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História Os Marotos (FINALIZADA) - Pedro - No caminho das Masmorras


Escrita por: slowly_melting

Capítulo 10 - Pedro - No caminho das Masmorras


Fanfic / Fanfiction Os Marotos (FINALIZADA) - Pedro - No caminho das Masmorras

                Não havia sido contatado desde que chegaram à Hogwarts. O “passeio” nada agradável de trem até o castelo não havia sido nem um pouco prazeroso. ‘Rato’ foi o apelido mais agradável que recebeu dentro daquela cabine insuportável.
                Mas agora estava com seus amigos, esperando por um agradável fim de semana em Hogsmeade, tentando não me preocupar com o potencial assassino que os alunos Sonserinos demonstraram para mim. Cada vez que me lembrava dos momentos daquela viagem, era com repulsa que pensava na covardia que fora não os abandonar e se juntar aos amigos. Agora pensava isso, mas na hora nem ao menos suas pernas respondiam aos ordenados. E tinha mais repulsa ainda de pensar nisso.
                E uma correção mental. Não havia sido contatado ainda. Via os Monitores arrogantes de verde e prata traçando sempre o caminho mais longo para cumprimenta-lo com discrição e ironia, com sorrisos tortos e sem nenhuma amizade por trás. Sabia que viriam atrás de mim eventualmente com a tal proposta de Malfoy. Depois que haviam dito aquilo, a viagem seguiu com um vergonhoso silêncio hipócrita dos malditos Sonserinos.
                Pensando nisso, saio do Salão da Grifinória na hora do almoço, com destino a mais uma aula detestável de poção, na qual encontraria mais uma vez com seus temidos utensílios e caldeirões. Se possível, abandonaria a matéria no próximo ano. Mas só de pensar em não ver mais o doce rosto de Dora era um tanto desconfortável.
                Não prestava atenção em meninas até recentemente. Sirius e Thiago se mostravam muito fãs de olhar para todas que passavam, seus decotes e até mesmo beijar algumas nos passeios para Hogsmeade no decorrer dos anos. Remo raramente se interessava por alguma menina, mas eu via quando seus olhos flagravam algum aroma que agradava seu aguçado nariz de lobisomem, e ele se tornava alheio aos sons humanos ao seu redor. Quase nunca o vi deixar algum cheiro desses passar, e ele se tornava visitante assíduo dos lugares onde tais meninas andavam até a próxima Noite de Lua chegar, e seu gosto ser alterado por algum outro perfume. Por tais motivos, me sentia bastante deslocado. Não havia admirado nenhum gosto seu quando elogiava qualquer menina na frente de seus amigos. Mas Dora era uma exceção.
                Quando a conheceu, era a mesma que se mostrava hoje, risonha, divertida, loira até o ultimo fio de cabelo embaralhado que tinha, os olhos azuis como a superfície do lago. Gostava de ouvi-la falar, e poderia escutá-la por horas a fio. Sobre animais, poções, feitiços, viagens, descobertas, ela gostava de tudo. E eu gostava de ouvi-la. Seus olhos brilhavam quando falava de qualquer coisa, e quase sempre me distraiam durante as aulas de poções, causando algum acidente. Já queimara mais de uma poção por conta disso, e ela já havia explodido tantas coisas ao meu lado que nem contávamos mais.
                Ouvir seus amigos falando sobre ela só não era mais assustador que ter que encarar tantos Sonserinos nas aulas conjuntas de poções, e não era mais vergonhoso que ter que falar com ela também. Queria ir com ela para o encontro do final de semana. Só não sabia como chamá-la.
                -Pedro, psiu! – Na entrada das masmorras eu paro, olhando ao redor. Um sussurro agudo me desperta do transe mágico que eu entrava quando pensava em Dora. Olho ao redor, parando em uma porta entreaberta ao meu lado. – O que foi, não vai entrar?
                Empurro a porta com leveza, e entro na sala abafada. Suas paredes são mornas, as estantes se amontoando de ervas e plantas que secavam ao sol natural de uma janela quase subterrânea. Em uma mesa amontoada do canto, uma menina loira me olhava com suspeita. Meu olhar quase se retrai a uma náusea cortante, e eu empurro a porta com força nos trincos.
                -O que você quer, Narcisa?
                -Desculpe decepciona-lo, esperava encontrar outra pessoa aqui? – Ela sorri com sarcasmo, os cabelos lisos presos com firmeza em um rabo de cavalo farto.
                -Para que me chamou aqui? Tenho aula, então diga logo.
                -Nossa, mas que impaciência. – Ela traceja com os dedos uma linha na mesa, fazendo um biquinho triste com seus lábios finos. – Achei que ficaria contente com as boas notícias.
                -Não existem boas notícias com vocês. – Puxo a porta, com a intenção de abri-la, mas Narcisa acena com a varinha e me impede de tal ato.
                -Não seja tão cruel comigo, só vim passar o recado. Ou você acha que eu viria aqui de livre e espontânea vontade, apenas para ver você? – Ela ergue uma sobrancelha, irritada.
                -Diga o que quer, e me deixe ir embora logo, que tal? – Com paciência, desço meus dedos até minha varinha, tateando meu bolso.
                -Tudo bem, você pediu. – Ela arremessa um pergaminho branco com pequenas letras mal traçados para mim, borrado e feito com pouco esmero. Apanho o bilhete em cima da mesa com pressa, e recuo para perto da porta novamente. – O que foi, Pedro? Acha que vou te morder se chegar mais perto? – Ela ri, os dentes brancos vibrando na sala quente.
                - Com cobras nunca se sabe, não é mesmo, Narcisa? – Abro o bilhete e leio. Diz apenas que eu deveria estar no Cabeça de Javali na tarde de sábado, sem falta.
                -Satisfeito? Pode ir agora. – Acenando com a varinha comprida, a porta se destranca atrás de mim e Narcisa sorri com ironia de novo. – Não pense que está saindo ileso agora por desejo meu. Aparentemente eles têm um plano para você e, acredite, vai doer mais que minhas palavras tortas, querido.
                Com passos firmes, ela se ergue da cadeira velha atrás da mesa, e caminha até mim. Tocando a porta com os dedos esguios, ela revira os olhos e puxa a maçaneta.
                -Pense bem no que disse sobre cobras. Algumas tem mais venenos que outras.
                Com um som irritantemente forte, escuto seus passos descendo a escada em direção às masmorras frias e úmidas. Cada passo ecoa. Ecoa em minha cabeça. Em minha mente.
                Então, finalmente, tenho um encontro no final de semana.



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