História Os Estudantes Transferidos - Shiro Dragneel

“Ainda não acredito que desmaiei por isso” -ela estava ao lado de Erza e Jellal. Estavam prestes a ir para a escola e só estavam esperando uma coisa... Natsu se despedir de sua irmã e sua filha- “Estou me sentindo uma idiota”

Wendy e Shiro Dragneel. Eram as duas garotas que ela tinha encontrado no hospital enquanto procuravam pelo pai de Shiro, que até então, ela não imaginava que seria Natsu. Por isso o motivo do seu desmaio uns dias atrás. Estava realmente preparada para encher Natsu de perguntas mas, antes que ela pudesse fazer qualquer coisa, Erza lhe explicou do que se tratava, a deixando bem mais calma.

A verdade era que Shiro era adotada. Foi uma das poucas sobreviventes de uma pequena aldeia que fora completamente dizimada por bruxas. Natsu tinha ido até a tal aldeia para rastrear a bruxa que tinha feito aquilo, quando encontrou a pequena -que ainda tinha dois anos- sentada no chão enquanto chorava. Sua família tinha sido morta no ataque e ela estava sozinha. Natsu a resgatou e cuidou dela por um tempo até que ela finalmente ficasse curada de seus ferimentos, para só então, lhe dar para a adoção mas, como era de se esperar, a garotinha acabou se apegando demais a ele. Tanto que quase entrou em desespero quando Natsu tentou se afastar dela. Ele na verdade tinha lhe entregado para a adoção mas, uma semana depois, resolveu ligar para ver como ela estava e se surpreendeu ao saber como ela estava... Segundo a cuidadora, Shiro estava muito mau. Não comia ou bebia direito e passava a maior parte do tempo trancada em seu quarto. Como não sabia falar direito, ninguém sabia o que ela queria. Ela apenas balançava a cabeça para responder as perguntas. Natsu foi visitá-la por estar preocupado e não deu em outra... assim que saiu do orfanato, já tinha a adotado.

“Sua mente viajou longe...” -Erza sorriu coçando a cabeça- “Achou que ele teria engravidado alguém com treze anos?”

“Foi na hora do susto ...” -ela resmungou inflando as bochechas-

“Na verdade...” -dessa vez foi Jellal a falar- “Eu também pensei nisso”

“Viu? Não fui a única que achou isso” -ela falou agradecida por não fazer papel de trouxa sozinha-

Olhou mais uma vez para Natsu e Shiro. Eles realmente pareciam pai e filha. Natsu estava agachado enquanto falava com ela e de vez em quando passava a mão pelo cabelo dela enquanto sorria. Wendy estava parada ao lado deles enquanto esperava alguma coisa. Parecia até um pouco incomodada. Já Shiro, parecia estar meio brava. Talvez por que ela não queria que Natsu saísse. Ela realmente amava Natsu como um pai. A pequena tinha chorado bastante quando tinha visto Natsu chegar em casa e só largou dele quando foi dormir. Depois de um tempo, Natsu terminou de falar com ela e se levantou virando de costas. Ele tinha um sorriso no rosto. Um sorriso maldoso. Meredy não entendeu o por que disso até que olhou para Wendy... Ela estava em pé atrás de Shiro, mantinha os braços cruzados e as bochechas infladas.

“Opa...” –ele falou e foi andando de volta. Chegou perto da azulada e a abraçou. Wendy sorriu e retribuiu o abraço com cuidado para não machucar o braço direito dele, que ainda estava na tipoia- “Achou que eu iria esquecer de você, não foi?” –ele sorriu separando o abraço-

“Se me esquecesse, eu colocaria sal no seu suco” –ela sorriu para ele-

Eles eram irmãos muito unidos... Coisa que era realmente difícil de ver por aí. A maioria dos irmãos estão pouco se lixando um para o outro. Ver dois irmãos assim era raro. Depois de falar com elas, Natsu colocou sua mochila sobre o ombro esquerdo enquanto ia em direção aos três que lhe esperavam.

“Podemos ir agora...” –ele falou-

“Claro, pai de família” –Jellal falou enquanto começava a andar-

“Muito engraçado, segundo lugar” –ele soltou um sorriso fazendo os outros sorrirem-

Foram andando. Meredy reparou que eles estavam sorrindo e agindo normalmente, mas, reparou também que o clima estava pesado. E isso não era nenhuma novidade, já que a situação era bem desesperadora. Meredy era um monstro com poderes absurdos e estava sendo observada por alguém que era pior ainda. Natsu e Lisanna –que eram extremamente poderosos- tinham sido derrotados de uma maneira horrível e Erza e Jellal, do jeito que estavam, não tinham força nenhuma para enfrentar aquelas coisas. Os quatro cavaleiros. Até agora eles conheciam dois... Meredy e Invel. Guerra e Fome... Sendo sincera, Meredy não estava nem um pouco a fim de conhecer os outros dois. Peste e Morte. Sendo o pior deles o cavaleiro da Morte. Obviamente. Eles pareciam estar alheios a tudo aquilo mas, estavam muito preocupados afinal, poderiam dar de cara com algum outro cavaleiro a qualquer momento. E se isso viesse a acontecer, os estragos seriam irreparáveis.

Queria parar de pensar naquilo, mas não conseguia. “Virei para buscá-la em breve.” Já tinha passado algumas noites em claro desde que tinha ouvido aquilo e às vezes ainda pensava em ir embora com a tal serva. E o pior é que Natsu tinha lhe dito para não contar nada a ninguém. Estava se sentindo muito mal por estar escondendo algo tão importante de Erza e Jellal, ainda mais quando a vida deles estava em perigo. Ela deveria estar muito tensa ou fazendo uma cara muito estranha porque Natsu teve que acalmá-la. Estava se sentindo meio nervosa esses dias. Às vezes se sentia triste ou assustada por nada, talvez até mais sensível. Mas não se enganem, isso não era efeito de gravidez nem nada do tipo. Ela se cuidava muito bem para que isso não acontecesse. Depois de uns minutos de caminhada, eles chegaram a escola atraindo a atenção de todo mundo. E não era para menos já que Natsu parecia ter sido atropelado por um caminhão.

“Oh... finalmente apareceu, Natsu. Me disseram que tinha sido atropelado por um caminhão durante a viagem” –viram? Até mesmo o professor Freed pensou isso. Não, na verdade era possível notar uma pitada de cinismo em sua voz. Ele sabia o que tinha acontecido-

“Sim... quando voltava do aquário” –ele continuar na brincadeira era bom. Dizer que tinha se ferido enquanto lutava com um cavaleiro não era nem um pouco natural-

“De próxima vez tome mais cuidado. Poderia ter acontecido algo pior” –nisso o professor estava certo- “Vão sentar, a aula já vai começar” –ele falou e todos obedeceram-

A aula foi bem rápida. Algumas fórmulas e exercício  rápidos. Nada tão difícil. Algo que até mesmo Meredy conseguia fazer sem problemas. Bem... agora ela conseguia fazer já que vinha tendo aulas com Natsu. Como ela não era oficialmente a mais burra da classe, estava começando a gostar da escola mas, o que mais a surpreendeu foi Lisanna. Ela estava com algumas faixas pelo corpo, a maioria na região dos seios, onde se encontrava aquele ferimento à espada que o cavaleiro tinha feito. Entretanto, fora isso, ela parecia bem normal. Até demais. Mas o que realmente impressionava era o fato de Lisanna realmente ser burra. Não era brincadeira. Mesmo sendo uma bruxa poderosa, ela era incrivelmente burra. Quando descobriu que ela era uma bruxa, achou que sua burrice era efeito de algum disfarce, mas ficou feliz ao saber que não era. Assim podia sentir que ela ainda continuava sendo a sua velha amiga. Ela estava sentada em sua carteira ao lado de Natsu, que estava desenhando no próprio gesso. Parecia alheio a tudo aquilo até que ouviu o sinal tocar.

“Ei... como foi que isso aconteceu?”

“Onde foi isso?”

“Nossa. Quem fez isso com você?”

Como se estivessem esperando apenas o sinal tocar. As garotas da sala foram em cima dele. Todas menos Lisanna e Levy começaram a encher ele de perguntas. Natsu estava meio sem graça, basicamente, nervoso. Ao ver isso, Meredy sorriu. Aquela versão que ele tinha a mulheres não era apenas um fingimento. Depois de um tempo, Meredy conseguiu afugentar aquelas desocupadas e eles finalmente ficaram livres para poder almoçar. Os quatro juntaram suas mesas para o almoço mas, aconteceu algo, algo que vinha acontecendo desde que Natsu tinha saído do hospital. Um silêncio incômodo tinha se instaurado entre eles.

“Até que foi legal hoje” -Erza falou com uma empolgação anormal. Talvez na esperança de quebrar aquela situação. Ou não. Depois de sua quase transformação, Meredy tinha desenvolvido uma intuição anormal. Nada tão grande, mas boa o suficiente para saber que tinha algo de errado com ela- “Meredy está deixando de ser burra”

“Eu nunca fui burra” -Meredy falou enquanto abria sua caixa de almoço- “Só era um pouco lenta”

“Um pouco lenta para algumas coisas” -Natsu falou sorrindo enquanto tentava pegar algo em seu almoço mas a comida insistia em cair. Não era nenhuma surpresa já que ele era destro-

“...” -Meredy o olhou meio constrangida. Ela era namorada dele , e era basicamente uma obrigação dela lhe ajudar com o almoço. Mas, fazer isso na frente de quase cinquenta alunos, sendo a sua maioria garotas, não a deixava muito a vontade- “Eu sou uma idiota...” -ela falou pondo seu almoço de lado e pegando a caixa dele. Pegou um pouco da comida e ofereceu a ele deixando sair um sonoro “Aaahhh”. Ela era mesmo uma idiota. Já tinha feito amor com ele incontáveis vezes mas se constrangia ao dar comida na boca dele na frente dos outros. Sim, ela era um caso a ser estudado-

“Oooooh” -algumas das alunas deixaram sair uma voz apaixonada. Elas assistiam àquilo como se fosse o melhor filme do mundo-

“Está corando, Meredy” -Natsu sorriu. Fazendo Meredy inflar as bochechas. A rosada o conhecia o suficiente para saber que ele queria dizer: “Já fizemos coisas piores e você cora com isso?”-

“Imagina...” -ela pegou um pedaço do omelete que tinha feito- “Fica quieto e coma seu almoço” -Jellal e Erza sorriam com aquilo-

Já Natsu estava se sentindo feliz. Quase tão feliz que estava sentindo que quebrar o braço em três partes tinha valido a pena. Sempre tinha a vontade de ter Meredy lhe dando comida daquele jeito, mas nunca teve coragem para pedir. Encarar aquele cavaleiro tinha um lado bom afinal, tinham se aproximado mais ainda. Aquele dia no hospital. Ver Meredy tão frágil e triste daquele jeito, tinha o feito sentir uma dor no coração. Não queria vê-la assim. Não estava preparado para enfrentar alguém daquele porte, ainda não estava, mas faria o possível para proteger aquela rosada. Aquela que em tão pouco tempo tinha ocupado um espaço enorme em seu coração. Aquela que ele mais amava. Sorriu vendo ela fazer expressões constrangidas enquanto as outras continuavam a murmurar. Ela não era um monstro, não podia ser. Natsu, pelo menos não permitira que se transformasse, a menos que conseguisse controlar, coisa que não era muito possível. Depois de uma hora e meia, o sinal pro intervalo tocou mais uma vez. Já estava no inicio das aulas da tarde.

“Geografia... Não acredito” -Meredy murmurou arrumando sua bolsa como um travesseiro. Aquela aula, sem dúvidas, conseguia ser a mais chata da escola. Era pior do que todo o tipo de cálculos que os professores passavam em matemática, física ou química. Era realmente insuportável-

“Boa tarde alunos, espero que estejam bem revigorados depois do almoço por que agora nós vamos examinar os mapas” -falou recebendo um urro em protesto de quase todos os alunos- “Sem essa de reclamar... quando esse ano acabar, eu vou fazer vocês esquecerem do Google Maps” -estalou os dedos em empolgação fazendo os alunos bufarem-

Não é preciso dizer que a aula foi horrível, certo? Claro que não. Meredy não lembrava de nada da aula por que dormiu quinze minutos depois que o professor começou a dar as noções de escala em mapas. Isso não a interessava. Que utilidade teria em aprender a ler um mapa? Nenhuma. Isso era o que ela pensava. O que qualquer pessoa em sã consciência pensaria. Meredy as vezes pensava no por que de pouca gente entrar pra escola Fairy Tail e quase todas as vezes chegava à mesma conclusão... o excesso absurdo de matérias diversificadas. Era um inferno astral incomparável para os alunos como ela. Continuou deitada com a cabeça em cima da sua bolsa quando ouviu o sinal tocar, sendo seguido por alguém balançando de leve o seu corpo.

“Acorda preguiçosa” -era Jellal. Ele estava colocando seus materiais dentro da sua mochila- “Tá na hora de ir para casa”

“Já?” -sim. Tinha passado muito rápido. Ela começou a se arrumar para sair, quando ouviu Natsu sair andando na frente-

“Podem ir na frente... Eu tenho um trabalho importante a fazer na biblioteca” –ele falou e Erza entortou um pouco a cabeça. Não tinha nada combinado para hoje- “Lisanna, Levy, podem vir comigo? Vou precisar da ajuda de vocês” –ele não precisou chamar duas vezes, elas se levantaram sem dizer uma palavra-

Meredy olhou para Erza e Jellal e eles fizeram a mesma expressão confusa que ela. Realmente... Um Rei e duas bruxas indo fazer algo, deveria ser muito importante. Erza iria junto deles mas Natsu a interrompeu logo...

“Ah... minha irmã... Não precisa vir hoje, tudo bem?” -ele falou e Erza baixou a cabeça. Parecia um pouco triste mas, parecia que já esperava aquilo- “Pode ir com eles... chego em casa à noite”

“Entendo...” -ela falou cabisbaixa- “Já esperava por isso” -foi o que ela disse antes de sair andando em direção à saída-

“Oe... Erza, espera” -Jellal a chamou enquanto a seguia-

“...” -Meredy alternava seu olhar entre Natsu e a porta pela qual Erza tinha saído. Pensou em questionar o por que de Natsu ter a mandado para casa mas resolveu deixar para lá. Faria isso depois. Passou-se uns segundos até que Natsu pegou sua mochila-

“Estou indo...” -ele falou dando um selinho rápido nela- “Não precisa me esperar para o jantar, okay?” -perguntou indo embora-

“Certo...” -ela respondeu indo embora para casa e não pôde deixar de pensar que Natsu estava agindo meio estranho. O que será que estava acontecendo? Isso ela não sabia. Mas se um Rei e duas bruxas precisavam sair juntos para algum canto, com certeza não era para passear-