História Os Marotos (FINALIZADA) - Sirius - Jardins

                -Vocês realmente não prestam. – Remo se apoia no pé da árvore, descendo as costas devagar até atingir o chão. Deitado, ele puxa a varinha do bolso e coloca atrás da orelha.
                -Só vou fazer isso por que eles disseram que eu ficaria em último lugar. – Pedro nos olha com suspeita, esperando alguém o contradizer. Meramente sorrio, me deitando ao lado de Remo na sombra convidativa da árvore.
                -E quem vocês acham que vão conseguir convidar? – Remo pergunta, rindo.
                -Não duvide de nós. – Empurro sua cabeça para o lado, derrubando a varinha apoia em sua orelha. Ele franze a testa, ainda rindo. Não sei quem Remo ou Pedro pretendem levar, mas essa aposta foi a melhor coisa que eu poderia ter pensado. Vou ver o álibi perfeito para levar Martha até Hogsmeade, e mesmo que algum dos outros também consiga alguma coisa, vou poder convence-los que não foi nada mais que uma aposta. Já Martha, acharia que estava realmente sendo convidada para sair com o intuito de passar algum tempo comigo.
                -Thiago definitivamente vai chamar Lilian. – Remo acrescenta.
                -Não que ela vá aceitar. – Pedro ri, puxando um fio descosturado em seu casaco. Thiago lhe dá um empurrãozinho, e revira os olhos.
                -E quem vocês dois vão levar? – Thiago aponta para Remo e Pedro com o dedo, se sentando ao meu lado, mas no sol agradável da tarde.
                -Pedro está de olho em uma garota da Corvinal tem meses, desde antes das férias. – Remo denuncia-o, tirando os cabelos claros dos olhos – Inclusive acho que era onde ele estava quando sumiu no trem, na vinda para cá. Enchendo a menina de elogios.
                -Quem é ela? – Thiago se surpreende, abrindo os olhos castanhos até quase na extensão de seus enormes óculos redondos. Pedro tem um calafrio esquisito e se senta, as bochechas redondas vermelhas como morangos.
                -Não... Não digam.... Digam besteiras. – Ele gagueja, fazendo que nós três soltemos risadas abafadas. – Estava.... Resolvendo umas.... Umas coisas.
                -Acho que é aquela loira, Pandora. – Remo estende os braços até Pedro e dá um toquinho em seu braço – Ela tem aula de poções conosco.
                -Aquela garota? – Rio, lembrando das inúmeras vezes que havíamos esvaziado as masmorras por conta dela. Sempre inventando novas maneiras de atear fogo no caldeirão, explodir um Bandinho ou empestear tudo com o cheiro mórbido de qualquer combinação esquisita que pudesse estar fazendo. – Não me diga que ela ainda vai estar na nossa sala. Ela e Pedro juntos dariam um casal literalmente perigoso. Não poderíamos andar perto deles sem ficar com medo de explodir. – Todos começam a rir, até mesmo Pedro, ainda muito vermelho e sem fôlego.
                -Ela é interessante. Por que não nos contou que estava atrás dela? – Thiago finge estar irritado, cruzando os braços em frente ao peito e fazendo um biquinho. – Achei que éramos amigos, seu rato descabido.
                -Eu... Eu não contei por que.... Ela e eu, bem...
                -Deixo-o em paz – Remo ri, apanhando a varinha e rodando-a no ar. – E quanto a mim, não se preocupem. Estou em último, mas posso surpreender vocês.
                -Não conheço meus próprios amigos! – Thiago se encosta na árvore, atônito. – Todos vocês são traidores. – Ele se vira para mim – E você?
                -Eu? – Sorrio, passando a mão em meus cabelos negros. – Vocês verão.
                -Então todos vamos fazer surpresa. – Remo sorri, brincando com uma folha que sua varinha havia furado. – E que surpresa, então.
                Ficamos no sol até Pedro dormir e roncar muito alto, assustando uma família de pássaros na árvore e os fazendo piar irritantemente. Seguimos para o Salão Comunal, sonolentos, jogando-nos nas almofadas vermelhas macias, quase tropeçando nos pés um dos outros. Escuto Pedro voltar a dormir, Thiago se encolhendo no canto, perto da lareira apagada, e Remo colocar o braço por cima dos olhos, a boca levemente aberta.
                Ficamos assim pela tarde adentro, até mesmo acho que pego no sono eventualmente, jogado em um dos sofás espaçosos da sala, babando em meu braço. Acordo com o ruído da coruja de Lilian fugindo dos roncos de Pedro, e me pergunto por que os pássaros não gostavam de Pedro. Deveria ser o contrário, um rato ter medo dos pássaros. E novamente acordo quando a porta se abre, e elas entram. Lilian, Alice e Martha, o trio que mais andava unido dentro deste castelo. Fingi que dormia apenas para poder vê-las mais um pouco, os olhos entreabertos tão sutilmente que me esforçava até para saber quem estava perto.
                -O que esses garotos estão fazendo aqui? – Lilian sorri, chegando perto do sofá onde eu estava. – Olhe, Remo nem ao menos fecha a boca direto.
                -Sirius fica uma gracinha quando não está pensando besteiras – Martha se debruça nas costas do sofá, perto de minha cabeça, sorrindo também. Meu coração pula no peito. Imagino que se estaria escutando, estando tão perto. – Só não contem para ele que eu disse isso, ou ele vai pensar mais besteiras ainda.
                -Você devia convida-lo para ir em Hogsmeade no próximo fim de semana, se o acha tão fofinho. – Alice ri com uma das mãos em frente a boca, se aproximando. – Ele realmente é uma graça. Mas Thiago está mais fofo, dormindo que nem uma bolinha. Não acha, Lilian?
                -Claro, se você diz. – Lilian se desinteressa, não perdendo a chance de rodar os olhos com ironia para a amiga. Elas se afastam, rindo, em direção ao dormitório. Arrisco abrir os olhos só para ver enquanto elas sobem as escadas, os cabelos ruivos de Lilian descendo pelas costas em ondas flamejantes, e os cabelos negros de Martha em um coque esfacelado no alto da cabeça, com os brincos mais bonitos que eu já havia visto.
                Desde quando eu noto os brincos de alguém?