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História Os opostos se atraem? - Medo


Escrita por: Evil_Queen42

Notas do Autor


Boa leitura.

Capítulo 6 - Medo


    A primeira etapa foi finalmente concluída, agora só falta estudar sobre a malária para apresentar o trabalho e ficar livre de tudo isso.

 

23:15, e eu ainda estou estudando as malditas anotações que a Sakura fez. Difícil mesmo é me concentrar e interpretar as coisas direitinho, já é a quinta vez que eu leio, mas é difícil ler, interpretar e entender para explicar com outras palavras. Meu objetivo é aprender e não memorizar tudo. Adoro biologia, mas quando alguém me explica as coisas parecem ser bem mais fáceis.

 

Com certeza o Itachi está dormindo, mas sei que a minha mãe não dorme cedo, acho que o jeito vai ser ir apelar pra ela.

 

Com as anotações em mãos, levantei da minha cama e caminhei até o quarto dos meus pais, ignorando completamente o felino que pedia por carinho. Desculpa, Thor.

 

Abri a porta do quarto, deparando-me com a minha mãe na cama, escorada em vários travesseiros e embrulhada até a cintura enquanto assistia algum filme.

 

- Mãe? - Chamei e ela me encarou - Tô atrapalhando?

 

- Óbvio que não. - Minha mãe sorriu - Deita aqui comigo, Sasuke.

 

Acendi a luz do quarto e caminhei até a cama, sentando ao lado da minha mãe, no lugar que se encontrava vazio pelo fato de que meu pai viajou a trabalho.

 

- Mãe, preciso de ajuda. - Entreguei as anotações para ela - Lê pra mim.

 

- Ora essa. - Ela riu enquanto lia o que estava escrito no papel - Caneta rosa... E de quem é essa letra?

 

- De uma garota da minha equipe. - Revirei os olhos, minha mãe me olhou incrédula e feliz ao mesmo tempo - Digamos que eu acabei caindo de pára-quedas numa equipe. Trágico, eu sei.

 

- Isso é maravilhoso, Sasuke. - Mamãe sorriu toda alegre - Finalmente, depois de tanto tempo, você está se enturmando.

 

- Mãe... - Suspirei pesadamente e ajeitei os óculos - Não pretendo ser amigo deles.

 

- Mas deveria. - Minha mãe apertou o meu nariz, ela nunca perde essa mania - Vai ser ótimo pra você, meu amor.

 

- A senhora sabe muito bem o que eu penso sobre isso. - Falei enquanto roubava um pedaço do edredon dela para me esquentar. O quarto estava frio!

 

- E você também sabe o que eu penso sobre isso. - Ela falou com um tom de voz um pouco mais severo - E eu ainda pensava que mudar você de escola ajudaria em alguma coisa. No fim, não mudou quase nada.

 

- É claro que mudou! - Falei sério - Mãe, a senhora não sabe como foi bom sair daquele inferno! É justamente por isso que eu não quero criar outro inferno pra minha vida!

 

- Sasuke, você não está mais numa turma de ensino fundamental. Seus colegas de classe já são maduros.

 

- Tsc. Maduros? - Bufei e comecei a rir.

 

Sério, às vezes eu me sinto numa creche. Aqueles seres que eu sou obrigado a suportar podem ser tudo, menos maduros. Acho que dá pra contar nos dedos os que estão começando a amadurecer.

 

- Sim, Sasuke. - Ela falou séria - Não são mais crianças, têm maturidade o suficiente para compreender a situação. Você não precisa ter vergonha.

 

Vergonha... Bem, não creio que seja somente vergonha. Acho que o que domina mesmo é o medo. Não sei o que pode acontecer, portanto, é melhor as coisas ficarem como estão.

 

- Mãe, não é isso. Ou melhor, não é só isso.

 

- Eu sei que você tem medo. - Mães lêem pensamentos, só pode - Mas, filho, eu vou te dizer uma coisa... - Ela chegou mais perto de mim e passou a mão pelos meus cabelos - O maior inimigo que você tem é você mesmo. Não precisa ter medo dos outros e nem se importar com o que eles vão pensar. Tudo bem?

 

- Vou pensar. - Sorri forçadamente e peguei um travesseiro para abraçar. Eu gosto disso, algum problema? Travesseiros são fofos e gostosos de abraçar. Não, não é carência.

 

- O que eu faço com você? - Mamãe bateu na própria testa e logo me encarou com um sorriso no rosto.

 

- Olha, nem adianta vir com papo de psicóloga novamente. Eu me recuso.

 

- Tudo bem, você venceu. - Ela levantou as mãos, em sinal de rendição - Garoto difícil, foi puxar logo o jeito marrento e orgulhoso do pai.

 

- Ora essa, eu tinha que ter puxado alguma coisa dele, já que na aparência eu só puxei para a senhora. - Falei enquanto colocava o travesseiro nas pernas dela para me deitar - Agora, vamos nos focar no meu trabalho? - Indaguei enquanto pegava o controle para desligar a televisão, afinal, não quero distrações - Por favor, lê pra mim.

 

- Tudo bem. - Ela riu. Passou a mão pelos meus cabelos e beijou minha testa antes de pegar as anotações para começar a ler.

 

Agora sim as coisas clarearam. Eu prestava atenção em cada palavra que saía da boca da minha mãe, fiquei completamente atento e evitava qualquer distração.

 

As coisas parecem tão mais simples quando alguém lê para mim ou me explica. Não é como quando estou lendo, pois confundo muitas palavras, o que dificulta na hora da interpretação.

 

Minha mãe não precisou ler mais de uma vez, consegui compreender tudo logo de primeira. Se bem que, mesmo que ela precisasse ler uma segunda vez não iria adiantar, já que eu peguei no sono sem querer.

 

[...]

 

O som do meu despertador não veio importunar meu sono, em compensação fui acordado com tapinhas no bumbum. Minha mãe tem essa mania, pra piorar eu sempre durmo de bruços.

 

- Filho, acorda. - Ela me chamava - Anda, Sasuke, acorda.

 

Acordei meio desorientado por não estar no meu quarto. Putz, nem me lembro de ter dormido no quarto dos meus pais, o sono estava realmente cruel ontem.

 

Minha vontade era de ficar curtindo preguiça, mas preferi levantar antes que o meu bumbum ficasse roxo, ou antes da minha mãe começar a fazer cócegas para me acordar. Sim, ela faz isso, essa é a dona Mikoto.

 

Me espreguicei - aproveitando todo o espaço da cama de casal, visto que a mamãe já tinha levantado - antes de me sentar na cama, bocejei e esfreguei os olhos. Vi que tudo estava embaçado e me lembrei dos meus óculos que deviam estar por ali.

 

- Mãe, cadê meus óculos? - Perguntei.

 

- Aí do lado, no criado mudo.

 

Estiquei meu braço até o criado mudo, peguei meus óculos e coloquei. Agora sim eu consigo enxergar tudo direitinho.

 

Vi que minha mãe já estava pronta para ir trabalhar, só estava colocando os brincos de frente para o espelho.

 

- Já vai? - Indaguei enquanto criava coragem para levantar da cama.

 

- Já. Seu pai está viajando, então digamos que eu trabalho em dobro. - Mamãe caminhou até mim e me deu um beijo na bochecha - Levanta e vai se arrumar, nem inventa de deitar e dormir novamente.

 

- Tudo bem.

 

Eu jamais faria isso, preciso ir para a escola. Mesmo que fosse tentador, mesmo que a cama estivesse quentinha, gostosa e confortável - é estranho esse negócio de que a cama dos pais sempre parece melhor -, eu tenho que resistir à tamanha tentação e ir para a escola.

 

Depois de muita luta contra a preguiça e o cansaço, tomei banho, me arrumei, coloquei ração e água para o Thor, tomei café da manhã e finalmente fui pra aula. É, eu consegui vencer!

 

Mais um dia sentando perto de Sakura e Naruto, duas criaturas irritantes que entraram na minha vida e parecem não querer sair. Tá vendo, Sasuke, lembra daquela vez que você comeu o chocolate que o seu irmão guardou na geladeira? Pois é, agora você está pagando por isso.

 

- Bom dia, Sasuke! - Sakura falou toda animada e eu apenas assenti com a cabeça. Não estou com animo para aguentá-la.

 

- E aí, cara! - Naruto também me cumprimentou, mais uma vez eu apenas assenti.

 

Enquanto a professora não aparecia, os dois irritantes começaram a bater papo, vez ou outra tentavam me incluir na conversa, mas eu não dei moral.

 

Quando Kurenai, a professora de redação, entrou na sala, os dois calaram a boca, assim como o resto da turma. Paz para os meus ouvidos.

 

Kurenai nos deu um tema e pediu para que fizéssemos uma redação sobre ele. Claro que, como sempre, demorei uma eternidade para passar as minhas idéias para o papel de forma coesa e coerente, sem erros.

 

- Finalmente terminei. - Disse Sakura. Ela olhou para o lado e arregalou seus grandes olhos verdes quando percebeu que eu estava na metade - Não acredito que ainda está aí, Sasuke.

 

- Tô tentando organizar as minhas idéias.

 

- Deixa eu ver. - A criatura irritante simplesmente puxou o caderno da minha mão, foi tão rápido que eu sequer tive tempo de pensar em segurá-lo.

 

- Sakura, me devolve o meu caderno. - Pedi, com o rosto completamente vermelho. Minha voz quase não saía.

 

A coisa rosa continuou do mesmo jeito, parecia séria, enquanto lia atentamente o que eu tinha escrito. Minha vontade nesse momento é de sumir para o reino tão tão distante e ficar lá até a minha morte.

 

- Sasuke. - A rosada me encarou. Senti meu rosto queimar de vergonha - Suas idéias são ótimas, você é, sem dúvidas, muito inteligente. Mas... - Ela sorriu sem graça - Tem algumas palavras escritas erradas.

 

- Ora essa. - Tentando manter a minha cor natural, peguei o meu caderno de volta - Ainda estou na metade da redação, vou revisá-la quando estiver pronta.

 

- Mas não é isso, Sasuke... Tipo, são erros realmente bobos.

 

- E você nunca errou uma palavra? - Indaguei irritado.

 

Droga, agora ela sabe! Devo matá-la para não haver testemunhas? Bem, se ela manter a boca fechada não tem problema, só espero que ela não toque novamente nesse assunto.

 

Não tenho culpa de escrever algumas palavras erradas. Sei que são erros dignos de ensino fundamental, mas na minha cabeça aquilo está certo e pronto! Existem muitas letras parecidas, tanto na escrita quanto na pronúncia, é difícil diferenciar na hora de escrever.

 

Terminei a minha redação e revisei umas dez vezes, depois fui mostrá-la para a professora, que corrigiu alguns errinhos que passaram despercebidos.

 

Droga! Como é que eu quero passar em medicina se cometo sempre os mesmos erros bobos? Às vezes eu me sinto como um aluno de primeira série. Isso é trágico.

 

Na hora do intervalo nós ficamos mais uma vez na sala de aula, Naruto e Sakura ficaram tagarelando enquanto eu tentava manter a minha sanidade mental. Desde que a criatura rosa cruzou o meu caminho eu definitivamente não tenho sossego durante os intervalos. Ela colocou na cabeça que vai me fazer companhia e me ajudar a fazer amigos.

 

- Aí eu falei "Ah mãe, quem precisa estudar pra prova de artes?", no final, acabou que eu fiquei de recuperação em artes. - Disse Naruto, o que fez Sakura rir feito uma louca.

 

- Ah, Naruto, não acredito nisso. - Ela falou risonha.

 

Está decretado que o novato é um completo idiota! Minha nossa, por que eu atraí pessoas desse tipo pra perto de mim?

 

- Eu vou ao banheiro, já volto! - O loiro falou, em seguida saiu da sala de aula.

 

O silêncio reinou. Sakura me encarava, mas estava redondamente enganada se achava que eu puxaria algum assunto com ela. Se bem que isso me incomoda... Essa coisa de ter alguém me encarando. Infelizmente a criatura irritante já percebeu isso.

 

- O que foi? - Indaguei. Sakura continuou me encarando, o que resultou num Sasuke vermelho como um pimentão.

 

- Sasuke. - Ela me pareceu um pouco preocupada - Sobre a sua redação... - Ah, não. Não creio que ela vai tocar nesse assunto - Sabe, eu achei estranho.

 

- Não tem nada de estranho. - Embora eu estivesse tentando me manter calmo, o nervosismo em minha voz estava praticamente palpável - Foi só falta de atenção, só isso.

 

- Não creio que tenha sido. - Sakura colocou o dedo indicador no queixo e me encarou com uma expressão pensativa - Você fugiu quando eu pedi para que fizesse anotações, confundiu esquerda com direita, tenho certeza de que isso não tem nada a ver com o fato de você ser canhoto... E agora, depois de ver a redação que você escreveu... - Ela arqueou a sobrancelha e continuou me encarando - Sasuke, você tem...

 

- Eu não tenho nada. - Interrompi antes que ela prosseguisse - Por favor, não toca mais nesse assunto. Eu não tenho nada, isso é coisa da sua cabeça.

 

Bufando de raiva, saí da sala e comecei a andar sem rumo pela escola. Para onde eu vou? Não sei, só sei que preciso ficar longe da Sakura e dos seus questionamentos.

 

Eu sabia, eu sabia que isso voltaria para me assombrar, é por isso que mantenho distância das pessoas, para evitar situações constrangedoras como essa. Mas e agora? Tomara que Sakura não invente de tocar novamente nesse assunto, e tomara que suma da minha vida, levando o Naruto de brinde.

 

Fui para a biblioteca, local que sempre fica vazio durante os intervalos, afinal, grande parte dos alunos parece não curtir a biblioteca, se tem uma pesquisa vão para a sala de informática.

 

Me fechei naquele lugar, acompanhado apenas por prateleiras de livros e, claro, pela solidão, que se fez minha companheira por tanto tempo.

 

Puxei uma cadeira, sentei e apoiei minha cabeça na mesa. Um nó se formou na minha garganta, senti uma vontade imensa de chorar... Mas eu não vou chorar, de novo não! Chega de derramar lágrimas por uma coisa que eu não posso mudar. Eu nasci assim, não tem jeito! A única coisa que posso fazer é afastar as pessoas, afinal, elas não me compreendem e eu não quero ser alvo de bullying novamente.

 

Novamente o medo tomou conta de mim, como quando eu era criança. Pode parecer um medo infantil, mas só eu sei o que já passei e o quanto chorei por causa de pessoas que não compreendiam a situação.

 

Definitivamente, eu não quero passar por isso de novo.


Notas Finais


Comentários?
Beijocas e até o próximo ♡


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