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História Os Marotos (FINALIZADA) - Sirius - O encontro em Hogsmeade (II)


Escrita por: slowly_melting

Capítulo 14 - Sirius - O encontro em Hogsmeade (II)


Fanfic / Fanfiction Os Marotos (FINALIZADA) - Sirius - O encontro em Hogsmeade (II)

          

                -Sirius, você está bem?
                Sentado no banco ao meu lado, Pedro não me olhava quando disse sua frase tímida. Ao lado dos terceiranistas barulhentos e de um Remo desconfiado, eu era o mais silencioso de todos. Observava as filas se formarem, os casais se unindo, os sorrisos no rosto, os caminhos traçados. E Martha de braços dados com Thiago.
                -Sim. Claro. – Concordo, ainda olhando fixamente para frente. Vejo com pouca nitidez quando Pedro lança um olhar assustado à Remo, que me olha com estranheza. – O que foi?
                -Nada. – Eles dizem juntos, desviando os olhos.
                -O que vocês têm hoje? – Me ergo do banco, colocando as mãos no bolso. Queria entender a irritação que sinto. O gosto amargo na boca e uma sensação de balão murcho. O que foi que me tornou esse vulto de alegria que um dia já existira de mim?
                -Nós? Nada. – Pedro se pronuncia, ainda muito desgostoso. Me viro com uma crescente onda de irritação, o olhando com um suspiro pesado de transtorno.
                -E eu? O que eu tenho? – Pergunto, me aproximando um pouco de seu rosto, um tom acima do normal. Ele se encolhe no banco, os olhos abertos e assustados.
                -Não importa agora, ele não te responder. – Remo se aproxima, colocando uma mão em meu ombro. – Você já o amedrontou o suficiente por hoje, Sirius.
                -O que foi que eu fiz para vocês me olharem com essa cara de pânico? – Passo as mãos na cabeça, sacudindo meus cabelos negros, embaralhando-os. Só queria estar em minha cama agora, dormindo. Ou talvez comendo doces.
                -Por que não a chamou primeiro? Por que deixou Thiago a convidar? – Remo me olha com reprovação, puxando um menino que passava ao nosso lado pela manga. Desviando sua atenção brevemente de nós, ele tira do casaco escuro do garoto um caixa de bombinhas, e o manda seguir na fila de alunos que passava. Fechando a cara em uma careta, o menino obedece, fazendo dupla com um de seus colegas. – Bendito faro de lobo. – Remo sussurra.
                -Eu a chamei na quarta. Ela disse que já tinha compromisso. Aparentemente, Thiago chegou primeiro. – Digo com um pouco mais de amargura que pretendia. Cruzo meus braços em frente ao peito, tentando tirar um pouco da tensão de mim. – Mas isso não vem ao caso.
                -Como não vem? Sirius, você não está enganando ninguém, a não ser a você mesmo. – Remo dá um toque no ombro de Pedro, que se mexe com visível desconforto, afirmando com a cabeça. – Até Pedro concorda.
                -E o que você quer que eu faça?
                -Vá atrás dela! – Remo puxa Pedro para nosso lado, e começamos a andar ao final da fila da Grifinória. – Thiago gosta de Lilian. Só foi com Martha para fazer ciúmes nela, e você sabe disso. Vá lá, e tire-a de Thiago.
                -Não posso fazer isso. – Digo, enrolando uma mecha de meu cabelo na ponta dos dedos. Me sinto uma criança desamparada. Como odeio me sentir assim.
                -Por que não?! – Remo sorri, revirando os olhos.
                - Por que já tenho outro encontro! Meu plano também era fazer Martha sentir-se com ciúmes, se não ia comigo! – Faço um biquinho dramático para Remo, suspirando com desgosto logo em seguida. – Esqueça.
                -Bom, como quiser. Nesse caso, quero saber com quem Pedro vai. – Remo puxa nosso amigo para um abraço lateral, passando os braços em seus ombros. Pedro se contorce, sorrindo, tentando escapar do aperto de Remo.
                -Talvez mais tarde. Meu.... Encontro.... Quer me ver em outro lugar. – Pedro gagueja, ficando vermelho. Sorrio com Remo, olhando a reação nervosa de Pedro.
                -Claro. Isso não é contra as regras? – Remo franze as sobrancelhas, fazendo cara de dúvida. – Não deveríamos ir ao Três Vassouras?
                -Mas...
                -Sem mas, Pedro. Sirius determinou assim. – Remo sorri, me dando um empurrão para o lado. Tropeço brevemente, e volto à fila com um revirar de olhos irritado.
                -Faça como quiser, Pedro. – Digo. Remo coça a cabeça, soltando um longo suspiro de desaprovação.
                -Nesse caso, posso levar Lilian a outro lugar também? – Ele pergunta, me olhando com enorme tédio, as sobrancelhas erguidas quase debaixo dos cabelos loiros revoltosos.
                -Então é realmente um encontro com Lilian? – Deixo escapar, com um leve sinal de julgamento. Ele me olha com desafeto, mas logo em seguida ameniza a expressão de raiva.
                -O que importa a você? Achei que não estivesse, ou melhor, não viesse ao caso. – Remo revira os olhos, dando um toque no ombro de uma garota que ia a nossa frente. – Ei, coloque essa varinha no bolso novamente. Se eu te pegar com isso fora das roupas de novo, vai aprender o que é um feitiço de paralização, ouviu? – A menina, muito contra sua vontade, coloca a varinha novamente no bolso, olhando de esgueira para o colega que ia à sua frente, que agora tinha metade do cabelo azul. – Onde estávamos?
                -Você me dizendo que ia levar Lilian em outro lugar. E eu como um bom amigo, apenas ignorei que você vai sair com a garota de Thiago. – Ironizo.
                -Me incomoda que você me julgue assim, tão sádico. Não é um encontro, bola de pelo. – Remo me dá um peteleco na orelha, jogando uma mecha de meu cabelo por cima da testa. Entrávamos em Hogsmeade agora, as casas já se apertavam no centro da vila mais mágica do país. Os bruxos e bruxas se multiplicavam, retornando para suas casas depois de um sábado de trabalho, ou compras. Alguns aparatavam no meio do extenso grupo de alunos de Hogwarts, assustando os novatos no passeio. Remo puxa uma menina ante que ela entrasse em rota de colisão com um bruxo que acaba de aparecer com um saco de ovas de rã, e uma coruja albina dentro de uma gaiola. – Ainda acho que você todos vacilaram.
                -Eu....
                -Remo! – Um grito do meio do grupo, vários passos a nossa frente, nos cortam da conversa. Lilian acenava entre alguns alunos terceiranistas, e chamava Remo com as mãos.
                -Ok, tenho que ir agora. Aparentemente, meu encontro começou. – Ele se despede de nós com um sorriso e um leve toque em nossos ombros, e sai atrás da outra Monitora. Fico com um Pedro quieto e vermelho, que suava pela testa e pescoço abaixo, mesmo no fresco da tarde.
                - Tudo bem, Pedro? Isso tudo é nervosismo? – Sorrio, apertando as bochechas vermelhas e redondas de meu amigo. Ele me dá um tapa bem-humorado, e uma risadinha desconfortável.
                 -Claro. – Ele concorda, passando a mão na testa.
                -Quem você chamou? – Pergunto, mexendo em meu bolso atrás de uma bala. Quando alcanço o pacote, ofereço uma a Pedro, que a pega com delicadeza e coloca na boca.
                -Surpresa. – Ele fala com um ar molhado, meio incomodado com a bala.
                -Chamei Melina Gins, da Lufa-Lufa. – Conto, enfiando uma bala na boca. – Ela tem uma quedinha por mim desde o ano passado, e andava me seguindo. Quando Martha disse não, nem precisei procura-la. Ela só apareceu do lado da sala de Transfiguração, quando eu estava passando por lá.
                -Que doida. – Pedro sorri, meio distante. Com uma tosse seca, ele aponta par ao lado e começa a se afastar. – Vou indo agora, tchau! Até depois, Sirius.
                Fico sozinho no final da fila, pensando em que falar com uma menina que mal conheço. Melina nunca havia falado comigo antes do ano passado, quando fizemos aula de voo avançado juntos. Ajudei-a a ficar de pé de uma forma mais confortável para se deslocar mais rápido, já que ela dizia querer fazer o teste para Apanhador no Quinto ano. Foi o máximo de conversa que tive com a menina que começou a aparecer em todos os lados, o que eu pressenti ser uma paixão por mim. O que foi confirmado por uma das cartas de Martha durante as férias, na qual implicávamos um com o outro sobre nossos dramas e paixões em Hogwarts.
                O que eu deveria dizer e sentir em relação à Martha? Ela sempre fora a menina com quem tive mais intimidade, e não percebi quando isso passou de uma amizade convencional para algo mais.... Acho que a palavra certa é “dramático”. Tudo ficou mais difícil, mais torto, palavras meio atravessadas, os duplos sentidos que eu adorava nela. Mas também ficou mais doce, eu sentia na forma com que ela falava comigo. Então por que era mais complicado ser alguém especial que um amigo qualquer?
                -Sirius! – Um par de braços me rodeia o pescoço, dando um leve aperto amigável.
                -Melina. – Digo, me virando para cumprimenta-la. Seus movimentos ágeis me envolvem, e ela desliza ao meu lado com graça, dando um selinho rápido em meus lábios. Me sinto corando antes que ela ria e diga:
                -Que fofo, você ficou todo rosinha.
                -Ah, sim. – Sorrio, envergonhado. Ela me estende a mão, esperando que eu a pegue. Com meio segundo de hesitação, ergo meu braço e apanho seus dedos entre os meus. Ela sorri, se aproximando de mim.
                Martha era esbelta. Tinha a pele morena, os olhos vibrantes e os cabelos compridos e escuros como um toque final ao rosto fino. Gostava de vê-la passar caminhando com a elegância habitual que tinha, suave e sem pressa. Admirava a leveza que ela imprimia nas coisas que fazia, mesmo nas brincadeiras e implicâncias que tinha comigo. Melina era um pouco diferente. Branca, os olhos em um tom de pastel quase marrons, o rosto redondo com os cabelos claros, cacheados, parando aos ombros. Tinha um palmo a menos que eu, e era mais elétrica em seus movimentos. Tinha um sorriso leve, e mesmo nos tombos que tomava durante as aulas, subia na vassoura sorrindo novamente.
                Deveria ser mais fácil que isso.
                -O que está pensando, Sirius? – Melina me olha, sorrindo. Ela usa um par de brincos vermelhos, no mesmo tom do batom que estampa os lábios.
                -Que os seus brincos são muito delicados. – Levo meus dedos aos pingentes que se mexem e reluzem na luz do sol, tocando de leve a orelha pálida de Melina.
                -Obrigada. – Ela apanha minha mão, enlaçando com a sua. – Onde vai me levar hoje, hein, fofinho? Vai ser um encontro marcante, ou não?
                -Como você quiser. – Digo, desviando os olhos de sua invasiva expressão de paixão grudenta. – Três Vassouras é o mais indicado, imagino.
                -Ótimo! Bem romântico. – Ela me puxa com angustia, dando saltinhos enquanto caminhava por entre os alunos em nossa frente, ainda segurando em minha mão. Passamos pela praça da fonte aos empurrões. Tento ainda refreá-la um pouco, mas chegamos ao estabelecimento antes de grande parte dos românticos casais que sempre apareciam por aqui. Escolhemos uma mesa mais ao canto, onde nos sentamos nas poltronas em lados opostos da mesa. – Aqui está ótimo.
                -Que bom que gostou...
                -Só está longe demais de mim, fofinho. – Mais uma vez ela me encara com a invasiva expressão, e rodeia a mesa até meu lado. – Agora sim.
                -Longe demais? Estava....
                -Não se preocupe. Estamos perto o suficiente agora.
                -Para que? – Muito ingenuamente pergunto, já sabendo a resposta. Antes que conseguisse tomar meu primeiro fôlego, Melina segura meu rosto entre suas mãos e me beija com uma vontade enorme. Quando finalmente me solta, sorrio brevemente, respirando – Ah, entendi. – Respondo, chegando um pouco para trás em minha cadeira.
                -Que ótimo.
                Mais uma vez ela avança, os lábios molhados em contato com os meus. Fico no beijo como ficaria em uma aula de Runas, perdido e sem rumo.
                E ainda pensando nela.


Notas Finais


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