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História Os Marotos (FINALIZADA) - Thiago - Lágrimas


Escrita por: slowly_melting

Capítulo 18 - Thiago - Lágrimas


Fanfic / Fanfiction Os Marotos (FINALIZADA) - Thiago - Lágrimas

                Para cada passo que eu dava, meus olhos se desviavam duas vezes para o rosto de Lílian. Não aguentava caminhar ao seu lado ouvindo os soluços abafados que dava, muito menos olhando as lágrimas que escorriam em seu rosto. É verdade que ambos diminuíam cada vez mais quando voltávamos, não passando de um suspiro úmido quando cruzávamos o portal mágico da Mulher Gorda, e não mais que um murmuro quando nos sentamos no sofá.
                Quando cheguei ao beco, não imaginava que ia ouvir o que ouvi. Me senti um intruso em casa frase que soltavam, e nem ao menos respirei quando Lilian saiu aos tropeços incrédulos de lá. Eu sentia o peso do mundo nas costas de minha amiga. Da menina mais doce que eu já havia conhecido. E todo o amargo do mundo estava a despedaçando.

                Toda vez que a via chorando, minha mente voava imediatamente para a briga que tive com Snape ano passado. Lilian fora a primeira a defende-lo, se jogando no meio da confusão. Eu não sei se havia sido minha culpa ou de Snape, mas me matava vê-la chorando mais uma vez, e pelo mesmo motivo. O que esse idiota tinha que eu não conseguia fazer Lilian ver em mim, eu não conseguia dizer. Nem sei se ela sabia o motivo da briga. Óbvio que era ela. O que ela não conseguia ver de bom em mim, eu via triplicado nela. E tenho certeza que Snape pensava da mesma força, e não recuou ao perceber que eu queria arrumar uma briga por isso. Eu nem sei o que estava pensando quando fiz aquilo.

                 Lilian estava mais uma vez tentando salva-lo, e ele ainda não percebera.

                -Lilian... – Tentei começar, mas até mesmo minha garganta era áspera. Não havia o que falar que a reconfortasse. Eu havia ouvido demais da conversa para achar uma solução. Eu simplesmente sentia muito, por algo que não sei muito bem o que. E a queria longe de Snape. Longe do que provavelmente a machucaria novamente.
                -O quanto você ouviu? – O som arranhado que era sua voz me toca com ligeira irritação, como se lembrasse o motivo pelo qual eu estava por perto. Afinal de contas, eu havia seguido seus passos e espreitado o beco por todos os longos minutos da conversa.
                -O suficiente. – Digo por fim. Ela não olha, ainda alheia ao mundo em redor. Seus cílios molhados desciam e subiam com uma calma infinita, enquanto seus olhos secavam. Toda a vontade e energia de Lilian se desvaneciam.
                -O suficiente. – Ela repete, com um soluço mínimo. Me encolho quando ela passa as mãos em frente aos olhos. – O suficiente para que? Para odiar Severo, ou a mim?
                -Por que eu te odiaria? – Não tenho coragem de olhar para ela quando me mexo desconfortável no sofá. Ela se ajeita, passando as mãos no cabelo, e posando novamente os braços ao seu lado, os dedos pálidos no colo.
                 -Eu não consegui salvar meu melhor amigo. Existe algum motivo maior pelo qual eu deveria me odiar que eu ainda não sei? – Ela soca um travesseiro que está ao seu lado, me assustando. Não sei muito bem o que eu deveria falar. Parecia muito surreal para ser verdade, ou mesmo tão próximo de nós. – No que está pensando? – Ela sussurra.
                -Eu não sei. Honestamente, Lilian, eu não sei. – Respiro fundo, e olho em sua direção, esperando encontrar as lágrimas que tanto me afligem, mas tudo que vejo são os olhos de esmeralda me encarando, esperando por alguma coisa, qualquer coisa que a confortasse. – Me desculpe.
                -Por que está se desculpando? – Ela franze a testa, revirando os olhos. – Não foi você que fez besteira. A não ser me seguir e ouvir uma conversa particular.
                -Eu não sei o que te dizer.
                -Eu não preciso de alguém que me diga nada, Potter. – Ela se ergue do sofá, cruzando os braços em frente ao corpo e me olhando com irritação. – Quero alguém que me ajude.
                -Ajude? – Arrumo meus óculos que escorregavam pelo nariz, e tento acalmar minha mente confusa. – Você quer ajudar Snape.... Com seja lá o que ele estiver planejando?
                -Não! Quero que ele veja a razão. Ele é meu amigo, vai me escutar. – Ela começa a andar de um lado a outro em frente ao sofá, indo até a lareira e voltando.
                -Lilian, eu não sei se essa é uma boa ideia. – Digo, abaixando a voz. Não quero que ela ache que eu não ajudarei por ser Snape, mas por estarmos mexendo com algo muito maior que nós. – Eles são pessoas perigosas.
                -E você quer deixar Snape com eles? – Ela me olha afoitamente, parando de caminhar.
                -Ele fez a escolha dele. – Recuo até o encosto do sofá, fazendo uma careta. – Ele sabia no que estava se metendo quando se envolveu com aquelas pessoas.
                -Do que você está falando?! – Lilian apanha uma almofada na poltrona mais próxima e arremessa em mim, me acertando no meio do rosto e derrubando meus óculos. – Todos têm direito a uma segunda chance! Ele só precisa de amigos agora, e aquelas pessoas não são amigos dele.
                - E eu sou? – Apanho meus óculos em baixo da almofada em meu colo, limpando-os em minha camiseta. Não sei o que passa pela cabeça ruiva dessa garota. – Acha que Remo é? Ou Sirius? Nós não somos amigos dele.
                -Mas eu sou! – Ela esbarra em uma mesinha de cabeceira que estava ao lado de uma poltrona em frente à lareira, derrubando dois livros que estavam ali. Com um grunhido de irritação, ela chuta uma das edições, e se prepara para chutar a outra, quando me levanto e seguro seus braços, fazendo-a olhar para mim.
                -Ninguém nega que você é amiga dele, contra a vontade de todos nós. – Digo, esperando que ela me olhe. Quando nossos olhos se alcançam, sinto um toque de calor no pé da barriga e, ao mesmo tempo, uma tristeza em minha cabeça por saber que as lágrimas voltavam. – Mas não espere de nós que salvemos a pele desse garoto.
                -Não é por ele, Potter. – Ela se solta de mim, dando um passo para trás, e se cercando com seus próprios braços. – É por mim.
                -O que?
                -O que eu vou fazer sem ele, Potter? – Ela suspira, tentando segurar as lágrimas.
                -Você tem outros amigos, Lilian. Amigos melhores. – Eu afirmo, revirando os olhos, exasperado. – Não tem só aquele...
                -Não faça isso. Por favor. – Ela se joga no sofá novamente, abraçando o travesseiro que jogara em mim. – Não comece.
                -E o que é que você quer que eu diga?! – Abro os braços, tudo ao redor de mim tão tempestuoso quando eu me sentia. – Não quero que você seja amiga dele.
                -Do que você tem medo, hein? – Ainda sentada, Lilian me olha, perplexa.
                -Não tenho medo dele, se você acha isso. – Caminho até a lareira, ficando de costas para os móveis aconchegantes, tentando não pensar em todas as vezes que me imaginei aqui, sozinho com Lilian, em outras situações. O que me irritava mais é que, em nenhuma das cenas, nem nas piores, eu me imaginava conversando sobre Snape.
                -Mas tem medo do que ele pode fazer, não é? Deve estar feliz por Snape e eu estarmos brigando, finalmente. – Lilian se levanta, jogando a almofada de volta ao sofá, me encarando.
                -Só não entendo o que você quer tanto com a amizade dele, se tem tantos por aqui, Lilian, que gostam muito mais de você. – Eu a encaro de volta, dando um passo nervoso a frente. Seus olhos me bombardeiam com uma frustação enorme.
                -Ele é meu melhor amigo. Não posso deixar que ele se mate! – Ela dá um passo em minha direção, fechando os olhos por alguns segundos, como se tentasse se controlar.
                -E o que eu sou, se ele é seu melhor amigo? – Ergo a mão, apontando para a janela, como se quisesse mostra-la onde Snape estava e onde eu estou agora.
                -Isso sempre se resume a você, não é? – Ela franze a testa, dando um sorrisinho irônico que me tira do sério.
                - Me responda. – Eu me aproximo a última distância entre nós, mexendo em meus cabelos como em um tique nervoso.
                -Você é um idiota. – Ela fala com a maior clareza que consegue, me fazendo dar um passo para trás. Com a toda a força que consigo reunir, continuo encarando-a, como se esperasse o “algo mais”. Quando nada vem, e continuamos nos encarando no silencio, meu coração pesa no peito.
                -Isso é o quanto você pensa de mim? – Falo com o resto de energias destroçadas que eu possuía, enquanto ela toca meu braço com uma das mãos, me fazendo sentir arrepios pelo corpo todo.
                -Você é um idiota, Thiago. – Com uma aproximação hesitante, ela toca os lábios em minha bochecha, me deixando vermelho e corado. – Ele é meu amigo. Você é..... Bem, você é você. Espero que reconsidere. Eu preciso de ajuda para trazê-lo de volta. Por favor.
                Com uma desconfortável despedida com um aceno de cabeça, ela caminha até as escadas, me lançando um sorrisinho hesitante e descolorido demais para Lilian. Com um nervoso descomunal, me deito no sofá, pensando em todas as cenas que eu imaginava a mim e Lilian nessa sala. Em como eu nunca a imaginei chorando. Chorando por ele, ainda por cima.  Eu não havia entendido nada desse dia.
                Talvez eu fosse mesmo um idiota.
 


Notas Finais


E ai, pessoal! Me digam como anda a leitura, e o que vocês estão achando de tudo. Quero saber se existe alguma coisa que vocês querem ver na história, algum personagem, me contem! xoxoxoxo


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