História "Os opostos se atraem?" - Livro 2 - Kiss soon!

Meu queixo caiu. Eu fiquei sem reação ao ouvi-la falar aquilo, então ela estava atrás da porta o tempo todo?

  - Bella.. - falei de novo. Mas eu não tinha o que falar, então, assim nomo na primeira vez deixei a frase ser morta no meio.

Gabriel se aproximou dela devagar, e ela fez menção em se afastar, mas permaneceu onde estava, olhando desconfiada para nós.

Olhei para Gabriel e acertei os óculos no rosto.

  - Está na hora daquela conversa - falei para ele, que apenas assentiu - Vamos, Bella. Tem umas coisas que você precisa saber.

Ao entrarmos, fechei a porta atrás de mim, cogitando em encurtar a história, dizendo a ela que iríamos contar, que o reencontro com Gabriel havia sido proposital, que ele esteve viajando por todo esse tempo e que se aproximou agora para conhecê-la e estabelecer amizade.

Bella era nova demais para entender tudo, mas desconsiderei a história falsa ao me lembrar de que de boba ela não tinha nada, e era mais madura que as garotas normais de 10 anos que eu já havia conhecido. Ela entendia as coisas com facilidade, o que fazia com que ela fizesse perguntas complexas demais, mas isso até que era bom.

Papai Noel e Coelho da Páscoa não existiam mais em seu mundo desde os 7 anos.

Puxei-a delicadamente para se sentar entre Gabriel e eu, e ela se aninhou a mim, ainda olhando desconfiada para ele.

  - Bella, eu conheci sua mãe na escola - Gabriel começou, para a minha surpresa - Ela era uma cabeça dura, mas... eu me apaixonei por ela mais um menos um mês depois que nos conhecemos. 

Uma coisa que Bella adorava era histórias de amor.

  - E aí? - ela perguntou baixo.

  Gabriel me deu uma olhada antes de continuar:

  - A gente brigava muito  - ele disse - Todos os dias, praticamente. Mas não dava para simplesmente terminar com ela. - ele sorriu fraco - Até que um dia...

  - Até que um dia, Gabriel teve que viajar. - falei e o olhei, evitando que contasse a parte da cadeia. Bella voltou sua atenção para mim. E eu já estava grávida de você, mas não deu tempo de contar a ele antes que ele fosse embora. 

  - E você nunca mais voltou? - Bella perguntou a ele.

  - Eu não podia voltar. - ele disse - Mas quando eu pude, eu voltei. E encontrei sua mãe no hospital.

  - O que você estava fazendo no hospital? - ela perguntou com uma sobrancelha arqueada. A mania escrita dele.

  - Ele comeu alguma coisa que não fez bem, e ele estava muito mal. Me chamaram de última hora, e foi aí que eu vi que era ele lá.

  - E aí? - ela parecia mais animada.

  - Brigamos de novo - ele respondeu, rindo e Bella soltou uma risada.

  - E depois?

  - Depois, - continuei - começamos a conversar de novo. E eu contei a ele sobre você.

  - Quando?

  - Faz meia hora. - ele respondeu.

  - E você quer ser meu pai? - ela perguntou.

A sinceridade dela às vezes me assustava, assim como seu modo de falar tudo o que pensava.

  - Sim - ele respondeu - Se você deixar.

  - Eu gosto de você.

Pressionei os lábios, segurando um sorriso e tentando evitar as lágrimas que se formavam em meus olhos.

Quando olhei para Gabriel, ele estava no mesmo estado que eu.

  - Vocês vão chorar? - Bella perguntou, alternando o olhar entre eu e ele.

  - Não - ele falou e suspirou. Segurei um sorriso - Eu não choro.

  - Não... - ri e rolei os olhos.

  - Shhhh - Gabriel colocou o indicador na frente dos lábios para mim e eu assenti.

Ele detestava chorar.

  - Ainda quer ir tomar sorvete comigo amanhã? - ele perguntou a ela.

  - Sim! - um sorriso radiante se abriu em seu rosto - E você vai me contar mais coisas sobre a mamãe!

  - Tipo o que?

  - Se ela fazia merda.

  - Bella, olha a boca!

  - Qual é, claro que fazia! - Gabriel riu - Muitas.

  - Claro que não! Não comece, Marques! - falei rindo.

  - Não comecei nada, senhorita Simoniano Monteiro! Só falo a verdade.

  - Bella, não dê ouvidos a ele! - eu comecei a rir, e ela se levantou do sofá, em direção às escadas.

  - Onde vai, Bella? - Gabriel perguntou meio preocupado. Será que havíamos falado algo que a chateou?

 Mas ela abriu um sorriso.

  - Se beijem logo. - disse e subiu as escadas.

Eu olhei estupefata para Gabriel.

  - Nem precisa de DNA... - falei baixo.

  - Vou tomar isso como um elogio - ele falou.

Então nos beijamos.