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História Os Guerreiros do Infinito - Problemas no Paraíso


Escrita por: LordeKata

Notas do Autor


Desculpem o horário em que o capítulo está sendo postado, eu não consegui escrever NADA no sábado, bloqueio criativo total.

Capítulo 16 - Problemas no Paraíso


Fanfic / Fanfiction Os Guerreiros do Infinito - Problemas no Paraíso

Yin estava sobre a nave metálica dos omnykhe naquele planeta esbranquiçado, cara a cara com uma foice que o fazia duvidar se vinha do paraíso ou do próprio inferno. Apesar das asas angelicais que cobriam seu cabo, sua coloração negra e o olho sangrento que penetrava no fundo de sua alma deixava tudo mais confuso. A primeira reação que teve diante daquele objeto aterrorizante foi ficar em posição de combate, segurando suas duas katanas. Mas o nervosismo e o medo estavam presentes em sua face como a luxúria estava estampada nos olhos de Necro. Girando a foice em suas mãos esverdeadas, se aproximava cada vez mais do kloeru, que queria atacar, mas seus músculos simplesmente se recusavam a se mexer na ofensiva. Por isso, apenas dava passos desesperados para trás, em busca de um refúgio. Numa tentativa de abafar o medo, Yin indagou:

— Onde você conseguiu essa foice?

Um sorriso perverso e diabólico surgiu nos lábios do mercenário, que empunhou a foice como se fosse um bebê, deslizando seus dedos pelo material negro com enorme afeição. Yin nunca havia visto alguém tão insano em toda a sua vida.

— Eu consegui esta gracinha em um planeta remoto chamado Scars 72G. Seu solo é arrasado pelas marcas permanentes da guerra que um dia devastou toda a sua população. Estava fazendo um trabalho simples de eliminar o chefe de uma gangue local, estavam causando problemas no comércio de meus superiores. O problema era que esse alvo que eu precisava eliminar estava tentando escapar da morte já há algum tempo. E, sabe... o céu não gosta quando as pessoas não morrem na hora certa. — A foice foi girada de modo que seu cabo se apoiasse no ombro de Necro. —Essa foice é a foice de Azrael, o próprio arcanjo da morte. Eu a encontrei dando sopa pelo local, e a roubei. Sem a foice, Azrael não é nada. Com a foice, eu sou tudo. Você não tem chance alguma.

— Você está louco... — Finalmente a coragem acordou dentro do corpo de Yin, que correu em direção ao inimigo, dando um pulo e desferindo um corte duplo com as lâminas de suas katanas, visando acertar o rosto de Necro. Este, por outro lado, simplesmente retirou a foice de seu ombro e cortou o ar, liberando uma forte onda de energia avermelhada, que foi capaz de lançar o kloeru contra a parede de metal mais próxima. Yin cuspiu sangue quando sentiu o impacto intenso de suas costas com o sólido. Sem dar tempo para que seu inimigo se levantasse, Necro se aproximou e encostou a ponta da lâmina branca da foice em sua testa, quase cortando sua pele.

— Você realmente não se lembra de mim, lembra? Garoto ingênuo... eu me lembro de você, e me lembro do seu irmão... como costumavam te chamar? Yin e Yang, não é?

Uma onda intensa de raiva subiu fervendo pelo sangue kloeruiano de Yin, o nome de seu irmão de consideração já não era mencionado por ninguém há muito tempo, e certamente não permitiria que um mercenário sujo como Necro convocasse essas palavras com tanta futilidade. Movendo na maior velocidade que podia, desviou a cabeça para o lado, de forma que sua pele não fosse cortada pelo metal. Girando suas pernas sobre o metal, deu uma rasteira no inimigo esverdeado, que caiu no chão, mas virou-se para cima quase que instantaneamente. Só não levantou pois foi impedido por um forte golpe do pomo de uma das katanas de Yin em sua barriga, fazendo com que se contorcesse de dor. Yin se levantou e limpou o sangue que ainda escorria do canto de sua boca com as costas da mão. Ficando sobre Necro, cruzou as katanas em seu pescoço.

— Não ouse mencionar o nome de meu irmão em vão. Me conte tudo o que sabe.

Numa gargalhada insana que quase fez Yin estremecer de medo, Necro finalmente revelou a verdade: — Você era irmão de sangue de Yang, como bem sabe... Eu fui contratado para leva-los para Asliunus, um planeta-indústria cuja única função é usar pessoas ilegalmente como escravos para a produção em massa. Estava precisando de kloerus para executar alguns trabalhos especiais, embora apenas o seu irmão tenha sido verdadeiramente útil. Enfim, eu matei seus pais a sangue frio no meio da noite, não eram telepatas muito habilidosos, se você quer saber. Então levei vocês para Asliunus. Porém como você ainda era muito jovem, seu cérebro não suportou muito bem a viagem de alta velocidade até outro planeta, e perdeu um pouco de sua memória. Esqueceu de seu planeta natal, esqueceu até mesmo que Yang era seu irmão. Ainda assim, vocês se deram bem como amigos em Asliunus, até que começaram a roubar de seus superiores. Teriam sido executados se não fosse por um mercenário tolo da Terra. Seu representante viu potencial em vocês e quis contratá-los como assassinos profissionais. O resto você já sabe. Vocês passaram muitos anos como ladrões, Yang se apaixonou e deixou essa vida, você acidentalmente destruiu a família de seu irmão, ele despertou seus poderes e blá blá blá... — A voz enjoada de Necro soava como se ele estivesse escrevendo a crítica de uma novela ruim e clichê.

— Você... — As palavras raivosas saíram da boca de Yin como um rosnado agressivo. Era um homem de paz, havia prometido isso ao seu irmão em seu leito de morte, mas como manter essa promessa diante de circunstâncias tão extremas? Por isso, tomado pelo ódio profundo, não pensou duas vezes em finalmente fechar suas katanas no pescoço de Necro. Porém antes que ele pudesse fazer isso, sua mente lhe alertou do perigo que vinha a sua esquerda: mais uma onda mortal de energia saída da lâmina da foice de Azrael vinha ao seu encontro. Para evitar ainda mais dano, deu um mortal para trás, levando consigo suas armas e deixando que o mercenário escapasse da morte certa. Erguendo-se, Necro rangeu os dentes em fúria.

— Enquanto eu tiver a foice, você não é capaz de me derrotar. Ainda quer tentar?

— Será preciso mais do que uma foice roubada para me derrotar. — Respirando fundo, Yin fechou os seus olhos e os abriu novamente instantes depois, mas seus globos estavam cobertos por uma energia arroxeada. Uma fina camada de energia telepática podia ser vista cobrindo o seu corpo como se fosse uma brisa de vento, porém se centrava apenas no corpo do kloeru. — Eu prometi a mim mesmo que nunca mais abriria tanto a minha mente de novo. Da última vez que fiz isso, acabei matando um homem. O homem que nos contratou como assassinos, para ser mais exato. Você merece a morte mais do que ele.

— Eu possuo a foice do arcanjo da morte e você acha que decide quem vive e quem morre?! — Disse Necro, em meio a uma risada irônica. — Não tenha piedade. — Murmurou a última parte e girou a foice no ar, correndo em direção a Yin.

Necro segurava a foice com as duas mãos, uma mais acima no cabo, e outra mais abaixo. Aquilo fazia com que seus movimentos exigissem mais força e coordenação motora, ele nunca teve interesse em aprender a arte da luta com uma foice, afinal pôde sempre contar com os poderes que saíam convenientemente de sua lâmina. Porém estava mais do que claro que isso não funcionaria mais em Yin, sua mente e seu corpo já haviam se adaptado às ondas de poder da arma. Usando as técnicas de espadachim que aprendera com seu irmão mais velho, ele colocou ambas as espadas para frente, encostando a ponta das lâminas uma na outra, e começou a correr. Enfim encontrando seu adversário, paralisou o cabo da foice com a espada direita erguida, e abaixou a esquerda, fazendo um corte em sua barriga e chutando Necro para longe com uma forte investida de seu pé esquerdo, após um giro. Porém antes que o mercenário batesse contra a parede de metal atrás de si, era como se a foice falasse com ele. Uma voz perversa e sedutora ecoava em sua mente, ensinando-lhe a arte da luta com uma arma como a foice. A insanidade ficava cada vez mais aparente em seu rosto, e ele não tardou a levar a lâmina da arma para trás, parando seu corpo de derrapar no prateado ao raspar o metal sobre a nave. Tendo recobrado o equilíbrio de seu corpo, Necro deu um forte salto e empunhou novamente a foice, porém usando apenas a destra, desta vez. Direcionando o peso de seu corpo para apenas um lado no ambiente, começou a girar em meio ao ar como um tornado, deixando que o peso natural da foice fizesse a inclinação necessária da técnica avançada. Antes mesmo que Yin erguesse suas katanas novamente para defender o seu rosto, sua pele foi cortada rapidamente pela foice, empurrando todo o seu corpo para o lado com uma força descomunal. Estava mais do que óbvio que Necro estava usando a energia que antes era expelida em forma de ondas energéticas, para aumentar suas habilidades em combate. Yin ergueu-se da beira da nave com um olhar ainda mais penetrante que o olho sangrento da própria foice. A energia que o cercava correu sobre o seu corpo para ambas as lâminas, gerando uma forte repulsa de energia ao seu redor. Movendo-se mais agressiva e rapidamente do que antes, ergueu as duas espadas de forma que ficassem cruzadas ao lado de sua cabeça e correu em direção a Necro. Este usou sua foice como um bastão, jogando seu cabo para o ataque à lateral de Yin, que defendeu o ataque rapidamente com a barreira criada pelas suas espadas. Então as abaixou, deixando a foice mortal suspensa e a parte superior do corpo de Necro completamente exposta. Com uma única cabeçada, fez com que cambaleasse para trás, mudando a posição das espadas e segurando ambas apontadas para frente. Avançando, fez dois cortes na barriga do mercenário. Necro, seguindo os instintos perversos que a foice lhe dava, direcionou a ponta da arma contra o pescoço de Yin, com tanta força que serviu como um porrete, afinal era a parte cega da lâmina. O kloeru se afastou e deixou a katana direita horizontalmente à frente de seu corpo, curvando a esquerda para trás no mesmo sentido, perpendicular a sua costela. Aquele era aparentemente o confronto final. Necro, por outro lado, inverteu o sentido de sua foice, deixando a lâmina para baixo e o cabo para cima, segurando as duas partes de forma que curvasse o seu corpo, deixando a arma ao lado direito de seu corpo. Correndo mais uma vez um contra o outro, eles colidiram. Yin fez dois cortes invertidos no pescoço de Necro, cortando a espada direita para a esquerda, e erguendo a espada esquerda em um corte para a direita. Antes que pudesse completar a técnica, o grito de dor do mercenário o distraiu, e assim ele foi atingido pelo cabo da foice, diretamente na parte de baixo do pescoço. O esverdeado estava com a foice em uma posição de “C”, forçando o cabo contra o pescoço para que o quebrasse. No entanto, a energia telepática de Yin impedia que seus ossos quebrassem tão facilmente. Forçando sua cabeça para baixo, rangeu os dentes e passou a segurar as espadas com o polegar sobre os pomos. Em um ataque de fúria, fincou uma em cada ombro de Necro, atravessando todo o seu corpo e jorrando um sangue negro sobre o metal branco. Não satisfeito com a agonia e a dor presentes no rosto de Necro, Yin forçou uma espada para cada lado, rompendo as ligações de seus músculos e fazendo com que seus braços caíssem no chão, assim como a foice. Ofegante, o kloeru se afastou do corpo já inanimado, que simplesmente desabou sobre o metal, espalhando o sangue sobre este. Yin observava a atrocidade que havia cometido não com olhos de culpa, mas sim olhos de compreensão. As palavras de seu irmão ecoavam em sua mente: “Então liberte-se também, irmão. E faça... O que é certo. Faça a paz... que não tivemos...”.

— Acabei de alcançar minha liberdade, e nossa paz, irmão. — Yin sussurrou para si mesmo em reflexão, enquanto uma lágrima solitária descia pelo seu rosto. Sorriu minimamente, como se pudesse sentir seu irmão tocando sua testa com afinco mais uma vez depois de tantos anos. A energia telepata que ainda cobria ao seu corpo e aos seus olhos se dissipou pelo ambiente como poeira, e aos poucos sua respiração foi se estabilizando.

Porém antes mesmo que pudesse fechar os seus olhos para descansar um pouco, seus ouvidos ainda atentos devido à luta recente foram capazes de captar o barulho dos ossos da coluna de Necro se quebrando sozinhos, sem a intervenção de, aparentemente, ninguém. Os ossos saíram para fora da carne, como se estivessem sendo quebrados de dentro para fora. Inúmeras línguas sangrentas do corpo morto do mercenário, formando uma espécie de casulo. O sangue começou a vazar pelo espaço que havia entre as línguas, e elas foram lentamente se abaixando, até revelar a horrenda visão de uma criatura acinzentada e com a boca se partindo, pois todas as línguas saíam de sua única boca. Possuía mais de um braço, e todas as suas mãos tinham um olho como o da foice maligna em sua palma. As letras vermelhas antes na lâmina da arma simplesmente flutuaram para fora do metal como se fossem adesivos, começando a rondar o corpo de quem quer que fosse aquele ser. Erguendo sua destra, a criatura bizarra paralisou Yin com seu medo sem fim. A mesma energia destrutiva de antes foi gerada entre seus dedos na forma de uma esfera, e antes que ela fosse jogada na direção do kloeru, ele pôde sentir uma mão em seu ombro direito e um sussurro ao seu ouvido: “Abra sua mente”, em um tom divino e calmo. Quase que instantaneamente, a mente de Yin literalmente se abriu. Uma fenda que mais se parecia com um terceiro olho surgiu no meio de sua testa, irradiando a energia telepática como os outros dois faziam, mais uma vez. Em apenas mais um movimento certeiro, Yin segurou a espada esquerda com o dedão em seu pomo, à frente de seu corpo, e empunhou a direita da mesma forma, atrás de si. Erguendo as duas, rapidamente cortou o ar em “x”, enviando uma destruidora onda de energia psíquica contra a mente da criatura, devastando seu subconsciente em instantes e fazendo com que seu corpo caísse no chão, completamente morto. A energia liberada foi tanta que começou a desintegrar aos poucos a pele do monstro, e destruiu algumas rochas ao redor da carcaça da nave, mesmo que Yin estivesse em seu topo. Assim que o ataque foi finalizado, o terceiro olho de Yin se fechou, mas era claro que ele ainda estava lá, as marcas de sua circunferência permaneciam na testa do kloeru. Yin piscou rapidamente seus olhos normais como se estivesse acordando de um transe, e rapidamente olhou para trás, de onde a voz anterior havia vindo. Para o seu alívio, e, ao mesmo tempo, para seu receio, era um ser de verdade que estava presente ali, e não uma mera alucinação de sua mente. Era um anjo. O tom de sua pele era duvidoso, mas pode-se dizer que é uma cor entre o cinza e o roxo. A parte superior de seu corpo relativamente mais alto estava nua, exceto pelo seu antebraço esquerdo, coberto por uma manopla metálica da mesma cor, com símbolos desconhecidos para Yin, que supôs serem angelicais. Como sabia que era um anjo, e não um demônio, afinal? Simples, ele podia sentir. Depois do despertar de seu terceiro olho, era como se enxergasse o mundo de uma forma completamente diferente, ele agora podia sentir uma certa aura em cada pessoa, e a aura daquele ser era boa. Possuía um par de asas brancas sobre os ombros, e mais outro par atrás das orelhas. Sua cabeça seguia um formato piramidal, com uma existente, mas levemente apagada auréola sobre ela. Da cintura para baixo, sua virilha era coberta por um grande pano escuro, revelando uma resistente armadura que cobria as suas pernas e os seus pés, feita do mesmo material da manopla.

— Muito bem, Shirosaki Yin. — A voz do anjo soou como um verdadeiro trovão pelos ouvidos do kloeru, que apenas o encarava com os olhos cheios de admiração e curiosidade. Involuntariamente, engoliu em seco.

— Como... você sabe o meu nome?

— Anjos sabem muitas coisas, meu caro. Mas não temas, vim ao seu auxílio. Na verdade, nosso amigo Necro tem uma coisa que pertence aos céus. — Se aproximando do corpo morto tanto de Necro quanto da criatura de há poucos instantes, o anjo gesticulou com a destra e a foice instantaneamente voou para a sua mão, como um cão volta para seu mestre.

— Você é... Azrael? — Yin indagou ao perceber o quão a foice havia sido obediente. Necro disse que ela pertencia a Azrael, arcanjo da morte. Mesmo que algo dentro de si o dissesse que o anjo era confiável, ainda era melhor garantir.

— Não. Eu vim por Azrael. Sem sua querida foice, ele não é de muita ajuda para a nossa causa, e Necro acabaria se tornando uma aberração sem controle. Por sorte você estava aqui, kloeru. — O anjo olhou para as costas abertas de Necro. — Você é um homem difícil de se encontrar, mercenário. O julgamento de sua alma será em breve.

— Você não está... bravo por eu ter matado? Pensei que isso fosse um pecado.

— Há milênios atrás, sim, eu estaria bravo, e você seria punido. Mas os tempos são outros. — Ele se virou para Yin, empunhando a foice. — Eu sou Ramiel, o trovão de Deus. Veja, eu não estou aqui por acaso, você não está aqui por acaso, tudo isso foi arquitetado pelo destino. Use seu terceiro olho com sabedoria, Shirosaki Yin.

— Como é possível que um anjo esteja em outro planeta?

— Pensei que os humanos acreditassem que Deus criou todo o universo. — Respondeu Ramiel com um sorriso sarcástico no rosto. Yin quase respondeu com um “touché”. — De qualquer forma, você tem problemas o suficiente para cuidar. Foque-se neles. O paraíso já está com problemas o bastante.

— O que poderia acontecer de tão grave no paraíso?

— Lúcifer era o mais brilhante dos anjos, como você deve saber. Isso não o impediu de cair. — Mais um sorriso. — Fique tranquilo. Na hora certa, Juniel irá resolver tudo. Aliás, em três, dois, um... — Quando a contagem misteriosa do anjo terminou, um brilho verde e intenso cobriu todo o planeta, fazendo com que todos, até mesmo os Guerreiros que ainda estavam no salão, lutando contra o robô gigante, ficassem cegos por alguns instantes. Quando a luminosidade se ajustou aos seus olhos, Yin olhou ao redor e viu o planeta cheio de vida, com vegetação, árvores, relevos, enfim... como se Asmora tivesse retornado ao tempo de prosperidade das estrelas.

— Connor... — Foi o primeiro e único nome que automaticamente veio à mente de Yin depois de contemplar tudo aquilo.

— Seus amigos precisam de você. Fique longe do paraíso. Até mais, Shirosaki Yin, e que o Espírito Santo esteja com você. Vai precisar. — Instantaneamente, um enorme e potente raio arroxeado desceu dos céus, que criou nuvens negras e carregada simplesmente do nada. Quando toda a eletricidade cessou, nada mais do que fumaça residia no lugar onde Ramiel estivera, e a foice e o corpo de Necro, juntamente com o da criatura, também haviam sumido.

— Mas que porra... — Foram as únicas palavras que o kloeru conseguiu processar.

Sua mente que trabalhava o mais rápido que podia para tentar entender tudo o que acontecia foi interrompida com o barulho da batalha dos Guerreiros contra o omnykhe gigante sob seus pés, parecia mais alto agora que Necro havia ido. Preocupado com seus companheiros, Yin ergueu as duas katanas novamente e cobriu suas lâminas com energia telepática, perfurando a placa de metal pela qual havia acessado o topo da nave. Puxando com força, conseguiu arrancar o metal e lança-lo para longe depois que suas lâminas deslizaram por ele. Com a passagem livre, saltou de volta ao salão principal, caindo convenientemente bem em cima da cabeça do omnykhe, onde aproveitou para perfurar seus circuitos. Aquilo foi o bastante para deixar o robô atordoado, dando a Yin e seus companheiros tempo para pensar. Descendo do metal gigante ao deslizar com as katanas pelos seus braços, o kloeru se encontrou com os outros Guerreiros do Infinito e abraçou Akemi logo quando a viu, deixando a garota timidamente sem palavras, que aos poucos correspondeu o ato carinhoso. O silêncio se encarregou de mostrar a todos que estava tudo bem, mesmo que o omnykhe gigante ainda tentasse recobrar o equilíbrio de seu corpo com os circuitos da cabeça rompidos.

— Eu não vou perder vocês também. — Yin confessou, se afastando de Akemi para olhá-la diretamente nos olhos por alguns instantes, logo em seguida olhando para todos com um sorriso alegre em sua face.

— Então é melhor nos ajudar a derrubar aquela porra lá. — Zombou Aelin, mas um sorriso sincero como nenhum outro residia em seus lábios levemente rosados. Era a primeira vez que Alec a via sorrindo de forma tão encantadora, e isso até prendeu a sua atenção por alguns instantes, mas com uma tosse forçada, ele votou os olhos a Yin.

— Connor foi atrás da Artêmis. Precisamos eliminar esse omnykhe logo para que possamos ir atrás dele. — O cruygark acrescentou.

— Acho que Connor despertou seu potencial. O planeta está vivo. O planeta todo.

— O planeta todo?! — Exclamou Ashryn, mais surpresa do que qualquer um. Ela ficou secretamente encantada apenas de ver os símbolos estelares saindo da parede, imagine então ver o planeta inteiro vivo.

— Sim, mas... precisamos ser rápidos. Como podemos derrotar esse robô? Meus poderes são telepáticos, funcionam apenas para atordoar um pouco.

— Eu tenho um plano. — Dead interrompeu. — Sabemos que a energia estelar é a única energia que pode sobrecarregar o sistema dessas coisas, mas essa aí é bem maior. Precisamos de uma carga maior. Lylith tem dispositivo que absorve energia em seu corpo, ela usou contra os Elfos Sombrios. — Eagle olhou para a marciana a fim de confirmar a sua teoria, e ela assentiu freneticamente com a cabeça. — Vamos todos distrair o robô da melhor forma até que Lyith tenha tempo para calibrar corretamente o dispositivo. Quando ela der o sinal, enviamos o quanto conseguirmos de energia estelar para ela. Um único e maciço raio de energia será disparado ao robô, e pimba! Ele cai.

— O que significa pimba? — Perguntou Persei, cheio de inocência.

— É uma expressão que devia ter ficado nos anos oitenta... — Murmurou Aelin, lembrando-se dos arquivos terrestres em Marte. Certamente, os dos anos oitenta eram os piores.

— Apenas executem o plano! — Exclamou Dead, levemente emburrado. Todos contiveram a risada e se moveram aos seus postos.

O robô já havia recobrado a racionalidade, mas todos corriam ao seu redor a fim de deixa-lo confuso enquanto Lylith ficava imóvel em um canto do salão, se concentrando. Ela afastava os braços de seu peito e o deixava à mostra, enquanto uma pequena luz acinzentada se acendia sob sua pele.

Aelin foi a primeira a tentar, e usou seu chicote para lançar uma das lâminas em direção ao pescoço do omnykhe gigante, coberto com uma grossa camada de escuridão. Devido a energia estelar que agora o compunha naturalmente, a lâmina foi capaz de penetrar o metal, chamando a atenção do robô para si. Então a marciana recolheu a sua lâmina e começou a correr na direção oposta, torcendo para que nenhum braço gigante entrasse em seu caminho.

Porém antes que isso pudesse acontecer, Ashryn, que corria muito próxima aos pés do inimigo, usou sua enorme espada coberta de chamas para realizar um corte profundo em seu pé direito. Isso fez com que o robô olhasse instantaneamente para baixo, mas Ashryn já havia corrido para longe dali.

De sua retaguarda, Akemi retirou a relíquia de sua cabeça e a cobriu com luz, jogando-a em direção às costas do inimigo. Como estava distraído ao olhar para baixo, a auréola conseguiu com sucesso penetrar as costas do alienígena, que curvou seu corpo para trás.

Dead Eagle usou suas asas de águia para voar sobre a face do robô, que estava encarando o teto do salão no momento. Foi então que o vice-presidente da InfiTec desferiu contra o rosto metálico uma esfera de energia espiritual maciça, causando dano físico. Assim, o omnykhe perdeu o equilíbrio e começou a cair. Yin rapidamente correu pelo salão, empunhando suas duas katanas ao segurá-las com os dedões sobre o pomo. Saltando sobre o peito do robô, fincou ambas as lâminas cobertas com energia telepática no metal, impulsionando sua queda. Alec, que estava sob ele, convocou sua armadura de energia gravitacional e ergueu a manopla direita, desferindo uma intensa onda de energia diretamente onde seria o coração da máquina. A onda de energia a perfurou de fora a fora, deixando um buraco aberto para que Alec passasse, e assim, o robô caiu. Para finalizar, Persei se aproximou da sola dos pés do robô e infundiu no metal sua energia estelar, deixando aquelas partes inutilizáveis. Com tantos ferimentos e aberturas, o núcleo maleável do omnykhe gigante foi forçado a sair, deixando a já inútil carcaça.

— Agora! — Exclamou Dead, e todos instantaneamente direcionaram suas mãos em direção a Lylith, cujo peito já brilhava intensamente em cinza. Múltiplos raios de energia estelar foram lançados ao corpo da marciana, que usou seu dispositivo biotecnológico para absorver tudo. Feito isso, estendeu seus novos braços metálicos em direção ao núcleo prateado e sorriu de canto.

— Desvie disso. — Quando a última letra foi dita, um enorme raio de energia estelar foi liberado, atingindo em cheio a essência do omnykhe, que explodiu, liberando uma pequena repulsa. O silêncio e a fumaça se instalaram pelo grande salão por alguns instantes, mas então a marciana finalmente disse: — Conseguimos! — E ergueu seus braços em comemoração.

Todos estavam ofegantes, mas Yin já se colocava à frente da cratera na parede metálica gerada pelos espinhos de Connor.

— Ele fez de tudo para salvá-la. Agora é nossa vez.

[EPÍLOGO]

[ANOS NO FUTURO]

O campo da batalha final dos dois celestiais era simplesmente um enorme aglomerado de nuvens divinas, a mais baixa camada do paraíso, que desabava logo no mundo dos mortais: a Terra. De um lado, Ramiel usava sua manopla para segurar um enorme e poderoso raio arroxeado como se fosse uma simples espada.

— Se lembra de quando eu perguntei o que aconteceria se o trovão de Deus lutasse com o arcanjo do relâmpago, Barachiel? — Perguntou Ramiel com um sorriso sarcástico no rosto.

— Você trata isso como um jogo, Ramiel?! — Do outro lado do campo de batalha, estava Barachiel, o arcanjo do relâmpago. Ele trajava uma armadura dourada que cobria todo o seu corpo, com alguns panos brancos para as juntas e costelas. Suas quatro enormes e brancas asas se estendiam sobre as suas costas, e seus longos cabelos castanhos escapavam pelos espaços do metal, sendo esvoaçados pelo vento. Sua face branca e bela ainda ficava à mostra. Uma auréola cobria verticalmente seu capacete. Segurava na mão esquerda uma enorme lança dourada, coberta de estática da mesma cor. A direita ainda repousava no cabo negro de uma espada misteriosa. — É por isso que você vai cair, Vigilante! E ainda quer levar Juniel consigo... quanto egoísmo!

— Juniel é o único futuro que a Terra tem além do Apocalipse, e você sabe disso! Mas está cego demais pela sua fé para enxergar. Minhas palavras de nada vão adiantar. Deixe que os céus decidam.

Numa velocidade acima da luz, estática roxa e dourada se chocaram, gerando um enorme clarão. Sobre o campo de batalha, um par de olhos esverdeados assistia tudo curiosamente. Um jovem anjo, com a pele branca e cabelos castanhos, estava para decidir seu futuro. Juntar-se aos arcanjos na defesa de Deus ou unir-se aos Vigilantes na defesa da Terra? Juniel era seu nome, e uma lágrima de indecisão descia pelo seu rosto delicado. 


Notas Finais




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