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História "Os opostos se atraem?" - Livro 2 - I just...



Capítulo 11 - I just...


Eu parei de respirar.

Se concentra, Melissa! Olhei para os lados, todos me encaravam. Tá, tudo bem. Relaxa.

  - Transfiram ele para o quarto 508. Injetem soro na veia, e me deem a ficha dele, vou transcrever uma dieta que quero que ele receba por uma semana aqui. Supervisão a cada duas horas, começando às 21:00hrs de hoje. É tudo.

Joguei as luvas no lixo ao sair da sala de cirurgia. Fui para onde fica a minha sala pessoal, pensando que quem teria que fazer a supervisão nele seria eu, já que meu plantão foi transferido para hoje à noite.

A sessão de tortura começaria dali a uma hora e meia.

Antes que ele pudesse ser entregue ao quarto, fui até o mesmo e peguei a prancheta com os papéis pertencentes a ele. Provavelmente, seu RG estava em sua carteira, que nunca saía de seu bolso. Devem ter pegado os dados de lá.

Nome, idade, endereço, RG, CPF.

Vinte e sete anos. Como o tempo passou tão rápido?

A parte de "dieta" da folha estava em branco, mas eu rapidamente a preenchi com todos os sucos de fruta e todas as comidas mais líquidas possíveis que me vieram à cabeça. Muita água. Era isso que ele ia precisar para deixar seu fígado bom novamente. A partir do 5º dia, coloquei comidas um pouco mais sólidas. Ninguém merecia ter que ficar tomando sopa por uma semana.

Apertei o botão que chamava a enfermeira, e quando ela veio, a entreguei a prancheta, deixando uma cópia da ficha de Gabriel no "recipiente" colado ao pé da cama, próprio para isso.

Depois disso, saí. Eu tinha pelo menos mais uma hora de sossego até que o viesse ver pela primeira vez na noite. E isso, me lembrei,  aconteceria até de manhã. Voltei para minha sala, pendurei o jaleco em uma espécie de cabide com pés que havia lá. Meu estetoscópio ainda estava em cima da escrivaninha. Que estranho.

Lá dentro havia uma máquina de porte médio onde eu podia escolher entre café, cappuccino e achocolatado.

Um cappuccino talvez fizesse meu sono ir embora e ajudasse minha cabeça a trabalhar melhor. Com a xícara em mãos, voltei a sentar-me na mesa. A cabeça a mil por hora. O enterro da mãe de Gabriel nem parecia ter sido no começo desta tarde, mas sim dias atrás. A adrenalina dentro daquela sala de cirurgia acabou com meu relógio interno. Se as horas não estivessem sido mostradas no visor do meu celular, eu poderia jurar que já era o dia seguinte. Ou a noite seguinte do dia seguinte.

Confusa. Era assim que minha cabeça estava. Que a minha vida estava. Ironia do destino eu encontrar o garoto que mais amei no lugar onde mais amo? Queria dizer alguma coisa? Eu devia fazer alguma coisa? Esse tal de destino existe?

Se existir, algo que eu não sei fazer é lidar com ele.

Meu celular apitou. Ele estava dentro da bolsa. Como ela havia vindo parar aqui? Eu provavelmente devo ter pedido para alguém trazer. O episódio na sala de cirurgia não havia afetado comente o tempo, havia afetado minha memória. Tudo o que não era importante foi descartado.

Eu havia dito a Brunna que Vinícius levaria as crianças para lá? Acho que não. Ou talvez sim... Não sei.

Peguei o aparelho. Era uma mensagem. Renato.

  " Oi, amor. Acabei de passar na sua casa para te dar um oi, mas Brunna estava lá e quase que eu beijo ela! Manda ela mudar a cor do cabelo,  vocês se parecem muito (e ela não ligaria de pintar o cabelo de roxo, só pra constar). Está no hospital?" - 20:39

"Sim. Plantão de última hora. Se quiser dormir em casa, pode. Bella vai gostar. Apesar que acho que ela não vai dar muita bola para você com a Brunna e as meninas lá. KKKK Volto amanhã cedo" - 20:40

"Fala, sério, Bella nem gosta de mim!" - 20:40

"Claro que gosta, ela só não demonstra isso. Emoções não são muito a praia dela" - 20:41

"Tá, vou fingir que acredito KKKK ela ainda vai gostar de mim, você vai ver." - 20:45

"KKKK Boa noite, Rê" - 20:46

"Boa noite, Mel" - 20:50

Guardei o celular. Não, Bella não gostava do Renato. Ela o odiava com todas as foras que uma garotinha de nove anos é capaz de ter para odiar alguém. Agora, o motivo, eu não faço a mínima ideia.

Sorri. Gabriel sempre odiou Renato. Será que essa característica passou a fazer parte do seu DNA e passou para Bella?

Impossível. Mas engraçado.

Dada a hora, me levantei e fui até o quarto 508. Será que eu devia bater na porta? E se ele estivesse acordado? E se estivesse dormindo e eu acordá-lo?

Entrei silenciosamente e fechei a porta atrás de mim. Ele estava com a bata do hospital, pude perceber, mas havia uma coberta o cobrindo da cintura para baixo. Sua cabeça estava mais  virada para o seu lado direito; dormia.

Cheguei mais perto. O soro pingava corretamente. Respiração normal. Quadro estável. Tá, tudo bem. Seu rosto estava calmo. Barba rala, cabelos maiores. Ele estava maior. Corpo mais forte. Mais seguro de si. Mais lind... Chega.

Saí de lá e repeti o procedimento mais quatro vezes. Na quinta vez, às 7:00  da manhã, tomei um susto ao vê-lo com a cama mais inclinada, acordado, olhando para porta como se estivesse me esperando.

Respirei fundo. Ele fixou seu olhar em mim. Parecia incrédulo. Fechei a porta segurando a maçaneta com força para evitar a tremedeira, mas eu sabia que não ia adiantar.

Andei até a beirada da cama, peguei sua ficha e fingi que a estava lendo.

  - Quase entrou em coma alcoólico - falei - Realmente não quero saber os motivos de ter se embebedado até quase morrer.

  - Um deles está na minha frente. - ele disso seco.

 Eu o ignorei. Ele odiava ser ignorado. Continuei escrevendo coisas aleatórias na prancheta, tentando esquecer o que ele havia acabado de falar.

  - Ficou estável a noite toda. Não teve mudanças. Da próxima vez que quiser se matar, procure algo que não me faça desistir de ficar com minha filha durante a noite toda - falei e levantei a cabeça para o encarar.

Ele pareceu ter tomado um tapa, mas se recompôs.

  - Vou pensar nisso da próxima vez.

  - Acho bom não ter próxima vez. Seu fígado está comprometido. Mais um deslize desses e terá que tirar um pedaço dele, ou passar por um transplante.

Eu realmente parecia uma profissional na sua frente e me orgulhei disso, pois o que eu realmente queria fazer era abraçá-lo.

  - Mais alguma coisa? - ele ergueu a sobrancelha direita. FDP.

  - Na verdade, sim. Por quatro dias você vai tomar muita coisa líquida, então não banque o engraçadinho por esses dias. Quando sair daqui, sem bebidas alcoólicas até seu fígado se recuperar.

  - Vai ficar me vigiando para eu não beber? - ele cruzou os braços.

  - Não. Faz o que você quiser. O recado está dado. - virei as costas.

  - Espera, Melissa!

Abri a porta e parei.

  - Eu só... - ele começou, mas fechei a porta atrás de mim antes que pudesse ouvir o resto.


Notas Finais


TRETA TRETA TRETA TRETA TRETA TRETA TRETA TR..

OI

COMENTEM OQ ACHARAM! PLEASE! GOSTARAM DA TRETA?
PRETENDO POR MAIS! MUAHAHA


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