História Os Irmãos Eaton - Capítulo 43

[...]

Seus movimentos se aquietam e sinto seu corpo tencionar atrás do meu.

- Se você atirar nela ou fazer algum movimento brusco, você morre.

E então, enfim, meu coração se aquieta.

[...]

- Solte a arma.- ouço novemente a voz de Caleb e meu desejo é olhar em sua direção, seu tom está tão autoritário e firme que parece até que ele já está costumado com isso.

- Se vocês se aproximarem eu atiro.- Jeanine protesta.

- Minha senhora, nos estamos em 17, a senhora é uma única.- um outro guarda fala.

- Não. Eu tenho meu filho, aqui atrás de mim.- ela argumenta, abaixando a arma, mas ainda mantendo perto de mim.

- Não mais.- Eric se pronuncia enquanto está sendo colocado dentro do carro da polícia.

- Droga, Eric!

- Solte ela!- Caleb ordena novamente.

- Não solto!

- Senhora...- um guarda da um passo a frente, ouço um barulho alto e sinto um ardor na perna.

Olho para direção da dor e vejo minha calça, antes cinza, agora sendo banhada por vermelho.

Jeanine arregala os olhos e os vejo marejados.

- Perdão.- ela sussurra.

Conforme a adrenalina no meu corpo vai diminuindo e meu sangue esfriando, vou sentindo cada vez mais a dor na minha perna.

As duas ficam moles pela dor de uma. Um grito escapa da minha garganta e eu me apóio no batente de madeira da velha porta.

- Me deixem ir e eu não atiro nela.- ela ordena.

Os policiais levantam as mãos e ela continua apontando a arma para mim, caminhando de costas.

Fecho meus olhos com força, gemendo pela dor.

- Jeanine.-uma voz grossa se pronuncia e eu procuro sua origem.

- Sai daqui.- tento sussurrar para o meu pai, mas meu choro desesperado atrapalha.

- Não! Jeanine, deixe Beatrice ir, eu fico no lugar dela. Ela já sofreu demais, se você realmente a ama, me deixe no lugar dela.

- Por que você quer trocar?- ela pergunta com deboche e o olhar de Marcus se volta para mim.

- Porque eu não fui um bom pai. Não fiz coisas certas quando tive oportunidade de fazer, magoei minha filha quando poderia ter deixado-na feliz com simples palavras como " eu aceito" ou " Tudo bem" ou " eu apóio vocês ". Mas não. Eu fui cabeça dura, fiz tudo ao contrário, tudo errado e magoei uma das pessoas mais especiais e importantes para mim. Coloquei a sua vida em perigo enquanto ela poderia estar em casa, feliz ao lado de Tobias.- ele chora e eu também. Suas palavras se embolam no meio de sua fala- Por favor, Jeanine. Se tem alguém que merece ficar como refém sou,  deixe-a.

Marcus se aproxima de mim com cuidado, vagaroso.

- Marcus... que bonito de sua parte... mas...

Um policial de aproxima de Jeanine e ela percebe. Então tudo parece acontecer em câmera lenta.

Parece que vejo a munição abandonando o cano e a cápsula cainda no chão, ecoando ao se chocar contra ele. Meu coração bate forte e eu o ouço muito bem, como se ele estivesse ao lado do meu ouvido. Tum tum, tum tum. Meus olhos se arregalam, eu sinto meu corpo ser empurrado para trás e minha perna machucada se prende em um prego solto no chão desgastado. O meu grito e outro ecoam na sala atravez da porta.

Marcus está caido no chão. Seu braço está sangrando, mas o tiro foi de raspão, já que a parede está furada.

Droga!

- Pai!- gemo.

- Ai, filha. Está doendo.- ele diz e eu me desespero.

- Calma.- respiro fundo- Já vai passar.- tento consolar ele e controlar a minha dor, respirando fundo.

Inspira, expira. Inspira, expira.

- Não. Está doendo aqui.- ele aponta para o coração com a mão livre- Me perdoa, filha. Me perdoa por tudo. Me perdoa por te magoar, te ofender, te vender. Me perdoa, pelo amor de Deus me perdoa. Eu não queria te machucar, eu te amo, me...

Alguns paramédicos me afastam de Marcus e me colocam em uma maca e ele em outra. Levam Marcus para fora e a mim logo em seguida. A última coisa que vejo são seus olhos, me olhando e me implorando perdão.

Tobias

- Cadê ela, Caleb?- pergunto agarrando  seu colarinho.

- Na ambulância.- ele diz apontando para porta que estava se fechando e eu corro até lá, abrindo a mesma e entrando.

- Eu vou com ela.- digo ao paramédico.

- Senhor, não..

- Eu disse: eu vou com ela!

O homem suspira e fecha a porta.

Depois de tanto tempo, me pareceram anos, enfim posso olhar para minha pequena novamente.

- Meu amor...- encaro seu rosto desacordado, pálido, enquanto os paramédicos fazem os procedimentos necessarios.

Acaricio seu rosto, e aperto um pouco suas bochechas, tentando enviar um pouco de cor. Não gosto de vê-la assim. Suas bochechas ficam mais ruborizadas pelos meus apertos e eu sorrio observando sua beleza. Eu realmente tirei a sorte grande.

- Por que ela não está acordada?- pergunto na esperança deles terem sedado-na.

- Ela desmaiou, possivelmente pela forte dor. Ela levou o tiro e ainda prendeu a perna em um prego, o que fez sua ferida se abrir ainda mais quando se moveu.

Contorço meu rosto, tentando imaginar a sua dor, e desejando estar no lugar dela.

Depois de um tempo enfim chegamos ao hospital e Beatrice é levada para dentro.

Me sento na cadeira mais proxima ao lugar para onde ela foi levada e abaixo minha cabeça. E então me lembro que meu pai também foi baleado.

Levanto minha cabeça com meu coração acelerado e olho em volta. Caleb entra no hospital com sua farda e eu me levanto.

- Marcus?

- Já entrou. Ele chegou antes da Tris.- ele me responde eu assinto.

Me sento na cadeira. Minutos depois chegou, minha mãe, depois minha avó... Zeke...Shauna...Chris e assim por diantes, até todos estarem se abraçando e dividindo seus medos.

Sei que estado do meu pai não é grave. O tiro pegou de raspão, então não vai ser muito complicado.

Eu acho, espero, que Beatrice também não corra riscos. Estou orando, pedindo para que ela fique bem.

Me sento na cadeira, apoiando minha cabeça nas mãos então ouço a porta abrir. Levanto um pouco a cabeça e quando vejo que é o mesmo médico que atendeu a Tris, eu me levanto.

- E então, doutor?- pergunto.

-Bom, vamos começar com Marcus Eaton. Seu estado é estável. O tiro pegou de raspão, não foi nada profundo, bem superficial. Precisou apenas de uns pontos, alguns analgésico para dor e uns antibióticos.

Minha mãe relaxa um pouco, mas logo volta a tensão.

- E Beatrice?- ela pergunta.

-Beatrice... Eaton.- ele olha na prancheta.-Bom o caso dela é mais complicado, mas nada que não esteja sob controle. Seu caso é estável também. Seu tiro, diferente de Marcus não foi de raspão, mas nada que tenha que se preocupar, a bala foi retirada com sucesso. O único problema...- ele volta a ler algo na prancheta- É o prego. Pelo que fui informado, quando ela caiu no chão, sua ferida foi pressionada contra um prego e quando ela se moveu, o prego perfurou ainda mais, rasgando e afundando ainda mais a ferida inicial. Bom... resumindo, causou uma infecção.

Suspiro.

- Mas ela está fora de riscos, os medicamentos necessários já estão sendo injetados à veia para uma recuperação mais rápida.

- Podemos vê-los?- todos perguntam juntos e o médico sorri.

- Sim, mas um de cada vez. Marcus já está acordado, mas Beatrice teve que ser sedada para cirurgia e ainda não acordou, então tem que ter um acompanhante definitivo até que acorde.

- Tobias.- minha mãe incentiva e eu não nego.

E ela também nos acompanha, para ficar com o Marcus.

- Aqui é o da Beatrice.- o médico diz e eu assinto agradecendo, e entro no quarto.

Ela está mais corada agora, o que me faz sorrir, ou os meus apertões foram fortes demais.

Me aproximo dela e sorrio ao segurar sua mão.

- Você é fogo hein, dona Beatrice?! Será que agora você se aquieta?- pergunto brincando enquanto acaricio seu rosto. Uma voz fraca, cansada, mas com  tom risonho me desperta.

- Depende, se você ficar comigo a partir de agora, sim.