História Os Irmãos Eaton - Capítulo 35

-Sente-se aqui, meu amor.- diz Vó Edith apontando para poltrona branca ao seu lado.

- Bom... eu não estou nem um pouco feliz com as coisas que estão acontecendo. O Tobias não volta para casa a mais de um mês e muitos de nossa família correm perigo. Eu devia danar seu pai por ter começado essa merda toda.- nossa, nossa, hein Vó.

- Foi ele que começou?- arregalo meus olhos, preocupada.

Ela suspira e abaixa a cabeça, como se pensasse no que dizer, mas depois volta a levantá-la.

- Não sei se realmente é a hora de te contar isso...- ela diz pensativa.

- Não, não!  É a hora perfeita, Vó.- Me apresso em dizer e me aproximo mais do braço da poltrona, consequentemente, me aproximo mais dela.

Ela se levanta e analisa meu rosto por uns segundos e logo caminha em direção ao computador.

- Descanse, ainda não está na hora de conversarmos sobre isso. Vou tentar descobrir mais coisas e depois falamos.

- Mas Vó...

- Nada de "mas", Beatrice. Obedeça a sua avó e vá deitar!- ela ordena, mas mesmo assim com um tom de voz carinhoso.

- Sim, senhora.- resmungo e me levanto amuada indo até o meu quarto.

Abro a porta e o cheiro do Tobias colide contra o meu rosto. Que saudades! Suspiro e corro, me jogando na cama e abraçando o travesseiro que tinha o seu cheiro conservado fortemente.

Lembro de muitas vezes que nos abraçamos. Era tão bom quando ele sentava, e eu sentava de costas para ele, entre suas pernas e apoiava minha cabeça em seu peito. Ele me abraçava e eu me sentia tão segura, tão protegida, como se nada no mundo pudesse me abalar.

Eu amava quando depois que faziamos amor, ele me puxava para o seu peito e me abraçava de modo tão acolhedor e protetor. Me transmitia tanto carinho e amor. E quando ele me virava de lado e trançava minha perna por sua cintura e me penetrava, dormiamos assim, ~solto um riso leve~ era bom, sem mais movimentos, somente sentindo um ao outro.

Permito as lágrimas saírem dos meus olhos em uma forma talvez falha de tirar um pouco da angústia que pesa em meu peito.

Sinto os meus olhos pesarem, não sei se pelas lágrimas ou pelo sono, mas logo tenho a resposta quando sou puxada pelo cansaço.

[•••]

Acordo assustada com uma batida em minha porta. Não me dou o trabalho de levantar, apenas resmungo um simples " entre" e logo a porta se abre devagar.

- Oi, meu amor.- Caleb sussurra entrando no quarto e meu coração pula de alegria por vê-lo novamente.

- Caleb!- digo ao levantar, caminhar até ele e me jogar em seus braços.

Nos braços de Caleb, permito-me chorar novamente, mas dessa vez com um conforto maior, meu irmão.

- Meu Deus, Tris! Como você está? - ele perguntou com cautela e preocupação, segurando meu rosto entre suas mãos.

Apenas meneio a cabeça, sem forças para conversar, ainda mais sobre o meu estado de desespero.

Ele apenas assente e me deita na cama com cuidado.

- Deita comigo?- peço chorando.

Ele apenas sorri e se deita a minha frente, me trazendo para seu peito e me abraçando de uma forma protetora.

- Sinto tanta falta dele, Caleb.- digo com a minha voz abafada pelo aperto-Eu achava que ele tinha blefado dizendo que me amava, mas nem me visitar em Londres ele ia. Então, quando ele voltou, me contou que havia sido sequestrado a primeira vez.- digo me lembrando de sua explicação.

- Aqui nós ficamos totalmente sem notícias dele também. Com você pelo menos ele voltou, aqui não, não o vemos há quase dois meses. - ele diz com os olhos marejados e eu assinto suspirando.

- Eu ainda não consigo acreditar no que está acontecendo. É tão estranho. As vezes vemos acontecendo com outras pessoas, mas sempre pensamos que não vai acontecer conosco, mas as vezes acontece quando menos esperamos e acabamos por perder o chão.

- Pois é. Pior que é bem assim mesmo. Quem diria que um dia aconteceria isso e ainda mais com o Tobias. É do nada.

- É. - começo a chorar de novo.

- Pode chorar, Tris. Chorar ajuda.- ele diz e é isso que faço.

Choro silenciosamente,  mas quando ele deixa um beijo no topo da minha cabeça e escuto a palavra " Pequena" minha boca se abre, deixando sons desgrenhados, desesperados e altos sairem;  me sinto como uma criança totalmente vulnerável ao perder o seu porto seguro.

Caleb me abraça forte e diz palavras de conforto, mas a única coisa que me traria conforto agora seria o Tobias junto comigo de novo.

A porta do quarto se abre, mas nem me dou o trabalho de olhar e ver quem é. Apenas continuo com meus olhos fechados, deixando as lágrimas queimarem meu rosto aos poucos.

Caleb se mexe um pouco na cama e percebo que ele olha para porta, mas continuo sem me mexer. Ele fica parado por alguns segundos até que seu corpo se tenciona e ele mostra um meio sorriso. Franzo o cenho e respiro fundo, tomando um pouco de força para me levantar e ver quem é.

Olho para mesma direção que Caleb e vejo quem eu menos esperava ver nesse momento. Ele estava com a mão na maçaneta, a outra pendendo ao lado do corpo e um sorriso dançava em seus lábios. Quando dou por mim, parece que colocaram uma bomba e inflaram meu coração e a minha dor foi arrancada com brutalidade.

Me levanto rapidamente da cama, jogando o edredom de qualquer jeito no chão e corro até ele, me jogando em seus braços. Passo meus braços por seu pescoço e ele abraça forte minha cintura, me pressionando cada vez mais contra ele.

- Oi, meu amor.- ele sussurra em meu ouvido deixando um pequeno beijinho no mesmo lugar, sinto meu corpo estremer e o abraço com mais força.

Me afasto um pouco dele para olhar e seus olhos.

- Eu te amo.- ele diz sorrindo e parece que tudo começa a derreter e escorrer, como se fosse tinta ou cera no calor. Tudo está desmoronando e se quebrando, inclusive meu coração, porque, infelizmente, ele ainda não está aqui.

Sonho off