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História Os Marotos (FINALIZADA) - Thiago - No Trem


Escrita por: slowly_melting

Capítulo 2 - Thiago - No Trem


Fanfic / Fanfiction Os Marotos (FINALIZADA) - Thiago - No Trem

                Chegara mais uma vez o dia de embarcar para Hogwarts. Partira sozinho de casa, não precisava que seus pais relembrassem mais uma vez que deveria estudar mais e passar nas NOMs com mérito, como um dia eles o haviam feito. Chegava a assustar pensar no dia dessas provas. Elas definiriam um futuro que eu nem mesmo pensava direito que poderia existir.
                A mala ficava mais leve a cada passo para perto da estação, a expectativa de rever seus amigos. Passaram um verão inteiro distantes, só encontrara com Sirius algumas vezes depois das brigas da família. Dia mais, dia menos, a mãe de Sirius o tirava do sério. E ele vinha andar pelos lados da casa de Thiago por alguns dias, até o clima se acalmar.
                Quando finalmente conseguiu atravessar, depois de passar vários momentos trocando olhares com uma Trouxa que embarcava em um dos trens, ele se viu cercado por tudo que ele mais amava no mundo: Hogwarts, seus amigos e Lilian.
                Assim que emergiu no ar quente do outro lado, avistou os cabelos esfogueados da garota mais bonita de todo o mundo. Seu coração se acelerava quando ela se mexia e seus cabelos caiam em cascatas pelo ombro. Puxa, odiava se sentir assim. Cada vez que tentava fazer qualquer coisa em relação a Lilian, só o que levava era um fora e um aperto no peito. Os amigos sabiam que ele gostava de Lilian, só não sabiam o quanto era sério. Isso não me impedia de tentar faze-la com ciúmes saindo com outras meninas, o que eu fazia com frequência, mas Lilian nem ao menos se importava.
                -Thiago! – Lupin se adiantou no meio da multidão, e bloqueia sua visão da família Evans. Eu dou dois passos em sua direção, puxando minha mala, e sorrio. – Onde você estava esse tempo todo?
                -Só cheguei agora. – Abraço-o com meu lado livre, e empurro seus ombros para vê-lo melhor – Você cresceu? Mais ainda?
                -Não achei que ninguém repararia – Lupin sorri, e cora um pouco. Eu rio. Ele pode ser tão alto e forte quanto todos nós, mas ainda é o que mais se encolhe. Quando seus ombros se curvam para frente, vejo um arranhado vermelho em seu pescoço, novo e ainda inchado.
                -Noite difícil, amigo? – Aponto para o machucado. Ele se mexe e puxa a camiseta mais para cima, e dá de ombros.
                -Acontece. Época de coiotes no campo. – Ele sussurra. – Mas esqueça isso, o trem deve já. Reservei a cabine para nós.
                -Ótimo! – Eu concordo com a cabeça. - Vamos.
                No caminho, ainda olho para trás mais uma vez, para ver os cabelos vermelhos caindo nas bochechas molhadas de Lilian, enquanto ela abraça os pais.
                Dentro do trem, vamos para o vagão do meio, onde sempre ficamos. Na cabine onde sempre ficamos. Deixamos as malas nos lugares apropriados, e nos dispomos a conversar e esperar pelos outros. O trem apita mais uma vez, e já escuto os motores esquentando. Fico imaginando onde estariam Sirius e Pedro.
                -Onde os dois se meteram? Não me diga que vão perder o trem. – Olho pela porta da cabine, esperando que apareçam no fim do corredor a qualquer instante.
                -Ah, é verdade. Sirius está em outra cabine, mas deve vir logo. Pedro estava na estação, mas seus pais não vieram dessa vez. Disse que saiu mais cedo, e que nos encontrava depois por aqui. – Lupin puxava os fiapos da camiseta que usava, meio desinteressado.
                -Onde Sirius estava? –Pergunto mais uma vez, e me sento, sorrindo.
                -Ele disse que ia em outra cabine, mas não deve demorar. – Sentando mais ereto, ele me olha com suspeita – Por que? Onde ele foi?
                -Definitivamente ele deve estar em outra cabine. – Rio, e batuco com os dedos no estofado do banco. – No de Martha, talvez.
                -Martha?! – Lupin ri, despenteando os cabelos, e com a ponta dos dedos faz um sinal de aspas: – Não me diga que ele está “gostando dela”.
                -Não, cara. Acho que Sirius está gostando dela. Sem as aspas. – Rio com as gargalhadas de Lupin, que mais pareciam rosnados roucos, bem a cara dele. – Qual a graça?
                -Lilian sempre me disse que Martha gostava dos piores garotos possíveis. Acho que se enquadra bem no contexto Sirius, não? – Ele se ergue e apanha um livro dentro da mala, com a capa escura e delineada com traços claros. Do casaco ele puxa sua varinha, e bate na capa do livro, que se abre onde ele pede. – Bom, acho que podemos saber um pouco mais.
                -O que você pretende fazer, Remo? – Me sento ao seu lado, e espero que me mostre o feitiço que escolheu. Ele aponta para uma página com o título: “PELAS PAREDES”. – O que vai fazer com isso?
                -Se funcionar, vamos ouvir o que o vagão os outros estão dizendo. – Ele mexe a varinha como a descrição da página indica, e uma pequena faísca se acende na ponta de madeira.  – Só precisamos saber o vagão delas.
                -Logo você, Remo, querendo espionar os outros? – Sorrio. – Quem é você e o que fez com o Remo de verdade?
                -Puxa, sou Monitor agora. Tenho que vigiar as pessoas. – Ele ri.
                -É verdade! Não me mostrou seu broche. – Puxo o livro de sua mão e analiso a folha e as descrições. – Deve funcionar. A cabine delas é a segunda ou terceira daqui para frente. Vai parecer um portal na parede ou só vamos ouvir o som de lá mesmo?
                -Me devolva aqui, Potter. – Ele puxa o livro de volta e ri – Vamos ouvir o que elas estão falando. Mas só enquanto Sirius estiver lá. Não tenha ideias esquisitas, hein? – Ele sorri, e faz o feitiço. Um clarão sai da varinha, e se apaga rapidamente. - Funcionou?
                -Claro que não, seu idiota! – Uma voz aguda ri, e uma outra mais rouca responde:
                -Então não sabiam que Lupin foi escolhido como monitor, também? Puxa, passem a conversar mais conosco, sentimos falta de vocês! – E ri.
                Olho para Lupin com insegurança, e pergunto silenciosamente se ele também ouve as vozes. Ele acena em positivo. Parece que elas reverberam das paredes.
                -Não acredito! Lupin foi o outro escolhido? – A voz aguda volta, e dessa vez identifico-a como de Martha. – Sem chance! Lilian também é monitora!
                -Jura? Thiago vai amar ouvir isso! – A voz grave, obviamente de Sirius, ri. Sinto meu peito acelerando, e espero que Remo não me veja corando.
                -Por falar nela, olhe quem vem vindo! – Uma voz mais doce, que suponho ser de Alice, surge. – Abram espaço, vocês dois!
                --Meninas! – Meu coração pula no peito, mesmo com a voz dela apenas. Vários barulhinhos se submetem a esse, e imagino que elas estão se cumprimentando. – O que aconteceu?
                -Sirius veio nos contar agora, Lilian! – Alice se sobrepõe as outras vozes, como se risse – Lupin foi o outro monitor escolhido! Acredita?
                -Jura? Isso é sensacional!
                Olho de relance para Remo, que sorri amarelo, como se soubesse que internamente estou sentindo um ciúme irracional. Me reprimo, e desvio os olhos.
                -Com certeza! Eu sabia que Dumbleodore escolheria vocês! Vocês são os melhores alunos, e se dão tão bem! – Martha solta um risinho abafado. – Bem até demais....
                A voz de Martha se perde nos barulhos de um tapa e algumas risadas nervosas, e no ruído do meu coração parando. Remo me olha com visível agonia, e tenta negar com a cabeça. Eu apenas o ignoro com um sorriso amarelo, e faço sinal com as mãos de “esqueça isso”. Se ele se convence, apenas não deixa transparecer.
                -Bem, acho que já vou indo, então. – Sirius fala com um pouco de vergonha na voz. Já somos amigos o suficiente para perceber que ele imaginou que ouviu algo de importante, e precisava nos comunicar.  – Vou atrás do carrinho de doces. Vamos ter uma competição de “quem come mais caldeirões doces”, e ver se o Pedro vomita laranja. Até depois, meninas – A voz dele se abafa um pouco, como se estivesse mais distante - Tchau, Martha.
                Ouvimos risinhos abafados, e logo Remo começa a mexer em seu livro. Balançando a varinha mais uma vez, ele desfaz o feitiço, e o silêncio retorna aos poucos. Ele me olha, o rosto corado e sem expressão. Quando Sirius entra, ainda estamos nessa situação.
                -Oi, pessoal. E ai, Thiago?! Não te vi na estação. Chegou tarde? – Sirius se joga na poltrona ao meu lado, e sorri para Remo. – E aí cara, o que houve? Estão tão quietos. – Com muita suspeita, ele olha de mim para Remo algumas vezes. – Aconteceu alguma coisa?
                -Não. – Dissemos em uníssono, eu e Remo, sem expressão e quase em sussurro.
                -Vocês estão estranhos, sim. – Sirius se esparrama no banco e franze a sobrancelha – Não me façam descobrir sozinho. O que foi, foi algo que eu fiz?
                -Não. – Remo se descola do banco, encostando os cotovelos no joelho. – Meio que fizemos um feitiço para ouvir o que você dizia para Martha e....
                -Vocês O QUE? – Sirius pula do banco, empalidecendo.
                -Não ouvimos nada de muito importante, cara. Eu acho....
                -Então vocês ouviram até que parte? Ou a partir de que parte? – Sirius anda de um lado para o outro no vagão, passando a mãos nos cachos negros que caem em seus olhos – Então vocês sabem que Lilian virou Monitora?
                -Sabemos, mas....
                -Ouvimos que Lilian gosta de Remo também. – Afirmo categoricamente, cruzando os braços em frente ao peito. Ouvir tinha sido difícil, falar foi quase como cuspir um órgão vital. Não queria que doesse tanto, nem que meus amigos soubessem que doía tanto.
                Sirius para de andar em nosso meio, e se vira devagar para mim.
                -Não é bem assim. – Lupin sussurra, e coloca o rosto por entre as mãos.
                -É sim, ouvimos Martha dizendo. Que vocês eram amigos próximos demais. Não era? – Sem querer, ergo meu tom de voz, e sinto meus punhos fechando.
                -Ei, cara. Se acalme. Não foi bem assim, eu estava lá. – Sirius coloca as mãos em meus ombros, bloqueando minha visão de Lupin. – Martha estava zoando Lilian. Coisa de amiga. Não tem nada a ver. Provavelmente ela sabia que eu contaria, e que você sentiria ciúmes. Não está vendo que isso foi bem claro?
                -Mas....
                -Não, esqueça isso. – Ele se joga no mesmo lugar que estava antes, e sorri. – Não tem nada a ver. Escutou?
                Passamos alguns minutos em silêncio enquanto eu digeria o que havia se passado, Remo me olhando com desconfiança a todo instante, esperando que eu gritasse com ele ou algo do tipo. Conforme me acalmo, percebo que Sirius pode ter razão, e logo volto a sorrir de novo. Não citamos Lilian nem nenhuma das garotas por algum tempo, rindo dos eventos que ocorreram nas férias, como Lupin caindo de cima de uma árvore quando tentava descer depois de uma Noite de Lua.
                Conversamos por algum tempo, nos indagando onde estaria Pedro e por onde mais andaríamos nesse ano para mapearmos, até o a carrinho de doce tilintar no vagão. Sirius prontamente se pôs de pé, sacudindo um saco de Sicles na mão que havia acabado de tirar do bolso. Minha barriga ronca em resposta, e rimos juntos.
                -Deixa que eu vou. Me dê aqui. – Junto meus trocados aos seus e decidimos o que comprar, fazendo as contas para ver se conseguiríamos ou não fazer Pedro vomitar. – Acho que ela deve estar chegando aqui. Vou dar uma olhada.
                Saio com água na boca da cabine, sentindo o cheiro adocicado que transbordava pelo corredor. Sem pensar duas vezes, me arremesso para fora. E me choco com força no espaço apertado com um corpo vivido que cai no chão.
                Perdendo o equilíbrio, deixo cair as moedas no chão, se misturando com os que já haviam sido perdidos pela outra pessoa, e tento me segurar em uma janela ao meu lado. Sem conseguir me estabilizar direito, encaro seja lá quem eu havia derrubado.
                -Calma ai! – Olho para baixo, já sentindo meu chão sumir novamente, enquanto ela puxa os cabelos vermelhos do rosto - Lilian?

 



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