História Os Guardiões da Arvore da Vida - O Guardião da Cura

Ele entrou no quarto simples de paredes brancas imaculadas. O tempo relativamente frio, a neutralidade das cores, o silencio e o cheiro forte de medicamentos só deixava aquele ambiente mais deprimente. Olhou para a jovem adormecida que estava deitada na cama hospitalar.

Ela tinha o rosto sereno, sua respiração era calma e se pele alva se tornava ainda mais pálida por conta da brancura dos lençóis e das paredes que a cercavam. As únicas cores que tentavam de forma acanhada dar vida aquele ambiente era um buque de girassóis que estava ao lado da cabeceira da cama, uma escolha de flor no mínimo interessante, achou o rapaz.

- O símbolo da flor da vida – sussurrou ele para si mesmo olhando para a flor

  O rapaz olhou a para suas mãos

- Vida ... – sussurrou ele

Aparentemente era essa a fonte de seu poder, era esse tipo de poder que todos esperavam que ele despertasse. Ele fitou novamente a jovem que dormia tranquilamente e lembrou-se da conversa que acabará de ter com seu amigo Beakhyun no corredor do hospital, a poucos minutos.

-Você precisa fazer algo Lay, precisa cura-la – Suplicava ele ao amigo de forma desesperada – Você precisa faze-la ficar boa, não pode deixar que ela ... morra – Falava ele tentando segurar as lagrimas – Não posso ... perde-la, não agora ... – disse ele quase num fio de voz – não agora que eu a encontrei, que descobri que .... a amo ...

O amigo sentia-se impotente, com medo, desesperado .... E o Lay sabia bem como era esses sentimentos, sabia o que era temer perder alguém que amava

-Você precisa fazer alguma coisa Lay ... por favor .... – Suplicava Beakhyun

-Mas o que eu deveria fazer? Como posso cura-la? .... – Perguntava-se ele – Como eu faço isso? – Olhava novamente para suas mãos, mãos essas que deveriam trazer a cura, a vida para a garota que seu amigo amava.

Lay suspirou pesadamente. Aquele ambiente, aquelas paredes excessivamente brancas e claustrofóbicas, aquele barulho irritante e agonizante da máquina que mostrava os batimentos cardíacos do paciente, aquele cheiro forte e nauseante de medicamentos, produtos de limpeza e sangue ... um ambiente de vida e morte literalmente.

Lembrou-se de seu passado, de suas dores e perdas, lembrou-se da última vez que esteve em um hospital como aquele e do motivo de odiar tanto hospitais.

Aos olhos de todos Lay era perfeito. Vindo de uma família rica e bem-conceituada de médios, bonito, popular, bem-educado e um verdadeiro cavalheiro, sempre sorrindo, gentil e simpático, bom aluno, bom filho, bom amigo...

-Tudo mentira ... -  Falava ele para seus próprios pensamentos

-Lay, me ajuda ... você é minha última esperança – Pedia Baekhyun – Você precisa salva-la – Falava ele enquanto agarrava Lay pela camisa, demonstrando desespero – Você sabe o que isso?  Esse sentimento ... de perda? – Pergunta o rapaz deixando algumas lagrimas rolarem em sua face delicada

Lembrou-se novamente Lay, das palavras do amigo

Sim, ele sabia, sabia o que era perder alguém que ama. A dor, o medo, a angustia e principalmente o sentimento torturante de impotência. Ele sabia exatamente como era e era exatamente por isso que não queria que seu amigo sentisse e passa-se pelo mesmo que ele passou tantas vezes.

Mas como ele faria isso?

Olhou novamente para a jovem adormecida ...

-Você é o guardião da cura, então ... cúria ... por favor ... – Suplicou uma última vez o rapaz antes do Lay entrar no quarto ande a garota se encontrava sedada

Lay suspirou cansado ....

-Sou o guardião da cura ... – Falou tentando suar confiante – Eu vou conseguir, não vou deixar que ele sofra como eu sofri, não deixarei que ele lhe perca, como eu a perdi ...

De olhos fechados ele relembrou dos momentos em que achou ter esquecido, mas que ainda estavam lá, como uma cicatriz para relembra-lo de cada um daqueles momentos.

Ele era um bom filho? ....

-Você não pode fazer isso Yixing, nossa família tem prestigio e o sobrenome Zhang abre inúmeras portas por sua fama no ramo medico, você não pode simplesmente negligenciar tudo isso e escolher por si só algo como ....

- A Dança? ... Mãe eu não tenho interesse em ser médico, muito menos cirurgião plástico como o papai

-E pretende nos envergonhar se tornando um dançarino? Pelo amor de Deus Yixing, a gerações nossa família tem sido o maior nome no ramo cirúrgico não só aqui na China

-Eu amo a dança mãe ...

-Mas ela não irá sustenta-lo

  Lembrou-se da última conversa que teve com sua mãe antes de sair de casa e vir para a Coreia do Sul

-Que bom filho deixa sua mãe com lagrimas nos olhos e seu pai com raiva por desobedece-los? – Pergunta-se

Ele era uma boa pessoa?

-Você está com ciúmes dela com o Baek?

-Você não vê o quanto eles são próximos?

-É normal Lay, ele foi o primeiro amigo que ela fez depois que chegou aqui

-E se ela se apaixonar por ele também?

-Até onde eu sei, ela escolheu você

-Mas pode mudar de ideia

-Ela te ama, todos podem notar isso, por que toda essa insegurança?

-Talvez eu devesse pedir para que ela fique longe do Beak

-Quer que ela abra mão de um amigo, por você? Não acha que isso é demais?

-Talvez

-Seu ciúme está lhe fazendo pensar de forma egoísta Lay, você não é assim

Lembrou-se de uma conversa que teve com seu amigo Xiumin logo que começou a namorar a Min Ju

-Não sou uma boa pessoa ... – disse ele, consigo mesmo

Ele era um bom amigo?

-Promete que vai ficar comigo o tempo todo Lay

-Prometo

-Não quero ficar sozinho nesse momento, não quero enfrentar sozinha essa doença

-Vou estar sempre com você

-Lay ... se eu morrer, você ainda vai lembrar de mim? Ainda vai me amar?

-Você não irá morrer, não vou deixar que você mora

-E como você pretende fazer isso? Por acaso você tem algum poder que possa me curar?

-Bom ... não, mas ainda assim eu não deixarei que você mora

-Tudo bem, então ficarei boa e assim ficaremos juntos pra sempre

Voltou ainda mais no tempo em suas memorias, relembrando seu tempo de criança, quando sua melhor amiga e paixão de infância ficou doente e morreu.

-Que bom amigo eu fui... – Condenou-se a si mesmo suspirando

Ele inclinou-se em direção a garota que dormia tranquila

-Não consegui cumprir a minha promessa a anos atrás, mas prometo que cumprirei a que fiz ao Baek ... – Disse ele para a garota, mesmo sabendo que ela não ouvia – Eu irei cura-la, eu prometo.

Ele respirou fundo e tocou com suas duas mãos a mão direita da garota e apertou forte enquanto de olhos fechados concentrava-se. Não sabia bem o que estava fazendo, mas precisa tentar e pelo amigo, pela Lina e por ele mesmo, ele iria fazer o seu melhor.

-Eu sei que posso fazer isso, eu vou conseguir .... Sou o guardião da Cura.

E então um feixe de luz azulada brilhou fraca entre as mãos do rapaz que segurava forte a delicada mão da garota.