Todos estavam sentados a mesa, esperando que alguém se pronunciasse, então Vó Edith respira fundo, cruza seus dedos uns nos outros e apóia suas mãos sobre a mesa.
- Alguém quer se pronunciar?- Vó Edith pergunta.
A maioria nega com a cabeça. Vó Edith suspira.
- Quando seus pais foram viajar, Beatrice, sua mãe contou a ele sobre o seu suposto relacionamento com o Tobias. Marcus, como o esperado por todos, não aceitou isso, de início.- ela diz intensificando a última parte e eu olho para o meu pai, que dirige seus olhos antes azuis, agora vermelhos, para mim, sussurrando um "me perdoe"- Ele tentou pensar em uma solução, mas a única coisa que passou por sua cabeça foi a única coisa que ele achou que adiantaria. Ele vendeu seu dote e apartir daí ele começou a negar com todas as forças o relacionamento de vocês. - ela diz e eu a encaro confusa. Não que eu nunca tivesse escutado sobre isso, mas não sei o que realmente significa.
"- Beatrice, antigamente, as família vendiam os dotes de suas filhas, era como um casamento arranjado, mas o varão ou os pais do varão teriam que pagar uma determinada quantia aos pais da moça para se casar com ela."- Vó Edith me explica e eu me recuso a acreditar.
- O senhor me vendeu, papai?- pergunto sentindo minhas lágrimas queimando meu rosto.
- Me perdoe, filha.- ele pede chorando e me surpreendo quando alguns soluços escapam de seus lábios.
- Querida, por mais que a atitude do seu pai tenha sido mal pensada e imatura, ele não fez por mal.
Meneio a cabeça cabeça sem acreditar no que estou ouvindo.
- Continue, vovó.- diz Uriah com cautela.
- O seu pai vendeu o dote para o varão com a garantia de que você ainda era virgem, mas quando seu pai descobriu, os viu juntos, o varão também descobriu. Ele ficou puto com o seu pai e as ameaças começaram daí, mas começaram de modo indireto. Seu pai estava planejando um jeito de te levar até o seu "varão".- ela diz flexionando os dedos em sinal de aspas- Então o modo mais fácil de te levar até a pessoa sem que você negasse, era aproveitar que você estava desacordada para te levar para Londres... mas então você não foi destinada diretamente ao seu varão. E até agora não tem contato com ele, mas ele tem com você. - Eu chorava silenciosamente por saber que tinha sido vendida por meu pai, o homem que dizia me amar como filha legítima.
- A senhora sabe quem é, não sabe?!- digo olhando no fundo dos olhos da Vó Edith.
- Sei, mas ainda não está na hora de você saber. Temos que resgatar o Tobias primeiro.
Assinto e olho para o meu pai. Ele mantinha o tronco curvado sobre a mesa, os braços cruzados e os soluços continuavam a pular de sua boca.
- Por que fez isso, papai?- pergunto- Minha ficha ainda não caiu, meu cérebro ainda não processou todas essas informações. Não acredito que tenha feito isso comigo e ainda mais com Tobias. O sequestro dele tem a ver com isso, não tem?-pergunto a Vó Edith.
- Tem sim, querida. O seu varão se sentiu ameaçado por Tobias, o que não justifica, mas também não é para menos, você e Tobias se amavam, se amam. Com a insegurança o varão decidiu tirar o Tobias de seu caminho, o sequestrou. Mas isso está fugindo do nosso controle. Os Eaton estão sendo ameaçados e está cada vez mais perigoso, então precisamos resolver isso o mais rápido possível.
- Não acredito que o senhor teve coragem de fazer isso. Coragem não, isso foi covardia, pai... se é que posso te chamar assim. Você dizia que me amava, Marcus. Dizia que me considerava como filha e não venha me dizer que isso foi um ato de amor porque não foi! Não foi! Agora sabe-se lá onde o Tobias está! Ele pode estar em um perigo ainda maior do que nós estamos, bem é que não deve estar. Não consigo acreditar. Seu ego e a sua aparência tem tanta importância que não poderia deixar seus filhos sendo felizes juntos? Prefere entregar garota que chama de filha para um completo estranho? Prefere estar sofrendo com isso, com estarmos em perigo?
- Filha...- ele tenta intervir, mas Eu levanto minha mão.
- Não me chama de filha!- grito com a voz embargada e bato a mão na mesa com força.
- Não, filha, não diz isso.- ele pede.
- Cala a boca!!- grito de novo.
- Meu amor...- Evelyn tenta chamar minha atenção pela minha falta de respeito com o meu pai, mas eu estou pouco me ferrando para ele, assim como ele estava para mim quando me vendeu.
- Agora eu que te digo, Marcus: quem não queria ser sua filha... sou eu.- digo sentindo meu coração quebrar com as minhas proprias palavras, como se pudesse se quebrar ainda mais. Saio em direção a porta, me esquecendo que a mesma estava trancada, só percebi quando puxei a barra e ela não se abriu.
- Uriah, abre a porta.- grito.
- Não vou abrir, Tris. Desculpe.- vejo a porta da cozinha aberta e tento correr até lá, mas os braços fortes do Caleb me seguram.
Tento bater em seu peito para me soltar mas não consigo, vou perdendo as minhas forças aos poucos por conta do choro. Minhas pernas ficam moles e Caleb me sustenta em seus braços.
Meus olhos estão baços, não consigo enxergar muito bem por causa das lágrimas, mas percebo quando Marcus se aproxima de mim e eu me debato de novo contra Caleb para me afastar.
- Filha...
-Sai, SAI!
- Filha me escuta. Eu estou muito arrependido, estou muito, e não vou fazer isso só para provar para você, mas vou fazer isso principalmente porquê amo você e seu irmão. Eu vou trazê- lo de volta, eu te prometo.- ele diz e eu assinto de um jeito imperceptível, mas reviro os olhos pelo modo em que ele se referiu a Tobias.
Me desvancilho de Caleb e corro para o meu quarto. Bato a porta com força e me jogo na cama. Que ridículo.vQue ridículo!
Levanto um pouco a minha cabeça e vejo o porta-retratos com a moldura branca, que sustentava uma foto minha e do Tobias. Na foto estávamos abraçados e sorrindo um para o outro. Tiramos essa foto quando tínhamos ido ao shopping pela primeira vez juntos. Sorrio deixando mais lágrimas caírem e passo o dedo indicador por seu rosto retratado na imagem.
- Eu vou te tirar de onde quer que você esteja Tobias, nem que eu tenha que me entregar àquele tal varão.
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