Tris
Mais um dia longe de todos. Mais um dia longe dele.
Minha mãe disse que ele viria, não é o que me parece.
Eric anda vindo aqui em casa todos os dias, durante às 5 e 7p.m. Ele é bem legal, sempre muito carinhoso e atencioso comigo.
Ele anda conversando bastante comigo sobre a perda do bebê. Por mais que tenha sido algo rápido, uma notícia que chegou e logo saiu, eu me abalei. Fiquei magoada. Não só isso, mas também a queda do cavalo e a mudança para outro lugar totalmente diferente.
Agora são 4:30p.m. logo o Eric chega. Evelyn está sentada ao meu lado, lendo um livro, esperando a chegada de Eric para poder ir ao mercado.
Poucos minutos depois a campainha toca. Me levanto em um pulo e corro para abrir a porta.
Sim, ando muito animada com as vindas de Eric aqui em casa. Minha mãe trabalha em uma das filiais do meu pai aqui em Londres e depois da primeira semana que saí do hospital, ela sai de manhã e volta no fim da tarde. Eric é a minha única companhia, mesmo que por pouco tempo, afinal, ele tem o seu trabalho.
Eu estou fazendo o ensino médio em um dos ótimos colégios aqui de Londres. Não fiz amizade e nem faço questão.
Abro a porta e pela primeira vez olho o Eric com um olhar diferente. Eu já havia admitido que Eric é bonito, mas olhando para seus olhos, deixando o Tobias um pouquinho de lado, o Eric é um homem muito bonito. Acho que ele sempre se esconde atrás da máscara de médico sério e preocupado. Mas hoje ele está descolado, descontraído, sem o seu jaleco, não aparentando um médico, mas sim um simples homem de 25 anos.
Eric parece bem novo para um médico, não?! Mas ele terminou o Colégio com 16 anos e desde então estuda Medicina, até hoje.
Ele abre os braços e me dá um apertado abraço de urso. Suspiro. O abraço dele me lembra Tobias.
Sinto meu coração se apertar no peito e reprimo a vontade de chorar.
- E aí, Tris?! Como anda, moça? - me pergunta sorrindo.
- Ando muito bem.- sorrio de volta.
- Fico feliz.
Minha mãe o cumprimenta e se despede em seguida, dizendo que volta mais tarde.
- E então, como foi seu dia?- ele me pergunta.
Olho para ele sorrindo, mas acho que ele percebe o fundo de tristeza no meu esconderijo.
- Foi bom...- digo vagamente.
Ele inclina a cabeça a para o lado e suspira, tocando meu queixo com o indicador, fazendo-me encará-lo.
-Me diz o que te encomoda.- ele pede.
Suspiro. Meus olhos começam a arder e sinto as lágrimas virem com força dessa vez.
- Vem cá. - ele me puxa para um abraço e acaricia meu cabelo- Não precisa falar se não quiser.
Sempre que alguém me diz isso tenho a impressão que ela está me lembrando de contar algo, tipo... Me forçando. Mas o Eric não faria isso.
- Não, tudo bem.-seco minhas lágrimas- É que... Minha mãe disse que Tobias viria e até agora ele nem entrou em contato. Poxa, ele disse que me amava antes de eu vim para cá e agora ele nem procura saber como estou.- digo.
- Ai, Tris.- ele suspira-Fique calma. Quem te garante que... sei lá, ele está planejando algo e vindo de surpresa ou algo do tipo?
- Você acha?- pergunto animada com a idéia de acordar de manhã e vê- lo na cozinha com nossos amigos.
- Eu acho!- ele diz sorrindo e me dá um beijo na testa.
Essa idéia encheu meu coração de alegria e esperança. Esperança de tudo melhorar e esperança de que o cara que eu amo não tenha blefado ao me dizer o mesmo.
Tobias
Mais uma semana. Mais uma semana que estou confuso, sem entender a minha própria vida.
Não me lembro de muita coisa desde que cheguei aqui. Se não me engano faz um mês.
Beatrice não entrou em contato comigo, como eu pedi e tento falar com ela as vezes e ela não atende mais o celular.
Fugi desse lugar horrível há duas semanas atrás, mas eles me pegaram e trouxeram de volta, e o pior, me deixando inconsciente e totalmente machucado em seguida.
Já pedi para Nita me ajudar a sair, porém a mesma se recusa.
Estou preso em um mundo de bebidas, sexo e drogas pelo qual não vou sair tão cedo. Suspiro com esse pensamento.
- Oi Tob.-diz a Nita entrando no quarto com um baseado na mão.
Não respondo, apenas a encaro.
- Sei como tirar essa carranca.- ela diz sorrindo maliciosa e sentando no meu colo.
Coloco as mãos em sua cintura e ela começa rebolar.
Desço minhas mãos para seu quadril e aperto fazendo com que ela solte um gemido.
Me levanto com ela no colo e a viro, jogando-a de costas na cama.
- Vamos brincar, baby.- digo sorrindo e me aproximo de seu rosto.
- Sou toda sua.-ela diz levantando o quadril, roçando sua intimidade na minha. Fecho meus olhos e puxo seus braços para cima.
- Fique quieta. Não quero um piu!- sussurro no seu ouvido.
Ela assente, prensando seus lábios.
Pego seus punhos e os junto a grade da cama, olhando em volta no quarto em busca de algo que a prenda.
Acho um pedaço de pano gasto no chão ao lado da cadeira quebrada e o apanho, rasgando-o e voltando para junto de Nita.
Amarro seus pulsos na cama com um dos pedaços que rasguei, amarro um na sua boca, como mordaça com o outro pedaço e levanto a sua blusa, aproximo meus lábios de sua barriga e a mesma já arfa e fecha os olhos.
Paro onde estou. Ela abre os olhos e procura os meus, assim que os acha me encara confusa.
- Acha mesmo que ficaria com você? - pergunto- Depois de ter me traído, ter feito o que fez com a Lay? Jamais! E deixa eu te deixar uma coisa bem clara: Eu amo a Beatrice!
Saio correndo do quarto e tento me esconder sempre que algum dos capangas da casa passam por perto.
Vou até o escritório principal e levanto o tapete Central, encontrando a porta para o subterrâneo. Destranco a mesma, olhando em volta em busca de uma lanterna. Não acho. Vai ser no escuro mesmo. Quando estou descendo vejo uma vela sobre o armarinho e a pego, descendo e fechando a porta em seguida.
Vou andando devagar para não cair e não deixar que a vela caia na água. Continuo andando até que chego a dois túneis.
- Droga.
Suspiro e sigo pelo direito. Começo a caminhar, porém ouço passou e vozes na direção em que estou indo. Começo a recuar e assim que chego na divisão, passo para o túnel da esquerda.
Tento correr sem fazer tanto barulho, mas no balanço do meu corpo a vela escapa da minha mão, caindo na água e se apagando.
- Ótimo! - sussurro procurando pela mesma no chão escuro e úmido.
Depois de poucos minutos procurando não a encontro, então decido por continuar no escuro mesmo.
Depois do que me parecem horas caminhando vejo um fio de luz e sorrio.
Corro até o mesmo, afastando a tampa pesada e subindo as escadas.
- Achou mesmo que ninguém iria me desamarrar e te achar, Tobias?
- Nita, pelo amor de Deus. Me deixa em paz! Deixa eu ir, o que você quer de mim?
- EU QUERO VOCÊ! Que porra! Será que você não entende? É pela Beatrice? Ela está bem longe de você, curtindo com o médico dela! Ela não te ama Tobias!
- Não! Cala a boca! Ela me ama, sim! Eu sei que me ama!- digo chorando.
- Sabe?- ela ri- Tudo bem, vamos ver se a Beatrice é confiável.- ela diz é aponta para dentro da casa- Vai! Vou te levar até ela.
Olho desconfiado para ela, mas a mesma mantém um olhar firme. Entro e vou para o banheiro, tomo um banho e me troco, colocando a roupa que me deram, que é uma camiseta branca e uma calça jeans.
Depois de pronto vou para o quarto e Nita está lá.
- Vamos.- ela diz revirando os olhos.
Fomos até um dos carros e ela coloca um capuz preto na minha cabeça, não enchergo nada.
Encosto minha cabeça no banco e espero. Depois de muito tempo sinto o carro parar e desencosto do banco.
Nita tira o capuz da minha cabeça e eu respiro fundo.
- Anda, Tobias!- ela diz me empurrando para fora do carro e eu quase caio- Aff, vou falar para te darem mais comida, que fraco- ela zomba e eu reviro os olhos.
Caminhamos para dentro do aeroporto e eu penso em chamar atenção dos guardas, mas o meu pensamento vai por água abaixo quando sinto uma mão forte no meu ombro.
- Não faria isso se fosse você, brow.-diz Pedro.
Ele é gente boa, não entendo o porquê dele andar com gente tão ruim. Ele sempre me ajuda quando estou mal.
Nas primeiras vezes que me forçaram com as drogas eu passei bem mal, e foi ele quem me ajudou. Ele que me dá mais comida, porque eles me dão bem pouca e as vezes dá-me fraqueza.
Assinto e abaixo a cabeça, nunca me senti tão impotente.
Me sentei na cadeira e depois de mais horas dá o horário do nosso vôo. Entramos no avião e me sento na poltrona em que Nita avisou-me ser a minha.
Ela se senta ao meu lado e eu abaixo minha cabeça, tentando pensar em algo.
- Não adianta pensar em nada, Tobzinho. Não adianta!- ela quase grita.
- Senhores, com licença. Está tudo bem?- pergunta uma aeromoça.
- Está! Só estava conversando com meu namorado.- diz a Nita deitando a cabeça no meu peito. Que nojo.
A aeromoça sorri e se retira. Tenho vontade de gritar para que ela me ajude, chame a polícia ou faça qualquer coisa.
- Tome aqui, querido.- ela diz estendendo um comprimido.
- Não vou tomar. -digo.
- Me obedece! - ela diz entre dentes cerrados- Beatrice pode se machucar, meu bem.
Meu coração se aperta.
Minha mente diz que tudo que tenha a ver com Beatrice e que venha da Nita é totalmente mentira, mas meu coração acelera só de imaginar Nita com um fio de cabelo de beatrice na mão.
Suspiro e pego o remédio de sua mão, coloco na boca e tomo um gole de água da garrafa que Nita me deu.
- Agora fiquei quietinho, amor. Até mais.
E o seu sorrio maldoso é a última coisa que alcança minha visão antes de tudo escurecer.
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