-Por mais que isso pareça besteira, Potter, eu não faço isso para ficar perto de você. Isso você pode ter certeza.
-Eu.... Eu não quis dizer isso.
-Acho bom você achar seus amigos, ou semana que vem nenhum de vocês vai para Hogsmeade comprar as suas preciosas porcarias. – Lilian se vira nos calcanhares em direção à Sala de Detenção, um livro grosso debaixo do braço. De costas, ela ainda parece irritada.
Não sei que tipo de magia eu executo com perfeição, mas sempre consigo deixa-la irritada comigo. Se valesse ponto, definitivamente essa não seria uma matéria que eu teria dificuldades. Na verdade, na matéria Como Irritar uma Garota (Especialmente Lilian Evans) eu tenho distinção como melhor aluno. Ela considera cada virgula de minhas frases e sempre sabe o que falar para me desarmar. Sempre. E eu fico com minha cara de imbecil esperando uma solução.
Saio da sala antes que ela me repreenda novamente, e vou em busca de meus amigos. Pedi que esperassem um pouco no pátio ao lado. Talvez eu desse sorte de conversar com Lilian um pouco. Não deveria ter pensado isso.
-Ué, já voltou? – Pedro franze o cenho, sem entender.
-Acho que a conversa não deu muito certo. – Sirius bate com discrição no ombro de Pedro, que indiscretamente solta um guincho. – Conseguiu mais alguma detenção para nós na semana que vem também?
-Não foi tão ruim assim. – Afirmo.
-Pelo menos isso. – Sirius sorri, passando um braço pelo meu pescoço e me arrasando de volta ao corredor. – Não fique tão triste. De nós, você é o segundo mais próximo de arranjar uma garota. Isso é algo bom.
-Segundo? – Sorrio, já esperando ouvir as implicâncias habituais.
-Claro! Eu definitivamente me saio melhor nas Artes Femininas. Você pode ficar em segundo. Pedro e Remo brigam pelo último lugar.
-Ei! – Pedro reclama atrás de nós.
-Não adianta argumentar contra meus cálculos. – Sirius ri. – Devíamos fazer uma aposta, sabem? Para comprovar minha elaborada Arte Feminina.
-Aposta? – Pedro se anima, já se aproximando de nós. Ele nunca vai aprender. Sempre perde e ainda aposta tudo o que tem. E o que não tem, às vezes.
-Sim. Vamos apostar. Quem conseguir um encontro para semana que vem, para Hogsmeade, e o encontro tem que ser bom, isso é um ponto importante, ganha.
-O que significa um “encontro bom”? – Faço uma careta, rindo.
-Tem que ser com uma garota legal, que nós tenhamos o conhecimento da existência. E ponto extra para quem descolar um beijo. – Sirius se anima, já traçado planos. Sorrio, imaginando o que ele está tramando.
-Isso não vai dar certo. – Pedro faz uma cara triste. – Acho que sua teoria se comprovou. Estou em último mesmo.
-Não desista! – Sirius cutuca Pedro, rindo. – Remo também está brigando pelo último lugar com você. Óbvio que eu e Thiago vamos brigar pelo primeiro lugar, mas vocês ainda têm chance!
Penso na aposta que Sirius nos propõe. Não parece algo difícil, já que grande parte das meninas me conhecem, e a Sirius também. Mas ainda assim, não consigo me imaginar levando ninguém a não ser Lilian. Isso mais me irrita que anima, por que sei que não vou conseguir nada com ela em uma semana. Não sei se conseguirei nada em um mês ou um ano! Imagine para semana que vem! Precisava fazer algo a respeito.
-Eu estou dentro. – Digo, fechando o acordo.
-Precisamos falar com Remo! – Sirius bate palmas, radiante.
-Ei, vocês! – Lilian aparece na porta da Sala de Detenção, logo à frente, as mãos no quadril. – Isso aqui é uma punição, ou uma festa? Vocês podem, por favor, entrar logo?
-Estamos indo, ruivinha! – Sirius ri.
Andamos devagar, nos olhando como comparsas de um crime. Sorrimos um para o outro, fechando definitivamente a aposta. Antes de entrar na sala, puxo Sirius para um lado e cochicho:
-Não a chame de ruivinha. – Só por precaução mesmo. Eu ia fazer alguma coisa sobre Lilian. E tinha que funcionar.
Já no final da manhã, depois de passar horas encarando o teto, eu havia chegado à conclusão que o melhor a fazer era me mostrar desejado e fazer o papel de sempre. Lilian sempre conseguia me tirar do sério. Mas se isso fosse funcionar, precisava ser o contrário.
-Ciúmes? Isso nunca funciona, Thiago. – Sirius se senta na extensa mesa de madeira, já observando as sobremesas do almoço. – E principalmente com Lilian.
-Que outra ideia você tem? – Apanho meu almoço com uma careta, olhando os cabelos ruivos de Lilian na outra ponta da mesa, sorrindo para um dos veteranos. Ela solta uma gargalhada e toca delicadamente no ombro do garoto. Deixo meu prato virar, e ervilhas rolam por toda a extensão da mesa.
-Ei! Preste atenção no que você está fazendo! – Sirius segura meu prato, devolvendo-o à mesa. – Não vai ser melecando a mesa toda que você vai chamar a atenção dela.
-Desculpe – Me sento devagar, lambendo meus dedos sujos de sopa. Espero que Sirius apanhe um pedaço enorme do porco que estava em minha frente, sentindo o cheiro não tão convidativo de carne malpassada. Desvio os olhos para uma apetitosa salada que se mostrava ao lado de Pedro. – O que você tem em mente?
-Se ele vai ajudar alguém, vai ter que ser a mim! – Pedro puxa a asa de um frango assado com um garfo, montando seu almoço.
-Não vou ajudar ninguém, seus idiotas. Também quero ganhar a aposta. – Sirius ri. – Por falar nisso, alguém viu Remo? A Noite de Lua dele já passou tem uma semana.
-O que tem isso? – Puxo a salada mais para perto, escolhendo algumas folhas. Fazemos uma pausa para esperar Sirius engolir as inúmeras fatias de carne que havia escolhido.
-Precisamos manter em silêncio nossas melhorias, para a próxima lua. Vamos fazer uma surpresa ao Aluado. – Sirius apanha um pedaço de pudim de chocolate, misturando o doce com o almoço meio comido que tinha no prato.
-Ainda não acredito que realmente consegui. – Pedro sorri, os dentes sujos de molho.
-Thiago também já se transfigurou completamente algumas vezes durante as férias. Eu consegui no final do semestre passado, antes das férias. – Sirius bate na mesa com as palmas das mãos, rindo. – Não contem para ele.
-Estou pegando a prática – Afirmo, cuspindo um pedaço de alface.
-Inclusive já está vivendo como deveria, a boca entupida de folhas. – Pedro ri, apanhando um cacho de uvas na tigela logo em frente. Reviro os olhos, sorrindo. Não havia pensado nisso, mas o gosto parecia melhor. O verde era muito mais atrativo que o vermelho das carnes sanguinolentas que Remo e Sirius tanto apreciavam. A salada ganhara muito prestigio durante as férias. Passaria a analisar os hábitos dos amigos e os seus para ver se algo assim se confirmava.
-Onde deveríamos marcar nossos encontros? – Pergunto, assim que consigo engolir o amontoado verde que eu mastigava.
-O de sempre. Três Vassouras. – Sirius solta um ganido baixo, que tomo como um arroto meio canino. Sorrio, pensando em um enorme cachorro preto arrotando. – Não podemos contar que é uma aposta, nem estragar os encontros alheios. Sem pegadinhas.
-O que? – Pedro ri, derrubando duas uvas no chão. Ergo uma sobrancelha em indagação silenciosa. – Sirius pedindo que não façamos pegadinhas em uma aposta. Tem algo de errado nisso.
- Com certeza. – Olho com desconfiança para meu amigo, que apenas sorri travessamente e mexe em seus cabelos rebeldes. – Muito bem. Mais alguma regra?
-Regra? Não estão pensando em pegar mais uma Detenção com Lilian, não é? – Remo senta ao lado de Pedro, apanhando uma uva de seus dedos roliços.
-Ainda bem que você chegou! – Sirius se vira com um entusiasmo renovado, sorrindo. – Vamos fazer uma aposta para....
-Apostas? Sirius, eu disse estritamente nenhuma aposta. – Remo revira os olhos, apanhando um prato limpo ao seu lado e começando a se servir.
- Não! Escute!
-Foi você que deu a ideia? – Ele puxa uma colher de dentro da Sopa de Ervilhas, apontando para mim com os olhos irônicos.
-Não! – Sorrio. – Só apoiei mesmo. E Pedro também! Não pode me culpar, somente.
- Mas Pedro aposta até mesmo a própria mão, se deixarem! – Remo puxa o punho direito de Pedro, fazendo um tracejado imaginário por seu punho. – Bem aqui. Pode cortar.
-Ei! – Pedro puxa o braço de volta, fazendo careta. – Eles acham que vamos perder, de qualquer forma.
-Vão deixar eu explicar para ele ou não?! – Sirius puxa mais um pedaço de Pudim, enfiando uma colher inteira dentro da boca.
-O que é desta vez? – Remo corta um pedaço vermelho de bife, lambendo os lábios.
-Vamos apostar um encontro. Quem conseguir um beijo até o final, ganha.
-E por que, pelas barbas de Merlin, eu apostaria isso? – Remo me olha novamente – Isso definitivamente foi ideia sua.
-Já disse que não foi – Rio. Apanho uma uva de Pedro que rolou até mim e arremesso no prato de Remo, bem em cima do molho. Ele faz uma expressão sarcástica, jogando a uva ao lado do prato.
-Não definimos o prêmio! – Pedro se estende até o prato de frutas novamente, apanhando uma pera. – O que eu vou ganhar quando vencer de vocês?
-Que tal.... Espera, você não vai ganhar. – Sirius ri, raspando o prato cheio de pudim. – Já sei. O vencedor, no próximo trabalho de Poções, vai estar isento de qualquer serviço. Os outros três têm que fazer o dever inteiro sozinhos.
-Apoiado! – Pedro acena repetidas vezes com a cabeça.
-Vocês estão malucos se acham que isso vai funcionar. – Remo bebericava um chá em seu copo, sorrindo.
-Não estou ouvindo uma negação de sua parte, caro Aluado. – Sirius pisca docilmente para Remo, sorrindo. Ele apenas revira os olhos, colocando o copo de volta à mesa.
-Se isso der errado, eu espero que vocês saibam que eu vou falar “ Eu avisei”. – Ele se limita a responder. Tomando como um sim, Sirius ri, dando tapinhas na mesa.
-A temporada de Hogsmeade começou! Façam suas apostas! – Pedro ri, esfregando o punho “tracejado” por Remo.
Minha aposta era que eu faria de tudo para ser notado por Lilian. Enquanto a última coisa que eu ouvisse dela fosse um “Não”, eu não iria descansar.
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