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História Os Heróis do Olimpo - AOH IV - A Fúria Celestial - As Sombras e os Peregrinos se insultam mutualmente.


Escrita por: Taifu-no-me e Blackjack_Sugar

Notas do Autor


Não, ainda não é a batalha final.
Neste cap, a batalha final já começou, estamos agora com nossos maiores vilões, na perspectiva de nossos peregrinos sombrios em um confronto terrível para decidir o destino do mundo como conhecemos. Continuaremos a guerra ao longo das próximas semanas para então, a conclusão! Espero que estejam prontos!

Trilha sonora nas notas finais!

*Tradução - Alyssa - Grego Antigo:
"Astochó" - "Erre!"

Capítulo 27 - As Sombras e os Peregrinos se insultam mutualmente.


Fanfic / Fanfiction Os Heróis do Olimpo - AOH IV - A Fúria Celestial - As Sombras e os Peregrinos se insultam mutualmente.

A Fúria Celestial - Parte V

Do terraço de pedra, Mackenzie levantou a cabeça cuidadosamente. Estava agachada junto a seus quatro companheiros desde que brotaram das sombras. Eles estavam no mirante suspenso de pedra bem em frente à Bethesda Fountain, quietos, eles viam mulheres-robô flutuando, umas cinco, patrulhando os arredores da área da fonte, que mais parecia uma praça do tamanho de um campo de futebol ladrilhada na cor de vinho.

A filha da morte ergueu a cabeça cautelosamente acima da amurada, observando a fonte de pedra com a figura de uma mulher alada sobre uma elipse de pedra, segurado por quatro estátuas de pequenos querubins sobre uma elipse maior. A água, no entanto, não era normal, cintilava em dourado, como se alguém tivesse derretido ouro e dissolvido ali. Sobre a mulher alada, o jarro de Pandora flutuava em meio a teias de eletricidade multicoloridas, que dançavam pela fonte. Nuvens de escuridão eram expelidas do pithos, rodeadas por ondas elétricas esquisitas, que as vezes se espalhavam por toda fonte e vibravam sobre cabos que arrodeavam as estátuas.

O olhar de Mackenzie capturou então as Sombras, saindo da parte de trás do monumento. Vertigo e Terrence andavam próximos a Kurt, ombro a ombro, enquanto o filho de Érebo observava o jarro flutuar com certa impaciência. Mais distante deles, a dama coberta em um manto metálico de bronze super-colorido, a Madame G, fitava seus aliados.

Max abaixou-se, sentindo seu coração bater mais forte. Seus dedos tremeram em torno da haste de sua foice. Alyssa, a seu lado, lançou-lhe um olhar compadecido.

- Quatro deles, não avistei nenhum dos robôs, devem ter ido para longe. O pithos está sobre a fonte...Mas, os quatro, são as Sombras. E conhecendo o Kurt, eles não devem demorar para nos notarem. Nossa aura é forte, espero que NY tomada por demônios nos encubra de seu faro. – ela respirou fundo, sentindo um suor frio descer por sua testa e tocar seu nariz.

Leon a tocou no ombro levemente, seus olhos cálidos encontraram as íris negras dela.

Suspirando, a filha de Tânatos tentou manter seu nervosismo e ansiedade sob controle. No fundo, todos os nervos dela estavam prontos para entrarem em alerta máximo, sua mente embarcava em memórias enquanto suas mãos tremiam.

Ela recordou-se do sentimento ao empalar seu corpo, o corpo de seu até então amado, quando este atacara Sebastian na fuga do manicômio, lembrou-se também de quando sentiu ele voltar a vida, irrompendo das Portas da Morte, pouco antes do feitiço de Nix fazê-la dormir dois anos atrás.

  Alyssa e Scott a fitaram, Sebastian, que estava a sua esquerda, respirou fundo.

A filha da morte fechou os olhos e inspirou profundamente, vendo mais cenas cruzarem sua cabeça: Os golpes de foice e as rajadas brilhantes de Cédric, enquanto ambos lutavam contra Kurt na sala do trono no Monte Ótris, a face desumana dele enquanto deixava sua escuridão consumir as Gêmeas.

 Max trincou os dentes, mas então, recordou-se do rosto bronzeado de seu pai. A Morte a fitava com satisfação, trazendo consigo a lembrança de Kurt tentando salvá-la da Dra. Maddie, trinta e tantos anos atrás, de sua preocupação, de todas as risadas disfarçadas no pátio de convivência do manicômio.

De seu primeiro beijo com o garoto que viria a ser seu maior inimigo.

Uma lágrima cortou o rosto da semideusa, mas Sebastian a limpou com seu dedo, limpando-a em sua bochecha. Ela abriu os olhos, vendo-se rodeada por cada um de seus amigos, todos passando por uma tensão tão terrível quanto ela. O rosto de Alyssa exalava preocupação, Sebastian e Scott a fitavam compadecidos, Leon, por outro lado, deu um leve e terno sorriso para ela, suspirando e bocejando logo em seguida.

Ela os amava tanto por estarem ali, que não conseguiria expressar em palavras.

  A tremedeira foi embora, os rostos deles encheram-na de determinação e trouxeram mais uma lembrança: A de que jamais estaria sozinha.

 Ela então, bradou enfática, mais para si do que para seus companheiros: - Hora do acerto de contas.

 

Max sabia que não poderia se esconder para sempre. Então, tomando a dianteira, a filha da morte se levantou e saltou o terraço Bethesda, com a foice em mãos e sua coragem queimando a ansiedade como um combustível quase infinito.

 Ela atraiu os olhares de seus inimigos, Kurt fitou-a, tomando a frente de seus companheiros.

- Shade? Porque não fico surpreso de nossos aliados não terem-na segurado?! – Kurt riu, abrindo os braços e girando a espada pelo cabo em punho. – Sempre escorregadia.

- As sentinelas não reportaram nenhuma leitura da chegada, a atmosfera mágica de Manhattan deve estar afetando os sensores. – percebeu G, cruzando braços. – Jogada esperta, aposto que viajou nas sombras até aqui.

Kurt encarou a Madame, erguendo uma sobrancelha.

- E largou os amigos numa guerra perdida. Que fofo, sua obsessão por mim só reflete como me adora.

A grisalha empunhou sua foice e deu alguns passos a frente. Das escadas laterais, Scott e Leon desceram com armas em punho, assim como Sebastian e Alyssa.

- Caramba, você é realmente convencido. – disse Alyssa, bufando e empunhando uma de suas poções mágicas que trazia na bolsa. Seu olhar  focou-se em Vertigo, que a encarava, remexendo os dedos cintilantes. – Vocês me dão pena.

- A gente nunca a abandonaria. Não como você o fez, Warren. – retrucou Sebastian, em um tom azedo. O filho das sombras bufou em desdém.

 G encarou Terrence e Vertigo, as escamas de bronze em sua roupa pareciam brilhar nas frestas com uma energia azulada esquisita. O olhar analítico da inventora pareceu escanear a pose dos heróis que se punham diante de seus inimigos. Altiva, ela falou: - Seu julgamento está nublado por meros caprichos familiares, caros meios-sangues.

- E o seu, por um ódio cego. – respondeu Narcisus, com um olhar incrédulo assumindo seu rosto. – Tantos dons, e para que? Ajudar homicidas, psicopatas e deuses malignos. Você é digna de pena, G.

- Essas palavras indelicadas não combinam com um sujeito tão cortês quanto você, Lionheart. – disse a filha de Hefesto, rindo para si. – Mas vejo que é tão ignorante quanto os demais.

- Vocês vão todos morrer. – prometeu Vertigo, sua voz ecoando na mente deles como um eco insistente. – E eu vou gargalhar na cova de cada um!

Kurt riu e deu um tapinha no ombro de Vertigo, que recuou com o gesto e ergueu as sobrancelhas.

- A troca de insultos é sempre a melhor parte, não acham?

- Não, prefiro a parte em que enterro a foice em você. – corrigiu Sebastian, girando a arma em punho. – Ou em que meu namorado acerta uma flecha na sua cara.

  Scott ruborizou, fitando-o tão nervosamente. Sebastian o fitou, reparando que a palavra namorado tinha saído de sua boca. Eles se encararam por um estranhíssimo segundo, voltando seus rostos para os inimigos em seguida. Kurt riu.

- Vocês são patéticos. E os Olimpianos são ainda mais patéticos, confiando seu mundo a crianças! O desespero...Ah...Igual para mortais e imortais!

Max então grunhiu e cuspiu no chão, vento balançou seus cabelos, seus olhos, escuros como os céus de Manhattan, fixaram-se na face do filho das sombras.

- Você parece entender bem de desespero, não é? – a voz dela saiu sem o mínimo de hesitação ou raiva. Mackenzie empunhou sua arma e estreitou os olhos. – Érebo está usando tudo o que tem para nos manter ocupados, tirando os acampamentos da jogada, fazendo os olimpianos conterem seu poder, dominando toda Nova York. Você está tão desesperado quanto nós. Ou senão, jamais confiaria em alguém como ela para atingir seus objetivos. – ela fitou a Madame G, que assentiu levemente. – Nós dois sabemos como Érebo odeia aquilo que não pode controlar. E isso inclui cada um de vocês. – ela bufou, fitando as Sombras vagarosamente. – Ele vai destruí-los assim que tiver a chance.

- Eu quero mais é que esse mundo se exploda. – bradou o filho de Hécate, correntes elétricas serpenteando por suas roupas coloridas. Ao seu lado, Terrence grunhiu algo e cerrou os punhos.

Alyssa bufou e encarou o irmão, dizendo: - Sua falta de amor próprio é doentia.

Terrence tornou a grunhir, dizendo:

- SUAS MENTIRAS SÓ MOSTRAM SEU DESESPERO! COVARDES! – disse o filho do medo, com sua voz trovejante. AQUELES QUE NÃO SE CURVAREM MERECEM A MORTE!

- Seu irmão também merecia, Terrence? – perguntou Sebastian, desgostoso. Como protetor de sua própria irmã por toda uma vida, o ato do monstruoso semideus o enojava. – Ele que te enfrentou, mesmo sabendo dos riscos. Chama aquilo de covardia?!

- TOLICE.

Scott e Sebastian se entreolharam, o filho de Eros então falou, irritadiço: - Chamo aquilo de amor. Verdadeiro amor.

O clima entre todos ali esquentou, cada um deles guardava rancores e um ódio forte de seus inimigos. Estavam ali, no meio de Nova York, para decidir o destino do mundo. O peso da batalha era evidente, a natureza, tomada pela escuridão, refletia o impacto de suas ações ali.

 Kurt Warren e Mackenzie Nightshade colocaram-se a frente de seus companheiros. A filha da morte ergueu o olhar e falou: - Isso acaba aqui e agora.

- Não cabe a você, decidir, Max. Dessa vez, me matar não vai resolver o problema. Érebo vai acordar com o feitiço, a força do sangue do Urano o trará das sombras, e nada, nem ninguém, poderá pará-lo!

 Max queria gritar, o olhar convencido estampado naqueles olhos negros a faziam querer partir para cima dele de imediato feito uma louca. Ela não podia suportar a ideia de ver aquele que tinha amado ali, de pé, como um corpo capaz de atrocidades. No fundo de seu ser, Max conhecia o verdadeiro Kurt, e por ele, por todos aqueles que foram destruídos pela ambição sombria de Érebo, ela acabaria com tudo aquilo.

- A gente já o derrotou antes. Não vamos deixar vocês saírem impunes com essa loucura! – bradou a filha de Tânatos.

Kurt deu uma risada maníaca, uma tão forte que o fez se curvar e agarrar a barriga. Madame G o encarou, intrigada, Vertigo o fitou tão confuso quanto ela. O filho das sombras então se recompôs e agarrou sua espada etérea e de ferro estígio. Ele fitou seus inimigos e ameaçou, em alto e bom som, sua voz ecoando com uma miríade de tons demoníacos e seus olhos tornando-se escuros como a noite.

- Você acha que cinco de vocês podem salvar Nova York? – ele riu e deu um passo a frente, grunhindo o dito em seguida. – Vocês sequer podem se salvar!

Então as Sombras andaram lado a lado, Kurt brandiu sua espada, liderando-os. Suas vestes liberavam nuvens de trevas que se misturavam ao ar sombrio do Central Park. A Madame G, pressionando uma joia brilhante em seu pescoço, fez sua cota de malha de bronze celestial mover-se como escamas sobre seu corpo. O metal dançou sobre seu corpo, quase como se estivesse vivo, o brilho azulado das escamas de bronze cobriu seu corpo, logo em seguida, a semideusa de Hefesto vestia uma mistura de robe de bronze celestial tecnológico, semelhante a suas grandes manoplas de metal. De suas costas, asas emplumadas do mesmo metal divino se desprenderam, abrindo-se como flores de pétalas de bronze. Aquilo era uma armadura de bronze, uma bem ao estilo Homem de Ferro da mitologia grega.

Vertigo deu uma risadinha estridente, a cada passo seu, relâmpagos serpenteavam sobre os acessórios pendurados nos braceletes dele, seus olhos vibravam com poder e energia, azuis elétricos. Os dedos mexiam-se, farfalhando com a mesma eletricidade mágica da fonte. Ao seu lado, Terrence dava passos que faziam a terra tremer, seus olhos assumiam um tom sanguinolento de vermelho macabro.

Em formação, as Sombras apressaram o passo.

Mackenzie os demais peregrinos puseram-se a andar ombro a ombro, fitando seus inimigos. Conforme eles caminhavam em conjunto, mais nervosa ela ficava, sentindo a tensão praticamente ecoar de cada um ali.

Os passos ecoaram por Bethesda Fountain, a caminhada virou uma corrida. O vento rugiu nos ouvidos de Mackenzie, que já gritava com a foice em mãos, seguida por seus companheiros ao mesmo passo. Alyssa estalou seus dedos, já envoltos em faíscas e chamas cor-de-rosa, Leon bocejou enquanto empunhava seu escudo e lança, Sebastian segurou a foice com força e manteve o passo ao lado de Scott, que já se armava com três flechas retesadas.

Liderados por Kurt e Max, os peregrinos e seus inimigos se encontraram.

O confronto explodiu.

 

Tudo aconteceu muito rápido.

Os dois grupos de semideuses correram na direção um do outro, gritando e com armas em punho. Mackenzie fitou diretamente Kurt ao cruzar lâminas com ele, girando o corpo e desenhando um arco com sua foice. O filho da escuridão riu e esquivou do golpe, agachando e se levantando em uma velocidade sobre-humana, parecendo apenas um borrão negro.

 Ele riu dela novamente, digladiando com a garota e forçando a semideusa a manter um ritmo constante. Mackenzie, no entanto, era muito boa com a foice. Havia pouquíssimos semideuses que aguentariam uma luta mano a mano com um imortal como Kurt, e o espírito delinquente combinado ao ímpeto assassino de Max, faziam dela a melhor pessoa para o serviço de enfrentar o inimigo nº1 da Criação no momento.

Eles cruzaram lâminas novamente, a filha de Tânatos forçou o entrave até ele se desfazer. A garota urrou de raiva e chutou o peito de Kurt, que tropeçou para o lado, se recompondo velozmente e voltando a atacar em um borrão fugaz, tão rápido que Max mal teve tempo de reagir.

- Lenta demais! – disse ele, desenhando um arco com a espada acima da filha da morte, que arregalou os olhos. No entanto, uma das setas de Scott fincou-se em seu braço em que empunhava a lâmina num afundar surdo. Kurt largou a espada no trajeto e gritou de dor – por mais imortal que fosse, ele não era invulnerável - , o que deu tempo para Max girar a foice e golpeá-lo no peito, desfazendo-o em escuridão.

  A filha da morte vagou o olhar, vendo um lampejo de bronze rasante passar por cima dela. Como um anjo de metal, Madame G esquivou de uma flecha explosiva disparada por Scott no limiar da batalha, passou por cima de Sebastian, que esquivava de uma investida feroz do filho de Metus, saltando de sombra em sombra, só para ataca-lo e fugir novamente, como o pique-pega mais mortal do cosmos. Com o canto do olho, ela viu Vertigo e Alyssa voando em torno um do outro, o feiticeiro atirava relâmpagos e fazia pedaços do chão voarem contra a garota, que ziguezagueava no ar e lançava esferas chamejantes de faíscas rosadas contra ele, ambos dançando no ar em um duelo mágico pouco sincronizado. G pousou a frente de Leon, que tentou golpeá-la com sua lança, apenas retinindo na armadura, que a envolvia como uma segunda pele sob os panos coloridos adornados com mandalas e jóias.

Ela riu com a reação de surpresa dele, suas manoplas silvaram de energia, as asas se abriram com suas plumas laminadas.

- Você não precisa fazer isso, G! – avisou o filho do sono, recuando, ainda tentando sustentar um semblante determinado, mesmo indefeso contra o poder dela. O olhar dela, altivo e pouco emotivo, pairou sobre ele.

- Vocês não me deixam escolha! Os deuses não me deixam escolha! – gritou ela, avançando contra Narcisus, que tentou golpeá-la novamente com a ponta da arma, apenas para vê-lo retinir com mais força. A filha de Hefesto saltou no ar, planando com as plumas metálicas e chutando-o com seus saltos.

Leon grunhiu, sendo jogado longe de tropeçando nas próprias armas. Ele se levantou rapidamente e gritou em tom acusatório: - Você vai destruir esse mundo! – fitando algo ao lado de abaixando a cabeça. G fez o mesmo, vendo Vertigo e Alyssa passarem voando acima deles em nuvem de destroços orbitantes, a feiticeira urrou disparou uma torrente de chamas contra o irmão, que gritou uma palavra mágica e fez as pedras se amontoarem ao seu redor como um escudo. – Você não é melhor que os deuses, que julga tão imperfeitos!

De pé novamente, ela gritou: - Se for para reconstruí-lo de um jeito melhor, sem falhas, perfeito, sim, destruirei! - , erguendo sua palma na direção do filho de Hipnos. A manopla se ativou, silvando de energia e abrindo-se em anéis de bronze. Ela cuspiu o resto das palavras, desdenhosa: - Se discorda de mim, então é um tolo!

Leon, rapidamente, ergueu seu escudo, vendo um feixe luminoso lançar-se contra ele. A rajada foi aparada pelo escudo, que esquentou tanto que o meio-sangue o largou, gritando e vendo seu braço já avermelhado e cheio de bolhas. O britânico uivou de dor e cambaleou, ainda empunhando sua lança desajeitadamente contra a filha do deus da forja, que caminhava tranquilamente em sua direção enquanto a batalha explodia ao seu redor.

- Que desperdício. Você poderia ser grandioso. – disse ela, com um olhar compadecido. A semideusa ergueu a palma novamente, que abriu-se em anéis e carregou-se com energia luminosa. – Adeus, Narcisus Lionheart.

 

 Sobrevoando o confronto, Alyssa captou a cena rapidamente. Ela girou o corpo no ar, moveu os dedos em um movimento circular e disse: - Astochó!

 Suas mãos lançaram uma linha de luz faiscante e rosada, acertando a Madame G em suas costas e se espalhando por sua roupa. Seu braço, antes perfeitamente alinhado a Leon, moveu-se involuntariamente, envolvido em um brilho pink. A filha de Hefesto, confusa, fitou sua manopla disparar o feixe de luz contra Terrence, que estava prestes a dar um soco no esquivo Sebastian. O grandalhão foi jogado longe pela rajada de calor, caindo com seu casaco de couro reduzido a pedaços fumegantes sobre sua carne invulnerável. Ele gritou de raiva e se pôs de pé, Sebastian olhou para os lados, recuando até estar perto da fonte.

- VOLTE AQUI, SEU COVARDE, AINDA NÃO ACABEI CONTIGO! – gritou o filho do medo, investindo contra ele pesadamente.

Sebastian, respirando fundo e canalizando todo o seu poder sobre as trevas, assobiou e se viu mergulhando nas sombras do própria ar-negro que envolvia Manhattan naquele dia fatídico, desfazendo-se e sumindo quando Terrence agarrou-o, inutilmente.

- LUTE COMO UM HOMEM! VOCÊ NÃO PODE SE ESCONDER DE MIM!

Sebastian havia surgido no terraço de pedra, mais distante da batalha. De lá, ele viu Scott correr para longe do confronto enquanto atirava mais flechas. Uma delas explodiu no ar, pegando Vertigo desprevenido enquanto enfrentava Alyssa e arremessando-o longe. Outra fincou-se no entrave metálico das asas de G, que voava enquanto atirava raios de calor contra Leon, que cambaleava e corria com as armas em punho.

Ao longe, cercados por um turbilhão sinistro de escuridão, o epicentro da confronto era travado por Kurt e sua irmã mais velha. Sebastian ofegou, sentindo os braços doerem, todos eles já estavam cansados. Chegar no Central Park já tinha sido um feito quase impossível, um pelo qual seus amigos haviam tido que separar-se deles e segurar todo um exército para que pudessem ter a ínfima chance de conseguir salvar a cidade.

Agora, cada um deles enfrentava um semideus inimigo super-poderoso. Sebastian tinha quase certeza que mesmo Vertigo, G ou Terrence sozinhos já seria mais do que o suficiente para enfrentar todos os peregrinos com grandes chances de vitória. Érebo não foi nem um pouco burro em escolhê-los como aliados, eles eram terrivelmente poderosos, e cada um antagonizava perfeitamente os peregrinos que ali estavam.

Ele estava prestes a viajar nas sombras e auxiliar Mackenzie no seu embate, quando viu uma silhueta conhecida ser arremessada metros a distância, caindo rolando sobre os ladrilhos cor de creme da praça de Bethesda Fountain.

Os olhos do filho da morte se arregalaram, vendo Scott no chão e gemendo de dor, enquanto Terrence marchava pesadamente em sua direção.

- N-não, não, não... – ele saltou da amurada e mergulhou em uma das nuvens de escuridão que brotavam nos limiares da batalha. Seu corpo se dissolveu velozmente, como era de praxe, afinal, aquela era sua especialidade. Mesmo para os padrões de filhos do Mundo Inferior, Sebastian era um prodígio na arte do teletransporte sombrio, podendo se valer disto várias vezes em um espaço de tempo muito curto.

  Passando brevemente pelo mundo das sombras, ouvindo uma cacofonia quebrada de lamentos infernais e lamúrias de espíritos perdidos, o corpo de Sebastian Nightshade materializou-se da sombra de Scott, que o fitava de olhos arregalados.

Terrence o fitou com seus olhos cor de sangue, famintos.

- Você está bem, Scott? – perguntou o ceifador, com a foice em mãos.

O arqueiro grunhiu e se levantou, reclamando de dor enquanto agarrava sua aljava caída e seu arco. Scott ofegou e fitou Terrence aproximar-se deles vagarosamente.

- Não dá para a gente vencer ele. Se fugirmos, ele vai acabar com a Max e os demais. – disse o filho de Eros, temeroso. Os olhos vermelhos, rubros como sangue coagulado, de seu inimigo fitaram suas íris de cor escarlate vibrantes. – A-alguma ideia?

- Tô trabalhando nisso. – disse Sebastian, dando alguns passos a frente e brandindo a foice. – Vou improvisar, me cubra com as flechas o quanto puder.

- Se-Sebastian, ele é forte demais! – amedrontado, Scott quase berrou o dito. – Vai morrer se ele te acertar em cheio. E-eu não vou deixar você fazer isso!

O gesto meio que esquentou o coração do filho da morte. Mas ele não via outra saída, por mais que Scott argumentasse, ele tinha razão. Se não vencessem Terrence Ohakim por si, todos os demais morreriam pela mão dele.

- Você vai fingir que não me ouve, agora?! – gritou Scott.

Sebastian continuou a andar e apressou o passo, indo em direção do brutamontes. Ele sabia que provavelmente iria morrer em um confronto direto, não havia mínima chance dele vencer um semideus que não podia ser ferido diretamente. Além do mais, se Terrence realmente se alimentava de medo como diziam, eles estavam bem ferrados: Manhattan inteira estava tomada pelo temor e o desespero. Naquelas condições, o inimigo deveria ser praticamente imortal.

  Terrence investiu contra ele, Sebastian invocou seus poderes em um grito, - improvisando como nunca -  fincando a foice no chão ladrilhado. Uma rachadura seguiu, erguendo uma coluna da escuridão vinda do próprio Mundo Inferior em uma torrente de pedras, terra e trevas. Sebastian urrou, estendendo a palma de sua mão para frente e mantendo a foice fincada no chão com a outra, o ar condensou a escuridão. Como filho de um dos deuses infernais, era de seu direito o domínio das trevas, mas Sebastian jamais tentara forçar seu poder a tal ponto.

Ao seu redor, a escuridão se condensou. O filho de Tânatos gritou e fez um movimento com a mão, como se empurrasse as trevas contra o inimigo. Lufadas negras se lançaram contra Terrence, que ergueu os braços, resistindo e dando passos lentos em direção dos semideuses.

Sebastian gritou novamente, lançando mais escuridão com toda a sua força. Entretanto, sua força estava sendo drenada. Por mais que a energia de trevas e morte minasse Terrence, ele não parecia estar sendo ferido. Muito pelo contrário, o filho da morte podia sentir a escuridão lutando contra seus comandos, como se Érebo fizesse uma aposta silenciosa: Você realmente está tentando usar as trevas contra os aliados do Pai Escuridão? Boa sorte, rapazinho.

  O avanço do brutamontes era lento, Scott, com sua vista, reparou bem. Ele mirava na cabeça do inimigo, mas seus olhos de rapina captavam muito mais que isso: Ele podia ver Vertigo ao longe, trocando rajadas e feitiços explosivos com Alyssa, do outro lado da praça, ele podia ver Kurt girando com sua espada, forçando Max a recuar. Dos céus, G agora disparava linhas de calor luminosas contra o filho do sono, que driblava seus ataques desengonçadamente e tentava espetá-la com sua lança quando esta se aproximava.  Mackenzie gritou ao longe, esquivou dos golpes do filho das sombras e golpeou o chão em rachaduras, erguendo esqueletos – sparti armados e vestidos com roupas da Polícia de Nova York – que partiram para cima do filho de Érebo como se ele fosse um menor infrator.

Um uivo de dor atraiu sua atenção. Ele arregalou os olhos, vendo Sebastian cair de joelhos. As trevas pareceram rir de sua cara como um coro sibilante enquanto se dissipava. Scott abriu fogo contra Terrence, disparando suas melhores flechas explosivas e eletrificantes, ele rezou para que aquilo desse o mínimo de tempo para Sebastian se por de pé ou desaparecer. Mas o filho de Tânatos apenas tremia, fraquejando e sangrando pelo nariz.

- Di Immortales, Sebastian! Se levanta! – gritou o filho do amor, desesperado. Ele atirou sua última flecha explosiva, acertando o filho de Metus bem no peito, engolfando-o em enxofre e chamas. Terrence grunhiu e deu um salto, pousando em um estrondo a frente de Sebastian e agarrando-o pelo pescoço, erguendo-o centímetros acima do chão e fitando Scott com seus olhos vermelhos.

O filho de Eros não movia um músculo, seus braços e pernas pareciam geleia. Seu olhar estava preso, imóvel, na feição de Sebastian, que se debatia, o nariz sangrando pelo esforço de controlar as trevas mesmo sem sucesso, o corpo implorando por ar. Os olhos castanhos de Sebastian imploravam por ajuda, mas Scott só conseguia tremer.

 Terrence inspirou fortemente por suas narinas, arrepiando-se.

- Seu medo fede...Você tem tanto, arqueiro. Que covarde. – o filho do medo riu na cara suplicante de Sebastian, apertando um pouco a mão. Ele se debateu mais, sufocando. Scott tremia inutilmente. Ele se xingou internamente, era como quando sua ansiedade surgia quando Sebastian demonstrava carinho a ele em público, o medo de ser agredido por ser diferente, e ele se odiava por se importar tanto, por ser um covarde e não enfrentar o mundo.

Scott chorou e tremeu, até seu olhar encontrar o de Sebastian. Ele murmurou um “Me desculpe”, Sebastian chorou – de dor e de medo. Eles se encararam, impotentes, completamente aterrorizados pelo poder do filho de Metus, derrotados pela exaustão e pelo estresse.

  Era o seu fim. Scott sempre soube que quando mais precisassem dele, quando sua mira não fosse o suficiente, seria inútil, como sempre soubera que era.

Lágrimas desceram por seu rosto, mas algo então capturou sua atenção, Terrence inspirava profundamente, encarando Sebastian com certa curiosidade. Scott tremeu, confuso.

Que interessante...Ele não tem medo de estar comigo numa luta, teme apenas o que farei com você depois. O que é isso? Porque não me alimenta de seu medo, Nightshade?!

Ele sacudiu o filho da morte, largando-o no chão em seguida. Sebastian tossiu e tremeu, arfando. Ele lançou um olhar cheio de ódio para seu inimigo, fitando Scott brevemente em seguida, determinado, firme, seguro.

O coração do filho de Eros deu uma pirueta, sua habilidade de identificar emoções ao contato visual captou o que Sebastian sentia por ele ali.

Algo que o faria lutar até a morte por uma outra pessoa.

Algo mais forte que o medo.

Algo tão brutal e poderoso quanto a morte.

Scott chorou copiosamente, atraindo o olhar curioso de Terrence.

- Seu medo de perde-lo é ridículo, o torna fraco. Todos vocês, fracos, submeteram-se aos fortes. – ele ergueu a bota militar acima da cabeça de Sebastian, que ofegava e grunhia de dor agora, exausto. – Todos vocês...Morrerão!

- E-eu não estou com medo de morrer. – balbuciou Scott, respirando profundamente e erguendo o olhar para seu adversário. Terrence riu dele, zombeteiro. – Bem...Estou, mas, existe algo mais forte que isso, dentro de mim, dentro dele. – Scott disse dele tão alegremente, que se espantou. A constatação era a coisa mais verdadeira e feliz de sua vida. Mesmo ali, no fim do mundo, o sentimento mais verdadeiro emanava de Sebastian e dele, em uma certeza mútua que fazia o interior do filho de Eros arder como uma lareira confortável no frio do Natal. – e essa coisa tão forte, se chama amor, Terrence. Você o conhece. Faz tudo valer a pena, faz o seu medo parecer pequeno, no fim das contas...Você só tem medo de algo porque teme perder o que ama.

Terrence bufou, desdenhoso.

- Não existe tal coisa, semideus idiota. Seu medo, como insignificante que é, mostra que não é nada comparado a mim!

- Eu não diria algo tão imprudente. O amor é a mais potente das forças, mais antiga que os olimpianos, capaz até de atingir os primordiais. – Scott sacou uma flecha e a retesou no arco, estreitando seu olhar para o seu adversário e respirando fundo. Ele fitou então Sebastian, que fitou-o, chorando de emoção ao ver a postura corajosa de Scott Kingsley finalmente surgir. – E por isso eu digo, com todas as letras e pontos, com toda a minha alma. – ele suspirou, sentindo um rubor esquentar seu corpo, um brilho avermelhado surgiu de seus olhos, bruxuleando por seus braços, costas e por suas flechas, fazendo suas pontas brilharem. Asas escarlate de pura energia brotaram de Scott, abrindo-se em plumas brilhantes.

Os olhos do filho do deus do amor brilharam como fornalhas, ele fitou Sebastian e disse: - Eu amo você, Sebastian Phillip Nightshade.

Uma lufada vermelha de energia ecoou com as palavras, passando por Terrence e fazendo-o cambalear. Sebastian se levantou, subitamente revigorado. Terrence fez menção de golpeá-lo com seu punho, mas Scott foi mais rápido, atirando sua seta envolta em chamas etéreas avermelhadas – infestada de seu amor, puro e destilado.

A flecha fincou-se no coração do filho do deus do medo, o brilho vermelho se espalhou por seu corpo. Seus dedos ficaram trêmulos, ele encarou o ferimento atônito, que sangrava.

Scott soluçou, vendo o olhar perdido do semideus ficar cada vez mais vago.

Terrence parecia sentir o amor finalmente retornar a seu peito, o medo que o alimentava parecia agora abandoná-lo, cessando sua loucura, sua necessidade por um ser mais forte que o liderasse agora desaparecia – pois ele tinha o amor. Lacrimejando, o semideus caiu de joelhos e encarou Scott nos olhos. Trêmulo, ele chorou tão alto quanto seus pulmões permitiam, o sangramento não parou, seu olhar se quebrou junto a seu grito abafado pelas lágrimas: - Q-Qwambi...

 E ele tombou para frente e grunhiu de dor, seu sangue espalhou-se pelos ladrilhos em um padrão disforme. O filho de Metus estava morto.

Sebastian cambaleou até Scott, o sangue tinha parado de escorrer de seu nariz. O roxo no seu pescoço também sumira, como se o amor existente ali entre ambos houvesse os dado nova força. Sebastian fitou-o, subitamente, a aura de poder de Scott se dissipou, deixando no lugar o tímido garoto do século passado de olhos vibrantes e pele pálida.

- Eu amo você demais, Scott Kingsley. E você me salvou, nunca vou dizer obrigado o suficiente e... – Sebastian chorou, abraçando-o. – É só isso mesmo. Só te amo. Ainda não sou tão bom com palavras quanto você.

Scott riu, trêmulo, mas separou o abraço e fitou o amado.

- Eu também amo você. – disse em alto e bom som. – Sem medo de dizer isso, não mais. Não vou decepcionar o meu namorado, não nesse quesito! Mas para isso...- ele fitou a guerra ainda explodindo a seu redor. – A gente tem que garantir que esse mundo vai viver para contar história. – Ajude a Max, eu cuido do Leon. Vá.

Sebastian assentiu e agarrou as bochechas do filho do amor, que ruborizou ao sentir seus lábios se tocando. Eles suspiraram, beijando-se brevemente e se separando, controlando sua própria volúpia.

Sebastian riu, Scott também, ambos vermelhos e cheios de um ardor intenso dentro de si.

- Vamos nessa.

- Sim. – concordou o filho de Eros. Seu amado fez menção de correr, mas Scott o segurou pelo braço e puxou para mais um beijo breve. Sebastian riu e saiu correndo em seguida. – Só para dar sorte.


Notas Finais


*Antes da batalha/O Encontro com as Sombras - "Sharks Don't Sleep" - https://www.youtube.com/watch?v=uPFwKdVe3J8
*Peregrinos e Sombras avançam contra si mesmos/A batalha final começa - "Civil War" - https://www.youtube.com/watch?v=SG36KyYzlIQ
*Confronto Voraz (G VS Leon/Alyssa VS Vertigo/Sebastian & Scott VS Terrence, Kurt VS Max) - https://www.youtube.com/watch?v=YzWUUxfAnBg
* Terrence Ohakim, o Comensal do Terror - https://www.youtube.com/watch?v=Ec3YgjZeAg0
* Scott VS Terrence/O Poder do Amor - "War of Hearts" - https://www.youtube.com/watch?v=Zm-P97qA1g0

E é isso aí, pessoal! Espero que tenham gostado! Nossa batalha - que parece sem fim - continua próxima semana. Quem vence? Quem ganha? Quem vive e quem morre? Será que os Peregrinos impedirão o renascimento de Érebo, ou as trevas engolirão Manhattan inteira?!
Não percam, próxima semana!

* Os Heróis do Olimpo - AOH III - A Ruína da Névoa - https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-os-herois-do-olimpo-os-herois-do-olimpo--aoh-iii--a-ruina-da-nevoa-3296148
* Os Heróis do Olimpo - AOH II - O Crepúsculo do Olimpo - https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-os-herois-do-olimpo-os-herois-do-olimpo--aoh-ii--o-crepusculo-do-olimpo-2261241*
* Os Heróis do Olimpo - A Outra História - http://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-os-herois-do-olimpo-os-herois-do-olimpo--a-outra-historia-1438939*
== Fic Original da @BlackJack_Sugar cujo sou coautor ==
http://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-originais-imperium-2124570

Enfim, até mais pessoal, beijos e abraços!


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