1. Spirit Fanfics >
  2. Os Guerreiros do Infinito >
  3. A nave

História Os Guerreiros do Infinito - A nave


Escrita por: LordeKata

Capítulo 14 - A nave


Fanfic / Fanfiction Os Guerreiros do Infinito - A nave

O vasto vale de montanhas brancas se estendia sem fim por aquela terra morta, ignorando todo e qualquer traço de vida que antes existira naquele planeta, mas Connor e Yin foram os únicos a presenciá-la. Os Guerreiros do Infinito, que agora já não eram mais compostos só pelos hospedeiros, se espreitavam cuidadosamente pelas rochas, escoltando principalmente o garoto de cabelos brancos, que se esforçava para lembrar das coordenadas e não ficar louco. Mesmo que a consciência sombria do insano Dr. Rosak já estivesse fora de sua mente, ainda era perigoso. Ainda mais quando se aproximavam da nave caída do inimigo.

— Agora... esquerda! — Exclamou ele, apontando na direção. Todos o seguiram. Akemi andava atrás dele.

— Você tem certeza que não está cansado? — Ela estava profundamente preocupada, e embora não quisesse demonstrar, era meio que inevitável.

— Resgatá-las é mais importante do que o meu cansaço. — Seus lábios se abriram em um sorriso satisfeito. O discurso de Connor mais cedo na nave fora inspirador. O hospedeiro da esperança caminhava à frente de todo o grupo, usando sua conexão cósmica com a vida do planeta para verificar se não havia nenhuma rota mais fácil. Ashryn, Aelin, Alec e Dead seguiam os outros levemente espalhados pelo ambiente. Estavam curiosos com todo aquele... vazio. Se perguntavam como era possível um planeta habitado pelos corpos mais bonitos do espaço sideral morrer daquela forma.

— Parem! — Gritou Connor, obedecendo ao seu próprio comando e parando bruscamente na frente de todos, fazendo com que Akemi e Yin se esbarrassem de leve lá atrás. A vista diante dos olhos terráqueos o deixou aterrorizado. — É melhor darem uma olhada nisso... — Todos se moveram um pouco para frente. Onde Connor havia parado, era a ponta de um penhasco, e seu abismo parecia não ter fundo, de tão escuro que era. Mas além disso, o que mais importava era o que estava além do vale. Eram planícies, brancas como o resto do planeta, mas estavam entre as montanhas, o único espaço aberto que o garoto vira até agora, além da cidade. Finalmente haviam encontrado a nave. Era enorme, muito maior do que o veículo recém destruído de Alec, que ainda não havia se recuperado da perda. O centro da nave fora dividido em três grandes partes na queda, que se mantinham separados por cerca de quinhentos metros um do outro. As partes laterais foram espalhadas por todos os lados, e mesmo que o solo estivesse morto, os sinais da destruição ainda eram bem visíveis. Dead arqueou a sobrancelha esquerda e usou seus olhos de águia para enxergar mais de perto.

— A última parte... — Apontou a terceira parte caída da nave, a maior de todas. — Está funcionando. — De fato, os seus sistemas estavam ativados, e isso era provado pelas luzes azuis que se mantinham acesas, mesmo com a separação do resto do transporte. Infelizmente, apenas Dead podia ver. — Lylith e Artêmis devem estar lá. Mas é muito maior. Precisamos tomar cuidado. Connor? — Levou seu olhar ao terráqueo, que assentiu com a cabeça. Sabia o que fazer. Connor arriscou se sentar sobre o penhasco, assumindo o risco da pedra cair. Todos fizeram silêncio. Ele ficou em posição de lótus, a forma de relaxar mais rápida que conhecia. Se concentrou na conexão com a energia vital do planeta e, instantes depois, abriu os seus olhos, que estavam cobertos pela energia cósmica verde de seu cristal, mas não havia ativado a sua armadura. Agora podia enxergar tudo com vida, como fizera na Capital Estelar. No entanto, só ele podia ver. Trazer de fato a vida de volta, denunciaria sua localização discreta. Então, ele abriu a sua boca, como se estivesse vendo a coisa mais linda que já vira em toda a sua vida, e talvez realmente fosse.

— Tem... um lago. Um lago muito grande... esperem... não! É um mar.

— Um mar? Mas é totalmente branco... — Aelin estava confusa.

— De alguma forma, está cheio de vida, mais do que as outras partes do planeta. Por isso, é como se fosse simplesmente uma parte mais lisa do solo.

— Connor, as entradas. — Ordenou Alec. Não queria ser rude, mas não tinham tempo a perder.

— Certo, certo. Deixe-me ver... — Varreu seus olhos pelo ambiente, prestando atenção em cada detalhe. — Tem um túnel camuflado na grama. Não deve ser diferente com o chão morto. Podemos usar. Mas não tem como saber onde dá.

— Teremos de arriscar. Todos a favor? — Apesar de acreditar que era o melhor caminho, Alec gostava de ouvir a opinião de todos.

Mesmo que um a um, mesmo que lentamente, todos os Guerreiros presentes ergueram as suas mãos. Uns mais alto, motivados pela determinação que enchia seus corações. Outros mais baixo, repreendidos pelo medo de perder mais alguém. Mas todos sabiam que não podiam mais perder tempo. O cruygark voltou seu olhar para Connor mais uma vez.

— Nos mostre o caminho.

Num lugar muito mais frio e escuro que as vastas planícies brancas, repousava o corpo ainda adormecido da estrela, Artêmis, jogado sobre o chão metálico. Desde que fora trazida pelo omnykhe até a nave, seu corpo não teve nenhuma reação ao ambiente estelar. Parecia estar em coma, mas os robôs que habitavam o cárcere não se importavam, desde que seu mestre pudesse absorver seus poderes, e sair em busca de seu único propósito: vingança. Um robô muito maior do que os outros se aproximou da cela.

— Ainda nada? — Sua voz era a única humana naquele lugar acinzentado.

— Negativo, senhor. Os batimentos cardíacos permanecem constantes, mas o corpo ainda parece inativo. — Respondeu o omnykhe mais próximo, analisando a mulher com seus scanners oculares.

— Leve-a para a sala de operações daqui a duas horas. Faremos o transplante com ela acordada ou não. — Virando-se, o maior caminhou para longe. E o robô apenas assentiu com a cabeça, voltando ao seu posto de vigia.

Dos confins escuros da cela, uma mão masculina e frágil se ergueu, pegando no tecido azul do vestido de Artêmis. Sem que a criatura metálica percebesse, a arrastou para a escuridão junto com ele. Era um ponto cego, o único lugar da nave onde as câmeras não chegavam e os sensores dos omnykhe não podiam detectar o movimento. A barreira mística que o homem erguia ao redor de si, apesar de fraca, tinha um bom efeito sobre os inimigos. Pegou a mulher nos braços, e levou as mãos até o seu rosto, fechando os olhos. Estava se concentrando. O brilho fraco correu pela sua pele até a dela, e iluminou um pouco o seu corpo. Subitamente, ela abriu os seus olhos, e acordou. Teria começado a suspirar de forma ofegante se não tivesse sido impedida pela mão do maior em sua boca.

— Não faça barulho! — Sussurrou ele em uma voz vacilante, mesmo que ainda não pudesse ser visto pelos olhos azuis de Artêmis, que apenas assentiu com a cabeça. Ela olhou ao redor, tentando entender onde estava. A última coisa da qual se lembrava era a nave de Alec caindo, e a imagem de sua mãe na mente, por algum motivo. Se acalmou, para então afastar a mão do outro de sua boca, e apenas soltou um leve suspiro.

— Onde eu estou?

— Você está na nave dos omnykhe.

— Omny o quê?

— Omnykhe! Escute, escute... o que eu sei sobre eles é que são um bando de robôs malucos controlado por um nerd mais maluco ainda!

—...tá... e como eu cheguei aqui?

— Eles te trouxeram há algumas horas, você estava desmaiada até agora... tive medo de me aproximar.

— Você tem medo de garotas e eles são os malucos? — Zombou ela, com uma risada baixa. Ainda naquela situação, conseguia tirar sarro.

— Você não é só uma garota, você é especial. Por acaso sabe em que planeta está?

— Não faço a mínima ideia.

— O nome Asmora é familiar pra você?

Foi quando Artêmis caiu em si. Seus olhos azuis se arregalaram como se tivesse visto um fantasma, e, de certa forma, estava mesmo. Era seu planeta, sua casa, o lugar onde vira seus pais serem assassinados em sua frente, antes de ser teleportada para uma ilha na Terra. Buscou apoio para o seu corpo vacilante em qualquer coisa que servisse, colocando as mãos brancas sobre o chão, e então percebeu o quanto era frio.

— Q-Quem é você?...

— Me chamo Persei... mas eu já conheço você.

— Como? — Artêmis não estranhou o nome exótico do homem, nomes dados às estrelas geralmente não são tão comuns.

— A natureza me disse que uma luz viria, antes de morrer.

— Você... foi o único que sobreviveu, Persei?

— Infelizmente, sim... todas as outras estrelas morreram, ou cometeram suicídio para que Rosak não usasse sua energia.

Artêmis engoliu em seco, nunca imaginara uma estrela tirando seu próprio brilho. — Rosak?

— É o criador dos omnykhe, ele pousou aqui para usar a energia das estrelas, mas ele é um homem mal. As estrelas não podiam deixar que isso acontecesse, então decidiram parar por conta própria. Os robôs conseguiram me impedir. Sugaram minha energia durante todos esses anos, como forma de manter essa única parte da nave, operando... mas agora que você chegou, eles têm uma nova esperança.

— Eu? — Ela quase gargalhou. —Eu nunca tive brilho, Persei. Sou diferente de todas as outras estrelas.

— Pelo contrário... — Persei levou a destra até o pescoço de Artêmis, onde a gargantilha contendo a representação física do Cristal da Estabilidade se fazia presente. Inserindo um pouco de seu já escasso brilho cósmico no cristal, a pedra serviu como canalizadora para que essa mesma luz fosse transferia ao restante do corpo de Artêmis, fazendo-a brilhar de leve. Não podia fazer algo alarmante, sua barreira tinha limites.

A estrela olhou para si mesma, incrédula. — Mas... eu nunca...

— Você só precisava de alguma coisa que despertasse o seu potencial como estrela. Acha que foi coincidência você ser a única sem brilho, e ainda encontrar o cristal? Você é a escolhida, Artêmis. Você é a defensora de Asmora. Sabe qual é o código que os omnykhe usam para se referir a você?

— Não...

— TLRSS-10.  Levou muito tempo, mas eu consegui traduzir. Significa “reliquum extremum stella”, que significa “a última estrela brilhante restante”. O dez adicionado ao final simboliza a escala do seu brilho. Nessa escala, nove é o máximo.

— O-O quê?... — Era o sonho de infância de Artêmis que ela pudesse finalmente ser aceita pela sociedade estelar, mas infelizmente ele nunca fora realizado devido a sua falta de brilho. Uma lágrima solitária e rebelde escorreu de seu olho esquerdo. O brilho em seu corpo já havia sumido, mas o significado seria eterno.

— Eles virão te buscar daqui a duas horas, vai ser a sua chance. Precisa abrir caminho até o salão principal.

— O que vai acontecer lá?

— É a rota de fuga mais próxima. Tem uma entrada secreta bem debaixo da mesa de comando. Use o seu brilho e poderá passar.

— Mas... eu não sei como usar o meu brilho...

— Como as estrelas iluminaram o universo, Artêmis?

— Com amor. — A resposta foi imediata, como se estivesse gravada em sua língua.

— Pense nisso, e tudo será resolvido.

— Certo... o que eu faço até lá? — Suas bochechas estavam levemente coradas, pensara em alguém específico só com a ideia, e se recusava a acreditar que nutria tal sentimento.

— Descanse. Estamos protegidos por um campo de energia. Eles não vão saber que tivemos essa conversa. Apenas volte para onde estava e repouse. Quando a hora chegar, vou criar uma distração.

Ela assentiu com a cabeça e, discretamente, rastejou de volta ao chão frio, deitando-se de costas para os vigias. Ficou a encarar a parede, pensando sobre como estavam os outros.

Exatamente do outro lado daquele pátio de celas, se encontrava Lylith, mas ela estava acordada. Seu corpo estava rodeado de aparelhos elétricos que continham a sua capacidade de manifestar tecnologia. Ainda assim, ela caminhava de um lado para o outro, tentando ignorar as vozes que sussurravam em sua cabeça desde que chegara àquela parte da nave. Mas era algo muito difícil de se fazer.

— Cala a boca... cala a boca... cala a boca! — O último grito chamou a atenção de um dos guardas, que simplesmente olhou para ela com a face inexpressiva, afinal, era um robô. Apenas analisou seu corpo com os scanners, e como não havia nada de errado, voltou-se para a frente. O grito não fora tão alto a ponto de alcançar os ouvidos de Artêmis, mas graças à melhora de sentidos que o cristal lhe dava, ela pôde ouvir, e já sabia onde sua amiga estava. Lylith arou de andar e se apoiou na parede, levando as mãos à cabeça. As pupilas de seus olhos tremiam, indicando o grau de sua insanidade. Dentro de sua mente, tudo estava escuro. Ela estava sozinha, mas podia ouvir mais alguém. Era uma voz unissex, que sussurrava para ela com palavras insinuantes, traiçoeira como uma serpente. “Você precisa me encontrar, querida...”, ela dizia. E independente do quanto a marciana perguntasse onde ela estava, nenhuma resposta clara era dada.

De volta ao lado externo da nave, Connor e os outros Guerreiros haviam acabado de entrar no túnel branco camuflado entre as planícies, que só fora identificado devido aos olhos do terráqueo. Devido ao espaço levemente estreito, todos andavam em uma filha de duas partes. Diferente do ambiente branco de fora, havia escuridão ali dentro, e o caminho era iluminado pela auréola de luz de Akemi. Os outros tinham de poupar energia para o combate que viria a seguir.

— Então... alguém já pensou num plano? — Perguntou Aelin.

— Tem razão, não podemos chegar lá sem uma ideia do que fazer. — Complementou Ashryn.

— E o que é isso nas suas costas, Alec? Você tem carregado isso desde a nave... — Akemi apontou para o pacote negro nas costas do cruygark, que o pegou para responder todas as perguntas de uma vez. E então removeu o pano negro, revelando uma enorme lâmina de metal.

— Isso foi retirado do corpo do omnykhe que Connor e Yin trouxeram. Pode ser útil na luta, mas nó só temos uma chance. Por isso vamos usar a lâmina para arrancar mais pedaços. — Explicou ele.

— Parem. — Disse Connor mais uma vez, que estava indo na frente de todos para ver o caminho como realmente era. — Tem uma porta aqui. — Fez com que seus olhos voltassem ao normal, e então passou a destra pela parede escura. — Akemi, ilumine aqui, por favor.

A garota de cabelos brancos se aproximou dele e elevou a auréola em sua mão, iluminando a parede, que era branca como todo o resto do túnel. Porém, diferente de todo o caminho que haviam percorrido, haviam gravuras e símbolos nela. É claro que ninguém conseguia entender o que significava. Mas Connor tinha um palpite.

— Yin... venha cá. — Pediu o terráqueo. Yin, que estava mais atrás, ouviu o chamado e caminhou até Connor, analisando os símbolos. Passou lentamente os dedos sobre eles.

— Se parecem com os símbolos das paredes da biblioteca... mas como é possível? Isso deveria estar... “morto”.

— Está pensando o mesmo que eu? — Connor sorriu de canto para o outro, que entendeu o recado e assentiu com a cabeça.

— Se afastem, pessoal. — Pediu Yin, e todos obedeceram.

O terráqueo fechou os olhos, mantendo ambas as mãos sobre a rocha fria. Suspirou de leve, mantendo a concentração. A esfera de energia cósmica que era formada na ativação de sua armadura se formou entre as suas mãos, estabelecendo contato com a parede. A energia fluiu pelo corpo de Connor, e então um intenso feixe de luz esverdeada surgiu, fazendo com que todos tapassem os seus olhos por breves segundos. Quando a luminosidade do ambiente voltou ao normal, estava tudo diferente. Além da armadura da esperança, que havia sido ativada, o túnel adquirira outra coloração. Estava coberto por plantas que tinham o seu próprio brilho natural, então já não estava tão escuro. A parede ao final do túnel se revelou como uma porta dourada, que foi aberta com um simples empurrar da mão do garoto. O resto dos Guerreiros simplesmente olhava ao redor, boquiaberto. Depois da porta, havia uma enorme sala em formato de círculo. As paredes eram alaranjadas, repletas dos mesmos símbolos da porta, que Connor continuava sem entender. Eram diferentes das letras da placa que traduzira horas mais cedo. No meio, havia uma mesa de madeira com o símbolo de Asmora, limpo, ao contrário do símbolo no chão da biblioteca. Aquela sala parecia intacta.

— Como os omnykhe não descobriram esse lugar? —Ele andava pela sala, passando seus dedos pelas paredes e tentando dar mais vida ao cômodo. Quem sabe poderia descobrir algo novo? Infelizmente, nada acontecia. Depois de alguns instantes lá fora, foi que todos conseguiram tomar coragem para entrar. Eles se reuniram ao redor da mesa, e foi quando olharam para cima. Uma espécie de escotilha se fazia presente.

— A essa altura, devemos estar bem em baixo deles... — Palpitou Dead.

— Estão prontos? — Connor sorriu determinado, colocando sua mão sobre a mesa, esperando que os outros fizessem o mesmo. Quando Ashryn, Aelin e Akemi o fizeram, seus cristais começaram a emitir um brilho incomum, que se transformou em energia cósmica. Essa energia correu pelos seus braços até estar no centro da união de seus dedos, descendo com força para a mesa de madeira e gerando uma pequena repulsa. Apesar disso, eles não soltaram as mãos. A energia dissipada tocou as paredes, e os símbolos brilharam, saindo das rochas como se fossem meros adesivos. Se uniram aos corpos de todos os guerreiros presentes, e dois em especial atravessaram a escotilha, passeando pela nave acima, despercebidos pelos omnykhe, como se fossem invisíveis. As armaduras do infinito restantes foram convocadas, mas suas relíquias estavam diferentes. Os espinhos de Connor não se encontravam só mais em suas costas, mas cobrindo os seus antebraços, como um complemento da armadura. Serviam como boas armas de luta corpo a corpo. As lâminas de Aelin se soltaram de seu corpo, acompanhados de uma longa corrente negra. Parecia com um chicote. A auréola de Akemi, que se encontrava em sua mão, agora tinha uma lâmina circular ao seu redor, que se adaptava ao corpo de sua portadora, mudando o metal cósmico de lugar de acordo com a área segurada pela garota. A espada que Ashryn segurava agora estava muito maior do que antes, e ela ainda a segurava como se fosse uma pena. A influência cósmica da energia estelar também ativou os poderes gravitacionais de Alec, os telepáticos de Yin, e a mutação genética de Dead, mesmo sem usar os dispositivos em seus pulsos. Ao invés de ter apenas os pulsos cobertos por uma manopla arroxeada, o cruygark trajava uma armadura inteira feita de energia gravitacional. Yin empunhava a sua espada na mão direita, e uma cópia exata dela na mão esquerda, feita de energia telepática solidificada. Dead estava em sua forma de águia, com as lâminas sobre os antebraços estendidas, porém outro par exatamente como o primeiro se fazia presente na parte inferior de seus antebraços, como as lâminas convencionais de Aelin.

—... parece que as estrelas nos enviaram uma grande ajuda... — Comentou Yin, ainda incrédulo enquanto observava a cópia de sua espada.

Dead parou um pouco e usou seus olhos de águia para analisar a energia espiritual das novas armas, arregalando-os de leve. — As armas... estão repletas de energia espiritual estelar... se usarmos da forma correta, pode sobrecarregar os sistemas dos omnykhe!

Connor sorriu para si mesmo e olhou para a escotilha. — Aelin... por que não testa seu novo brinquedo?

— Com prazer... — Respondeu ela de forma perversa, segurando a corrente com a mão direita e começando a girar a lâmina em sua ponta, preparando o arremesso.

Acima da sala secreta, os símbolos estelares ainda viajavam sobre o metal. Os omnykhe, por serem criaturas não vivas, não eram capazes de observar esse tipo de energia cósmica. Foi por isso que cada símbolo conseguiu chegar ao seu destino: Artêmis e Lylith. Infelizmente, bem no momento em que o símbolo de Artêmis chegara em sua cela, o robô maior, que portava a voz de Rosak, estava indo para pegá-la, e foi quando viu a energia. Afinal, sua consciência ainda era viva.

— Mas o que é isso?! Energia estelar?! — Antes mesmo que pudesse fazer alguma coisa, ela se infiltrou no corpo da estrela, fazendo com que convocasse a sua armadura do infinito. Assim como os outros Guerreiros, sua relíquia também havia sido aprimorada, carregando agora inúmeros espinhos ao redor dos anéis em sua armadura. Num pulo, se ergueu e lançou os omnykhe ao longe com uma pequena explosão de energia.

— Vamos Persei! — Exclamou ela ao seu novo amigo, que acordou assustado de sua soneca. Assentiu com a cabeça e levantou, caminhando com ela meio sem jeito para fora da cela. Os robôs que haviam sido afastados não tardaram em correr ao seu encontro, mas Artêmis foi rápida e acertou os anéis em seus corpos metálicos com golpes fortes, usando a lateral de seus antebraços. A energia estelar contida em suas relíquias sobrecarregou os circuitos dos dois inimigos, que caíram no chão inativos.

— Você não vai derrubar o meu império, garotinha! — O avatar de Rosak se ergueu, lançando a garra direita contra Artêmis. Felizmente Persei entrou na frente e rebateu a garra com um pouco de energia estelar, fazendo com que perfurasse o crânio do robô, deixando-o também imóvel sobre o chão.

— Vamos! — Disse ele, voltando a correr com ela, guiando-a para o salão principal da nave.

— Espere! — Ela parou subitamente, lembrando-se de Lylith. Voltou para o pátio das celas e correu o mais rápido que pôde até o cárcere da marciana, porém pôde ver que suas barras já estavam entortadas. Lylith já estava fora do pequeno cubículo, olhando seus novos brinquedos. Seus braços estavam cobertos por uma densa camada de metal, aquilo era o presente dado pelas estrelas, e lhe adicionava uma força monstruosa. —... você está bem?

— Sim! — Espontânea como sempre, nem parece que havia sido presa. — Tinha uma voz perturbando a minha cabeça, mas então as estrelas vieram e deixaram tudo melhor. Quem é esse mendigo com você? — É claro que ela se referia a Persei e ao seu estado precário. O homem apenas ficou sem reação. Eram as primeiras formas de vida que encontrava em anos.

— Esse é o Persei... ele também é uma estrela, me ajudou a entender o que está acontecendo. Vamos, nossa saída está no salão principal!

Não tinham tempo para dialogar, então voltaram a correr. Instantes depois, um alto alarme foi soado por toda aquela parte da nave. “Atenção a todos os omnykhe: dirigir-se ao salão principal, isso não é um treinamento.”, ele dizia. Quando Artêmis, Lylith e Persei finalmente chegaram ao seu destino, foram cercados por um enorme exército de robôs, já com as armas apontadas. De repente, um enorme telão do salão foi ativado, mas ele só demonstrava dois pontinhos azuis de luz.

— Vocês acharam mesmo que podiam derrotar o grande Doutor Rosak?! Nunca! Agora vão virar picadinho, pra que eu possa sair desse planeta imundo... — A voz saiu alta e clara do dispositivo. Mas Artêmis sabia o que fazer. Cautelosamente, deslizou sua mão sobre a mesa de comando que estava próxima a ela, e fechou os seus olhos. Enquanto se concentrava, podia ouvir ao fundo a voz de Rosak, fazendo a contagem para que seus robôs abrissem fogo. “Um...”, ele disse. A estrela então começou a pensar em seus pais. Para ela, eles eram a única experiência de amor verdadeiro que vivenciara até agora. Mas então, um grande clarão invadiu a sua mente, contendo a imagem de sua mãe, e de seu pai.

— Oh, minha querida, você cresceu tanto... estamos orgulhosos... — Bellatrix, a sua mãe, foi a primeira a tomar a palavra.

— Sabemos que você nos ama, e nós também te amamos. Mas você precisa se focar em um novo amor, querida. Essa é a sua verdadeira força. — Sirius, seu pai, completou. Mais uma lágrima escorreu sobre os olhos de Artêmis, mesmo sem dizer nada. “Dois...”, Rosak continuava contando ao fundo. A imagem na mente da estrela foi então substituída por flashes de momentos que passara com os Guerreiros do Infinito. Por mais que não falasse tanto entre eles, tinha de admitir, que eram a sua nova família. Como consequência disso, seu brilho tomou forma e iluminou todo o seu corpo, fazendo com que a energia cósmica de seu cristal fluísse pelos seus dedos, atravessando a mesa de comando Lylith também repousava sua mão no metal, transmitindo energia involuntariamente. Sob ele, todos os Guerreiros presentes erguiam as suas mãos em direção à escotilha, direcionando uma pequena quantidade de energia para tornar a abertura mais fácil.

— Agora! — Exclamou Connor. Aelin então girou com força as suas correntes, lançando a lâmina em direção a escotilha. As energias de todos eles se misturaram no momento do impacto.

“Três!”, terminou Rosak, e seus robôs instantaneamente começaram a atirar. A mistura de energias foi tanta, que acabou por gerar uma leve distorção no tempo daquele local, retardando a velocidade do movimento dos lasers. Aquilo foi tempo o suficiente para que a mesa de comando explodisse com o impacto da lâmina, sendo jogada à parede mais próxima do salão principal. Todos os que estavam na sala secreta instantaneamente saltaram para a superfície, e Alec ergueu as mãos, formando um campo gravitacional ao redor deles. Àquela altura, a alteração no tempo já havia cessado, mas os projéteis foram parados pela energia da gravidade. Tudo o que Artêmis podia fazer era sorrir diante dos seus amigos. Lutava para manter as lágrimas em seu devido lugar, porém algumas ainda insistiam em sair. Connor foi ao lado dela, retribuindo o sorriso.

— Como vai, estrelinha? — Perguntou ele.

— Ela é uma estrela?! — Indagou Lylith, surpresa.

— Preparem-se! Eles estão vindo. E seja lá quem for esse cara... — Dead se referiu a Persei. — É melhor ele saber lutar. — Todos ficaram em posição de combate, inclusive o cansado homem, que jurou a si mesmo dar o seu melhor.

Rosak deu um rugido de raiva vindo do telão, sua fúria era visível. — Matem todos! — Sua voz autoritária ecoou pelo salão liso de metal, destacado apenas pelos feixes de luz azulados que corriam entre as paredes. Os omnykhe ali presentes afastaram suas carcaças para longe do núcleo, como uma barreira protetora e ofensiva ao mesmo tempo. A batalha estava prestes a iniciar.

 

 


Notas Finais


Eu sei que passou um pouquinho só de quatro mil... mas eu não pude resistir!

No próximo capítulo: A grande batalha dos Guerreiros do Infinito contra os omnykhe!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...