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História Os Marotos (FINALIZADA) - Lilian - Salão Comunal


Escrita por: slowly_melting

Capítulo 6 - Lilian - Salão Comunal


Fanfic / Fanfiction Os Marotos (FINALIZADA) - Lilian - Salão Comunal

                A chegada à Hogwarts fora um tanto tumultuada, mas os primeiros dias se passaram sem mais nenhum incidente esquisito. Minha pequena recaída emocional não foi citada novamente por Remo, imagino que por motivos óbvios, e ele agia como se nada houvesse ocorrido, o que me deu certo alívio. Sentira-me irritada quando ele negou contar o que houvera e como se machucara, mas depois de agir sem pensar e irrita-lo no meio da madrugada, acho que fiz o suficiente para que ele saiba que estou prestando atenção.
                O final da semana chega rápido com todas as instruções e monitorias que tinha pela frente, quase sem tempo para pensar em parar. Raras vezes fiquei no Salão Comunal nesses primeiros dias com Martha e Alice, aproveitando o calor da lareira e uma conversa descontraída sobre as férias. Alice e Frank passaram a sair juntos com mais frequência, e agora acho que todos sabem que estão juntos. Martha faz questão de lembrar a quem se esquece.
                Nem mesmo a brincadeira de abertura dos meninos foi o suficiente para me tirar do pique. Algumas Bombinhas de Bosta e Chumbinhos Fedorentos no Salão de Jantar, e Pó de Arroto espalhado por várias comidas diferentes, que fizeram da mesa do café uma verdadeira guerra. Claro que isso havia rendido à três dos quatro garotos as primeiras punições de Lilian, mas Thiago quase sorria ao recebe-la.
                Todo dia chegam mais notícias sobre mortes de Trouxas pelo jornal, e alguns bruxos. Mesmo as carícias de Finn não me faziam sentir confortável. Todos parecem saber que algo está acontecendo, sentia pela expectativa sombria nas conversas e pelos olhares nervosos para alguns alunos mais velhos da Sonserina, que passaram a emanar um sinal de alinhamento com os ideais de você-sabe-quem. Ainda assim, a impotência que sinto em relação ao caos que vejo me deixa alarmada.
                Em cima disso tudo, ainda preciso lidar com minha irmã. Quando recebi o pacote durante as férias, fiquei desacreditada. Tive que reler cada uma das mensagens mais de duas vezes para que entendesse que aquilo era, sim, de Petúnia. Fiquei atônita, tão esquisita que meus pais perceberam. Tive que contar, mostrar os inúmeros parágrafos da letra mirrada e torta de minha irmã, que insistiam em querer ser uma bruxa e ir para Hogwarts. Ainda me lembro das letras verdes no bilhete em cima do pacote, na caligrafia mais bonita que eu já havia visto. Por meio segundo, achei que fosse uma pegadinha do Potter e seus amigos, mas quando vi o que se passava... Era do Professor Dumbledore, delicadamente escrita e endereçada para mim.

 “Cara Lilian,
                Antes que abra o resto do pacote e tome as conclusões erradas, procure entender ambos os lados. Magia não é algo criado em nós, como Salamandras em uma fogueira. Ela nasce conosco, assim como nossos olhos, cabelos ou mãos. E não nos é possível ensinar a quem não nasceu com tal aptidão. Não é possível transformar Dragões em adoráveis passarinhos (bem que eu gostaria, teria me livrado de umas boas confusões), mesmo com muito esforço e dedicação de todas as partes.
                Então deixe-me contar uma história sobre Petúnia.
                No aniversário de oito anos de sua irmã mais nova, se inicia uma série de eventos inexplicáveis, quase sempre quando sua irmãzinha está muito feliz ou nervosa. Há algo de muito estranho e único nela. Você não entende, mas sente que há algo de bom naquilo, e gostaria muito de poder fazer as coisas que ela faz. Os anos se passam, nada acontece com você, mas sua irmã está cada vez mais desenvolvida na arte da magia. Não será possível que algo aconteça com você também? Se recolhendo em seu âmago, você decide que seria melhor recusar aquilo de uma vez por todas. E assim você o faz.
                Até que a carta chega. Ela não lhe deu a chance de mostrar que poderia ser boa naquilo. Você deveria ter essa chance. Então rouba o envelope com o endereço e, semanalmente, até a partida de sua irmã, envia por correio trouxa o que deveria ser um convite para ser testada e ter as mesmas chances que sua irmã.
                Não sei se você me entende, Lilian, mas foi mais fácil para sua irmã que ela acreditasse que suas cartas nunca chegaram ao destino original – em minhas mãos – como de fato chegaram. Uma negação de suas habilidades em tão prematuro estágio me pareceu um tanto cruel, e não tive a convicção que ajudaria em algo na época. Mas me é encarregado o dever de lhe contar pelo que passou sua irmã em segredo, por tantos anos, apenas para que não a vissem sofrendo.
                O que me resta é explicar por que, depois de tantos anos, lhe devolvo o pacote com as cartas de Petúnia. E a resposta me parece, ao mesmo tempo, simples, delicada e difícil de se entender. Por que era preciso.
                Era preciso que você soubesse sobre a irmã que você tem escondida nos olhos pesados que dizem lhe julgar, mas desejam ser como você.
                Preciso que soubesse como ela se sente antes que julguemos prematuramente.
                Era preciso que entendesse que, mesmo nos desafetos, vocês ainda teriam uma a outra para o suporte. Nos momentos difíceis da vida, é preciso saber que você tem e pode confiar em um irmão. Ou Irmã.
                E espero contar com a irmã que há em você, Lilian, para tomar a decisão correta em relação à Petúnia. Nenhuma briga é maior que a briga de irmãos. Mas nenhum consolo é maior também.

                                                                              Professor Albus Percival Wulfric Brian Dumbledore

                                                                               Diretor de Hogwarts
                P.S. Manterei comigo, porém, a última carta. Esta será útil a mim, tenho certeza. Em uma hora propícia, também será útil a senhorita.

                Me matava por dentro, depois de tantos anos, saber que minha irmã mentia para mim. E, pior que isso, sofria por minha causa. Meus pais leram comigo quase todas as cartas, e quando Petúnia percebeu do que se tratava, quase fugiu de casa.
                Sei que ela estava envergonhada, mas as duras palavras que ouvi vindo de minha própria irmã doeram mais que mil feitiços. Ela sofreu em silêncio por muito tempo, e agora precisava ser ouvida. Meus pais insistiram muito em uma resolução pacífica, mas Petúnia se recolheu pelas semanas finais das férias em seu quarto, aparecendo pouco e falando menos ainda. Não sei como haviam-na convencido a sair do quarto e entrar no mesmo carro que eu para minha vinha à Hogwarts.  
                -Lilian, você está me escutando?
                -O que? – Foco novamente a página do livro de Transfigurações que estava lendo, os pés aquecidos embaixo de uma coberta, em cima de um sofá no Salão Comunal. Amanhã seria final de semana, então estávamos enrolando noite adentro com uma conversa agradável entre amigos. Na roda estavam além de mim, Martha, Alice e Frank, todos me olhando com suspeita.
                -Você dormiu de olhos abertos ou o que? – Martha sorri.
                -Desculpe, estava voando. – Sorrio de volta, me ajeitando no sofá.
                -Perguntei se você quer chocolate quente. Tem um Elfo logo ali, posso pedir um. – Ela aponta para um canto da sala onde um elfo arrumava uma pilha de travesseiros.
                -Ah, claro. Quero sim. – Aceno positivamente. Um chocolate quente era uma boa pedida para afastar os pensamentos ruins. – Petit! – Sorrio e chamo pelo Elfo. Ele se vira e corre em nossa direção. – Querido, você pode trazer uns 4 chocolates quentes, por favor?
                -Sim, sim, Madame Evans. Lanchinhos também?
                - Por favor, Petit! – Frank concorda, rindo.
                -E pare de me chamar de Madame, Petit, já te disse. – Passo a mão pela cabeça do elfo, que acena e aparata para a cozinha. – Nunca vou me acostumar com esses elfos. Me sinto tão cruel dando ordens a essas criaturinhas tão fofas. – Digo a meus amigos.
                -Eles parecem gostar. – Martha dá de ombros, sorrindo. – E você mesmo fez questão de pesquisar sobre os Elfos de Hogwarts no terceiro ano para o trabalho de Defesa contra as Artes das Trevas.
                -Foi o melhor trabalho. – Alice acena positivamente, relembrando da minha pesquisa. – Até mesmo o professor disse que não sabia tanto assim sobre os Elfos!
                -Ele disse que não sabia sobre os elfos de Hogwarts tanto assim. – Acentuo. – Eu realmente parei para escuta-los, foi só isso. Eles são fascinantes! – Fecho meu pesado livro em cima do meu colo, e me viro para olhar Martha com mais firmeza. – E o seu trabalho também foi bom.
                -Já disse que temos que esquecer sobre isso. – Martha faz uma careta, e cruza os braços. Eu, Alice e Frank gargalhamos juntos, enquanto ela nos mandava parar. Petit trouxe os chocolates quentes e mil outras besteiras, as quais nós agradecemos milhares de vezes enquanto ele ia embora.
                -Nem foi tão ruim assim. – Frank beberica do chocolate quente, sorrindo.        
                -Aquele Furanzão idiota xingou o professor até que eu o calasse com um feitiço! – Martha se irrita consigo mesma, dando um tapa em sua testa. – Que bicho ridículo.
                -O minha Salamandra pegou fogo, lembra? Quase ateei fogo na calça do Sirius quando deixei o pote quebrar e ela correu. – Frank ri. – Mas o da Alice foi fofo.
                -Oh! – Alice cora, sorrindo. – Só falei sobre o meu Pufoso, o Toy. Ganhei quando tinha 6 anos, e ele nunca me mordeu. – Alice dá uma risadinha, pegando na mão de Frank. Eu e Martha nos entreolhamos, sorrindo afetuosamente. Eles são tão fofos.
                -Ah, e lembra o Potter? – Martha ri – Ele trouxe um Diabrete dentro de uma jaula, ele fez tanto barulho durante o tempo que esteve aqui!
                -Eu escutava o bicho gritando da minha cama! – Alice fez menção de tampar os ouvidos, como se ainda ouvisse o bichinho irritante.
                -Mas ele se esforçou. Ele sempre se esforça em Defesa contra as Artes das Trevas. É a matéria que ele mais gosta. Mas também.... Acho que é a única. – Sorrio.
                -Uau, não sei se fico irritado ou agradecido, ruivinha. Ganho um beijo de consolação se ficar zangado? – Escuto sua voz em meu ouvido antes de realmente saber que ele havia entrado no Salão. Thiago vinha acompanhado de Sirius, Pedro e Remo, rindo. Ele se apoia na cabeceira do sofá que eu estava deitada, me olhando. – E ai, pessoal!
                -Eu lembro que nesse trabalho pensei em levar um lobisomem. – Sirius ri, lançando um olhar divertido para Remo. – Mas não consegui nenhum que se candidatasse. Aí levei o Pelúcio do jardim lá de casa mesmo.
                -Nem me fale. Esse bicho achou meus galeões rapidinho. – Pedro cochicha, fazendo todos darem risadas abafadas. – Vocês riem agora, mas quando ele fugiu, todo mundo escondeu as coisas brilhantes no alto.
                -Só você que não foi alto o suficiente para isso. – Sirius bagunça os cabelos de Pedro com a ponta dos dedos, rindo. – E, em minha defesa, a culpa foi do Frank. Ainda estava tentando apagar o fogo da salamandra nos meus sapatos.
                -Já disse que foi um acidente. – Frank cora. – E, para falar a verdade, seu Pelúcio fugiu depois disso. Então, tecnicamente, a culpa ainda é sua.
                -Nada ganha o trabalho da Martha. – Thiago sorri, me lançando um olhar rápido. Sentada onde estou, finjo não perceber.
                -Já disse para esquecermos disso! – Martha faz outra careta, cuspindo o gole de chocolate quente que tomava. – Já passamos dessa fase.
                -Foi ótimo! Nem sabia que um Furanzão falava tantas frases assim! – Sirius ri, se jogando no sofá comigo. – Abre um espaço aí, Evans.
                - Doce como sempre, Sirius. – Sorrio ironicamente, puxando minhas pernas para abrir espaço. – Eu gostei muito desse projeto. Deu um trabalho enorme, mas pelo menos tivemos as férias de final de ano para nos preparar. – Sorrio para Remo, que entrava na roda e roubava alguns doces das tigelas que Petit havia trazido. – O seu foi muito bom.
                -Sabe quanto trabalho deu para a Fênix do Professor Dumbledore gostar de mim? – Ele sorri, os dentes vermelhos do doce que mastigava – Passei as férias inteiras indo diariamente naquele escritório. Vi quando ela explodiu em fogo pela milésima vez, eu acho, e renasceu. Acho que só depois que eu dormi lá pela terceira semana que ela permitiu que eu a tocasse. Foi cansativo!
                -Mas ainda hoje você leva comida para ela toda segunda. – Thiago sorri.
                 -E quartas livres. – Sirius cutuca suas costas com os dedos.
                -E Finais de semanas alternados – Pedro completa.
                -Vocês querem outra detenção? – Remo sacode a cabeça, fingindo indignação.
                -Achei uma abertura muito fraca para o Quinto Ano, se querem saber. – Martha sorri, apanhando um Tablete de Nugá com a ponta dos dedos.
                -Martha, não os estimule. – Aceno negativamente com a cabeça, bebericando meu chocolate quente. – Você sabe que isso é a única coisa que eles levam a sério.
                -Por isso mesmo! Como pode ser que isso seja a melhor coisa que vocês façam?
                -Não foi! – Sirius ri. – Só não quisemos dar muito trabalho aos novos Monitores dessa vez. Mas no próximo fim de semana vamos a Hogsmeade. Então.... – Ele faz uma pausa dramática, e logo em seguida um estampido de explosão.
                -Está vendo só? – Ergo a sobrancelha para Martha.
                -Não conte à Lilian nossos planos. – Thiago sorri – Ela vai estragar tudo.
                Ele tenta fazer um charme, mas como não estou no clima para aceitar indiretas, apenas reviro os olhos e penso na melhor maneira de deixa-lo desconfortável.
                -Bom, se só estrago as coisas mesmo, melhor eu me recolher. – Me ergo, apanhando meu livro de Transfiguração do chão.
                -Ei, Lilian! Ele só estava brincando! – Remo segura minha perna. – Fique!
                -Não, tenho mais coisas para estragar em outro lugar. – Me desgarro do aperto de Remo, dando alguns passos devagar, apoiando o copo pela metade de Chocolate quente em uma mesa.
                -Lilian! Eu estava...
                -Eu sei, Potter. – Lanço um olhar irônico para o rosto rubro de Thiago. Ele me olha com estupefata surpresa, o que me satisfaz. – E não se esqueça da sua detenção amanhã.
                E assim, me recolho em meu quarto, não para dormir, como gostaria. Mas para rodar ainda muito tempo por tudo que acontecia, voltas intermináveis de estragos dentro da minha cabeça.              



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