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História Os Marotos (FINALIZADA) - Martha - Lílios


Escrita por: slowly_melting

Capítulo 15 - Martha - Lílios


Fanfic / Fanfiction Os Marotos (FINALIZADA) - Martha - Lílios

Quando Sirius e Melina Gins atravessam a praça de mãos dadas, percebo que deixo minha raiva aparentar um pouco em meu exterior. Thiago me olha com a boca crispada, e ajeita os óculos no nariz, sutilmente me dando tempo para que limpasse as migalhas de uma bala Glacial Flocos de Neve que eu havia amassado e destroçado em meus dedos. Depois de dar leves tapinhas em minha calça para que os pedaços maiores saíssem, sorrio com leve ironia, dando uma tossezinha inicial para chamar atenção.
                -Então, para onde eles estão indo? – Pergunto. Thiago apoia os cotovelos no joelho, se mantendo dobrado sobre as pernas no banco.
                -Combinamos de nos encontrar no Três Vassouras.
                -Todos os quatro?
                -Sim.
                -Não pensaram que isso seria meio óbvio? Todos vocês com encontros no mesmo lugar, no mesmo dia? – Indago, franzindo a testa. Ele hesita por um segundo, fazendo uma expressão confusa digna de Thiago e sua companhia, e sorri levemente envergonhado em seguida.
                -Não pensamos nisso, eu imagino. – Ele concorda, e se estica no banco. Sinto sua tensão desde o momento que contei sobre a ciência de Lilian da aposta e dos acontecimentos que se dariam hoje. Penso que sei o quanto ele gostaria de estar com Lilian, assim como eu gostaria de estar com Sirius. Isso me irrita mais que ajuda. – E qual seu plano?
                -Basicamente o mesmo que seu. Não é muito difícil chamar a atenção de quem se quer, principalmente quando a outra pessoa também quer você. – Thiago solta uma risadinha, e me olha com diversão. – O que foi?
                -E o que foi aquela cena toda com Lílian? Ela ficou claramente incomodada. – Suas palavras transmitem a sensação de desejo e gosto pela hipótese que se projetava. Não podia afirmar com certeza que Lilian gostava de Thiago, mas eu via por cada frase que trocavam que “nada” também não poderia ser. Talvez não paixão, não ainda. Mas algo, era.
                -Não era esse seu objetivo? – Me desgarro levemente da pergunta, sorrindo. – Agora você sabe que ela teve alguma reação, mesmo que não a que você esperava. – Paro e dou uma piscadinha para Thiago. – Certo?
                -Certo. – Ele acena positivamente. Sinto o leve desanimo que sua frase solta, e dou um leve empurrão em seu ombro.
                -O que você esperava dela?
                -Eu não sei! – Ele passa as mãos no cabelo, esfregando o rosto em seguida. – Alguma coisa, eu sei lá...
                -Mas foi alguma coisa, Potter! – Sacudo a cabeça, sorrindo. – Achava que ela ia saltar de raiva, estapear quem estivesse com você e toma-lo a força?
                -Não! – Ele me olha, muito entretido com a imagem mental que eu o ajudara a criar. – Ok, talvez tenha sido algo, mesmo. E o que fazemos agora?
                -Vamos trabalhar com o que temos. – Me levanto do banco, limpando os últimos traços da bala de minha calça. Thiago suspira, se erguendo preguiçosamente junto, os braços flexionados por cima da cabeça. Sua altura permite uma leve erguida da camiseta, e vejo seu quadril desenhado na cintura baixa de sua calça. Desvio os olhos antes que ele perceba, já imaginando como fazer Lilian ouvir sobre isso. – Vamos.
                -Vamos? Para onde você quer ir? – Ele se encolhe novamente, franzindo a sobrancelha.
                -Para o Três Vassoura, para onde mais, Thiago? – Reviro os olhos, fazendo um leve biquinho com ironia. Ele me olha, e revira os olhos também.
                -Sua parte do plano. Já entendi.
                Saímos da praça juntos, mas não tento novamente pegar nas mãos de Thiago. Antes, eu havia o feito com intuito de mostrar a Sirius algo. Na segunda vez, Thiago ficara incomodado. Deixou os dedos rígidos em contato com os meus apenas tempo suficiente para que eu não percebesse o incomodo que sentia. Mas como não perceber?
                Assim que entramos no estabelecimento aconchegante, na meia luz, dou um sorrisinho suspeito para Thiago, e pisco com um dos olhos para fazer charme. Olhando para além dos meus olhos, atrás de mim, ele toca os óculos com a ponta de um dos dedos, ficando meio corado. Mesmo sem olhar, eu sei o que vou ver. Por isso, simplesmente ando até uma mesa mais distante da porta, e me sento de costas para seja lá o que Thiago viu. Ele se junta a mim, e franze a testa.
                -Me desculpe. – Ele sussurra. – Não imaginei que...
                -Do que está falando? – Eu reviro os olhos. Sinto uma súbita vontade de estapear o rosto de Thiago, tentando se desculpar por um.... Um o que? Sirius tem o direito de fazer o que quiser, quem sou eu ou mais alguém para falar com quem ele deve ou não se apertar dentro de um lugar público? – Pare de besteira.
                -Você está irritada? – Thiago ergue uma sobrancelha, semicerrando os olhos com suspeita. Sinto que ele percebe algo mais em minha fala.
                -Não. – Nego. Isso foi tudo que ele precisava para sorrir com a ponta dos lábios, olhando ao redor com os dentes mordendo o lábio inferior. – O que foi?
                -Você devia ir ao banheiro, sabe. Dar uma relaxada.  – Thiago me olha, sorrindo.
                -O que? – Começo a ficar irritada de verdade, um calorzinho me subindo ao rosto. Quero ir embora, quero que essa besteira sem tamanho termine. Se Sirius quisesse sai comigo, ele teria me convidado antes. Aquela conversinha mole do outro dia, de ir para Hogsmeade. Achei que me convidaria, mas tudo que fez foi falar sobre como tudo era maravilhoso em sua vida, e como todas as meninas queriam ir com ele. Por que estou tão irritada com tudo isso? – Não querendo dizer nada, mas vou ao banheiro só para não ter que ouvir essas.... Coisas suas, Potter. Você está me irritando.
                -Eu? – Ele solta uma risadinha, e ergue as mãos em sinal de rendição.
                -Sim.
                -Muito bem. É por ali.... – Ele ergue uma das mãos e aponta para a direção. Eu só reviro os olhos mais uma vez, me ergo da mesa e marcho em direção ao banheiro.
                Miro para o espelho que fica logo em frente à porta, ainda do lado de fora, fecho os olhos e respiro fundo. Não quero pensar sobre tudo isso. Nem sei o que significa “tudo isso”. Não queria que fosse tão difícil. O mundo, as pessoas, Sirius.
                -Se Thiago estiver te irritando, sabe que pode escolher outro par ainda, não?
                Abro os olhos, olhando por cima do meu ombro, ainda pelo espelho. Sirius toca levemente meu ombro com uma das mãos, e eu me viro, afastando seus dedos de minha pele. Ele sorri, meio desencontrado, e olha ao redor.
                -O que está fazendo aqui? – Ele pergunta, me olhando novamente. Me mantenho séria, sem esboçar alguma emoção que traia meu rosto.
                -Vim ao banheiro. Deixei Thiago escolhendo o que vamos comer em nosso encontro. – Pisco levemente, e sorrio com a ponta dos lábios, sem doçura. Sirius arregala os olhos por um segundo, franzindo a testa.
                -Que bom. Está aproveitando? – Ele parece desinteressado, e levemente irritado. Uma sensação de vitória me aquece o fundo da barriga.
                -Claro, Thiago é maravilhoso. – Sorrio, mordiscando meu lábio inferior de uma forma que sei que Sirius repararia. – Mas não deve estar melhor que o seu, não?
                -Humm.... – Ele sorri amarelo, colocando as mãos no bolso. Balançando a cabeça em negação, seus olhos encontram os meus. – Seria melhor com outra pessoa, eu imagino.
                -Poxa, pena para você. – Meu coração acelera, e eu desvio meus olhos de Sirius, fingindo desinteresse. Me viro e alcanço a pia dupla logo ao meu lado, lavando as mãos, mesmo não as tendo sujado. – Imagino que chato deve ser. Sair com quem não quer. – Falo, ainda de costas.
                -Imagina? – Sirius segue para meu lado, abrindo a outra torneira. Ele passa água nos dedos, e logo em seguida segue ao rosto para limpar algumas marcas de batom que o sujam. Na terceira vez o faz esse movimento, sua mão encosta na minha, que repousava sobre a pia, e puxam levemente meu anel de ametista que uso no indicador.
                -Com licença – Junto minhas mãos ao meu corpo, afastando seu toque quente. Meu rosto está em chamas, e meu coração acelera com cada respiração dele que escuto ao meu lado. Ele me olha, tirando os cabelos negros do rosto.
                -Queria mesmo fazer isso? – Ele pergunta, apontando para minhas mãos soltas junto ao corpo. Dou um passo para trás, chegando mais perto da porta do banheiro, e reviro os olhos. Viro o rosto com uma reação nervosa.
                - O que você quer, Sirius? – Mordo meu lábio inferior, dessa vez como uma forma de não falar mais do que deveria. Se eu começar a falar, não sei como vou terminar essa conversa. Ele me olha meio confuso, se balançando de trás para frente levemente nos calcanhares.
                -Eu só quero entender.
                 -Entender o que? – Dou mais um passo para trás, tocando a porta do banheiro com a ponta dos dedos, as mãos atrás das costas.
                -Por que você aceitou vir com Thiago, e não comigo. – Ele me olha com receio, como se tentasse entender por que eu me afastava dele. Ah, se ele soubesse o que eu realmente queria, ele não diria essas besteiras.
                -O que? – Eu solto uma risadinha nervosa, meio irritada. Por que é minha culpa que Thiago tenha me chamado? Por que ele tem que entender, e eu preciso aceitar que ele me trocou por outra assim que não conseguiu nada comigo? – Thiago me convidou!
                -Eu também! – Ele se aproxima de mim, tirando as mãos do bolso e passando em cima da cabeça, tocando os cabelos, em um gesto de agonia.
                -Não, você não fez. – Digo. Ele me olha com desentendimento, a testa franzida e o nariz crispado. – Você veio e disse algo sobre como Hogsmeade estaria boa esse final de semana, e como qualquer um gostaria de ir junto de alguém, umas coisas sem sentido! Isso não foi um convite. – Mesmo sendo um pouco má, sei que ele entende meu lado. Não foi um convite. Ele não pode me olhar assim, perdido, e achar que eu vou resolver seus problemas. Mesmo que seus problemas sejam sobre mim. – Sirius...
                -Isso não é justo. – Ele se aproxima a distância que restava entre nós, não encostando em mim. Sinto sua respiração quente, e seu hálito em meu nariz quando ele chega mais perto.
                -Não é justo? – Pergunto, quase sussurrando. Como eu queria que ele entendesse o quanto gosto disso, dele tão perto de mim. Mas assim como ele, não posso me dar ao luxo de me entregar para qualquer um. Não quero me machucar, muito menos ficar sem ele. Mas Sirius terá que descobrir isso sozinho.
                -Eu só.... – Ele se encolhe um pouco, tocando o rosto em meus cabelos. – Quero que você saiba.... O quanto eu.... Gosto de você. – Seus lábios tocam minha orelha, o calor percorrendo cada nervo meu. – Gostaria que tivesse vindo comigo.
                -Então, na próxima, você sabe o que fazer. – Digo, dando um leve empurrão em seu peito com a mão espalmada.
                -O que? – Ele dá um passo para trás, ainda tão duvidoso quanto estava antes. Meu coração se aperta. Só queria que ele continuasse. Mas não.
                -Na próxima vez, me convide primeiro. Antes que alguém mais o faça.
                Saio do banheiro, não olhando novamente para trás, procurando minha mesa em um turbilhão de palavras que rodavam minha cabeça. Só quero parar por um instante. Acho Thiago no mesmo lugar, meio cabisbaixo, nervoso, olhando para a outra ponta do estabelecimento com intensidade. Me debruço sobre a mesa, sentando desajeitadamente na cadeira. Ele me olha com a testa franzida.
                -Tudo bem com você? Parece meio.... Enfim, não parece melhor.
                -Por que me mandou ir ao banheiro? – O olho com impaciência, não respondendo sua pergunta. É óbvio que ele sabia quando me mandou para lá.
                -Eu.... Eu imaginei que vocês precisavam conversar. – Ele me lança um olhar nervoso, desviando novamente o rosto para o outro lado da sala.
                -Quando eu precisar da sua ajuda, Potter, vou te pedir. – Digo, tocando a testa na mesa, com desanimo. Quero tanto ir para casa.... Qualquer lugar. Por que ele olha tanto para o outro lado? – O que está acontecendo, Thiago?
                -O que?
                -Quem está ali? – Fico em pé, me estendendo sobre a mesa até quase o outro lado, vendo o que ele via. No outro canto, Lilian ria com gosto sobre algo que Remo havia dito, enquanto ele sorria, bebericando uma Cerveja Amanteigada. Reviro os olhos para Thiago, me sentando novamente. – Sabe que não é um encontro, não é?
                -Parece. – Thiago apoia os cotovelos na mesa, colocando a cabeça entre eles. Seus óculos escorrega pelo nariz quando ele abaixa a cabeça, murcho.
                -Sabe o que não parece um encontro? Isso daqui. – Dou um tapa em seu braço mais próximo, para que ele me olhe. – Esqueceu que ela deveria sentir ciúmes, Thiago? Você tem que fazer algo!
                -O que você quer dizer com isso? – Ele conserta os óculos no nariz, mordiscando o lábio superior. – Eu nem sei ao menos se ela gosta de mim.
                -Eu vou ser bem clara, Thiago. Não vou falar de Lilian para você, se é esse o motivo pelo qual estou aqui. – Me arrumo na cadeira, mirando Thiago com um olhar repreensivo.
                  -Eu sei, desculpe. – Ele passa a mão nos cabelos, bagunçando mais o ninho de toupeiras que aquilo era. Se desencostando da mesa, ele olha com um biquinho desiludido para o chão ao nosso lado, e suspira. – Eu só precisava saber.
                -Mas você sabe! Eu não preciso te contar! É o que você vê! – Toco em seu braço estendido sobre a mesa, e sorrio. Ele me olha, ainda com o biquinho triste.
                -O que eu vejo... – Ele sussurra.
                -Você acha que ela gosta de Remo? – Solto uma risadinha. – Pelas barbas de Merlin, Potter! Eles são amigos!
                -Claro. – Ele fala, desanimado. Reviro os olhos, frustrada.
                -E todas aquelas garotas...
                -Não. Eu nunca.... Nunca.... – Ele me interrompe, olhando em meus olhos com uma angustia nervosa, gaguejando e ficando vermelho.
                -Nunca gostou de ninguém como gosta dela? – O atrapalho dele aquece meu coração. Gostaria de poder mostrar a Lilian o quanto Potter mostrava quando não dizia nada. Tudo que eu queria também era poder saber se Sirius pensava da mesma forma.
                -Isso pode até soar meio estúpido, eu sei. – Ele respira fundo, esperando que eu comece a rir de sua paixão por Lilian, mas eu sorrio e dou uma tapinha em seu braço.
                -Não é estúpido!
                -Então pelo menos diga que é bonitinho, vai me incomodar menos.
                -Isso eu não vou dizer. Mesmo que pareça bonitinho. – Dou uma risada, fazendo com que as bochechas já vermelhas de Potter fiquem rubras. – Desculpa.
                -Fico feliz que você torça por ela. – Ele sorri, me olhando. – Gostaria de saber por ela e quem.
                -Isso você vai ter que descobrir sozinho. E não se preocupe, vai saber quando descobrir, tenha certeza. – Sorrio de volta.
                Thiago se vira mais uma vez, olhando para onde Lilian está. Com os olhos, ele a acompanha no caminho que faz até a porta, sozinha. Percebo que lança um olhar rápido a mim, muito inseguro. Seus dedos traçam a linha da maçaneta, abrindo a porta e se lançando para a noite clara de Hogsmeade.
                -Onde ela está indo? – Thiago se volta novamente a mim, olhos nervosos acompanhando os meus.
                -Eu... humm... – Penso se devo dizer alguma coisa. Não seria trair a confiança dela se eu contasse. Não havia nada demais. – Lilian foi se encontrar com uma pessoa.
                - Encontro, encontro? Ou apenas dizer oi?
                -Thiago, eu não sei se é bom você...
                -Ela foi ver alguém, Martha? – Ele estende a mão por cima da, tocando meus dedos com pressa. – Por favor, me diga quem.
                - Eu disse que não era uma boa ideia, Potter, acredite. – Puxo meus dedos, meio inquieta. Não devia ter dito nada. – Nem contar para você, nem ela ir.
                -Ela foi ver Snape. Não foi? Depois do que aconteceu ano passado?
                - Isso não é da sua conta, Thiago. – Digo rigidamente. Não gosto nem um pouco do amigo de infância de Lilian. Snape sempre fora o único que a fazia desistir de tudo e assumir os riscos mais absurdos que se tinha. Ano passado fora a gota d’água. Não me aproximava dele desde então, mas sei que Lilian faria tudo novamente por Snape. – Deixe que Lilian resolva os problemas dela.
                -Você não se preocupa?
                -Grande parte da culpa foi sua, e você sabe disso. – Aponto um dedo para o nariz de Thiago, e balanço a cabeça. – Esqueça.
                -Eu vou atrás dela. – Ele se ergue, apanhando seus pertences. Com um impulso, me jogo em seu braço e o seguro perto da mesa.
                -Fique. Deixe que ela resolva as coisas sozinha. Ela vai te odiar para sempre se você fizer aquilo de novo. – Abro meus olhos em um pedido sincero.
                -Não. Você mesmo disse que eu precisava fazer algo por Lilian. Desculpe, mas eu vou.
                -Thiago! – Ele se desgarra de mim, e caminha até a porta. Quando fico sozinha, mais uma vez toco a testa na mesa, o coração apertado.
                Só queria que essas besteiras todas terminassem. Todos eram tão confusos.



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