História "Os opostos se atraem?" - Livro 2 - Dna

 – Na verdade... – falei – Eu não queria que você fosse embora.

Eu não fazia ideia de como seria sua reação, mas melhor impossível.

Ele poderia ter ido embora, saído de perto, mudado de humor do nada. As possibilidades eram grandes e, com Gabriel envolvido, se tornavam infinitas, mas não. Ele sorriu.

Sim, ele sorriu. Ele sorriu e foi um dos maiores, mais lindos e sinceros sorrisos que eu já vi ele mostrar.

As duas ações dele em seguida me fizeram raciocinar o que iria acontecer. A primeira foi que ele tirou a chave do carro do bolso, e o travou. A segunda foi que ele fechou a porta com o pé e veio caminhando devagar até mim.

Eu fechei os olhos.

Senti suas mãos grandes e dedos finos em minha cintura, me prendendo contra a parede, e beijando meu pescoço. Ele sabia que ali era meu ponto fraco.

Filho da puta.

Passei as mãos por todo o seu peitoral e soltei uma risada quando ele me pegou de repente, estilo noiva, e me levou escada acima até meu quarto.

Como ele sabia que ali era meu quarto?

Desisti de tentar descobrir quando ele me colocou na cama devagar e veio engatinhando para cima de mim.

– Você tem aproximadamente 20 segundos para desistir – ele sussurrou ao pé do meu ouvido, mordiscando a orelha em seguida.

O famoso arrepio estava de volta.

– Porra, Gabriel... – falei baixo - Por quê?

– Esse é o tempo que te dou para sair daqui – ele riu malandro – Depois disso, você não escapa.

Ah, é?

– Quem disse que eu quero escapar?

Foram essas seis palavras que fizeram ele me tirar do chão. Me tirar da Terra, da órbita da Terra.

– Porra, Melissa.

Diversas vezes me peguei pensando que Gabriel era meu oposto. Eu era quente, ele frio, eu era o lago, ele a cachoeira, eu era o céu, ele o mar, eu era as estrelas, ele as ondas, eu era o sim, ele era o não, eu era o amor, ele era a dor, eu era o claro, ele era o escuro, eu era a luz e ele era a noite.

Ele era tudo o que eu queria. E eu nunca imaginei que pudéssemos chegar a esse ponto em que estamos.

Ele era o medo em pessoa, mas eu não me importava, porque foi ele quem me levou às alturas, e me guiou pela escuridão. Ele me trouxe de volta para a vida.

Naquela noite, ele me amou pela primeira vez em dez anos. Eu senti como se fosse a primeira. Como se tudo aquilo tivesse voltado de repente.

Tínhamos 17 anos.

Nada explicava o que sentimos um pelo outro, nem a ciência, nem a biologia. Mas era tão óbvio. Quando ele me tocava, eu era afetada. Todas as minhas moléculas aceleravam o processo de auto-duplicação do DNA no citoplasma de cada célula, a todo minuto, a todo segundo.

E eu sentia que meu coração iria parar de bater se eu não o sentisse em minhas veias agora.

Ficamos sem fôlego. É isso o que sempre senti quando estava com ele. Sem ar. Sem oxigênio o suficiente para nós dois. Era tudo ou nada. 8 ou 80. E pronto.

Nunca era o suficiente. Ele tinha defeitos, e muitos, mas era isso que o fazia ser perfeito de todos os jeitos. O azul piscina em seus olhos me refletiram exatamente como na primeira vez que nos beijamos. Como se ele só visse a mim 24 horas por dia. Mas eu não via mais o passado. Ao olhar dentro deles, pude ver o futuro.

Sorri ao pensar que suas digitais estariam por todo o meu corpo novamente. E eu me sentiria como eu me sentia quando acordava ao seu lado em sua casa. Novamente. Tudo estava voltando. É muito rápido.

Só eu sei o que ele causa em mim. Mesmo sendo a mesma pessoa, ele me mostra coisas coisas novas todos os dias. Sempre é como se fosse a primeira vez.

Ele era um conjunto perigoso. Começando por seus lábios. Por seu beijo. Contaminou meus lábios, me viciou. Nossas energias se conectaram, era genética pura. Eu era o X para o Y que ele possuía. Era perigoso pois passou por todos os testes que fiz mentalmente, tentando barrá-lo de meu coração, mas ele só fez esse órgão bater mais forte a cada vez que o via.

Definitivamente é algo que a ciência não explica.

Está em seu DNA.

– Eu te amo, porra – ele falou ao se deitar ao meu lado.

– Eu te amo, porra.