Duas semanas depois...
Tobias
Enfim estamos voltando para casa.
Beatrice ficou duas semanas em observação, assim como Marcus, que depois de dois dias que chegou no hospital, ele, literalmente, teve um infarto ao ver Beatrice.
Por falar nisso, ela o perdoou, mas eles ainda não estão cem por cento. Beatrice ainda não confia nele como antes e não sou o único a saber que se perder a confiança uma vez, para recuperar é complicado.
Claro, em nenhum momento ela foi ignorante, mas dá para perceber a sua desconfiança no modo de falar, ou em seu olhar.
- Na cadeira de rodas não. Eu me recuso, Tobias!- ela briga comigo, cruzando os braços em negação, enquanto peço a ela que desca da cama e se sente na cadeira de rodas para irmos para o carro.
- Mas, Tris, é só até o carro.- insisto, sorrindo.
- Dá-me uma muleta.-ela pede e eu reviro os olhos.
Ela ainda não pode forçar as pernas, a perna do tiro está fraca e até um pouco mais magra do que a outra, o que me preocupou, mas o médico que estava atendendo-a e acompanhando-a me disse que não há motivos para tamanho desespero.
Pego as muletas que o médico separou até que ela firmasse as pernas novamente e entrego para ela.
- Pronto, marrentinha. Podemos ir agora?
Ela revira os olhos e passa por mim. Rio dela, é engraçado como ela se estressa fácil em período de TPM.
Depois de assinar o que era preciso, e conversar com o médico enfim entramos no carro.
Minha mãe no volante, meu pai ao seu lado, eu e Beatrice atrás.
- Até que enfim saí. Não vejo a hora de dormir na minha cama.- ela diz e eu sorrio.
Eu preparei uma surpresa para ela nessas duas semanas. Pouco tempo, mas claro que o pessoal ajudou.
Uns vinte minutos depois chegamos a frente do condomínio em que morávamos.
- Prontinho, crianças. Estão entregues.- digo aos meus pais.
Os dois sorriem saindo do carro.
Saio também e abro a porta para Beatrice.
- Vem.- chamo e ajudo-a a descer.
Ela começa a caminhar para dentro, mas eu a impeço antes que avance mais.
- Não, moça. Nossa parada não é aqui.- eu digo e ela sorri.
- Tobias, não pode ser depois, estou cansada.- digo e ele sorri.
- Você vai descansar, meu bem.- digo.
Olho para os meus pais, que se aproximam para se despedir. Beatrice franze o cenho.
Meus pais se aproximam e se abraçam a ela. Meu pai olha para mim, me chamando para junto deles. Sorrio e me aproximo, apertando-os entre meus braços.
Minha mãe se afasta um pouco e meu pai continua a abraçar a Tris. Ele sussurra alguma coisa no ouvido dela e vejo seus olhos brilhando. A ponta de seu nariz fica vermelhinha e eu sorrio.
Uma lágrima escorre por sua bochecha e ela sorri secando-a.
- Eu te amo.- ouço ele sussurrar.
Ela sorri e se aproxima de mim, sem respondê-lo e percebo o sorriso de Marcus vacilar. Beatrice se faz de durona, mas sei que ela o ama também. Até mesmo eu o perdoei, isso porque jurei a mim mesmo que jamais olharia na sua cara.
Ajudo Beatrice a entrar no carro e assim que entro coloco o carro em movimento, rumando a minha surpresa.
- O que é? - ela me pergunta sorrindo.
- É uma surpresa, não posso dizer.- respondo rindo.
Ela suspira.
- Nem uma diquinha?- ela pede fazendo olhar fofinho.
- Não, meu amor, perdão. - respondo e ela ri.
- Que ruim.- ela diz.
- Não, você vai amar.- respondo e ela sorri.
- Sei que vou.- ela deixa um beijo na minha bochecha.
Quando percebo que estamos perto, paro o carro e a chamo para mais perto.
- Vem.- chamo.
Ela sorri maliciosa e se aproxima.
Pego uma gravata vermelha que separei e coloco sobre seus olhos.
- Tobias.- ela choraminga.
- Ai, Tris, para de ser chata.- brinco e ela ri.
- Como é? - ela quase grita e eu dou um beijo no seu ouvido.
- Eu disse que te amo.
- Aham!- ela diz sarcástica.
Depois de me certificar de que ela realmente não estava enxergando com aquela velha brincadeiro do "Quantos dedos tem aqui?" e ela errando, volto a dar partida no carro.
Quando para em frente, saio do carro e tiro a Tris em seguida.
- Cuidado.- alerto, segurando sua mão e apoiando suas costas.
Pego Beatrice no colo, já que seria bem complicado ela andar de muletas sem enxergar, e começo a caminhar para dentro.
- Boa noite, seu Tobias.
- Boa noite, seu Miranda.- respondo e sorrio.
Caminho com ela até o elevador e aperto o botão do vigésimo quinto andar e as portas se fecham.
Respiro fundo, controlando minha respiração.
- Pelas batidas do seu coração imagino que estamos em um elevador.- ela diz e eu sorrio.
- É?
- Uhum.- ela beija meu maxilar e volta a encostar a cabeça no meu ombro.
- Não está vendo nada, não é?!
- Não, Tob. Não estou.- ela resonde rindo.
Chegamos, finalmente, ao nossa andar. As portas do elevador se abrem, revelando o hall de entrada.
Coloco a chave na porta, destrancando-a. Empurro a barra e entro com a Tris.
- Pronta?- pergunto.
O lugar está escuro, não dá para ver nada. Acendo a luz rapidamente para ver se está tudo certo e volto a apagar.
- Pronta!- ela responde e me aperta contra ela.
Coloco ela no chão, ao meu lado, segurando a sua cintura enquanto ela se apóia no meu ombro.
Tiro a gravata do seu rosto e ela ri.
- Tobias, está escuro.- ela diz e eu rio.
Abraço-a contra mim e cheiro seu pescoço. Deixo um beijo em seu maxilar e um selinho em sua boa.
- Seja bem vinda ao nosso novo lar.
Acendo a luz e Beatrice se assusta.
- Meu Deus! - ela diz alto, levando as mãos a boca. Seus olhos marejam e ela olha em volta.
O apartamento é simples e não é tão grande, é ideal para dois.
O apartamento é inteiro branco, mas com detalhes bastante coloridos e chamativos. Quadros espalhados pelas paredes com frases que ela gosta, ou apenas algumas pinturas de paisagens, como de Dubai, Veneza e Alasca, lugares que ela mais sonha em conhecer.
No acesso ao corredor nos leva a três quartos, o nosso, e dois de hóspedes.
Na sala, são duas em um, a de estar e a de jantar e ainda tem um balcão separando o resto da sala do mini-open bar.
A sacada, não muito grande também, tem uma churrasqueira e eu pedi para que colocassem duas poltronas de inverno e uma mesinha de centro.
E é isso. Não é grande coisa, é um lugar, não tão pequeno, nem tão grande. Um lugar simples um lugar que agora posso chamar de meu. Nosso. Meu e dela.
- Tobias!- ela diz em surpresa, ainda.
- Você gostou? - pergunto.
Ela sorri olhando para mim.
- Se eu gostei? Tobias eu amei, muito!
Ela me abraça forte e eu a suspendo no ar.
- Agora temos o nosso cantinho.- sussurro no seu ouvido e ela se afasta olhando nos meus olhos, seus lábios inferiores rosados sendo mordidos e seus olhos, lindos, os que eu mais amo, brilhando com as lágrimas que escorriam.
- Eu não acredito.- ela sussurra.
- Pois é... agora esse apartamento é seu.- testo.
- Nosso, Tob!- ela diz rapidamente.
- Não vou morar aqui.- brinco e ela me dá um tapa.
- Você não é louco!- ela responde.
- Depende do ponto de vista.- beijo seu pescoço e ela geme- Sua safada.
Ela ri e me abraça com mais força.
- Eu te amo.- digo.
- Te amo também!
- Geme de novo para mim.- peço e ela ri.
- Me faça gemer.- ela provoca.
- Sinto muito, meu anjo, mas a senhorita deve descansar.- digo me afastando, mas ainda segurando-a.
- Tobias...- ela cantarola chamando a minha atenção.
Puxo ela novamente para perto e aperto a sua cintura. Beatrice suspira e enterra o seu rosto no meu pescoço, mordiscando minha pele, me fazendo arrepiar.
Beijo seu ombro, subindo para seu pescoço, maxilar, lábios...
Nossos lábios se acariciam, os da Beatrice, com certeza, mais macios que os meus que ainda estão asperos por causa dos pontos falsos que levei.
Aperto sua bunda de leve e mergulho meu rosto no seu pescoço, deixando um chupão perto da nuca.
Beatrice solta um gemido longo, que me deixa totalmente excitado, mas me controlo por ela.
Encosto minha testa na dela e ela respira ofegante.
- Por que você parou?- ela me pergunta e eu sorrio.
- Temos que conhecer o resto do apartamento.
Algumas semanas depois...
Beatrice
Estou passando uma segunda camada de pó nos chupões que o Tobias me deixou no pescoço e suspiro quando consigo cobrir o último.
- Por que cobriu? - ele me pergunta saindo do banheiro com a toalha enrolada na cintura.
Encaro seu reflexo no espelho da penteadeira e mordo meu lábio inferior. Tobias é gostoso demais. Isso deveria ser crime.
- Vou pegar um copinho para você, Tris.- ele diz ajeitando se pênis dentro na cueca branca.
Eu amo quando ele usa roupas claras, destaca tanto a cor dourada que me dá vontade de lamber cada centímetro.
- Aham.- respondo.
- Ou um babador. Temos que tomar cuidado para não babar na roupa, não é mesmo?!- ele diz e eu reviro meus olhos, passando o batom nude sobre os meus lábios.
- Não passa batom.- ele choraminga e eu rio.
Depois dele terminar de se arrumar nós saímos de casa em direção a casa da Vó Edith.
Ao chegar, todos já estavam lá, estavam apenas nos esperando.
O almoço foi tranquilo, as conversas fluiam naturalmente e eu ainda tentava esquecer a mágoa que sentia do meu pai.
Depois do almoço, minha mãe me chama para conversar em um dos quarto e eu aceito de bom grado.
- Gostou da surpresa, meu amor? Não tivemos tempo de nos falar direito.- ela me pergunta.
- Gostei, não esperava aquilo.- digo sorrindo.
- Eu fico feliz, mas não te chamei para conversarmos sobre isso.- assinto, incentivando-a a continuar- Beatrice, seu pai ainda está mau.
Respiro fundo e olho para o chão.
- Sei que o que ele fez não te agradou, sei que ele te magou...
- E você? - interrompo ela, nervosa- Você tem certeza que sabe? Onde você estava enquanto o mundo caia ao meu redor? Hum?
- Eu estava ajudando a Nita. - ela diz olhando nos meus olhos, como se estivesse dizendo isso pela primeira vez- Tobias já namorou com ela, então eu a conhecia. Quando eu soube que ela estava envolvida em tudo isso tentei negociar, tentei dar um jeito dela ajudar Tobias, até que pensei em dinheiro.
Me ajeito melhor na cama, prestando atenção nas coisas que ela dizia.
- Eu tentei tirar dinheiro das contas do Marcus aos pouco, dizendo que eram para isso, ou para aquilo, mas eu estava juntando para oferecer à Nita, mas quando eu finalmente o entreguei, ela disse que não o ajudaria pelo dinheiro, mas sim pelo fato de ser ele. E então ela negou. Eu realmente não sabia o que o seu pai tinha planejado, mas pesquisei sobre o Eric, achei muitas coisas que não gostei, mas me fingi de boa amiga para não dar um fora. Quando a Nita conseguiu salvar Tobias, tinhamos que bolar um jeito de te entregar sem realmente entregar, e então começou tudo de novo.
Respiro fundo.
- A primeira vez que conversei com a senhora, disse que pedia por uma mãe que estivesse comigo quando eu precisasse. Você se afastou de mim, mãe. Quem me fazia companhia e me distraía da saudade do Tobias era o Eric, mesmo ele não sendo boa pessoa. Você nunca estava em casa, nunca estava para conversarmos, sempre tinha que ir ao mercado, ou a filial da empresa.- digo olhando para o chão e ouço seus soluços.
- Me perdoe, Tris. Eu realmente queria ser essa mãe, mas um dos papéis de uma mãe é proteger os seus filhos e é isso que eu estava tentando fazer.- ela diz.
Paro um minuto.
Estou sendo injusta.
Reviro meus olhos e olho para ela.
- Me perdoa, mãe. Eu realmente não pensei assim. A senhora tem razão. Perdão.
- Me desculpe também, querida. Quando mais precisou de mim não estive lá, mas saiba que eu te amo muito. Você e a Tobias. Vocês são meus maiores tesouros.
Sorrio e a abraço.
- Posso te pedir uma coisa?- ela me pergunta baixinho.
- Claro.
- Tenta perdoar seu pai, meu amor. Não tem noção como ele está mal. No hospital ele não dormia, a não ser que o sedassem, mas em casa ele realmente não dorme. Eu acordei essa madrugada, umas quatro horas e ele estava chorando.
Um "Não" bem alto grita na minha cabeça. Me dizendo para não acreditar.
- Querida, pense comigo, o que passou, passou. O seu pai errou sim, ele foi um grande idiota sim, mas ele se arrependeu, pediu perdão e nada demonstra mais que isso do que ele ter entrado na sua frente quando Jeanine puxou o gatilho. Esquece o passado, amor. Comece um novo agora. Agora você tem Tobias novamente, uma casinha para vocês, só falta terminar o Colégio e logo vão começar a vida. Remoer o passado só vai trazer mágoa para você e para o seu pai também. Pense nisso.- ela diz e deixa um beijo na minha testa e saindo do quarto.
Ela tem razão. Não vai me fazer bem ficar pensando nisso.
Desço as escadas e seguro no corrimão me inclinando um pouco para achar ele na mesa. Ele está lá na ponta, sua cabeça está abaixada e ele cutuca algo em seu prato, sem ânimo.
-Pai.- chamo e seus olhos se acendem ao olhar para mim- Posso dar uma palavrinha com o senhor?
- Claro.- ele diz baixo e se levanta. Todos que estão na mesa se aquietam.
- Curiosos.- sussurro e eles riem.
Vou com meu pai até o jardim e me sento em uma das poltronas.
- Filha me perdoa, pelo amor de Deus, me perdo...
- Pai, calma. Não vou mentir e nem negar que eu estou chateada. Foi triste para mim saber que o senhor havia me vendido.- ele começa soluçar e eu respiro fundo, me controlando- Mas tudo isso passou. Mamãe abriu meus olhos. Uma nova etapa da minha vida vai começar agora, não quero caminhar com mágoa ou tristeza pesando na minha bagagem. Então... eu te perdoo, pai. E dessa vez eu digo de coração. Eu te perdoo.- digo pausadamente.
Seu rosto se ilumina e ele sorri.
- É sério? - ele me pergunta.
- Sim, sério. - respondo sorrindo.
Ele se levanta e me puxa para um abraço.
- Meu Deus, graças a Deus. Obrigado, filha. Eu te amo muito. Prometo me policiar, vou fazer de tudo para não errar mais com vocês. Eu te amo muito.- ele diz com a voz embargada e trêmula pelo choro constante.
- Eu também te amo, pai. - digo chorando, mas silenciosamente.
- Por Deus! Não sabe como é um alívio ouvir isso de novo.- ele diz e eu rio.
Não vale a pena guardar, deixe sair, deixe que o coração cicatrize aos pouco com as felicidades que a vida te proporciona.
[...]
Depois do jantar eu e Tobias voltamos para casa.
No elevador ele me abraça e percebo que ele está um pouco nervoso, tenso.
- Está tudo bem?- pergunto e ele sorri.
- Sim, só tenho uma outra surpresa para você. - ele diz e eu sorrio.
- Outra?
- Sim, outra.- ele diz sorrindo nervoso.
- Ook...- digo prolongando um pouco.
O elevador para no nosso andar e ele abre a porta do apartamento para mim.
Vejo um papelzinho no chão e pego entre meus dedos e o abro. " You"
Sorrio olhando para Tobias e ele encolhe os ombros.
- Vai.- ele sussurra e eu continuo a andar.
Acho outro papelzinho. " Me"
You, Me...
Me&You?
Olho em volta a procura de mais. Procuro pela sala e vejo outro preso em um dos quadros.
"Will"
Não! Levo minhas mãos a boca, já sabendo o resto da frase.
Meus olhos ardem e eu sinto voltade de espirrar por causa do choro que parece chegar aos meus olhos devagar.
Olho para trás, a procura de Tobias, mas ele não está mais onde o deixei.
Caminho até o corredor e vejo uma luz amarelada vindo do nosso quarto.
Corro até lá e me surpreendo com o que vejo.
Tobias, na minha frente, ajoelhado segurando um buquê de rosas pretas e azuis, com um sorriso enorme no rosto.
- Tob...- sussurro.
- Tris, sei que isso não é algo grande, não é algo que eu realmente quero fazer para você, mas não posso esperar mais para perguntar isso. Beatrice Eaton, você aceita se casar comigo?
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