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História "Os opostos se atraem?" - Livro 2 - Hurt



Capítulo 6 - Hurt


 

https://www.youtube.com/watch?v=vt1Pwfnh5pc


amores por favor, ouçam essa música. É a que deu origem ao nome do capitulo e a que será mencionada, okay?
Besitos e boa leitura (VOU COLOCAR O LINK NAS NOTAS FINAIS, CASO ALGUÉM NÃO CONSIGA ABRIR POR AQUI)

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~Gabriel~

"Everyone I know goes away in the end" (Todos que conheço vão embora no fim)   

Quando percebi que minha mãe estava morta, um grito de horror saiu da minha garganta. Segundos, ou foram horas?, depois, minha tia estava ao meu lado, me amparando. Ela chorava, e o resto da noite foi um borrão.

Não, eu não desmaiei nem nada disso. Só não consigo me lembrar o que aconteceu depois que levaram o corpo embora. No dia seguinte, parecia que a ficha não havia caído ainda e eu saí de casa, passei o dia todo fora. Quando voltei, à noite minha tia me disse que a perícia declarou como um AVC e que ela já havia dormido quando aconteceu.

Eu não sabia se era possível, e sinceramente não queria saber. Eu só queria ela de volta.

Tudo aconteceu muito rápido desde então. Minha tia quem foi escolher o caixão e a coroa de flores, eu não teria cabeça para fazer isso. Na verdade, eu não tinha cabeça para nada.

Perdi minha irmã, não sei por onde anda meu pai, e perdi minha mãe. Perdi Melissa. Perdi todos que eu amava. Perdi, junto com Melissa, a família dela, que gostava de mim, que se importava comigo. Todos os que eu amava se foram.

Minha tia, coitada, ainda era mais velha que minha mãe. Estava beirando seus 60 e tantos anos, mas mantinha a aparência de 20 anos mais jovens, e eu... Bem, eu... Ainda era eu. Com alguns anos de academia, defini um pouco mais meu corpo, passei a deixar a barba rala, o cabelo um pouco maior, mas nunca deixei de ser eu.

Dois dias depois da morte da minha mãe, eu decidi. Ela seria velada na cidade onde nasceu, ou seja, na cidade onde morei até meus 17 anos. Na cidade onde deixei tudo para trás, ou melhor, onde tudo me deixou para trás.

Eu iria voltar a morar lá, decidi. Se ficasse aqui com minha tia, reviveria lembranças de minha mãe a todo momento. E isso só iria piorar minha vida. Não iria esquecê-la, mas não queria que as memórias dos dois anos que passei praticamente sem vê-la me assombrassem agora, pois só causariam remorso.

  - Tem certeza? - minha tia perguntou.

  - Sim, tia. Ela nasceu lá. - falei - É justo que fique lá.

  - Você está certo. - ela enxugou os olhos - Quando foi que se tornou um homem, meu menino? - ela me abraçou e recomeçou a chorar.

Quando a vida tirou tudo de mim, pensei.

Era como a música do Johnny Cash. Hurt. Ao me sentar no sofá da casa onde eu moraria pelo último dia, me peguei pensando na letra.

"Eu me machuquei hoje 
para ver se ainda sinto. 
Foquei na dor, 
a única coisa que era real. 
A agulha abre um buraco, 

a velha picada familiar. 

Tento mandar para longe, 

mas me lembro de tudo. 

O que eu me tornei, 
meu doce amigo? 
Todos que eu conheço

vão embora no final. 

E você poderia ter tudo isso, 
meu império de sujeira. 

Eu vou te desapontar, 

eu vou te machucar. 

Eu uso essa coroa de espinhos 

sentado no meu trono de mentiras, 

cheio de pensamentos quebrados 

que não posso consertar. 

Por baixo das manchas do tempo, 

os sentimentos desaparecem. 

Você é outro alguém, 
mas eu continuo bem aqui. 

O que eu me tornei,

meu doce amigo? 

Todos que eu conheço 

vão embora no final. 
E você poderia ter tudo isso, 

meu império de sujeira. 
Eu vou te desapontar, 

eu vou te machucar.
Se eu pudesse começar de novo, 
há milhões de milhas daqui, 
eu pouparia a mim mesmo.
Eu acharia um caminho."

Aquela música girava em torno da minha vida pessoal, e com Melissa. Eu a desapontei, eu a machuquei. E sim, todos se foram, a única coisa que não mudou foi meu sentimento. E a dor. Claro, a dor está sempre aqui. Junto com o que sinto por Melissa. Não vou trazer esse sentimento para fora agora. E talvez nunca mais.

Prometi que veria minha tia no velório e coloquei minhas roupas no carro. Todas. Duas horas depois, eu estava respirando o ar que sempre respirei durante minha vida toda. Estava de volta.

A última vez que tinha estado na minha própria casa havia sido antes de sair para aquela maldita festa, na noite em que minha vida mudou. Fazia 10 anos que ela estava fechada. 10 anos que eu não aparecia aqui. Tudo estava diferente, mas de algum jeito, igual.

Minha tia passaria dois dias comigo. Ficaria para o enterro e iria embora no dia seguinte.

O corpo chegou junto com os papéis do convite do velório, que foram colados e entregues por aí por alguém pago para fazer isso.

Passei a noite lá. A noite toda, mas não cheguei perto do caixão. De todas as memórias que eu levaria comigo para o resto da vida, ver minha mãe pálida, gelada e com algodão  no nariz estava fora de cogitação. De manhã, pessoas foram chegando, aquele lugar lotou de gente, ainda mais porque na sala ao lado havia mais uma pessoa morta. Mais uma pessoa sem vida.

Eu definitivamente não iria ver minha mãe ser enterrada, muito menos fecharem o caixão. Quando me levantei da cadeira, passei por algumas pessoas que me deram os pêsames e cheguei perto da porta de saída, mas parei quando  uma garotinha trombou comigo. Ela não devia ter mais de 10 anos, loira, olhos azuis. Quando olhou para cima e me encarou, eu perdi o ar. Se parecia com Mirella.

  - Me desculpa, moço - ela disse.

  - Não foi nada. Está tudo bem.

O que uma garotinha como ela fazia aqui?

  - Onde está sua mãe? - perguntei ao me abaixar perto dela.

  - Ali - ela apontou.

Olhei na direção em que ela apontava. Meu coração parou. Parei de respirar. Todos os impulsos elétricos enviados ao coração pararam no meio do caminho. Eu sentia meu sangue fluindo nas veias. O tempo parou. 

Ela estava ali.

 


Notas Finais


PARECE QUE ELE ACHOU ALGUÉM, NÃO É MESMO?

https://www.youtube.com/watch?v=vt1Pwfnh5pc - LINK DA MÚSICA


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