V-Kim também tinha uma reunião, agendada por D.O., que imaginou ser o Diretor Operacional de alguma empresa, e que esquecera de dizer seu nome, ou de qual companhia, ao enviar o email. Mas estranhou completamente quando chegou.
A sala, a exceção de uma mesa e um cadeira, estava vazia, e o único aparelho era um notebook. Aguardou um momento e um minuto mais, esperando que quem quer que fosse retornasse de um lugar qualquer que precisasse ter ido. Mas o notebook estava aberto, e talvez houvesse alguma pista do trabalho ali.
Um rapaz sorriu na tela.
- Teleconferência? - V-Kim.
- Desculpe, desculpe. Minha culpa, não especifiquei o tipo de reunião. - D.O.
- Tudo bem. Apenas… me pegou de surpresa. Eu planejava lhe mostrar alguns dados concretos, traçar uma estratégia para sua empresa.
- Não se preocupe com isso. Acompanho seu trabalho.
- Mesmo? Obrigado.
- Você é como uma estrela em ascenção, meu rapaz! Ainda não está no topo, mas assina trabalhos importantes.
V-Kim sorriu discretamente com o elogio, e agradeceu polidamente.
- Tenho alguns modelos que posso apresentar. Qual o ramo do seu negócio? - V-Kim.
- Bancário. - D.O.
- Mesmo? Desculpe, é que você é muito jovem...
- Não há problema. No geral, comigo, não há problema. Não sou dono do banco, obviamente. Apenas trabalho em um. Então, não tenho um negócio. Sou um mero assalariado.
- Certo. Você quer um sistema que dê segurança na área de clientes e dados pessoais, ou para o banco, em se tratando de valores?
- Na verdade eu quero que rompa o sistema.
- Não entendi.
- Você entendeu bem. Você é brilhante, em ascensão! Não tão brilhante para ser considerado suspeito, não tão desconhecido para fazer um trabalho porco.
- Sinto muito, mas não posso corresponder as exigências requeridas pelo trabalho.
- Claro que pode. Na verdade, você deve. Comigo não há problemas. Eu te disse isso. Vou te dizer o que preciso.
V-Kim levantou-se de imediato, mantendo-se calmo enquanto guardava o material que havia tirado da pasta, recusando-se a participar daquilo.
- Lamento senhor, porém não vou roubar um banco. - V-Kim.
- Vamos deixar as coisas bem claras. Há muito tempo aguardo pela oportunidade que pode me oferecer aqui. Eu o pagarei, e não será pouco. - D.O.
- Com dinheiro roubado? Não, obrigado.
- Vou falar então de um modo que compreenda. Você não vai querer envolver ninguém nisso, ou eu serei obrigado a envolver algumas pessoas. Cinco, para ser mais exato. Além de você, é claro.
- Está ameaçando os meus irmãos?
- Eu? Não, não estou. Acredite. Apenas lhe informo as consequências. Por favor, tenha o sistema. Ficarei e não ficarei aqui, aguardando que retorne com o software. Quero um perfeito, que apenas você pode construir. Porém ele deve ter um vírus embutido. Assim, quando for instalado, vai transferir 65% de cada conta, para uma específica. Os dados estão no notebook. Vou manter contato, por um link específico, para mantermos contato no decorrer da criação, para que eu possa ter certeza que entendeu o que eu quero. Então, até o nosso próximo encontro.
D.O. desligou, deixando um V-Kim preocupado no pequeno cômodo.
Isso é assalto! Ele quer roubar, um banco!
Eu não posso tomar parte nisso. Um banco?...
É o mesmo que eu mesmo roubar. Mesmo que eu recuse o pagamento…
Logo agora, com Jung daquele jeito… E se eu falasse com Jin? Ele…
Não. Não posso envolvê-los. Jin iria direto à polícia, e não viajaria.
Se tudo desandar, ao menos ele estará seguro fora da cidade.
Mas é melhor que todos estejam seguros…
Que droga. Droga!
65%! Ele deve estar sonhando…
Terminou pegando o notebook, e indo pra casa de táxi, mesmo que o motorista já estivesse retornando para buscá-lo depois de deixar Jin em seu compromisso.
Parecia que estava ali há horas, mas estivera pouco mais de 15 minutos.
❦ ❧
Jimin jogava mini-game, e Jungkook no smartfone, todos ainda sentados na sala quando V-Kim chegou e deixou-se cair em uma das poltronas observando o teto. Nesse momento Jung desceu - descalço e de pijamas - pegou um copo e uma garrafa de vodca, e retornou pro quarto. Suga levantou-se de imediato.
- Não! Não vá até lá. - Jimin.
- Você viu. Ele levou bebida lá pra cima! - Suga.
- Talvez ele modere, e não beba tanto. - Jungkook.
- A gente sobe daqui a pouco e vê como ele estará. - Jimin.
- Daí pode ser tarde. - Suga.
Roubar. Roubar um banco.
Além de tudo, ameaçar eles…
- V-Kim, você nunca pensou que seria chantageado, não é?
Pois é, as coisas giram…
- V-Kim, quem mandou querer ser o melhor em sistemas de segurança?
- Agora está arrependido, não é mesmo, V-Kim?
- V-Kim.
- V-Kim.
- V-Kim.
- V-Kim. - Suga.
- Fala. - V-Kim.
- O que acha?
- Sobre?
- Jung subiu com bebida. Bebida forte.
- Então ele decidiu beber. Decisão dele.
- Ele não deveria tomar essa decisão!
V-Kim deu de ombros.
- Jung não costuma beber. Se é uma bebida forte ele não deve nem terminar o primeiro copo. Menos ainda começar o segundo. - V-Kim.
- Até ele criar tolerância, e precisar de cada vez mais. - Suga.
- Um copo vai fazer ele dormir e descansar de verdade. Talvez acorde com fome e coma alguma coisa. Tem remédios que são feitos a base de álcool.
- Não vodca pura…
- Eu vou fazer uma corrida. Volto na hora do jantar. - Jimin.
❦ ❧
Como vou roubar um banco? Parece mais uma pegadinha.
Mas é impossível que seja um programa de bom gosto.
Não. Não é pegadinha. É crime mesmo.
É, você está até o pescoço nisso, V-Kim.
Talvez eu devesse ir para longe. Isso os deixaria seguros.
- Deixaria todos seguros, V-Kim?
Não. Isso não bastaria. Eles que teriam que sumir.
- Fazer eles sumirem, V-Kim? Pra onde?
Pra longe.
Suga ia até a cozinha, para retornar com um lanche depois de buscar um livro no escritório. E antes de descer passou pelo quarto de Jung, recolhendo a garrafa de vodca ainda cheia, colocando a coberta sobre um Jung embriagado com tão pouco, parecendo de fato descansar.
Na sala V-Kim ainda tinha a pasta sobre os joelhos na mesma posição, e ainda observava a mesma ponta do tapete, há minutos sem se mover. Suga passou a mão diante dos olhos dele, e estalou os dedos, chamando-o até que o mesmo lhe desse atenção.
É melhor nunca ter irmãos, ou perdê-los?
Se eu não for pego, D.O. vai saber que pode me controlar.
Se eu for pego, todos vão me odiar.
De um modo ou outro eu farei com que eles tenham um irmão criminoso…
Se eu alertar a polícia, não estaria escolhendo meus irmãos.
Se eu escolher meus irmãos, eu não estaria escolhendo o correto.
Mas proteger os irmãos não é errado!
Principalmente o Jung.
E o Jin vai…
- V-Kim. - Suga.
- Suga? Diga. - V-Kim.
- Você está diferente hoje. Pensativo… Está preocupado?
- Não é nada... Um novo trabalho.
- A reunião foi ruim? Quem é o contratante.
- É um… Um banco.
- Sério? Uaw! É importante.
- É. Muito.
- Não se preocupe com isso. É um grande avanço, mas você vai conseguir. É um banco, cara! É o seu primeiro grande contrato. Deveríamos comemorar.
- Preciso trabalhar bastante, e pesquisar muito. Vou trabalhar no meu quarto. Talvez eu não desça para o jantar.
- Tá. Tudo bem…
Suga observou-o subir olhando os próprios calçados, e fechar a porta do quarto mais silencioso da casa.
Como dito, o mesmo não desceu para o jantar, embora fosse uma oportunidade para que conversassem melhor, com o retorno de Jin. Falaram sobre o pouco que Jung bebera, e que o derrubara, e dos planos de todos para a semana.
Suga bateu à porta do quarto poucas vezes antes de decidir entrar, era comum que V-Kim estivesse sempre de fones e não ouvisse nada ao redor, o que não incomodava ninguém. O irmão debruçava-se na escrivaninha, olhando o movimento da árvore no lado de fora.
- V-Kim? - Suga.
O outro levantou a cabeça, suspirando.
- Trouxe um lanche pra você. - Suga.
Colocou a bandeja na escrivaninha, ao lado do computador, o local mais condenado por V-Kim. Mas ele sequer olhou.
- Obrigado. - V-Kim.
- Você está bem? Está estranho, desde cedo. - Suga.
- Estou, sim. É apenas esse contrato.
- Se está tão difícil, pode recusar ainda. Não pode? Algum documento foi assinado?
Foi. Assinei com o sangue de vocês.
Quando decidi ser o melhor.
V-Kim abanou a cabeça, e viu Suga se aproximar da janela, olhando para fora de braços cruzados.
- Eu estava pensando, como nós podemos ser tão diferentes… - Suga.
- É. Um pouco. - V-Kim.
- Se eu puder te ajudar com o trabalho, basta me dizer.
- Está tudo bem, não precisa se preocupar. Sério. Escuta, não acha que seria bom Jung mudar de ares? Talvez ele possa ir junto com Jin, na viagem. E Jungkook, conhecer garotas diferentes. Ele vai gostar… Só que Jin estaria trabalhando. Talvez você devesse ir junto também, com Jimin. Vocês dois podem ficar de olho no Jung, já que Jin não poderá.
- É. Talvez seja uma boa ideia…
Pelo reflexo Suga observou V-Kim olhar o chão, sem coragem de lhe observar diretamente.
- E quanto tempo deveríamos mudar de ares? - Suga.
- Talvez duas semanas, um mês… - V-Kim.
- Isso tudo? Jin nunca passa três dias em viagem… Menos ainda uma semana… E depois, você ficaria sozinho?
- Eu não poderia ir. Tenho que ficar, por causa do trabalho.
- Sei. Então está bem. Todos ficamos, e faremos o que pudermos.
V-Kim olhou repentinamente para Suga, que passara a observá-lo através do reflexo do espelho, sem que o outro percebesse.
- Quanto ao Jung, quero dizer. - Suga.
- Sim, claro…
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