1. Spirit Fanfics >
  2. Os Marotos (FINALIZADA) >
  3. Lilian - Sonhos

História Os Marotos (FINALIZADA) - Lilian - Sonhos


Escrita por: slowly_melting

Capítulo 20 - Lilian - Sonhos


Fanfic / Fanfiction Os Marotos (FINALIZADA) - Lilian - Sonhos

                Quando Martha chegou no quarto, eu ainda estava de pé, caminhando ao redor da lareira central. Minhas roupas estavam no chão, e eu me tremia com minhas meias finas no chão de madeira frio. Meu corpo se arrepiava a cada passo que eu dava muito distante da lareira, me mantendo com os braços em volta de meu corpo para reter o pouco calor que eu ainda tinha. Quando ela entra, noto primeiro seu sorriso arisco, e quando me olha, a estranheza vaga de quem não entende muito bem a cena que se desenrolava.
                -O que você está fazendo, Lilian? – Martha se aproxima, segurando meu braço, e arregalando os olhos. – Você está congelando! Por que está de calcinha e sutiã no meio do quarto, Lilian?! – Ela apanha o cobertor de minha cama, e arremessa-o para mim.
                -Estou pensando. – Digo, me enrolando no grosso conforto que esquenta minha pele tão necessitada. Minhas pernas me arrastam de volta à minha cama, onde Martha se senta do meu lado, me abraçando.
                -O que foi que houve? A conversa com Snape não funcionou muito bem? – Ela tira os sapatos, deixando-os ao lado da cama, e puxa meu cobertor para aquecer seus pés.
                -Também. – Digo, já sem lágrimas. Não consigo mais chorar sobre isso. Preciso ajuda-lo, e não faria muito de ficar me lamentando. – Não sei muito bem se foi só isso.
                -O que foi que ele te disse?
                -Acho que ele está envolvido com os seguidores daquele maníaco, que comanda o grupo contra Trouxas e Mestiços. Têm ouvido as notícias do jornal? O cara se auto intitula “Lorde das Trevas”, e convence os idiotas que o escutam a torturar várias pessoas, as vezes famílias inteiras! Até mesmo alguns assassinatos estão sendo investigados e estão colocando a culpa nele! – Me aperto com Martha, colocando o rosto entre seus cabelos. Queria um conforto maternal do qual eu sabia que também não me ajudaria muito, mas pelo menos me acalentaria por enquanto.
                -Eu sei, Lilian. Minha mãe tem me mandado cartas sobre isso. O Ministério tem enlouquecido ultimamente. Alguns dos seguidores deles tem recrutas pelo alto escalão. – Ela acaricia meus cabelos, e sorri tristemente para mim. – É algo muito maior que Snape ou aqueles idiotas da Sonserina, sabe.
                -Por que o mundo tem que estar tão confuso logo na nossa vez? – Eu sussurro, me esticando na cama aconchegante. – Só queria viver uma vida em paz.
                -Ei, não se preocupe. – Martha bagunça meus cabelos, e sorri com um pouco mais de calor dessa vez. – Vai ficar tudo bem.
                -Não, não vai, Martha. Snape vai se envolver com eles.
                -E será uma escolha dele. Nem você, nem ninguém, vai pará-lo se ele se decidir assim, Lilian. Se ele quiser seguir uma cobra dessas, e levar a pior na final, pior para ele. – Martha se levanta da cama, mexendo em seu baú, que ficava logo ao lado do meu. Ela apanha um pijama, e se troca, reclamando do frio.
                -Eu sei que você acha isso. Mas não posso pensar assim. Não posso, Martha. Severo me ajudou tanto nesses últimos anos. – Me sento na cama, puxando o cobertor como uma capa por minhas costas, e me enrolando como em um casulo.
                - E o que você pretende fazer? – Ela me olha, apreensiva, tirando as joias que usara no passeio. Com um estalo, me lembro da tarde que passamos, e como as coisas haviam acontecido. – O que foi? Está com uma cara esquisita.
                -Por que você foi com Thiago? Sabia que era uma aposta. – Eu falo, fitando-a com um leve franzir na testa. Ela solta uma risadinha, e revira os olhos.
                -Por que quer saber? Por um acaso está com ciúmes? – Ela rebola até sua própria cama, apanhando o cobertor vermelho e se enrola nele como se fosse um roupão. Com um sotaque forçado, ela sorri ironicamente e fala. – Querida, não pode me culpar por meus impulsos românticos. Aquele menino era um pedaço de mau caminho.
                -O que? Sabe que é de Thiago que está falando, não é? – Eu sorrio, pensando na conversa que tivemos lá em baixo. Não deixei de ficar irritada por ele estar me seguindo, mas fui mais do que grata por alguém me trazer de volta ao castelo, quando eu nem ao menos conseguia enxergar com todas as minhas lágrimas. Ele fora forte o suficiente por nós dois quando chegamos aqui. Eu não sabia o que falar. Não tinha muito o que ser dito, de qualquer forma.
                -Mas eu ouvi falar que você voltou com ele para cá, senhorita Evans. Devo perguntar o que fazia com o meu par? – Ela se joga em minha cama de barriga para cima, e solta uma risada animada.  – Ele está lá em baixo ainda, abraçando uma almofada.
                - Uma almofada? – Sorrio, pensando se ele estaria abraçando a mesma almofada que eu havia abraçado, como um garoto apaixonado de um filme, e sentindo meu cheiro. A ideia me faz dar uma risada, acompanhando Martha, mas me pinica na barriga, como uma emoção antes da descida de uma montanha russa. – Eu voltei com ele, sim. Por alguma razão, ele descobriu onde eu estava indo, não sabe, Martha. – Digo, meio irritada, meio irônica. Ela faz uma careta.
                -Desculpas por isso. Não achei que foi uma boa ideia nem no começo. – Seu rosto se esconde nas cobertas, mas os olhos reaparecem, e piscam para mim. – Não que seja de todo mal, vocês voltaram juntos, afinal de contas.
                -Ele me viu chorando, Martha. Sabe que eu odeio isso. – Digo, dobrando os joelhos em frente ao corpo e escondendo o rosto. Eu não chorava em frente a ninguém havia anos. - Não sei como vou encará-lo amanhã.
                -Oh, Lilian. Não se preocupe. – Martha sorri, me fazendo cosquinhas nos dedos dos pés. – Pelo menos você não beijou seu par inconsequentemente e saiu correndo.
                -Não! Por que motivo em faria isso? – Solto uma risada, olhando com precisão para os olhos de Martha, que tremulam por meio segundo. Com um olhar de olhos arregalados, eu dou um puxão em seu cobertor, fazendo-a se mexer desconfortável pela cama – Martha! Não me diga que você beijou Sirius!
                -Foi meio instintivo. Oh, Lilian, ele estava tão perto de mim! Tantas vezes! Não consegui me segurar. Acha que fiz mal? – Martha me olhava com uma expressão assustada, muito incomum para uma sempre segura amiga que me apoiava em todos os momentos.
                -É de Sirius que estamos falando. Eu não faço a menor ideia. – Sorrio, tirando um pouco do peso de suas costas.
                -Seria errado perguntar para Remo se ele falou alguma coisa? – Martha se arruma novamente com o cobertor, me ajeitando quando meu sutiã fica a mostra.
                -Remo! – Eu dou um salto na cama, meio desajeitada. – Eu voltei sem falar com ele! Será que ele já está recolhendo os primeiranistas?
                -Lilian! – Martha sorri, me puxando de volta a cama. – Você já está aqui. Não tem motivo em voltar. Amanhã você fala com ele, ok?
                -Eu.... Ah, que péssima monitora eu sou! – Me enfio na cama, o rosto apertado nos travesseiros. – Me deixe ser essa pessoa horrível sozinha.
                -Pare de drama. – Martha se levanta, indo para a própria cama. – Estou morrendo de sono, quero dormir mais que qualquer coisa. Boa noite, Lily.
                -Boa noite para quem? – Eu cochicho, sorrindo.
                Com os minutos se arrastando, escuto os alunos se arrastando lentamente de volta às camas, Alice entrando no quarto, assim como as outras meninas, e diversas despedidas e risadas sussurras pelas escadas. Todos entram, e se colocam nas camas, os ruídos se silenciam, os ecos se interrompem, e só eu fico acordada, ouvindo os suspiros noturnos das sonhadoras colegas que eu tinha.
                Eu tinha muito em minha cabeça para me manter parada, ou quieta. Queria consertar tanta coisa, tudo que mudara. Preciso convencer Severo. Preciso dele de volta ao meu lado.
                Um calafrio me percorre. Eu precisava me mexer, andar, qualquer coisa. No escuro, não consigo achar meus chinelos, nem meus pijamas. Penso duas vezes antes de me levantar, me enrolar no cobertor, como Martha havia feito, em um roupão, e descer as escadas até o Salão.
                As lareiras ainda crepitavam, o calor era aconchegante. Dos degraus, vejo os quatro dormindo espalhados nas poltronas e sofás, largados ao sono pesado e também sonhador. Desço os degraus com o máximo de cautela que consigo, e caminho até onde eles se recolhem. Passo por Pedro, deitado enrolado em uma poltrona, uma linha de saliva escorrendo por seu queixo. Sirius, no chão, perto da lareira, envolto por diversos travesseiros, como um cachorro na sala de família. Remo, ao canto, a gravata enrolada na mão caída ao lado do corpo, os cabelos lisos e claros refletindo a lareira. Mesmo dormindo, ainda era suave como sempre, as cicatrizes tão delineadas pelo rosto e braços. Sempre me indaguei como conseguira tantas, mas o máximo que consegui foram risadas desconfortáveis e várias piadas dos amigos.
                -Bisbilhotar os outros faz mal. – Atrás de mim, um sussurro me assusta, me fazendo virar e quase pisar em uma almofada. Thiago estava no mesmo sofá que antes, sonolento e desajeitado, sorrindo. Seguro mais alto meu cobertor, pensando na péssima ideia que havia sido descer sem uma roupa apropriada.
                -Não estava bisbilhotando. – Sussurro de volta, desviando de Sirius enquanto tentava alcançar novamente as escadas. Thiago me segura por um dos pulsos, me fazendo soltar metade do cobertor. Quase não consigo segurá-lo, e com um novo susto, solto um início de grito, que Thiago abafa com uma mão em minha boca.
                -Faça silêncio. Quer acordá-los? – Ele revira os olhos, sorrindo. Soltando meu pulso, ele se senta novamente o sofá. – Tudo bem?
                -Não. – De que adiantava mentir para Thiago? Ele ouviu a conversa, entendia o menos o que eu sentia naquele momento. Com um toque silencioso no sofá, ele deixa um espaço maior para que eu me sentasse. Devagar, me aperto contra o cobertor, e sento.
                -Quer conversar sobre isso? – Ele fala, meio hesitante e inseguro. Sorrio irracionalmente com uma amável parte de Thiago que ele acabara de mostrar.
                -O que foi? – Ele pergunta, sorrindo meio embaraçado.
                -Nada. – Na leve luz da lareira, seus óculos tortos refletem o fogo que crépida, e seus olhos são claros e gentis. Não que antes não fosse, mas agora mais do que nunca, eu sabia que o teria ali, sem a interrupção de ninguém. Nenhuma mocinha animada o suficiente o distrairia ali. Isso me aquecia o fundo da barriga, saber que ele me olhava daquela forma mesmo sem ter ninguém para julgá-lo. Talvez fosse esse o motivo. Não havia ninguém para julgá-lo.
                -Você está me olhando esquisito. – Ele sorri, soltando uma risadinha abafada.
                -Você sempre me olha assim? – Exponho sem muita reflexão, fazendo com que ele pare por um segundo, e me olhe com uma expressão divertida no rosto.
                -Como estou olhando para você agora?
                -Como se me visse. – Eu reviro os olhos amavelmente quando ele solta uma risada abafada. – Do que está rindo?
                -Não sou eu que não te vê, Lilian. Você que nunca percebeu o quanto eu te olho. – Seus olhos percorrem meu rosto, descendo até meus lábios e voltando aos meus olhos. No fundo do estômago, eu sinto uma urgência esquecida, que me faz suspirar sem querer.
                Como se aquilo fosse o maior dos convites, ele toca meu rosto, e toca meus lábios com os dele, docilmente. Meu coração se acelera, e eu percebo com um arrepio minha clara nudez por debaixo daquele cobertor. Não sei muito bem o que devo fazer, então só fecho os olhos e sinto seus dedos percorrem meus cabelos, me puxando um pouco mais para perto. Seus lábios são treinados, respondem aos meus toques inseguros com alguma emoção, que me aproximam o suficiente para que eu sinta sua outra mão em minhas costas, por cima do cobertor. Tão sutis como ali chegaram, elas acham o caminho até minhas costas por dentro do tecido quente, e me tocam com uma delicadeza de porcelana. Fico surpresa até mesmo para meu nível quando ele me afasta, ambos um pouco sem fôlego, e ele rubro como se nunca tivesse beijado ninguém antes.
                -Não quero que você vá. – Ele diz, os lábios encostando em minha testa.
                -Eu.... Eu não estava pensando em ir. – Falo, meio nervosa com tudo que rodava em minha cabeça. Ele toca meu rosto, os olhos fechados.
                -Mas você vai.
                -Por que? – Pergunto, me aproximando um pouco mais de seu corpo, o calor dele mais forte que o do meu cobertor.
                -Por que não é assim que deveria acontecer. Não quero que esse seja nosso primeiro beijo. E nem você vai querer quando acordar de manhã, se acalmar, e pensar em tudo que houve hoje. – Ele me afasta, olhando em meus olhos com o máximo de calma que conseguia juntar. Seus dedos puxam o coberto para cima, escondendo a alça do sutiã que aparecia por baixo de todo o tecido. – Vou fingir que nada disso aconteceu, por mais difícil que vá parecer.
                -E por que você acha que eu... – Cada célula de mim gritava por um pouco mais. Mas minha mente, ainda um pouquinho sã, via razão naquilo. O que seria de mim quando acordasse com Thiago Potter? Fora um dia cheio. Talvez o que se revelava para mim não era de todo ruim. Eu sabia que ele gostava de mim, e isso mexia comigo agora de uma forma engraçada.
                - Lilian? – Thiago sorri para mim, carinhosamente.
                -Desculpe, eu acho que tenho...
                -Lilian, você dormiu?
                Com um susto, me sento na cama, novamente no quarto ainda vazio. Martha me encarava da cama, a testa franzida, meio irritada. Minhas bochechas estão vermelhas, sinto o calor em minha barriga, e no fundo do estômago.
                -O que? – Me sento, olhando ao redor, conferindo meu cobertor e se ainda estamos no mesmo dia. – O que estávamos falando?
                -Você realmente dormiu falando comigo? – Martha apanha seu travesseiro e arremessa em minha direção, acertado meu rosto sonolento. – Estávamos falando sobre como você deixou Remo, e seu drama sobre ser uma péssima Monitora.
                -Eu não sou uma péssima monitora! – Digo, jogando o travesseiro de volta.
                -Ah, chega para mim. – Martha se arruma na cama, me lançando uma última careta irônica. Apagando as velas ao seu redor, ela se deita, com um sorriso para mim. - Vou dormir. Boa noite.
                Me virando inquieta na cama, penso no que eu acabara de sonhar. O que fora aquilo? Eu tinha muita coisa em minha cabeça, mas não achava que estava ficando doida. Não ainda. Com um suspiro, me arrumo em minha própria cama, e me despeço com um muxoxo.
                -Boa noite para quem?


Notas Finais


Fechando o vigésimo capítulo com quase 1200 visualizações! Estou muito animada com isso, pessoal! As férias chegaram, quem sabe eu não consiga escrever com mais frequência agora, hein?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...