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História "Os opostos se atraem?" - Livro 1 - Clouds



Capítulo 60 - Clouds


 

"We're never coming back down/ We're looking down on the clouds "

Andamos mais ou menos umas meia-hora. Pelo visto, o lugar que ele queria me levar era fora da cidade, perto de onde ficam as chácaras e sítios do povo da escola.

Quando vi o lugar por trás das árvores, sorri. Era um rio. E eu o conhecia. Era o mais limpo da região. Águas cristalinas e quase potáveis. Gabriel parou a moto e nós descemos. Deixamos os capacetes no banco e a primeira coisa que ele fez foi tirar a camisa.

Ai. Meu. Deus.

Por que eu sempre fico sem ar quando ele faz isso? Por que não posso simplesmente me acostumar que seu corpo é escultural?

  - Quer um balde? - ele perguntou enquanto me olhava e caía na risada.

  - Oi?

  - Está babando demais. Não se preocupe, isso aqui é todo seu.

O sol refletia seus olhos. E junto co o reflexo da água os tornava mais azuis. Seu sorriso era refletido nos mesmos.

  - Muito engraçado. - falei.

Ele começou a desabotoar a calça, e meu olhar não era um dos mais discretos para ele.

  - O que está fazendo? - perguntei.

  - Tirando a roupa?

  - Para oque exatamente?

  - Nadar? - ele jogou a calça junto com a blusa encima do banco.

  - Vai nadar pelado? - minha cara de espanto devia ser bem visível.

  - É uma proposta tentadora. - ele sorriu mostrando as covinhas - Mas, não. Vou de sunga mesmo.

  - Ah... - falei e me sentei na beirada do rio, molhando os pés.

  - O que você está fazendo?

  - Sentada? - o olhei.

  - Tá doida? Vem nadar comigo!

  - O quê? Eu nem trouxe nada!

  - Não sabia que você era a única mulher no mundo que sai de casa sem calcinha e sutiã. - ele riu.

  - E depois vai molhar minha roupa. Gênio.

  - Tá, deixa eu pensar... - ele colocou a mão no queixo e eu comecei a rir. - O que foi?

  - Não dá para te levar a sério em pé na minha frente de cueca com cara de filósofo.

  - Pelo menos, sou um filósofo gato.

  Rolei os olhos.

  - Já pensou?

  - Na verdade, já. Tá vendo aquela mochila ali? - apontou para o guidom da moto, onde pendia uma mochila preta com detalhes azuis. Eu assenti - Lá dentro tem mais uma camiseta minha, que eu trouxe por precaução. E se você usasse para nadar? Daí não precisa molhar sua preciosa lingerie - ele rolou os olhos ainda com o sorriso no rosto.

  - Até que não é má ideia - falei.

  - Desde quando tive ideias ruins?

  - Acha sua modéstia porque está fazendo falta - falei me levantando.

  - Perdi ela em algum lugar - ele brincou e eu rolei os olhos de novo, pegando sua camiseta do banco da moto. Estava com seu perfume.

Eu a desenrolei (já que a delicadeza de Gabriel era como a de um cavalo) e a estiquei na frente do corpo.

  - Vai ficar uma camisola - ri.

  - Você fica linda até vestida de saco de batata. Coloca logo.

Eu soltei uma risada e o encarei.

  - O que foi? - ele quis saber.

  - Vira para lá!

  - Ah, como se eu nunca tivesse visto!

  - Anda logo!

Ele bufou e virou de costas para mim.

 - Vou te dar 10 segundos para colocar, e vou virar! - ele anunciou  - 10, 9...

Eu ri e tive uma ideia. Coloquei a blusa por cima da lingerie e comecei a tirar o sutiã por baixo. Assim, eu poderia me trocar e ele não veria nada, mesmo que seu tempo tivesse acabado.

  - 3, 2, 1! - e se virou.

Eu estava acabando de colocar a calcinha e o sutiã em cima da moto e me virei para ele a tempo de ver sua cara de decepção.

  - Ah, como fez isso? - ele riu

  Ignorei sua pergunta e passei por ele rindo.

  - Ah, é assim? Okay.

Senti sua presença perigosamente perto e, quando vi, eu já estava em seu colo e ele estava pulando comigo na água.

  - Filho da mãe! - eu falei assim que cheguei à superfície - Te odeio!

  - Ódio e amor andam de mãos dadas - ele falou ao tirar o cabelo do rosto e o jogar para trás. 

Seu corpo agora estava coberto por gotas, e a água vinha até nosso peito. Aliás, até meu peito e sua cintura. Fomos mais para o fundo e ele me pegou no colo, o que me fez ficar mais alta. Agora a água chegava perto do nosso queixo.

  - Sobre aquela greve de beijo que você disse... - ele falou. Seu rosto estava próximo ao meu. Próximo demais.

  - O que tem?

  - Acha que aguenta? - ele arqueou uma sobrancelha. Ah... essa mania.

  - O que você acha?

  - Que não. - disse convicto

  - Hummmm

  - Consegue?

  - Se você parar de me olhar assim, sim. - joguei água nele.

  - Assim como? - chegou mais perto.

  - Assim.

  - Assim? - sussurrou. Nossos lábios estavam próximos e eu o ouvia mesmo com o barulho da água.

  - Assim...

Fechei os olhos para sentir sua boca se chocando contra a minha. Minhas mãos foram para seus cabelos, e as suas me seguravam firme pela cintura,  a fim de acabar com qualquer espaço que pudesse haver entre nós.

Eu e Gabriel estávamos nas nuvens. Era como se olhássemos para esse mundo, e ele não fizesse diferença, já que nós tínhamos nosso próprio mundo. Olhávamos para baixo estando nas nuvens. E nunca vamos descer. 

Pelo menos, era isso que eu achava.

Por um momento, só por um momento, me esqueci dos problemas por um dia todo.

Mas, logo depois, eles começariam a me atormentar novamente. Eu só não tinha conhecimento disso.

 

 

 


Notas Finais


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