História Armadas do Destino - Rosas são vermelhas e você adora azul!

Percy: Ela estava atrasada. Nunca na minha vida eu tinha visto Annabeth Chase atrasada! Mas acontece que tudo pode acontecer. Eu estava esparramado no sofá comendo um sanduíche com geleia azul quando mamãe apareceu na porta da sala. 

-Percy, eu tenho que conversar com você.

Ihhhhhh! Lá vem!

-Mãe, desculpa. Eu juro que não vou mais deixar a tampa do vaso levantada e...

-Não -ela riu -Não é isso. É que....

Ela arregalou os olhos focando no nada. Parecia tentar achar palavras para usar mas não conseguia, então largou sem rodeios:

-Vou viajar!

Foi a minha vez de arregalar os olhos.

-Você vai o que?

-Olha querido, eu não viajo sozinha faz séculos! Depois que eu tive você, nunca mais saí sozinha. E depois que seu pai e eu nos divorciamos ficou ainda mais difícil. Então eu estou tentando usar isso ao meu favor. Você sempre fica com o seu pai da quarta feira a sexta. São três dias por semana e você já se acostumou então.... você poderia ficar com ele por um mês?

-Um mês? Mãe! Ele nem sabe cozinhar! Só pede pizza e compra hambúrguer... não que isso seja ruim, mas na maioria das vezes ele fica fora de casa. Como eu vou sobreviver sem você?

-Ahhh Percy! Você não é mais um bebê! Já pode cozinhar. Eu te ensino se quiser... mas vai dar tudo certo.

Respirei fundo.

-Tudo bem, você tá certa. E, você também precisa relaxar as vezes. Pra onde vai?

-Ahhh -os olhos dela se iluminaram -eu vou pra praia. Minha amiga mora no Rio de Janeiro e então vou viajar pra lá o mais rápido possível.

Senti uma facada. Eu amava praia. Mas tudo bem, nas férias de fim de ano eu podia viajar pra algum lugar com mar.

-Que bom mãe. Fico feliz. Quando você vai?

-Amanhã mesmo. Depois que Annabeth ir embora, você já tem que se arrumar pra ir na casa do seu pai.

-Ok. De boa mãe. 

Ficamos num silêncio constrangedor e eu não sabia se deveria abraça-la e chorar ou devia me manter firme comendo o sanduiche. Felizmente, naquela hora a campainha tocou e eu levantei com um salto gritando.

-Eu atendooooo!

Abri a porta e vi a Chase. Ela estava com o cabelo solto e usava um lacinho para prender apenas uma mecha. Sorri lembrando que ela usava muitos laços quando éramos pequenos.

-Hum, oi! -falei.

-Oi! -ela sorriu e ergueu um livro de português -pronto para mergulhar no mundo da poesia?

-Não dá! -falei largando o lápis e caindo de lado no sofá -Não sei sobre o que escrever.

Ela coçou a cabeça com a ponta da caneta.

-Hum, que tal falar sobre alguém que você ama!?

A encarei irritado.

-A única garota que eu amava, me traiu com o único garoto que você amava.

Ela deixou a caneta cair e levou a mão ao peito.

-Ai, que tiro!

Sorri.

-Mas você está errado -ela disse dando de ombros - o Michel não foi o único que eu já amei. 

Levantei uma sobrancelha.

-Ah é! E quem foi o outro.

Ela sorriu para a caneta cantarolando.

-Não vou dizer!

Fechei a cara. Levantei devagar e me aproximei dela. Sem avisos, a ataquei com cosquinha e a garota deu um berro enquanto se contorcia no sofá, tentando me chutar.

-Paraaaaaaa! Seu cabeça de algaaaaa! -ela berrava.

-Não até você me dizer quem foi.

Ela ria e quase lhe faltava ar para dizer.

-Não vou falar. 

-Droga -falei largando ela -isso não vale!

Ela arrumou o cabelo, ainda rindo;

-Tenho certeza que a Drew também não foi a única que você amou.

-Claro que foi.....

Mas uma vozinha na minha cabeça dizia: será mesmo? Não se lembra daquela menina Percy? E eu respondia: Mas eu não AMAVA ela? A voz: Tem certeza? Se não me engano, você a amou com mais vontade do que jamais amou Drew!

Engoli em seco.

-Bom, não importa. Você não disse e eu também não vou falar. -pesquei um pouco da pipoca caramelada azul. Olhei para a cor que se instalava entre os grãos de milho estourados. Levantei com um pulo -PERAEEEE! Eu amo azul!

Olhei para Annabeth. Ela reprimia os lábios, mas não conseguiu por muito tempo. Gargalhou tanto que eu comecei a rir dela, e ela riu ainda mais quando eu ri, e eu ri ainda mais....... é, você já deve ter entendido. Depois que nos acalmamos, ela refletiu um tempo e disse.

-Talvez você possa falar sobre coisas com a cor azul. Tipo, violetas, o céu ou o mar.

-Hum, que tal: Rosas são vermelhas, violetas são azuis, todos amam azul, inclusive Jesus!

Ela riu.

-Acho que fica bom. É, Jesus deve curtir azul, já que a casa dele é dessa cor.

Depois dessa linda filosofia, fizemos a nossa maravilhosa poesia falando sobre azul. Comemos muito, rimos mais ainda e jogamos conversa fora, até que o horário de Chase chegou.

-Tenho que ir. Minha mãe vai fazer Lasanha. Mas ela não é azul -rimos -tchau, Jackson.

-Tchau Annie!

Ela se deteve um segundo na porta ao ouvir seu nome, e não seu sobrenome. Depois ela se virou para mim sorrindo, e disse.

-Até amanhã, Percy.

Sorri e ela correu pra casa dela. Depois que eu fechei a porta um milhão de sentimentos me invadiram e eu caí no piso.

Quem diria, minha melhor amiga de infância, que virou minha inimiga e agora estava se tornando minha amiga de novo. Segurei a maçaneta. A voz na minha cabeça disse: você nunca deixou de amá-la, Perseu!