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História Pensamentos que se tornaram poemas - Eu matei alguém


Escrita por: blud_valentine

Notas do Autor


Quem já leu essa história antes sabe que eu apaguei uns capítulos e editei minha "assinatura" quando eu ainda assinava os poemas
Enfim, é isso, eu mudei pra caramba, e esse texto aí em baixo é sobre uma grande mudança minha, porque aqui eu publiquei poemas sobre coisas que me deixavam muito mal, uma delas era crises de disforia, que eu não fazia ideia de que eram crises de disforia. Enfim, fiquem com o texto, espero que gostem ❤
Aqui, eu me declaro um garoto trans, prazer galerinha, podem me chamar de Richard, Brendon ou Dominic!💖

Capítulo 6 - Eu matei alguém


Fanfic / Fanfiction Pensamentos que se tornaram poemas - Eu matei alguém

Mãe, pai, tenho que contar algo pra vocês 

Eu matei alguém, eu sei que matei

Por favor não pensem que há algo de errado com vocês, vocês me criaram bem. Muito bem. (Apesar de nem terem me criado)

Mas me desculpe, eu não aguentei na hora.

Era uma menina, que vocês conheciam, eu também conhecia, e conhecia bem. Muito bem. (Talvez nem tanto)

Ela tinha cabelos longos, os quais ela sempre pintava de vermelho. Ela tinha aquele cheiro de poeira, era estranho. Ela também tinha uma voz meio estranha, nunca sei definir exatamente como era, bem, era parecida com a minha. 

Sim, era aquela do sorriso meio falso, a chorona, agressiva, aquela que vocês já aturaram por muito tempo. Era aquela lá que eu falei que sofreu bullying até do menino que ela gostava, aquela que escrevia poemas nas últimas páginas do caderno, que ela sempre escondia porque eram sempre sobre algo pessoal, e sabia que iriam rir. Aquela que se assumiu bissexual e a melhor amiga dela não queria mais falar com ela por isso. Aquela que levou as alianças no casamento da mamãe, e que ficou com medo de ir na casa do papai por causa de algo com a esposa dele. Aquela lá que quando tinha uns três anos, tirava toda a roupa, e saía por aí de fralda. 

Aquela menina que aparece nas fotos do casamento da mãe, sorrindo, num vestido branco e o cabelo castanho todo arrumado. Como ela odiava aquele vestido que caso a fez cair no meio da cerimônia 

Não chorem, por favor, eu sei como vocês amavam aquela menina, mesmo que não demonstrassem tanto, eu sei o quanto a filha de vocês era preciosa pros dois. (Ou talvez não)

Mas naquele dia que ela chegou em casa, eram umas sete da noite, e se arrastou para o quarto, percebeu que não estava sozinha quando ligou as luzes. A porta se fechou, ela tentou me ignorar mais uma vez, como sempre fazia, mas eu não deixava, eu queria ser visto, eu queria que ela me visse, eu queria que vocês me vissem.

Ela olhou pro reflexo no espelho com raiva, nós sabíamos que mesmo que eu fosse ela, ela não era eu, nós sempre soubemos disso. Mas ela não queria me deixar sair, eu tinha que me libertar. Ela veio com raiva, tentando me sufocar, como sempre, e fora daquele quarto ninguém sabia que ali se encontrava uma guerra, uma guerra horrível.

Ela me sufocava, me batia, gritava comigo. Eu gritava de volta, e em desespero tentava me soltar dela. Até que eu consegui, e aquela faca debaixo do travesseiro nunca me pareceu tão útil. Eu a peguei, eu matei a garota. Nunca tinha me sentido tão bem quanto me senti quando vi que ela não respirava mais, eu finalmente estava livre.


Ou pelo menos era o que eu achava.


Eu percebi que não estava quando vi que eu não poderia ser eu mesmo tão fácil, e então vesti a pele dela e fingi ser ela.

Todos acreditaram, ninguém desconfiou, éramos iguais.

Bom, nem tanto.

Eu confiava em umas pessoas, então, assim que me senti pronto, falei quem eu realmente era. E foi ótimo ver que nenhuma delas me odiou por isso ou ficou com raiva de mim, que me acolheram com palavras belas e de apoio.

Então, depois de mais um tempo com aquela pele, aquilo foi me sufocando, do mesmo jeito que a garota me sufocava antes. Certa noite não aguentei, peguei a tesoura, estava em desespero, e cortei seus cabelos. Não tanto, um pouco menos do que o ombro, mas já estava bom.

Mas as pessoas ainda não me viam, e eu odiava me ver. Eu já me vestia só com calças, camisas maiores que eu, ou até mesmo casacos, para disfarçar esses negócios que dizem que só meninas costumam ter, eu realmente não sei como ela vivia nesse corpo, é agonizante. 

E essa agonia misturada com angústia e raiva, que me fez cortar o cabelo de novo, dessa vez bem mais, e pronto, eu já me sentia mais eu.

E cada vez mais pessoas estão me enxergando, até mesmo vocês, papai e mamãe, eu estou me libertando de vez.

Eu matei aquela menina, então conheçam agora esse menino, o filho de vocês.

Assinado, Richard.



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