História Os sobreviventes (Simbar) - A descoberta dos poderes

Nove anos se passaram desde aqueles trágicos acontecimentos. Aliana/Âmbar e Orian/Simón têm agora dez anos de idade. Oráculo conseguiu um emprego de motorista na casa dos Benson, para conseguir ficar perto de Âmbar. Ele também está usando outro nome: Ricardo. Ele decidiu mudar seu nome, pois era um nome comum nesse mundo, e ele queria se encaixar ao máximo para conseguir viver no que seria agora seu novo lar.

Âmbar cresceu e se tornou uma menina alegre, meiga, porém muito mimada. Seus pais deram tudo do bom e do melhor, ela sempre teve tudo que uma garota possa querer. Apesar disso, ela desenvolveu uma amizade muito forte com Ricardo, sem saber que suas histórias estavam diretamente ligadas. Ela gostava muito dele, e sempre que ela estava triste, ou quisesse apenas contar como foi seu dia, era ao motorista que ela recorria para desabafar. E naquela manhã de sábado não foi diferente...

       - Bom dia Ricardo!

       - Bom dia senhorita Âmbar!

       - Quantas vezes já falei pra não me chamar de senhorita? É apenas Âmbar!

       - Perdão, Âmbar, mas o que você tem? Está com uma carinha de preocupada, tá tensa, o que houve?

       - É verdade, estou sim. Eu não sei o que está acontecendo comigo! Uma coisa muito estranha aconteceu comigo essa noite.

        - Como assim senhorita? Quero dizer, Âmbar... Não estou entendendo...

        -Tive um sonho muito estranho! Nele aparece um bebê, e uma mulher segurando ele no colo, e ela me perguntava por uma tal de Aliana e um tal de Oráculo, mas eu não sabia responder porque não faço a menor ideia de quem eles sejam! O que isso significa? Quem são eles e porque eu sonhei com eles?

Ricardo, ao ouvir isso, fica sem reação, ele simplesmente não sabe o que dizer! Ela sonhou com eles, com Elaya e Orian! Mas como? Ela era apenas um bebê! Não teria como lembrar deles! Ou será que sim? – Pensou.

Mas seus pensamentos logo foram interrompidos por Âmbar, que o chama de volta a realidade, e estalando os dedos diz:

        - Helloooo, Ricardo? Você está aí?       

        - Ô, me desculpe Âmbar, me distraí pensando no seu sonho.

        - Você sabe o que significa?

        - Infelizmente não querida...

        - Claro que não saberia, como poderia? – Âmbar abaixa a cabeça triste, seguido de um suspiro.

        - Mas parece que não foi só isso né? Está me escondendo alguma coisa não está?

        - Não consigo esconder nada de você não é mesmo? – Âmbar ri

        - Não mesmo! – Ricardo ri de volta

Âmbar fica receosa em contar, pois não sabe como Ricardo vai reagir, se vai achá-la louca ou algo do tipo, mas mesmo assim resolve contar:

        - Tem razão, aconteceu outra coisa, muito mais estranha do que o sonho. Quando eu acordei, muito assustada e ofegante, acendi o abajur, olhei em volta e vi que meu quarto estava com os móveis fora do lugar, e o copo de água estava caído no chão, mas não estava quebrado. Mas o mais estranho ainda estava por vir: quando fui me abaixar pra pegar o copo, ele começou a flutuar, sim, flutuar! Me assustei e acabou que o copo caiu e acabou quebrando de vez! Tentei fazer de novo e dessa vez os cacos de vidro começaram a flutuar também! Estou muito confusa! Não sei se estava sonhando ou se realmente aconteceu!

Ricardo agora sim ficou assustado de vez, mas decide acreditar nela.

        - Pode tentar fazer de novo?

        - O que? Fazer algo levitar?

        - Sim! Aí poderemos saber se isso realmente aconteceu ou se foi só mais um sonho.

        - Tá bom, vou tentar.

        - Tente aquele galho de árvore ali.

E apontando pra um galho jogado perto de uma árvore, ela se aproximou, e começou a tentar fazer o galho levitar. Tentou uma, duas, três vezes, e nada.

        - Isso é inútil! Respondeu Âmbar enfurecida, acho que era só um sonho mesmo, eu já deveria saber que era ridículo! Eu fazendo coisas levitarem? Que idiota!

Âmbar, sacudindo o braço, se virou pra ir embora, quando de repente o galho simplesmente voou, de forma brusca para longe, até bater no tronco da árvore, fazendo algumas folhas caírem da mesma.

        - Olha, você conseguiu! – Disse Ricardo

        - É, verdade, sem querer eu consegui!

        - Isso é incrível! Seus poderes se despertam quando você não quer, mas podemos controlar isso! Mas não pode contar sobre isso pra ninguém!

        - Mas porque eu posso fazer isso? E como?

        - Não sei minha pequena, mas vamos descobrir.

Ricardo na verdade sabia. Pelo menos ele havia matado a charada: Com certeza Darken era quem estava por trás disso. Isso explicaria porque tanto interesse nas crianças! Ele não queria matá-las, e sim usá-la de armas pros planos dele! Agora mais do que nunca ele precisava protegê-la, e o mais importante, ajudá-la a desenvolver e controlar seus poderes! Não iria ser fácil, mas ele iria conseguir, afinal, era pra isso que ele estava ali, pra cuidar dela.

***

E o que falar de Simón? Um menino alegre, divertido, um ótimo filho, que também foi muito amado pelos seus pais adotivos.

Sim, Mônica (que na verdade se chama Elaya) se casou com Miguel, e este adotou o menino como seu filho, e agora eles eram uma família feliz. Miguel finalmente conseguiu ser feliz depois da grande perda que sofreu, e amava muito sua nova esposa e filho. Mônica também estava super feliz por ter conseguido se adaptar a sua nova vida, e dar uma boa vida a Simón, mesmo que é bem menos do que ele teria por direito, mas bastava.

Miguel passaria o fim de semana fora, a trabalho, pois era fazendeiro e precisava ir à cidade vender seus produtos. Saiu numa sexta de tarde, pois a viagem era longa, e voltaria no sábado à tarde. Então Mônica e Simón iriam ficar sozinhos em casa.

Mônica e Miguel se despediram antes dele partir

       - Se cuida meu amor

       - Não se preocupe, vai dar tudo certo, te amo

       - Também te amo!

Dão um beijo e depois ele se vira pra Simón, que sai correndo e dá um abraço apertado no pai

        - Te amo papai!

        - Também te amo filho, e cuide da sua mãe ta?

        - Pode deixar pai!

Miguel parte e os dois entram em casa. Jantam, vêem televisão, brincam até a hora de dormir.

        - Vamos dormir Simón

        - Não quero mãe, não to com sono

        - Ah, vamos dormir sim, bora, hoje vou dormir com você, já que seu pai não está.

        - Oba! Tá legal mamãe!

E assim Mônica arruma a cama do quarto de hóspedes, que agora é o quarto de Simón, mas a cama continuou lá e Miguel havia comprado outro pro menino. Ela o bota pra dormir e lhe dá um beijo de boa noite.

        - Boa noite querido, durma bem e sonhe com os anjos!

        - Boa noite mamãe! Você também!

Mônica se deitou e rapidamente adormeceu, assim como Simón. Porém, no meio da noite ela desperta bruscamente com Simón falando enquanto dormia, e se remexendo na cama. Ele balbuciava a mesma frase repetidas vezes

        - Não sei... não conheço... eu juro... por favor eu não sei quem são... me deixa em paz por favor!

Ela acende a luz rapidamente, e se assusta com o que vê

Os móveis começam a se mexer, e o quarto também, como em um terremoto, e as luzes começam a acender e apagar como se a energia tivesse para acabar. Mônica desesperada acorda Simón, que levanta rapidamente e dá um grito, mas imediatamente o terremoto para. Mônica tenta acalmá-lo. Ele suava frio, e estava muito assustado, e muito confuso também. Mônica tenta acalmá-lo.

        - Calma filho, foi só um pesadelo!

        - Foi muito real mãe!

        - Mas já passou, se acalme!

        -Sonhei com um homem estranho, nunca o vi antes, mas ele segurava um bebê no colo, e me perguntava se eu conhecia um tal de Orion e Elaya, mas eu não sabia responder, e ele ficava insistindo, e de repente um outro homem de aparência horrível aparecia e tentava pegar o bebê, mas o outro homem não deixava e corria, e mandava eu correr também! Eu corria, mas não saía do lugar! E o homem de aparência horrível me alcançava e me agarrava, tapava a minha boca e mandava eu calar a boca! Que eu era um menino muito especial, que ele o havia feito o que é hoje e que eu seria bastante útil a ele. Foi horrível!

Mônica ouve tudo aquilo e tem a mesma reação que Ricardo teve quando Âmbar lhe contara seu sonho: Sem acreditar... Será possível que ele tenha sonhado com Oráculo e Aliana? E o homem de aparência horrível seria o Darken? O que ele queria dizer com Simón ser bastante útil a ele? Mas não pode ser... Como?

Mas foi interrompida por uma pergunta:

      - O que aconteceu aqui mãe? – Era Simón se referindo ao caos no quarto

      - Enquanto você estava tendo o pesadelo, os moveis começaram a se mexer, e tudo começou a tremer, só passou quando te acordei.

      - Então... Fui eu que causei isso? Mas como?

      - Não sei filho, mas não se preocupe, vamos resolver isso ta legal?

      - ta bom

Mônica reflete um pouco e uma luz se acende: é claro! Darken! Ele deve ter alguma coisa a ver com o que o garoto havia acabado de fazer! Era isso que ele quis dizer com ser útil a ele! Ele quer usar seus poderes de arma! Mas se é assim? Então Aliana provavelmente também tem poderes, afinal o vilão estava atrás dos dois!

      - Me promete uma coisa filho?

      - Sim mãe

      - Não conte nada do que aconteceu ao seu pai tá bom?

      - Mas porque mamãe?

      - Só promete, por favor!

      - Tá, eu prometo mãe!

Ela fica muito aliviada, pois não quer que seu marido saiba. Seria demais pra ele! Ia ser um segredo só deles dois, mais um segredo, pois até hoje ela não havia contado a verdade pra Miguel, sobre de onde ela e Simón tinham vindo. Mas era melhor assim, afinal ele não acreditaria, e ela não tinha como provar, e também queria protegê-lo de toda essa confusão. Mas agora ela teria que ajudar o garoto a esconder seus poderes, além de controlá-los, pois ninguém poderia saber, pois seria muito perigoso. E ela prometeu a sua verdadeira mãe que iria protegê-lo. E era isso que ela iria fazer... Custe o que custar!