História Os mistérios da Lua - Capítulo XV

Eu acordei sozinha na cama olhei em volta e meu quarto estava todo arrumado e limpo. Não tinha nenhum Uchiha avista.

Sorri como uma adolescente apaixonada olhando para o teto, aqueles homens mexerem demais comigo em um curto espaço de tempo. 

Levante e cheguei no banheiro, olhando para o espelho notei que meu corpo possuía mais marcas do que antes da minha 'vingança' . É parece que o feitiço virou contra o feiticeiro.

Encontrei os três sentados tomando café e já vestidos, eles devem ter trago a roupa ontem quando passaram em casa. Os três estavam sérios e concentrados mas melhoraram as expressões quando me notaram.

- Bom dia. 

Me responderam de maneira distante. Algo estava errado com eles, e eu não tinha idéia do que poderia ser. Será que eles não gostaram de ontem?

Me servi e comecei a comer. O silêncio começou a me irritar muito, levantei para sair da mesa e Madara se pronunciou.

- Sakura, temos que conversar.

- Sobre?

- Ontem.

Eu nem esperei ele continuar, os rostos não me passavam nada e eu estava completamente perdida, então comecei a me desculpar, não queria ter chateado eles daquela forma. Eu só queria ensinar um pouco da arte do prazer a eles e acabei chateando todo mundo.

- Olha se vocês não gostaram eu não faço mais, eu não queria magoar ninguém...

Itachi se levantou e me abraçou por trás. 

- Você não magoou ninguém. Na verdade estamos com um pouco de medo, só isso.

- Medo de que?

Sasuke quem me repondeu.

- O que você fez ontem foi muito importante para todos nós e acreditamos que você não entenda isso da maneira que deveria.

- Me explica melhor.

Madara pareceu cauteloso em falar.

- Ontem meu anjo quando você deu prazer aos nossos corpos, perante nosso povo e a nossa natureza isso é o mesmo que nos aceitar. Até ontem nós tínhamos dormido com você buscando sempre te satisfazer, ontem foi diferente você fez aquilo por nós o que significa que você está pronta para o próximo passo.

- Olha gente essa conversa parece que vai ser longa e eu tenho que ligar para a Tsunade e ver como vamos fazer com as crianças. E então podemos continuar a noite, não é?

- Isso é uma das coisas que vai mudar. A professora que você está substituindo chegou no dia que a escola pegou fogo. Então teoricamente você está desempregada. 

- A senhora Tsunade não me comunicou nada, eu não sabia.

Itachi respondeu.

- É natural devido aos fatos, nós só ficamos sabendo porquê eu como médico examinei todas as crianças e encontrei com a Hanabi na casa dos Hyuuga.

- Já que estou desempregada, vou aproveitar o tempo livre para fazer as coisas que estão ficando pendentes. Meninos vocês querem algum coisa da farmácia?

Todos pareceram ficar atentos as minhas palavras. E Sasuke quem perguntou-me.

- O que você vai fazer na farmácia?

- Meu anticoncepcional acabou e eu tenho que ir comprar mais, e para garantir vou comprar uma pílula do dia seguinte.

O espanto no rosto deles parecia que eu havia cometido um crime. Itachi pacientemente me questionou.

- Sakura a quanto tempo você toma esse remédio?

- Desde a adolescência. Porquê?

- Olha na nossa cultura as mulheres não devem fazer uso desse tipo de medicamento, inclusive a pílula que você mencionou, eu particularmente duvido que seja vendida nessa cidade. 

- Itachi se é assim como vocês conseguem previnir a gravidez? 

- Então lembra que te dissemos que as crianças são difíceis de nascer,por conta disso não se previne. 

- Que absurdo, eu não quero ser mãe agora, e ai? A minha opinião não conta?

Sasuke foi quem me respondeu.

- Bem na verdade Sakura, eu acho que você não tem o que se preocupar. Afinal é muito difícil uma mulher engravidar e fora da lua cheia é praticamente impossível. 

- Tudo bem. Que seja.Mais alguma coisa que deva ser conversada?

Madara novamente pareceu relutante em falar.

- Temos um último assunto, e nem por isso menos importante. É a respeito do nosso casamento.

Confesso que isso me assustou bastante, não estou negando que um dia queria me casar mas não agora. Mesmo que casar com esses meninos pareça algo ótimo eu definitivamente não quero isso agora.

- Porque estamos falando disso agora? Nós conhecemos a muito pouco tempo e já estamos falando em filhos e em casamento. As coisas estão indo muito de presa.

- Eu te peço desculpas mas eu e meus irmãos somos preços pelas tradições da família.

- Qual tradição vem agora?

Sasuke quem me respondeu.

- É normal que o macho espere até o casamento para marcar a fêmea como sua. Mas por um erro nosso, acabamos por te marcar como nossa na primeira vez que transamos e agora infelizmente a responsabilidade sobre esse ato também recai sobre você. 

Itachi olhava para a floresta pela enorme janela da sala. 

- Sakura na nossa família não existe a hipótese da fêmea casar prenha e como não podemos usar métodos contraceptivos, isso significa que temos que nos casar antes que você acabe grávida.

Itachi sussurrou baixinho.

- Isso é, se já não estiver.

E pela terceira vez na mesma manhã Madara começou outro ponto importante da conversa. 

- Sakura no momento em que nos casarmos as coisas vão mudar. Primeiro eu vou assumir o lugar do meu pai na família e os meus irmãos vão me auxiliar, e você assumirá o lugar da minha mãe. Para que isso aconteça todos nós vamos ter que passar algum tempo aprendendo as nossas obrigações. Nós vamos nos mudar para uma casa perto das outras famílias, dormiremos no porão aonde é mais seguro, pelo menos durante o período de transição. Você não precisa vender a sua casa, pode ficar com ela.

Ele pareceu cansado daquela conversa. Mas minha cabeça estava tão cheia de dúvidas que eu me perdi em pensamentos.

- Olha eu não quero passar dias inteiros com a sua mãe me falando como eu devo me comportar, eu não quero sair da minha casa que eu demorei tanto para arrumar da maneira que eu queria. E principalmente, eu não quero tornar a sua mãe.

Quando eu ouvi o que tinha falado já não dava tempo de me arrepender. Tentei amenizar as minhas palavras, mas sei que magoei eles.

- É que eu acabei de me mudar e ainda tenho muitas coisas que gostaria de fazer antes de construir uma família assim, quando mais liderar ao lado de vocês toda essa gente estranha.

Madara permaneceu firme quando disse.

- Já que você não está disposta a aprender as nossas tradições, então tudo que nos resta é assumir sem você. 

-Se vocês têm essa opção porquê já não assumiram antes?

Foi Itachi quem me respondeu, ele parecia mais nervoso que antes. 

- Se assumirmos o lugar do nosso pai sem estar completamente e formalmente vinculados a nossa marcada não seremos considerados dignos do cargos. 

Sasuke interrompeu o gêmeo. 

- Meu pai já passou da hora de sair do cargo. Ser o líder da alcatéia trás muitos perigos e com a idade o risco aumenta muito. 

- Se eu aceitasse, o que teria que fazer?

Madara ficou nervoso, e saiu da mesa.

- Já entendemos que você não quer Sakura, não vamos te forçar a nada. - ele abaixou a cabeça. - Vamos irmãos, temos que conversar com o papai. 

Os gêmeos levantaram sem me olhar.

- Vocês fazem parecer fácil, mas esquecem que eu não conheço essa cultura. 

Sasuke perdeu completamente o controle.

- Fácil? Que parte parece fácil para você? Se tem alguém esquecendo alguma coisa aqui, é você. Nós tentamos o tempo todo não te mostrar o quão diferente você é perante os nossos costumes. E mesmo assim, você nunca se esforçou para nós ver como iguais. Sempre dando importância demais nas nossas diferenças. 

Nunca nenhum deles tinha gritado comigo antes. Abaixei a cabeça envergonhada, Sasuke estava certo. Eu sempre falo sobre as nossas diferenças mas nunca parei para pensar o que eles estavam enfrentando para ficar comigo. Me senti tão mal ao notar que todos eles deveriam estar enfrentando um inferno em casa, e talvez fosse por esse motivo que eles quiseram vir morar comigo. 

Me senti envergonhada, triste é bastante chateada. 

- Vocês quebraram a sua promessa?

Itachi agora estava mais intrigado do que nervoso. 

- Que promessa?

- Prometeram nunca me deixar. No entanto estão indo embora.

Nos olhos de Madara eu pude sentir a sua dor.

- Você não nos deixa opção. 

- Eu não quero ficar sozinha. 

Os três se entre olharam e Sasuke mais calmo me respondeu. 

- Não podemos escolher entre a vida dos nossos pais e você. 

Agora eu realmente não sabia o que fazer, nunca passei por uma situação assim. Não tenho os meus pais a tanto tempo, que não consigo entender esse sentimento. Pensando por outro lado, eu tenho o meu irmão e se alguma coisa acontecesse com ele, eu provavelmente iria querer morrer. 

Novamente o Sasuke estava certo, eu não poderia obriga-los a fazer uma escolha assim. 

Até agora os meninos pensaram muito em mim, fui egoísta em não fazer o mesmo.

Minoko Uchiha não iria ser um problema se eu não deixasse. Eu não quero perder os meus anjos guardiões, e não vou abrir mão deles assim tão fácil.

A senhora Uchiha que se cuide que por esses meninos eu passo por qualquer coisa. 

Ainda com a cabeça baixa eu sussurrei.

- Eu posso tentar.

Não olhei em direção a porta e pelo silêncio da sala pensei que eles não estavam mais aqui.

Escutei a porta sendo fechada e quis chorar. 

Eu tinha acabado de perder os meus anjos, o sentimento ruim que inundou meu coração fez com que as lágrimas de tristeza e solidão escorressem pelo meu rosto livremente. 

Por conta de uma besteira eu havia perdido os homens que me fizeram mais feliz em algumas semanas do que eu me senti a vida toda.

Quis chorar ainda mais.

Algo me impediu. 

Os abraços quentes e famíliares me envolveram e fizeram os sentimentos ruins serem expulsos do meu peito.

Itachi voltou a ser o brincalhão de sempre, e enquanto cheirava o meu pescoço perguntou. 

- Qual o motivo de todo esse choro?

- Eu pensei que vocês tivessem ido embora. 

Madara beijou a minha testa e sorriu.

- E para aonde iríamos, nós moramos aqui.

Tentei rir da piada mas não consegui, a sombra do medo de ficar sozinha ainda estava na minha mente. E isso me fez chorar ainda mais.

Os rapazes pareceram desesperados com o meu choro que não parava. Eles começaram a falar todos juntos na tentativa de me acalmar. 

- Calma meu amor, estamos aqui e não vamos a lugar nenhum sem você. 

- Para de chorar Sakura.

- Você não tem motivo para isso. 

Será que eu tinha ouvido bem? Eles me chamaram de amor?

Então finalmente me abri com eles. 

- Eu fiquei com medo. 

- Medo de que? - Madara perguntou.

- De ficar sozinha. Eu nunca senti medo assim, mas desde que conheci vocês. O medo da solidão ficou cada vez mais forte em mim.

Itachi que me ajudou a entender.

- Isso é normal. Esse medo só confirma que estamos ligados um aos outros. Você não pode e também não quer ficar sem a nossa presença, assim como nós também não querermos e nem podemos.

Demorei um bom tempo para conseguir parar de chorar. Madara ainda parecia tenso com alguma coisa. 

- O que você tem Madara?

- É que você Sakura decidiu tentar, então nós temos que seguir o plano inicial e irmos falar com os meus pais.

Eu tinha me esquecido disso. Sorri da melhor maneira que consegui e vi os meninos relaxarem. 

- Tudo bem, espera um minuto que eu vou tomar um banho e vou encarar a cobra... Digo... A sogra.

Não esperei a resposta de ninguém, segui para o banheiro onde relaxei o máximo que pude durante o banho.

Coloquei uma roupa que me deixasse confortável, na atual situação que eu me encontrava era melhor que eu desfrutasse de todo o conforto possível. Escolhi uma blusa clara é uma calça jeans e sapatilha, demorei o máximo de tempo possível penteando o meu cabelo. 

Uma última respirada e sai do closet, segui pelo corredor e comecei a ficar muito nervosa. 

Entramos no carro em silêncio, ninguém tinha coragem de falar nada, eu estava muito nervosa e os meninos não pareciam melhor. 

Atravessamos a cidade para chegar na casa dos Uchiha, uma casa grande, de dois andares, várias janelas, um jardim grande e muito bem decorado. Aquela casa parecia muito pouco com as demais da cidade. 

Passamos pelos portões de ferro negro e chegamos até a garagem. 

Antes de chegarmos na porta a senhora Uchira abriu a porta para nos receber. Sorri e tentei parecer o mais simpática o possível. 

Ainda no hall a senhora Uchiha me separou dos meninos. Eles seguiram com o pai rumo ao segundo andar. 

Minoko não falou nada e eu a segui, chegamos em uma cozinha enorme, bem organizada e extremamente moderna. 

Sem falar nenhuma palavra a senhora Uchiha pegou no armário uma chaleira e encheu de água e colocou no fogão. Não demorou muito para o chá ficar pronto, ela nos serviu, aquilo foi muito estranho.

- A senhora está diferente hoje. 

- Sabe Sakura eu aceitei a sua chegada. 

- Como assim?

- Quando eu vi você chegando na festa com os meus filhos, de certa maneira foi chocante. - ela bebeu um pouco do chá e pareceu reunir coragem para voltar a falar. - Na nossa comunidade as mulheres costumam seguir alguns padrões, e claramente você não está dentro desse modelo. E quando chegou na festa dos Uzumaki com os meus filhos, eu me senti ameaçada. A verdade é que os padrões não importam se meus  filhos te aceitarem e se você os aceitar. Eu pude ver isso hoje quando vocês se olharam na garagem. Sakura você representa o fim meu tempo como matriarca da família Uchiha. Demorei algum tempo para aceitar isso, e agora eu percebi que o meu dever é te preparar para assumir o meu lugar.

A senhora Uchiha estava completamente diferente agora, muito mais receptiva a mim. Eu estava estranhando essa atividade, mesmo assim eu tentei fazer o mesmo com ela. 

- Senhora Uchiha, eu gostaria de te pedir um favor.

- Se eu puder ajudar.

- Gostaria que a senhora falasse sobre as cestas. As crianças contam muitas histórias e eu estou bastante curiosa. 

Eu acabei o meu chá e ela o dela, a senhora Uchiha recolheu as xícaras e se sentou ao meu lado.

- Tudo bem, a história sobre as cestas é muito importante em nossa tradição. Acontece quando uma mulher começa a sonhar com a Deusa Lua depois de encontrar o seu marcado, para cada uma ela entrega de uma forma diferente. Comigo eu sonhava sempre com uma floresta e um fio de prata me levava até a minha cesta.

Na nossa cultura quando uma mulher sonha algo assim indica que em um futuro próximo essa ficará grávida, o que é visto como uma benção para todos nós.

- Os rapazes comentaram comigo que é praticamente impossível uma mulher engravidar fora da lua cheia, porquê?

- Simples, as fêmeas na lua cheia estão no cio, ou seja, é um período fértil universal. Todos sofremos o efeito da lua cheia, machos e fêmeas. Os meninos afirmaram isso para você,porque simplesmente só uma sacerdotisa pode engravidar em qualquer período. E a última que tivemos na cidade morreu a muitos anos. 

- Entendo, realmente acho que a senhora tem muito a me ensinar. 

Ouvimos barulho na direção das escadas e encontrei os meninos com o pai, todos estavam serios e no momento que o senhor Uchiha me olhou um frio passou pela minha espinha. 

- Sakura eu gostaria de te parabenizar pelo casamento. Creio eu que os meus filhos já te adiantaram alguns detalhes, Minoko poderá providenciar a mudança de vocês para a casa próxima.

Não respondi e nem tive tempo, ele simplesmente se virou e saiu. 

Minoko tentou ser gentil e nos levou até o carro. 

Em casa todo mundo parecia perdido em seu próprio universo. 

 Até que Madara avisou que estaria a plantão na delegacia. Itachi tiraria plantão no hospital. Sasuke mesmo liberado dos seus serviços de policial, ainda era sócio do Naruto no bar então resolveu dar uma passada por lá. 

Finalmente sozinha com os meus pensamentos eu pude tomar um banho gostoso e ainda nua segui para o porão. 

Peguei alguns livros para ler, e sem perceber acabei dormindo por lá. 

Meus pesadelos voltaram cruéis nessa noite, e o que mais se assustou foi que, diferente dos outros esses não eram frutos da minha memória. 

Uma tempestade se aproximava e eu nada poderia fazer para evita-la.