia para a casa dele e da minha mãe.

 

— Vamos sim! — Ele disse animado. — Ah, como estão as coisas entre você e Jungkook? Faz um tempo que não falo com ele. Ele está bem?

 

Mordi o lábio inferior com força a ponto de deixar a marca dos meus dentes ali. Vi o sinal ficar verde para os pedestres e atravessei a rua com as outras pessoas. Puta merda! Se eu contasse que terminei o noivado com Jungkook, meu pai ficaria extremamente triste, o velho gosta muito dele e acha que Jeon é perfeito para mim. Eu não queria decepcionar o meu pai, ele está tão animado com a ideia de Jungkook e eu assumirmos a empresa futuramente, ele vai ficar triste... não quero vê-lo triste. Mas também não queria mentir...

 

— Estamos bem pai. — Tentei deixar a minha voz mais normal possível, queria muito me jogar na frente de um carro agora. — Ele está bem também, só ocupado por conta dos períodos de provas.

 

— Eu imagino. Filho, eu tenho que ir, certo? Preciso sair com a sua mãe agora, quando der eu ligo novamente.

 

— Tudo bem, Pai. Dá um beijo na mãe por mim. Se cuida, amo você.

 

— Mando sim. E mande um abraço para o Jungkook. E eu também amo você, filhote.

 

Sorri enquanto encerrava a ligação, mal podia esperar para eles voltarem logo para Seul.

 

Cheguei na frente de uma portinha de vidro e abri, assim que entrei no estabelecimento já senti o cheiro maravilhoso de comida. Bem lá no fundo, vi Dakota acenar para mim de forma animada e caminhei até eles.


 

Quarta-feira

 

Eu apertava o botão do controle, tentando achar algum canal que preste. Era oito da manhã, como hoje era feriado... eu pude ficar em casa, havia planejado de dormir até tarde e apodrecer na cama. Mas como meu corpo é do contra as vezes, acordei cedo para aplaudir o sol como um perfeito idiota. Já estava começando a ficar entediado, por pura preguiça, não fui fazer meu café da manhã ainda. Quando pensei em levantar, meu celular apitou.

 

Joguei meu braço para fora do sofá e peguei o aparelho do chão.

 

Jungkook:

Jimin-Ah, está acordado?

 

Sabe aquela preguiça de digitar? Até pensei em mandar um áudio... mas não me senti muito a vontade.

 

Jimin:

Estou

Jungkook:

Ah, sim. Então... Bom dia ^^

keke~

Você já tomou café? Bom, meu instinto diz que não...

você é muito preguiçoso pela manhã.

 

Estreitei os olhos. O que ele pretende com isso? desde quando ele se importa se eu já tomei meu café ou não? Certo, não é como se ele fosse extremamente frio... mas não era de perguntar se eu ja tinha tomado café da manhã.

 

Jimin:

Não é preguiça, Jungkook!

É física.

Um corpo em inércia tende a permanecer em inércia

até que uma força externa seja aplicada nesse corpo

E acredite, quero continuar assim.

 

Jungkook:

KKKK

Você é impossível.

Acho que terei que fazer o papel de força.

Você quer sair comigo para tomar café da manhã?

 

Fiquei um tempinho encarando aquela mensagem. Ele quer que eu saia com ele. Sinceramente, não sei se é uma boa ideia.

 

Ele viu que eu demorei e ainda estava online, acabou mandando outra mensagem.

 

Jungkook:

Tudo bem se não quiser...

Não quero que pense que estou pressionando você ou algo do tipo.

Mas é que eu conheci um ótimo lugar e...

pensei em te levar lá, acho que irá gostar.

 

Certo, vamos aos prós e os contras. Contras: Ainda não o perdoei, não estou me sentindo a vontade, ele quer sair comigo sabe-se-lá-para-onde, posso acabar sendo idiota novamente. Prós: comida.

 

Jimin:

Tudo bem. Eu vou me arrumar.

.

.

.

 

— Quem é a coisa mais linda desse mundo todo?É você, é sim! — Eu falava com voz de bebê, utilizando um tom fino e extremamente ridículo. Mas o que eu poderia fazer? Era um cachorro ali! — Eu te amo, eu te amo muito. Nunca te vi na minha vida, mas já amo você.

 

Jungkook me surpreendeu quando me levou a um Dog Coffee, uma cafeteria onde tinha cachorros. Não é o paraíso? Assim que entrei, eu vi aquelas coisas fofas andando ou correndo pelo local. Não me aguentei, ajoelhei no chão e abracei um cachorro da raça Akita, a coisa mais fofa do mundo. Eu sinceramente estava pensando em sequestrá-lo, ele olhava para mim enquanto balançava o rabo todo contente. Atrás de mim, eu escutava a risada doce de Jungkook, ele estava se divertindo com a situação. Será que se eu colocasse aquele cachorro dentro do meu suéter... alguém perceberia?

 

Me levantei e limpei a poeira da calça, vi que havia uma pia simples ali em uma das paredes. Fui até lá e lavei minhas mãos. Não demorou para eu retornar até onde Jungkook estava, ele nos levou para uma das mesas que estava na sacada daquele lugar. Eu amei aquela cafeteria, ela tinha um ar de casa.

 

— Você gostou? — Ele perguntou, assim que sentou na minha frente. Aquela mesa era redonda e possuía apenas duas cadeiras.

 

— Eu amei. — Sorri com sinceridade. Com toda certeza eu voltaria naquele lugar.

 

— Que bom. Eu imaginei que iria gostar, quando entrei aqui você me veio a mente na hora.

 

Olhei para o lado, observando a rua quase sem carros. Meu coração errou uma batida com aquilo que ele disse, quantas e quantas vezes desejei que ele pensasse em mim por coisas bobas assim como acontecia comigo? Muitas. Toda vez que via algo, sempre pensava... ''Nossa, Jungkook iria adorar isso aqui'' ou '' Isso é a cara do Jungkook-Ah''. Sempre pensei nele quando via algo ou ia a algum lugar, e desejava que isso acontecesse com ele também... eu iria me sentir muito especial com isso. E agora ele estava ali, revelando que lembrou de mim quando viu aquele lugar.

 

— Você vai querer comer o que? — Ele perguntou, quebrando o silêncio.

 

— Ah. Er... — Peguei o cardápio, olhando rapidamente os itens que tinham ali. Minha barriga roncou apenas de ler os nomes. — Um folhado de queijo e... um café Mocha.

 

Ele sorriu, logo se levantando e indo até o balcão fazer o pedido. Enfiei as minhas duas mãos entre as minhas coxas para esquentá-las, pois o clima de Seul estava um pouquinho frio. Nada muito forte, eu amava climas assim. Fiquei olhando o local ali na sacada, além da nossa mesa, tinha mais uma... porém, ela estava vazia. Eu me perguntava o que Jungkook estava planejando, quer dizer, ele está sendo muito atencioso. Será que estava tentando recompensar tudo que fez? Provavelmente.

 

Ele é sim um cara legal, meio reservado em certos pontos, mas muito legal. Apenas estava sendo um babaca nesses tempos. Se ele estava tentando recompensar e provar que realmente me quer... devo dizer que esse filho da mãe está se saindo muito bem. Confesso que quando mandei a mensagem dizendo que iria me arrumar para ele me buscar, senti um frio na barriga. Levantei com tudo do sofá e corri para o banheiro, tomei banho e corri novamente em busca de uma roupa. Optei por uma calça jeans clara, suéter marrom e um tênis branco da adidas.

 

Senti o mesmo nervosismo de quem vai para o primeiro encontro. Ridículo, eu sei.

 

— Aqui. — Ele disse, me fazendo sair dos pensamentos. Assim que o olhei, percebi que ele segurava uma bandeja com duas xícaras e dois pratinhos com os salgados. Sentou-se na minha frente e colocou a comida na mesa, deixando a bandeja vazia na mesa que estava desocupada.

 

— Obrigado. — Sorri e segurei a xícara branca de porcelana, assoprei um pouco e beberiquei. Tem coisa melhor de café cremoso cheio de chantilly?

 

— Ah, eu estava pensando aqui… — Ele colocou a xícara de volta na mesa. — Você sabe que agora no outono está tendo festivais variados, não é?

 

— Sei sim. — Sorri largo. — Namjoon me levou há um de música.

 

Jungkook desviou os olhos e se endireitou na cadeira com o maxilar travado, enquanto passava a língua pela bochecha interna. Deixou bem na cara que ficou desconfortável, gostei disso.

 

— Então… — Pigarreou. — Hoje a tarde vai ter um festival estrangeiro. Onde terá músicas, gastronomia e algumas apresentações. Você quer ir comigo?

 

Ele me fitava com atenção, procurando alguma expressão no meu rosto. Sabia que ele gostava de festivais, e geralmente ele ia com seus amigos.

 

— Mas... você gosta de ir nesses festivais com seus amigos e eu...

 

— Eu quero ir com você. Só com você.

 

— Por quê?

 

Ele respirou fundo e colocou os cotovelos em cima da mesa, inclinando-se mais para frente. Alguns fios de cabelo dele se balançavam com a brisa gélida.

 

— Porque eu quero passar mais tempo com você, Minnie. Eu fui muito idiota nesses meses, eu sinto sua falta... sinto falta de tudo. E só fui perceber isso quando perdi você, fui babaca... eu sei. Mas quero mudar isso. Me dê mais uma chance.

 

Mordi o interior da bochecha, olhando bem para a cara dele.

 

— Eu tenho medo... — Disse baixo.

 

— Do que?

 

— De você fazer tudo de novo. Você nunca percebeu, mas as suas atitudes me machucou.

 

Ele esticou a mão dele e pegou a minha que estava em cima da mesa. Alisou de forma carinhosa e a segurou.

 

— Você não vai se machucar de novo.

 

— Como pode ter certeza?

 

— Porque estou disposto a dar tudo de mim para que isso não aconteça novamente.

 

Olhei para baixo, vendo ele acariciar meus dedos com delicadeza. Respirou fundo, tomando a decisão. Ergui meu rosto e voltei a encará-lo.

 

— Certo. Eu vou com você, só... não me faça arrepender disso.

 

— Não vai. — Sorriu abertamente, deixando aqueles dentinhos lindos amostra.

 

Acenei com a cabeça e voltei a dar atenção a minha comida.

 

(...)

 

Não vou mentir não, estava adorando aquele festival! Aquele local aberto estava cheio de barracas com comidas típicas, músicas variadas tocavam e o cheiro estava muito bom. Era por volta das três da tarde, ou seja, meu estômago começava a dar sinal de vida.

 

Eu e Jungkook comemos massas, doces, e confesso que teve algumas comidas que não gostamos. Também compramos algumas coisinhas, por exemplo: Um mini ônibus vermelho de Londres, um chapéu mexicano, uma caneca com a bandeira do Brasil, globo de neve de Nova York, chaveiros e... Jungkook comprou capinhas de celular para casal. O meu tinha a imagem de batatinha frita super fofa e o dele tinha a imagem de um milk-Shake Kawai. Dois gordos, eu sei. Amo.

 

Estávamos andando entre as barracas, há uns minutos atrás eu percebi que ele segurou minha mão bem devagar e entrelaçou nossos dedos. Eu deixei ele segurar, afinal, eu estava gostando também. Era bom ter a mão dele segurando a minha, apesar dos tamanhos diferentes... era confortável. A minha mão era pequena em comparação a dele, o que ele chamava de mão... eu chamava de Balsa. Fazer o que? Ele era grandão.

 

— Você quer comer um pretzel doce? — Ele perguntou.

 

— Eu nunca comi. — Realmente nunca havia comido, apesar de já ter visto. Minha barriga estava cheia... mas a minha mente curiosa falava: '' Come, come, come, come''. Eu estava curioso para saber o sabor daquilo. — Eu quero. Mas acho melhor dividirmos.

 

— Também acho. Eu já volto. — Ele sorriu e soltou a minha mão, indo até uma barraquinha ali perto de nós.

 

Fui um pouco mais para o canto, para não atrapalhar a passagem de ninguém. O Local estava cheio, eu percebi que havia muitos estrangeiros ali. Alguns jovens passavam por mim e eu notei que eles falavam em inglês. Graças a deus a Coreia estava abrindo as portas para as pessoas de fora, eu achava isso muito legal. Mesmo estando longe, eu escutava uma música alta tocando. Acho que mais para o centro estava tendo apresentação de alguma coisa.

 

— Aqui. — Jungkook ficou bem perto de mim e mostrou um Pretzel coberto pela metade com chocolate. Do meio para baixo eu via que era açúcar e canela. Ele se aproximou mais para me dar na boca, abri e mordi de bom agrado. — Gostou? — Perguntou sorrindo e logo levou até a boca dele.

 

— Hmm... — Disse com a boca cheia. — Isso é muito bom. Que pecado nunca ter comido antes.

 

Ele riu e concordou com a cabeça, aproximou o doce mais uma vez para que eu pudesse morder. E foi o que fiz.

 

— Que ir mais para o centro ver o que está tendo lá?

 

— Quero sim. — Sorri quando senti ele pegar minha mão mais uma vez, mas fui eu quem entrelacei nossos dedos enquanto andávamos até a parte mais central do festival. Eu não vou mentir... eu estava feliz. Muito mesmo, passar aquele tempinho com Jungkook me trazia lembranças e sensações boas.

 

Droga.

.

.

.

O carro estava silencioso. Enfiava meu dedo pela parte rasgada da calça e brincava ali, o carro de Jungkook estava estacionado na frente do meu prédio. Saímos seis e pouco do festival e ele me trouxe em casa. Eu amei passar aquela tarde com ele, e realmente foi muito legal. Comemos tantas coisas diferentes e ainda vimos várias apresentações.

 

Agora estávamos ali, em silêncio dentro do carro. Me virei para ele e sorri.

 

— Obrigado. Eu gostei muito de hoje a tarde...

 

— Eu também gostei. — Sorriu. — Comemos tantas coisas que sinto que meu estômago vai explodir.

 

Deixei uma risadinha sair, eu estava na mesma situação que ele. Mas valeu a pena.

 

— Bom, eu já vou. Preciso arrumar minhas coisas para a faculdade amanhã.

 

— Certo. — Ele ainda sorria, parou de batucar o volante com os dedos e me encarou bem. Inclinou-se um pouco e beijou no canto dos meus lábios de forma demorada. — Boa noite. — Sussurrou, ainda perto de mim.

 

Eu sentia sua respiração bater no meu rosto, uma vontade súbita de beijar aquela boca apareceu. Mas apenas sorri tímido.

 

— Boa noite. — Respondi. Ele se afastou e eu abri a porta do carro e logo sai apressado com algumas sacolas de papel na mão.

 

(...)

                                                                                        

Yoongi:

Vamos sair? A galera que ir no Pub de novo.

 

Jimin:

Hoje não. Estou cansado.

 

Yoongi:

Cansado de que? De respirar?

 

Jimin:

Quase keke~

É que o Jungkook me levou até o festival que estava tendo hoje

Andamos e comemos muito

Estou cansado.

 

Yoongi:

Nossa!

Vocês foram passear!

E como foi?

Foi legal?

 

Jimin:

Foi muito legal

Nunca comi tanto na minha vida

E as apresentações também foram legais

Comprei algumas coisas.

AHH!

Adivinha o que ele comprou para nós...

 

Yoongi:

Eu pensei besteira agora...

Mas diga-me o que ele comprou.

 

Jimin:

kkkk

Ele comprou capinhas de casal

de comida

A minha é de batatinha frita e a dele é de Milk-Shake

 

Yoongi:

Dois gordos.

Só pensam em comida.

 

Jimin:

Você também só pensa em comida.

 

Yoongi:

Então somos três gordos.

Agora preciso ir.

Nos vemos na faculdade amanhã.

 

Jimin:

Tudo bem.

Divirta-se.


 

Quinta-feira

 

— Sabe no que eu estava pensando? — Pulei e me sentei no balcão de mármore. Estava no prédio de Engenharia mecatrônica, assim que sai da minha aula - hoje saí quatro e pouco da tarde- , Yoongi me pediu para ir até a sala de prática, onde os alunos construíam projetos.

 

— Na crise do oriente médio? —Ele respondeu, estava bem concentrado no seu protótipo de Robô-Arraia.

 

— Não. — Ri. — Estava pensando nesses dias que passei com Jungkook. Sabe, ele está se esforçando e até agora deu tudo certo. Eu dei uma chance para ele e... bom, já que eu dei essa chance, estava pensando em sei lá... chamá-lo para alguma coisa.

 

— Tipo o que? Um encontro?

 

— Não. Pensei em uma noite de filme, ele poderia ir lá para casa hoje — Peguei uma chave de fenda com cabo vermelho e comecei a brincar com ela.

 

— É uma boa. Mas você já está mais a vontade com ele? — Yoongi levantou a cabeça e me olhou arrumando os óculos.

 

— Sim. — Sorri.

 

— Então chama.

 

— Depois mando uma mensagem para ele. — Olhei para o projeto de Yoongi. Ele estava fazendo o acabamento. — Seu robô está ficando demais.

 

— Sim. Só não sei o que vou fazer para a pintura, quero que se pareça com um animal real.

 

— Liga para a Dakota e pergunta se ela conhece alguém da área de artes na faculdade dela, assim você pode pagar para a pessoa pintar para você.

 

— É, boa ideia. Mais tarde vou ligar para ela, espero que dê certo.

 

Ele se afundou na cadeira e sorriu para mim de forma preguiçosa.

.

.

.

Abri a caixa de pizza, tirando um pedaço do sabor frango com queijo. Olhei para a televisão, onde o filme Invocação do mal começava. Ainda era seis e três da tarde, desbloqueei meu celular e mandei uma mensagem para Jungkook.

 

Jimin:

Está ocupado?.

 

Não demorou para ele responder.

 

Jungkook:

Para você?

Jamais.

 

Certo, fiquei muito bobinho agora.

 

Jimin:

Você quer assistir um filme aqui?

Invocação do mal começou agora e eu pedi pizza.

 

Jungkook:

Já estou indo!

.

.

.

Eu sinceramente, de verdade, do fundo do meu coração... não sei como e quando a situação desandou. Mas Jungkook estava com um de seus braços jogados por cima do meu ombro e me abraçando, e eu estava aconchegado em seu peito. O perfume dele entrava nas minhas narinas, fazendo com que eu me sentisse muito bem.

 

As pizzas já haviam acabado, o pote de sorvete que ele trouxe agora tinha apenas um restinho. Quando o filme invocação do mal acabou, mudei de canal a procura de outro programa. Nenhum que era bom estava passando... então deixei no desenho hora de aventura. Agora devia ser oito e pouco da noite.

 

— Está com sono? — Ele perguntou de forma baixa enquanto fazia carinho na lateral do meu corpo, as vezes passava os dedos por cima da minha barriga... fazendo que eu me arrepiasse.

 

— Não, só com preguiça.

 

— Jimin?

 

— Hm? — Levantei minha cabeça e o olhei, nessa hora, Jungkook passou a ponta dos dedos pela maçã do meu rosto.

 

— Você ainda tem muita raiva de mim?

 

Fiquei quieto por um tempinho. Eu não tinha raiva dele, antes, sim. Mas agora? Digamos que Jungkook estava conseguindo quebrar minhas barreiras, o que não era tão difícil assim. Tudo o que eu queria é que ele me desse valor e mais atenção, queria que ele voltasse a ser aquele Jungkook de antes. Sei que é egoísmo da minha parte querer que ele me note ainda mais. Mas... amar, querendo ou não, é egoísmo. E tudo que desejei nesses meses... estava acontecendo agora.

 

— Não. — Respondi, ainda o encarando. — Apenas... fico me perguntando se isso vai acontecer de novo.

 

Ele levou o seu dedo indicador até minha sobrancelha, fazendo uma leve caricia. Deixou que os dedos escorregassem pela lateral do meu rosto, como se estivesse decorando cada detalhe.

 

— Pode ter certeza absoluta que isso jamais irá se repetir. Quando você jogou o anel em mim, achei que era algum tipo de brincadeira. Mas quando você começou a me ignorar e a sumir, eu… — Suspirou. — Nunca me senti tão perdido, Jimin-Ah. Sempre tive na minha cabeça que éramos prometidos um ao outro desde o nascimento, e de fato... nós somos. Mas não é só porque nossos pais fizeram aquela velha promessa, é porque somos destinados a ser. E quando eu finalmente me toquei disso... eu vi que não podia perder você.

 

Levei minha mão até os cabelos escuros de Jungkook, enfiei meus dedos nos fios macios e acariciei ali. Se o plano dele era me reconquistar, bom...

 

— Seu idiota, você conseguiu. — Sorri.

 

— Consegui o que? — Franziu a testa. Aquela testa linda.

 

— Eu disse que você deveria provar que realmente me queria, e você está provando. — Mordi o lábio enquanto sorria, eu estava feliz. Ouvir aquelas palavras da boca dele me fez sentir especial, senti que ele queria estar comigo por querer e não por obrigação.

 

— E provarei a cada dia mais. —  Sorriu largo.

 

Jungkook abaixou a cabeça, inclinando-se um pouco para baixo. Esfregou a ponta do seu nariz no meu, deixando que nossas respirações calmas se misturassem. E quem deu o próximo passo fui eu, sem aguentar mais, pressionei meus lábios aos dele. A saudade no meu peito era simplesmente inexplicável, mesmo minha mente estando um pouco desconexa... me perguntava como tive toda aquela força de vontade para ficar longe dele.

 

Abri a boca, deixando que a sua língua escorregasse até a minha e se entrelaçasse com ela. Levei minha mão até a sua nuca e apertei os fios de cabelo ali, ouvindo o suspiro satisfeito dele. A nuca era um ponto fraco de Jungkook, Um dos. E ele também conhecia os meus, pois não demorou para sua mão começar a acariciar minha cintura durante os beijos.

 

Conhecíamos o corpo um do outro, sabíamos em que ponto tocar. Não éramos um casal de puritanos, ja fizemos sexo algumas vezes e todas as vezes foi a melhor coisa do mundo.

 

Tudo com ele era a melhor coisa do mundo.


 

Sexta-feira

 

Se você não está disposto a ser idiota e depender de outro ser humano, você não merece se apaixonar. Não ainda. Porque o amor, de fato, ele nos deixa completamente idiota. Necessitamos escutar a voz do outro todos os dias, precisamos mandar mensagens bobas dando boa noite; perguntar o que está comendo ou perguntar o que está fazendo. Adoramos ouvir o outro falando qualquer besteira e dando aquele sorriso.

 

Mesmo amando muito Jungkook, tomei a decisão mais difícil para mim... eu rompi com ele. Mas ao mesmo tempo que foi difícil, foi a coisa mais certa que ja fiz. Aprendi a me valorizar mais, ter mais amor próprio e ainda descobri um pouco mais sobre mim... sejam gostos ou fragmentos da minha personalidade. Mas de acordo com Jungkook, aquele tempo também fez bem para ele. Ele disse que a situação o fez abrir os olhos, ele sentiu a minha falta e aprendeu que a qualquer momento ele poderia me perder para sempre. Eu mudei, e ele também.

 

Todos os dias os seres humanos passam por mudanças e renovações, desde uma célula morta que cai da nossa pele até as decisões que tomamos no dia a dia. Decidi amar Jungkook, decidi deixá-lo... mas também decidi perdoá-lo. Jungkook decidiu me amar, decidiu cometer erros e depois decidiu correr atrás de mim e concertar tudo. Talvez... as nossas escolhas, na maioria das vezes, elas sendo difíceis e no começo parecendo erradas... elas podem nos levar a um caminho certo.

 

É...

 

Um dos mistérios do universo.

 

— Aish, você quer parar?! — Esbravejei ao mesmo tempo que tampava o rosto. Jungkook há uns bons minutos estava tirando fotos de mim, apenas escutava os clicks da câmera. Fotografar era uma das coisas favoritas dele, ele dizia que coisas ou momentos bonitos nos faziam querer congelar o tempo. Como isso ainda não é possível, ele simplesmente eternizada algum momento na foto.

 

Mesmo sendo sexta-feira, dia de aula, decidimos não ir para a faculdade. Pela manhã, ficamos conversando pelo celular. Na hora do almoço... bom, não comemos por preguiça e continuamos a conversar pelo celular. Quando deu três e quinze da tarde, Jungkook me ligou.. pedindo para que eu me arrumasse pois faríamos um piquenique no parque.

 

E estávamos ali, não éramos os únicos no local. O Parque estava lindo graças ao Outono, várias folhas marrons e alaranjadas estavam dispostas pelo chão, uma pequena brisa fazia com que as folhas desgrudasse de seus galhos e saísse dançando pelo local. Era bonito de se ver.

 

Outono, o tempo de renovação..

 

— Deixa, vai. Você estava tão lindo olhando para o alto e sorrindo bobo. Precisei tirar uma foto. — Sorriu e voltou a se deitar ao meu lado mais uma vez. A manta que estava no chão nos protegia da sujeira, a cesta com a comida.. bom, digamos que não tem mais comida. Ele passou o braço por debaixo do meu pescoço e me puxou para deitar no seu peito. — No que estava pensando?

 

— Em nós. — Respondi risonho.

 

— Coisas boas?

 

— Sim.

 

— Que bom. — Riu baixinho e beijou minha cabeça. — Não quero ir embora daqui, está tão bom.

 

— Também não quero, mas uma hora vamos precisar ou a polícia pode passar e achar que somos sem-teto ou vagabundos. — Enfiei meu nariz no tecido do seu sobretudo bege e inalei o cheiro de perfume amadeirado.

 

— Se ficarmos na mesma cela... não vejo problema.

 

Dei uma risada com aquilo. Ele me abraçou mais apertado. Sinceramente, eu não queria sair dali.

 

Olhei para a minha mão, vendo a aliança no meu anelar...

 

Eu não sei quando iremos nos casar. Sequer estava preocupado com isso, pelo fato de estarmos noivos... muitas pessoas sempre nos perguntaram: ''Quando é o casamento?'', '' Vocês vão demorar muito para casar?''. Nós não nos importávamos com uma data, eu não me importava. Casamento não se resume a uma festa e votos na frente de pessoas, casamento é querer estar com aquela pessoa.

 

E eu estou com Jungkook desde de pequeno e queria estar com ele por mais anos e anos. Era com isso que eu me importava, ligava para o presente... pois sei que o futuro será bom se eu estiver com ele.

 

Fiquei olhando para as árvores acima de nós, vendo as folhas se soltarem e dançar pelo ar.

 

— Eu te amo. — Jungkook sussurrou no meu ouvido, fazendo com que eu fechasse meus olhos e abrisse um sorriso largo.

 

É...

 

Esse é o Outono.

 

Tempo de renovação.

 

— Eu te amo muito mais, Jungkook-Ah.

 

Repare que o outono é mais estação da alma do que da natureza.

- Friedrich Nietzsche

 

 


Notas Finais


Música tema (Florence + The Machine -Dog Days Are Over) - https://www.youtube.com/watch?v=pJCZNTOx_ds
Musica Bônus (Urban Cone - New York ) - https://www.youtube.com/watch?v=_Nfu2e1hlvA

Primeira vez que escrevo em primeira pessoa, foi bem diferente. Um desafio no começo, mas achei legal kkkkk.
Vocês gostaram ou acharam estranho esse estilo de escrita?

Bom, espero que tenham curtido essa one-shot, gostei de escrevê-la.

Au revoir!


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