- Eu posso ficar com ele, né, mãe? - Bella perguntou - Diz que sim diz que sim diz que sim dizquesimDIZQUESIM
- Pode- olhei para Gabriel - Pode, Bella. Mas você vai cuidar.
- Tá bom! - ela pegou o filhote da caixa e deu um abraço em Gabriel. - É fêmea?
Ele assentiu.
- Dá um nome para ela.
- Luka - Bella disse - Eu gosto desse nome.
- Então, Luka - falei
Luka se aninhou no peito de Bella e fechou os olhinhos.
- Ela é muito fofa!!! Deixa eu levar ela pra sorveteria??????
- Ficou doida, Bella? - falei - Ela nem tomou as vacinas que precisam, pode pegar uma doença se sair. Deixa ela aqui, ela não vai fugir - eu ri.
- Tá. - rolou os olhos - TIA BRUH VEM VER MINHA CACHORRINHA!
Brunna já chegou na sala rindo. Bella gritava muito sem necessidade.
- Que bolinha de pelos é essa?
- Meu pai me deu! Chama Luka.
- Luka? Coloca um nome mais fashion! Nina!
- Quando você casar com o tio Nathan e tiver uma cachorrinha, coloca o nome dela de Nina! A minha é Luka.
Segurei o riso e olhei para Bruh de um jeito "aprendeu com o pai" e dei de ombros.
- Então, vamos, Bella? - Gabriel perguntou - Senão vamos chegar lá quando fechar - riu.
- Vamos. Toma, mãe - ela deu Luka em minhas mãos e me deu um beijo de tchau - Tchau, tia Bruh! Não assassina minha cachorrinha!
- Vou pensar... - ela respondeu esfregando as mãos tipo "sai logo pra eu colocar a cachorra na panela" e Bella mostrou a língua, e saiu com Gabriel.
~Gabriel
- Gostou do presente? - perguntei quando já estávamos no carro.
- Eu adorei! Achei que mamãe ia surtar, mas até que ela reagiu bem...
Como pode? Ela tem 10 anos e acabou de falar como se fosse uma médica dando instruções ao paciente.
Claramente era minha filha.
"Minha filha". - ri - ainda é estranho pensar assim.
- Você vai me contar tudo, né? - ela perguntou assim que estacionei o carro.
- Tudo o que? - a olhei.
- Tudo, oras. Em 10 anos, não é possível que tudo o que aconteceu com vocês foi só aquilo que me contaram na sala!
É, Melissa, ela nos pegou!, pensei.
- Só se você não contar para sua mãe.
- Feito.
Sorri e entramos.
Uma mulher de meia-idade nos atendeu. Rosária era o nome dela, depois que Bella pegou todas as 78 bolas de sorvete (4), nos sentamos em uma das mesas.
- Pode começar. - ela falou.
- O que você quer saber?
- O que você achou da mamãe a primeira vez que viu ela?
Nossa, por que ela quer saber isso? Era meu primeiro contato direto com Bella como pai e filha, não ia decepcioná-la. Vamos à história.
- Bom, a primeira vez que eu vi sua mãe foi na escola. Eu estava ouvindo música, e ela veio me perguntar onde era a sala dela. Era nova na escola.
- E você respondeu?
- No começo não. Eu estava de mal humor e não queria falar com ninguém.
- E o que ela fez?
- Brigou comigo - eu ri - Falou tão rápido que quase não entendi, mas por fim eu apontei a porta que estava atrás dela.
- Nossa, que burra minha mãe era! - ela gargalhou.
- Um pouco, mas não tanto. Até que era espertinha.
- E depois?
- Eu matei a primeira aula, e entrei na segunda, depois briguei com o professor de história.
- Odeio história! - ela rolou os olhos.
- Depois de uns dias, sua mãe veio falar comigo de novo. Ela teve que arrancar o fone da minha orelha para eu olhar para ela. E ela estava bem brava.
Bella riu.
- O que ela queria?
- Saber meu nome. Ela achava que eu era uma pessoa, e o Gabriel brigão que se metia em confusão era outra. Ela ficou pasma quando eu falei que eu era ele.
- Você brigava?
- Com todo mundo, praticamente. Eles me irritavam. E apanhavam.
Ela riu.
- E aí?
- E aí que ela saiu de perto de mim, mas de tarde veio me perguntar onde era a biblioteca. Tinha a cabeça de vento e esqueceu de fazer o dever. Aí, eu emprestei minha tarefa para ela, e ficamos conversando por uma hora, se não me engano, sobre várias coisas enquanto ela ouvia música comigo.
- Que fofo! - ela terminou de comer e apoiou a cabeça nas mãos, me olhando - Continua!
- Acabamos ficando amigos, mas brigamos feio algumas vezes. Teve uma época em que ela estava meio chateada, e eu sabia como ajudar, então a gente meio que se aproximou.
– E se apaixonaram quando?
– Quando eu vi que a loucura e teimosia dela se pareciam com as minhas. Ela era diferente, a seu modo. Tinha algo que até hoje eu não sei explicar o que é.
– Tinha?
– Tem – corrigi.
Garota esperta.
– E depois?!
– E depois, aconteceu uma coisa que me fez ficar longe da sua mãe.
Engoli em seco. Não iria entrar em detalhes sobre isso.
– Mudei de cidade. E só voltei agora, aí eu bebi uma coisa meio forte, parei no hospital.
– Aí você reencontrou a mamãe?
– Sim. Aí eu reencontrei sua mãe. E você.
Ela ficou quieta por um tempo.
– Papai...?
– Sim?
– Você vai namorar a mamãe de novo
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.