História "Os opostos se atraem?" - Livro 2 - Be a dad

  – Mãe, mãe!!! – Bella desceu a escada correndo uns 5 minutos depois que havia subido, mas Gabriel não estava muito a fim de parar o beijo – Pai!

Gabriel soltou uma risada e se afastou de mim enquanto Bella vinha animada até nós.

– A Xofa acabou de me ligar! Ela disse assim que eles foram muito cedo para a casa da vó dela e chegaram agora, então ela me chamou para ir lá! Me leva?

Precisei de um segundo para captar que Xofa era um dos 79 apelidos da Giovanna.

– Os pais dela deixaram? Eles acabaram de voltar de viagem...

– O tio Vinícius e a tia Alice são legais.

– Mas espera, Bella... Amanhã é... - parei de falar.

Eu havia perdido completamente a noção do tempo! Hoje já era quarta-feira e o aniversário de Bella seria amanhã, eu pensava que hoje ainda era terça!

– Amanhã é seu aniversário, Bella! – eu falei e Gabriel me olhou curioso – Como você vai dormir lá, tomar sorvete com o Gabriel e chegar aqui antes do almoço?

– Por que antes do almoço? – ela perguntou confusa.

– Porque a família vai vir... Deus, eu não te falei?!

– Não.

Esse mês com o Gabriel foi tão dinâmico e passou tão rápido que eu perdi a noção dos dias, pensei ter dito à Bella que a família e amigos virão amanhã, e pensei que o amanhã nem era amanhã! Combinamos tantas coisas para fazer na quarta e na quinta, e agora não haveria a "quarta- feira". Pelo menos, boa parte dela já se foi.

Gabriel percebeu que eu estava preocupada.

– Melissa, e se a Bella fosse para a casa da... De quem mesmo?

– Da Giovanna – eu ri.

– Da Giovanna, amanhã de manhã, ela vinha para esse almoço na mesma hora que a Giovanna vier. Ela vai virar, não é? – ele perguntou e eu assenti – Depois do almoço, você me liga, e eu venho buscar ela quando todos já tiverem ido embora, e vamos tomar sorvete.

– Você não vai vir para o almoço? – ela perguntou e eu engoli em seco.

– Acho que não, Bella – ele disse e me olhou – É melhor você ficar com eles, e depois vamos ter um tempo só nosso – ela se sentou do lado dele com a cabeça baixa – O que acha?

– Queria que eles conhecessem você...

– Mas eles já me conhecem, Bella. – ele respondeu – Todos eles. Menos a família da Giovanna.

"E da Gabi" – acrescentei mentalmente.

– A vovó e o vovô te conhecem? – ela levantou a cabeça e perguntou, olhando para ele e para mim.

– Sim. Eu namorava sua mãe, esqueceu? – ele abriu um pequeno sorriso e Bella fez o mesmo – Mas eu acabei de voltar, Bella. E eles nem sabem disso, não vão entender nada se me virem aqui. Primeiro eles tinham que saber que voltei, que mudei, e depois eu os encontro.

Ele falava com palavras simples, de um jeito simples, como se realmente estivesse falando com uma criança, dando atenção e não desviando seu olhar dela por um momento sequer.

– Tudo bem... – ela falou – Jura que vai comigo amanhã na sorveteria?

– Por que não iria? – ele sorriu.

– Não sei... Mas, tá bom. Vai com a mamãe me levar, então? Na casa da Xofa?

Gabriel pareceu pensar um pouco, mas por fim, disse:

- Tudo bem, eu vou.

Bella abriu um sorriso e deu um beijo no rosto dele antes de subir correndo para o quarto arrumar as coisas.

Apesar de ser quarta-feira, ela não iria à escola nem quinta e nem sexta. Eu a havia deixado faltar por ser aniversário e depois a típica frase "Mas depois é sexta" ficou tagarelando na minha cabeça por uma semana, então eu cedi. Gabi e Giovanna fizeram exatamente a mesma coisa com os pais, mas com uma dose um pouco maior de "Deixa eu faltar", então as 3 combinaram de não ir à escola.

Claro que eu, e os pais das meninas só ficamos sabendo depois que elas haviam combinado.

Eu e Gabriel fomos até a porta, esperar Bella. O carro estava na rua.

– Não quer vir mesmo? – eu perguntei.

– Não, está tudo bem. É melhor não aparecer agora para eles. Tudo aconteceu rápido demais e eu não faço ideia de como seus pais vão me olhar depois disso - ele deu de ombros. Sua camiseta preta estava com o nome de uma banda escrita, que não consegui decifrar pelas letras retorcidas.

Era o tipo de camiseta que ele sempre usou.

Porra, Gabriel.

– Olha... Nós nunca falamos muito de você depois que... Bom, depois do veredicto do juíz. Meus pais provavelmente conversaram, mas eu não falava sobre isso com nenhum dos dois.

– Provavelmente, você nem tinha o que falar. Acho que nem eu tenho, até hoje. - ele deu de ombros novamente.

Eu fiquei quieta.

Bella desceu com uma mochila nas costas e finalmente saímos de casa. Qual vai ser a reação do Vinícius ao ver Gabriel bem ali no carro comigo?

Talvez eu não precise apresentá-lo, eu poderia deixar Bella, acenar e ir embora...

Pensei em várias possibilidades, mas quando vi, já havíamos chegado e Giovanna nos esperava na porta.

– XOFA, OLHA MEU PAI! – Nem tive tempo de estacionar o carro, Bella já saiu dele gritando com a mochila nas costas.

Giovanna olhou para Gabriel e riu.

– Você parece com ela. – acho que Gabriel demorou um tempo para entender que Giovanna estava falando com ele.

– Eu acho que é normal pais se parecerem com filhos.

– Você é bonito – ela falou e eu desatei a rir – Vamos, Bella. Tchau, tia Melissa, tchau, pai da Bella!

– Tchau. – dissemos em uníssono.

Talvez a coisa toda não tenha sido tão estranha assim.

Um formigamento na barriga me pegou de surpresa quando um pensamento repentino me veio à cabeça.

Agora, Gabriel teria que aprender a ser pai.