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História "Os opostos se atraem?" - Livro 2 - Heartbeat



Capítulo 60 - Heartbeat



"Lembre-se, tudo vai acabar bem. Podemos nos conhecer de novo em um outro lugar. Um lugar bem longe daqui"


Eu estava no andar debaixo, pronta para ouvir a qualquer momento sons de socos, gritos, destruição de móveis e o alarme de incêndio da casa soando.

Mas, não houve nada disso.

– Mãe, o que tá fazendo aqui embaixo? – Bella entrou na sala.

– Seu pai está conversando com o...

– Com o Renato – ela rolou os olhos – O filhote de pônei estragado. Eu vi ele entrando. O que eles estão conversando?

– Eles brigaram. Vão resolver.

– Não vão sair no soco?

– Acho que hoje não.

Ela suspirou. Ao analisar melhor seu rosto, percebi que ela estava um pouco pálida.

– Bella, você está bem?

Ela assentiu.

– Tem certeza? – coloquei a mão em sua testa.

Gelada. Sem febre.

– Tenho, mãe. Vou lá com as meninas, tchau.

E saiu.

– E você fez amizade com ele depois disso? – ouvi a voz de Renato e olhei para cima. Ele e Gabriel desciam as escadas conversando.

– Nathan é meu melhor amigo até hoje. Ele está aqui em casa. – falou Gabriel.

Eu rapidamente peguei meu celular é fingi mexer nele enquanto os dois passavam por mim.

– Estão vivos? – perguntei.

– Sim, Renato escolheu morrer a base de prestações. – Gabriel riu.

– Depois eu deixo vc me pagar. – disse Renato.

Era bom vê-los assim. Parecia tão surreal, que a qualquer momento as câmeras poderiam surgir e todos gritar: Foi uma pegadinha!

Mas isso não aconteceu nas próximas duas horas​ em que a festa se seguiu.

Todos foram embora mais ou menos umas 18:30. Havíamos conversado tanto, que poderíamos ficar sem nos encontrar por 5 anos para termos assunto de novo.

– O dia foi cheio – falei – Estou doida para me jogar na cama.

– Não vai se jogar, não senhora. – ele disse enquanto colocava as cadeiras no lugar.

– É modo de dizer.

– Mesmo assim, agora eu sei que a bolsa não pode estourar, mas eles ainda podem morrer se você fizer alguma coisa.

Eu me calei. Gabriel não tinha dito nada além de verdades, eu sabia. Mas, o modo como ele tinha falado foi meio diferente. Como se esperasse que alguma hora eu fizesse algo idiota e perdesse os bebês.

Ele não disse "perder", ele disse "morrer".

– Abortos também acontece de forma natural. Sem que a mãe tenha feito nada. Não sabia disso?

– Sabia. Mas, não precisa chegar a fazer algo, não é, Melissa? Não precisa dar mais um motivo para eles morrerem.

E de novo essa palavra. Morrer.

Havíamos mudado de assunto tão rápido, que eu nem estava acompanhando direito.

Morrer.

Uma lâmpada de acendeu em minha cabeça quando notei o motivo que ele falava tanto essa palavra.

Muitas pessoas na vida de Gabriel morreram. Tanto em sua família, quanto ao redor dela. Os gêmeos são duas vidas a mais que vão chegar, e quando ele pensa no risco da gravidez de gêmeos, que são bem maiores do que uma gravidez normal, ele não consegue usar a palavra "perder".

Gabriel já se acostumou tanto com a morte que perder é o mesmo que morrer.

Por um momento, um pensamento me invadiu. Se algum dia Gabriel me perdesse, então eu estaria morta para ele?

– Ninguém vai morrer, Gabriel. Para de pensar nisso. – cheguei perto, mas ele me afastou.

– O problema não é morrer, Melissa! O problema é que eu estou preocupado com você!

– O que?

– Olha a vida que você leva. Tem uma casa sozinha para cuidar, uma filha de 10 anos, correria no hospital... Grávida de gêmeos, vai ter que ficar em repouso e você é hiperativa, não vai fazer isso. Na mesa de cirurgia eu sei que eles vão salvar o gêmeos, mas e você? E se algo der errado nessa gravidez e só dar para salvar eles?

Então, ele estava esse tempo todo preocupado comigo?

– São seus filhos, Gabriel. Se fosse para escolher entre eu e eles, você deveria...

– Escolher você – ele me cortou – Escolher você, Melissa!

– Não! Lembra o quanto queríamos uma família? Eles têm que nascer! – falei mais alto.

– Não se for para você morrer! – ele gritou – Eu passei anos da minha vida sonhando com você, Melissa, naquele tempo em que estávamos separados. Eu gritava pra você voltar pra mim e acordava gritando seu nome. Eu não vou te perder de novo. Não por pessoas que nem conhecemos.

– Você está sendo egoísta!

– Não, não estou. Quem esta é você! Olha o tanto de pessoas que te conhece, o tanto de amigos que você tem, pessoas que se importam com você! Vai desistir de todas elas, deixar Bella órfã de mãe, por causa de suas pessoas que nunca vimos na vida?

– E daí que nunca as vimos na vida? Elas são metade de nós!

– Não, Melissa! – ele deu um tapa na mesa – Você não pode continuar pensando assim! Se algo der errado nessa gravidez e você estiver naquela mesa de cirurgia, e eu lá fora tendo que escolher entre você e os dois, você já sabe qual vai ser minha resposta. – ele se virou e fez menção de subir as escadas.

– Por que? – foi tudo o que saiu da minha boca.

Ele se virou para mim novamente e respondeu com uma voz mais branda.

– Porque você pode me dar outros filhos. Mas eles não podem me dar outra de você.

E saiu escada acima.

Respirei fundo. Essa discussão havia surgido depois de uma situação hipotética. Se acontecesse alguma coisa, se eu fosse frágil demais, se não desse certo, se ele tivesse que escolher entre eu ou eles...

Se.

Eu não iria me abalar por isso. Respirei fundo e fui procurar Bella. Desde que o pessoal foi embora, eu não a vi.

– Bella?

Ninguém respondeu.

– Bella?

Fui para a varanda, cozinha, sala... Nada.

Quarto. Ainda não fui no quarto dela.

A chamei enquanto subia as escadas.

– Bella?

Ouvi Luka latir uma duas, três vezes de dentro do quarto da Bella. Será que ela havia prendido a cachorra no quarto?

Abri a porta. Luka latia desesperadamente de frente para Bella, que estava caída no chão, perto da cama.

– Bella!

Me ajoelhei no chão e mexi em seu rosto diversas vezes.

Nada.

Respira, Melissa. Calma.

Chequei seu pulso. Batia. Mas batia muito fraco. Uma batida a cada 3 segundos.

– Gabriel! – gritei desesperada e ele entrou no quarto correndo.

– O que aconteceu??

– Não sei... Eu fui procurar por ela e estava aqui. Assim! Coloca ela no carro!

Ele a pegou no colo e desceu as escadas.

Eu não sabia se chorava ou se gritava, mas fui atrás dele. Não sentia meus pés tocarem o chão, não ouvi o barulho do portão se abrindo, nem das portas do carro de fechando. Fui no banco de trás com a cabeça dela em meu colo, checando o coração a cada 2 segundos.

Gabriel falava ao telefone quase gritando. Acho que com uma mulher, mas todos os meus sentidos estavam direcionados a Bella. Ouvi palavras como "hospital", "sala pronta", "Ingrid" e desisti de prestar atenção.

Uma equipe nos esperava do nado de fora. Um deles era Miguel, Juliana e Christina. Os outros eu não me preocupei em reconhecer.

Miguel havia trazido uma maca para onde estávamos. Gabriel colocou Bella lá e Miguel a acompanhou correndo com mais 4 enfermeiros e 2 técnicos de enfermagem.

Eu não consegui segurar o choro. Eu devia estar lá dentro com Bella. Sou médica, não sou?

– Me deixa entrar, Juliana.

– Melissa, você não está em condições. É melhor você ficar na sala de espera.

A sala de espera estava vazia.

– Não, eu vou entrar. Preciso ver se ela está bem!

Juliana entrou na minha frente de novo, e Gabriel me puxou pelo braço.

– Melissa, Miguel está lá. Você confia no Miguel, não confia? – ela perguntou.

– Confio.

Na verdade, eu confiaria minha vida a ele.

– E ele está com a equipe dele e metade da sua. Vai dar tudo certo. Não vão fazer cirurgia caso não precise.

Ela trocou um olhar tenso com Christina.

E então eu soube que, se eles precisassem ver por dentro, abririam ela às pressas.

Senti minhas pernas falharem e Gabriel me segurou em seus braços quando quase caí.

Aquilo não estava acontecendo.

Ele me puxou para seu peito e me abraçou de um jeito protetor.

Mas... Ele não estava bravo comigo?

– Entrem. Vocês dois. Não vão ficar aqui fora, não é?

Entramos.

E de repente o ambiente no qual eu trabalho e conhecia melhor que a palma da minha mão tornou-se estranho. Era como se eu estivesse entrando ali pela primeira vez. Eu não conseguia pensar, não conseguia raciocinar.

Meu cérebro não assimilava nada ao redor.

Gabriel secou as lágrimas do meu rosto quando nos sentamos em duas das muitas cadeiras que havia lá.

– Vai ficar tudo bem. – ele sussurrou em meu ouvido.

Me peguei pensando no quanto eu sempre quis alguém para me dizer que tudo ia ficar bem. Mas não em um situação como essa.

Uma hora se passou. Duas.. três.

Às 21:30, Miguel apareceu na porta e veio até nós.

– Melissa, Bella não tomou seus remédios hoje. No sangue dela no há indícios da substância do remédio. Seus ventrículos se diltaram ainda mais, as paredes estão finíssimas. O comprimido que ela toma vai fazer efeito para mais uma semana.

– Então? – eu perguntei, o incentivando a continuar, mas não sabia se realmente queria saber a resposta.

– Então, ela precisa urgente de um transplante de coração.


Notas Finais


Comentários? Sugestões? Palpites?

Quem vai doar o coração?

Bella vai sobreviver?

Beijinhos ❤❤


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