Em meio aos alunos que saíam da classe após o término da aula, Laura olhava Jefferson sobre o ombro conversando com a professora.
Quando saiu da sala, Laura foi a passos largos para o banheiro feminino. Entrou e fechou a porta atrás dela, sentindo o coração acelerado subir para a garganta. Assustada, ela pousou a mochila sobre a comprida pia de mármore e encarou seu reflexo no longo espelho. Arfando, Laura tirou o óculos do rosto, abriu a torneira, segurou os cabelos e enxaguou o rosto. Ela levantou a cabeça e olhou para seu reflexo com o rosto molhado.
- O que está acontecendo comigo? - perguntou-se Laura em voz alta.
Quando Laura desceu para a recepção, com os cabelos presos em um grosso rabo de cavalo, deparou-se com Jefferson Fernandes debruçado na bancada. Ele conversava com a Graziele sobre o início dos estudos no curso... Até Graziele reparar em Laura parada no pé da escada.
- Oi, Laura!
No instante que Jefferson virou a cabeça para ela, a cinco metros atrás dele, Laura evitou o olhar do garoto e disparou a passos largos até a saída.
20:00
Laura saiu do banheiro após tomar banho, vestida com seu pijama cinza. Os cabelos úmidos soltos atrás das costas.
Ela atravessou o corredor e entrou em seu quarto.
O quarto de Laura tinha paredes azuis, cama com cobertores vermelhos com a cabeceira sob a janela, uma cômoda branca ao lado da cama e uma estante média que ela guardava seus livros.
Laura deitou-se na cama e pegou o celular de cima da mesinha de cabeceira. Na tela de bloqueio via-se a notificação de um áudio Roberta, a melhor amiga de Laura. Ela desbloqueou o celular e entrou no WhatsApp para ouvir o áudio da amiga offline.
- E aí, como foi no curso? - dizia a voz de Roberta em seu áudio.
Espontaneidade. Essa é uma das qualidades de Roberta que até hoje são admiráveis, tanto por mim quanto por você.
Laura segurou no ícone de microfone no canto inferior direito da tela e disse próxima ao celular:
- Foi tudo bem, até acontecer uma coisa. - Laura enviou o áudio.
Quando Roberta recebeu o áudio, logo ficou online e enviou outro áudio.
- O que aconteceu? - ela perguntou, em um tom de preocupação.
Laura começou a gravar outro áudio, dizendo ao celular:
- Amanhã te conto.
- Por quê?
- Porque eu vou precisar da sua ajuda.
9:30
Durante o intervalo, Laura aguardava Roberta de cabeça baixa, sentada à uma das mesas do refeitório. A imagem de Jefferson não saía de sua mente, mas por algum motivo, ela tentava lembrar de como era a voz do garoto.
- Vai, fala.
Quando Laura levantou a cabeça, viu Roberta de pé do outro lado da mesa.
Roberta da Silva Meireles é uma adolescente da idade de Laura com um senso de humor praticamente inesgotável. Ela tem a mesma altura que Laura, cabelos louros e olhos azuis; Por conta dos vários anos praticando os mesmos esportes que Laura, junto com a mesma, desenvolveu um corpo atlético semelhante ao de sua amiga. Apesar de ser a engraçadinha, a extrovertida e a meio maluca que nós conhecemos, Roberta tinha um grande coração e personalidade forte. Com esse grande coração, Laura sabia que podia contar com a ajuda dela.
- Você demorou. - disse Laura.
- A fila da cantina não andava, - disse Roberta, sentando-se no banco do outro lado da mesa. - então a culpa não foi minha.
Laura olhou para o sanduíche de carne de Roberta e a latinha aberta de Pepsi e surpreendeu-se com o tempo que ela levara para comprar aquelas duas coisas.
- Vai, - disse Roberta, de boca cheia. - fala o que aconteceu.
- Certo. - disse Laura, respirando fundo.
Ela contou o que acontecera na noite passada e como se sentiu, até Roberta começar a rir.
- Qual é a graça? - perguntou Laura, com o cenho franzido.
- E você nunca sentiu isso na sua vida, né? - disse Roberta, sorrindo.
- Não, nunca.
Roberta deu uma risada abafada.
- Roberta! - exclamou Laura e perguntou num sussurro, quando sentiu os olhares às suas costas: - Será que dá para me dizer o que está acontecendo comigo?
- Você está apaixonada, Laura. - disse Roberta, com um sorriso malicioso.
Com as sombrancelhas erguidas, Laura estampou a expressão chocada e corada em seu rosto.
- Pare para pensar, Laura. - disse Roberta. - Coração acelerado, mãos trêmulas, falta de ar...
- E o que tem a ver? - perguntou Laura, indignada.
- Tem tudo a ver. - disse Roberta, erguendo as mãos. - Por isso você terminou com todos seus ex-namorados e namoradas. Você não estava, de fato, apaixonada. - Laura olhou para Roberta, que sorria de orelha a orelha. - Dezesseis anos de idade, foi quando Laura Torres se apaixonou pela primeira vez.
- Eu não se isso é bom ou ruim. - disse Laura, olhando para o guardanapo amassado do sanduíche de Roberta.
Roberta segurou as mãos da amiga sobre a mesa.
- São os dois. - ela disse, com uma expressão cômica e teatral de consolo.
Laura e Roberta riram.
- Afinal, qual o nome desse garoto? - perguntou Roberta.
- Jefferson Fernandes. - Laura respondeu.
Roberta franziu a testa.
- O que foi? - perguntou Laura.
- É Fernandes mesmo? - perguntou Roberta.
- Sim, por quê?
Roberta tirou o celular do bolso de trás da calça. Ela tocou na tela algumas vezes, até virar o celular para Laura. Na tela, a foto de um garoto negro com os cabelos ondulados curtos, sentado à frente de uma escrivaninha enquanto escrevia alguma coisa em um caderninho à luz de uma luminária.
- É ele! - disse Laura.
Roberta voltou a rir, mas parou de imediato.
- Jefferson é um amigo meu.
Laura sobressaltou.
- Conheço ele já faz uns meses, mas mal conversamos atualmente. - continuou Roberta.
- Oh. Meu. Deus. - disse Laura.
- Não sei o que você viu de tão interessante nesse garoto. - disse Roberta fazendo careta.
- Por que diz isso?
- Ele é muito legal quando é para conversar, mas depois de um tempo ele ficou estranho.
- Como assim estranho?
- Ontem ele postou alguns status no WhatsApp com símbolos estranhos, interrogações sem sentido...
- Deixe-me ver.
Roberta abriu novamente o WhatsApp, deslizou para a aba de status e pousou o celular na mesa. Laura o virou para si e viu na aba de status que Jefferson tinha três novas publicações.
Laura clicou no ícone de Jefferson e uma imagem preta abriu. Somente quando o tempo de transição até a próxima publicação acabou que Laura viu piscar alguma coisa na tela.
- E aí? - perguntou Roberta.
Laura ergueu o dedo para que ela aguardasse um momento.
Laura voltou na imagem escura, na certeza de que era um GIF e esperou o tempo chegar no fim. Quando a barra de transição estava quase cheia, Laura segurou com o dedo na tela e viu a imagem escondida.
A imagem tinha várias barras de vários formatos, semelhantes a um código de barras, que se fosse olhada entre elas, formava um número, um sinal circular e uma palavra.
1° ENIGMA
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.